Meu tio, minha vida escrita por MariadoCarmo


Capítulo 6
Ricardo




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O dia estava amanhecendo. O céu estava limpo. Depois de alguns dias de chuva, o sol retornara. Seria um lindo sábado. Olhei pro lado, e vi meu tio dormindo. Senti vontade de abraçá-lo, e assim o fiz. Ele acordou com meu toque, me abraçou também, e voltou a dormir. Me senti bem, seus braços eram aconchegantes. Fiquei refletindo como tudo estava mudando tão rápido na minha vida. Há poucos dias atrás, morava com minha mãe e uma senhora. E isso durou anos. De repente, as duas morrem e vim morar com meu tio. Quando cheguei, morria de vergonha de trocar de roupa perto dele. Agora, até banho ele me dava. E estou aqui, dormindo de calcinha, abraçado com ele.
Pensava em muitas coisas. Não consegui dormir mais. Levantei, fiz xixi, escovei os dentes e fui ver o que tinha pra comer. Os armários estavam praticamente vazios. Achei os últimos biscoitos em um vidro, comi, com leite puro, o achocolatado havia acabado. Veio uma preocupação em minha mente. Meu tio disse que passaríamos apertados até que minha recebesse. Mas isso não vai acontecer. Como meu tio vai fazer?

— Bom dia querida!

— Bom dia Tio!

— Não tem nada pra comer né, querida.

— Eu achei biscoito e leite.

— Que bom querida. Hoje vou fazer compras. Também tenho que comprar material escolar pra você levar na segunda.

Fique feliz com a notícia. Mas a preocupação de como iríamos sobreviver sem o dinheiro da Europa me perseguia.

— Como vamos fazer tio, sem o dinheiro que minha mãe nos daria?

— Não se preocupe querida. Daremos um jeito. Hoje vai vir um homem aqui, pra quem eu trabalho. Ele ficou sabendo da nossa situação, e ficou preocupado. Disse que queria me propor algo. Quem sabe é uma coisa boa pra nós?

O otimismo do meu tio me tranquilizou. Apesar de eu ter me lembrado das soluções que a amiga da minha mãe apresentavam pra ela, e como essa história terminou. De qualquer forma, a resposta não demoraria. Meu tio me pediu pra ajudá-lo a arrumar a casa porque em breve esse homem chegaria. Fui arrumar a cozinha. Depois iria arrumar a sala. Meu tio ficou com o banheiro e o quintal.

Porém o homem chegou mais rápido que esperávamos. Eu ainda estava lavando as vasilhas, quando o homem chegou. Meu tio também foi pego de surpresa, pois ainda arrumação o quintal, quando ouviu as batidas no portão.

De imediato, meu tio recebeu o moço e o convidou pra entrar. Entraram pela cozinha, única porta da casa.

— Então essa é a Michele! Muito prazer, sou o Ricardo. Trabalho com o seu tio.

Me virei pra ele, secando as mãos no pano de prato, e o cumprimentei.

— Prazer. Sou a Michele. - disse confiante, até cair a ficha imediatamente que eu estava só de calcinha. Pra não piorar meu constrangimento, tentei agir com naturalidade.

Pra facilitar um pouco, meu tio era muito desligado com essas coisas. Se fosse minha mãe, ela já teria falado um tanto. Eu tinha esse costume de acordar e permanecer de calcinha até a hora de ir pra escola, lá em São Paulo. E também a noite, quando saía do banho, só usava essa peça, já que era quase hora de dormir. Minha mãe não ligava, porque só havia ela e a senhora na casa.

Não sei o que passou na cabeça daquele homem. Percebi uma discreta surpresa em seu olhar quando entrou na cozinha e me viu assim, mas logo agia com muita naturalidade.

— Que menina gentil! Michele, seu tio falou muito de você. Disse que era corajosa, educada e muito meiga. Parabéns, continue assim. Eu também tenho dois filhos. Um menino de 12 anos e uma menina de sete. Você tem quantos anos?

— Nove.

— Nossa já está uma mocinha. E muito bonita! Qualquer dia vou te levar pra conhecer meus filhos.

Depois ambos foram para a sala. Sentaram no sofá e conversaram sobre os negócios. Fiquei um pouco mais relaxada depois que o homem saiu da cozinha. Apesar da meia parede que separava os dois ambientes não oferecesse muita privacidade. Se o homem quisesse me ver, era só virar o rosto um pouco pra esquerda. Mas não o vi fazendo. Eles estavam bem concentrados na conversa. Olhei pra baixo, olhando pro meu corpo quase nu, e fiquei pensando no que o homem viu ao me olhar. O constrangimento renasceu um pouquinho ao pensar nisso. Mas um sorriso se formou em meu rosto ao lembrar da minha mãe tirando as piores calcinhas. Já pensou se pra completar, estivesse com uma calcinha rasgada?! A que eu estava usando naquele momento também não era de dar orgulho. Era de algodão branco, mas desgastada de tanto uso.
Me senti aliviada também por ter dormido no quarto do meu tio. Não deu tempo de arrumar a sala, se meu colchão estivesse no chão, seria mais vergonha. Mas quando reparei na sala, não era tão bom assim. Minhas roupas estavam espalhadas no sofá. E ainda eu tinha o costume de tirar a roupa na sala e jogar no chão. O homem olhava pro lado, via minhas calcinhas espalhadas. Olhava pro chão, via até calcinha suja.
Acabei de lavar as vasilhas. Não sabia o que fazer. Queria muito vestir uma roupa. Mas eu pegaria as roupas do lado do homem? Não tinha outra opção. Fui até a sala.

— Terminou querida de arrumar a cozinha?

— Sim tio, quer que eu arrume a sala agora?

— Nossa, que gracinha de menina . Muito boazinha, muito prestativa - disse o homem, admirado.

— Sim, ela é maravilhosa - disse meu tio. - Agora não querida, estamos conversando um assunto sério. Só pegue esse roupa sua suja aqui no chão. Se quiser ir lavando o banheiro então, pra adiantar.

Entrei na sala, e abaixei pra apanhar as roupas sujas. Morrendo de vergonha, o homem sentou bem próximo delas. Levantei com um montinho na mão, só que uma calcinha caiu no chão. O homem prontamente pegou a calcinha usada e me deu.

— Obrigada - agradeci, sem ter coragem de olhá-lo nos olhos.

Coloquei a roupa suja no tanquinho. E fui lavar o banheiro. Foi um alívio entrar no banheiro, por poder fechar a porta e ter privacidade. Enquanto lavava o banheiro, ia pensando no que aconteceu. Apesar da vergonha, eu senti aquele prazer de novo. E gostei ainda mais quando ele me chamou de mocinha e disse que eu era bonita. Ele percebeu que eu já estava grande, que não era um bebê. Cheguei a conclusão que mesmo sentindo vergonha, eu gostava da sensação de ver outras pessoas me olhando. Gostava de receber atenção.

Queria sentir aquilo de novo. Terminei de lavar o banheiro, e percebo que minha calcinha havia molhado ao enxaguar as paredes. E assim, ficando um pouco transparente. Então, molhei mais, na área da perereca. E deixei o tecido bem colado na pele. Realmente ficou mostrando bem. Fiquei bem excitada ao imaginar aquele moço vendo.
Ao terminar o serviço, fui pra sala.

— Terminei tio. Agora eu cansei - disse sorrindo e observando os olhares de ambos.

Meu tio não reparou. Me olhou no rosto, e disse:

— Obrigada querida. Me ajudou muito. Já está bom, pode descansar.

Mas o homem viu meu estado e percebi novamente uma cara de surpresa ao me ver assim. Não se conteve e comentou:

— Você aproveitou pra tomar banho também hein! Sua calcinha molhou mais que o banheiro - disse o homem sorrindo.

Agora ambos olhavam meu tecido transparente. Isso me excitava muito.

— Nossa querida, é mesmo. É melhor se trocar.

Olhei pra minha calcinha, fingindo surpresa: _ Nossa, é mesmo - disse sorrindo e tirando a calcinha molhada diante da platéia.

O homem arregalou os olhos diante da minha nudez completa. Meu tio pegou a toalha e me secou. Tirou a toalha e mandou eu me vestir. O homem não tirava olho de mim. Como ele estava sentado no sofá onde estavam minhas roupas, fiquei bem próxima dele. E calmamente fui pegando peça por peça pra escolher qual vestir. Estava com vergonha, mas estava muito gostoso. Em fim, peguei uma calcinha rosa e vesti. Depois uma camiseta e uma saia. Coloquei a saia acima da cintura, pra ficar bem curta. E sentei no colo do meu tio, com as pernas abertas.

— agora de roupinha, está parecendo uma mocinha. Está muito linda - disse o homem.

— Obrigada Ricardo, disse sorrindo.

Logo a conversa se encerrou. E o homem foi embora. Fiquei com medo do meu tio me xingar por ter tirado a roupa na frente do seu colega. Mas ele não comentou. Deve ter achado normal, já que ele me vê como uma menininha.

Contudo, ele contou sobre a conversa que teve com seu colega. Aquele homem estava terminando a construção de apartamentos no interior. Já tinha mão de obra local. Mas diante das novas despesas do meu tio, ele ofereceu o serviço pra ele. Porém, meu tio teria que ficar a semana toda fora. Iria viajar segunda pela manhã e voltar sexta à tarde. O homem ainda se ofereceu pra eu ficar na casa dele durante a semana. Lá tinha sua esposa e os dois filhos pra ajudar a ficar comigo.
Eu gostei da ideia. E meu tio também não tinha outra solução financeira. Acabou aceitando.


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