Os 48º Jogos Vorazes - Interativa escrita por Marquise Spinneret Mindfang


Capítulo 3
Distritos 9, 10, 11 e 12 - Atualizado


Notas iniciais do capítulo

Segue a mesmas notas do capitulo anterior. Vou editar quando receber mais fichas.



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DISTRITO 10

Pandora olhou zangada para a menina que a derrubara no chão. Tinha o cabelo curto, mal cortado e torto, e seus olhos cor de jade brilhavam nervosos e completamente assustados enquanto a encaravam. Tinha cara de criança, não devia ter mais do que 12 anos, treze no máximo.

— Mil perdões! – Ela sussurrou, angustiada, e ajudou a jovem a se levantar. Estava tão nervosa que Panda relevou, engolindo em seco enquanto tirava os grãos de terra do vestido branco.

— Era eu sabe… - a menina sussurrou para a mais velha, em tom de confidencia, enquanto o vídeo da Capital passava.

— Desculpe?

— Era eu, no meu sonho. Eu não conseguia ouvir o que se falava no sonho, mas uma menina de cabelo castanho escuro ia até ao palco. Eu sei que era eu. - Aos poucos o nervosismo da menina diminuía e se transformava em uma calma assustadora.

— Mas você tem o cabelo curto! – Panda sorriu para ela, para tentar anima-la, falando em um tom que sugeria “então não será escolhida”.

— Agora vamos sortear as damas! – Disse a cara estranho da Capital ao longe.  

A menina olhou para Pandora, sorrindo.

— Cortei meu cabelo hoje de manhã.

A jovem começou a achar a garota cada vez mais esquisita, e se afastou um pouco dela.

E ao mesmo tempo em que a menina se colocou na ponta dos pés e se aproximou do ouvindo dela para sussurrar um “E em outro sonho, a escolhida era você…” ouviu-se o cara da Capital falar no microfone:

— Pandora Lee Young!

Leonard Budapest encarava o chão, seus olhos cinza arregalados, impedidos de piscar por seu próprio medo. A garota que caminhava a passos lentos já estava no palco, mas ele era incapaz de olha-la. Estava perdido demais em seus pensamentos, ganhando coragem para fazer o que faria.

O orgulho é uma coisa perigosa. Algo que pode destruir vidas, que pode destruir famílias, que pode destruir amizades. Nada era pior que isso, pelo menos para Leo. Nem a mais fria das lâminas em seu pescoço, nem a mais cruel ameaça, nem o mais amado dos reféns à sua frente.

Sim, era pura e simplesmente o orgulho que movia o jovem garoto de 14 anos. Não devia ser assim, ele pensara, diversas vezes, após a decisão tomada. “Ainda sou eu…”

Mas nada fizera o pai mudar de opinião quando finalmente descobriu que o único filho gostava de garotos. Leo fora humilhado, espancado e expulso de casa pelo próprio pai – que agora já não era seu pai.

Devan Budapest foi bem claro quando disse que preferia morrer sem filho do que ter que criar uma bichinha em casa.

E isso, mais do que todas as outras violências que sofrera, feriu Leonard.

E feriu o orgulho de Leonard.

Com a aproximação da Colheita, Leo tomara uma decisão. Iria se voluntariar, e morreria nos Jogos. Talvez matasse alguém antes disso. Talvez, assim, seu pai se orgulhasse um pouco.

Sua melhor camisa azul estava um pouco velha, mas combinou com as calças escuras e os sapatos desgastados. Não tinha condições de comprar roupas melhores.

Um nome foi sorteado.

Leonard perdeu a coragem. Então fechou os olhos. Pensou em sua falecida mãe. Pensou em Morgan. E por fim pensou em seu pai.

E antes que pudesse pensar em outra coisa, gritou o mais alto que pode.

— EU ME VOLUNTARIO.

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 DISTRITO 11

Nina encarava o palco a sua frente atordoada. Ela não entendia porque todo mundo estava olhando para ela.

A moça da capital que chamou apenas um nome igual ao seu, não é?

Então a realidade a atingiu na forma do grito de sua melhor amiga, Grace, e Nina, após olhar ainda confusa para a garota, fechou a boca e ergueu o rosto, caminhando a passos firmes para o palco.

Se era para ir aos Jogos, tudo bem. Mas ela não iria aparecer como uma garotinha medrosa de 18 anos. Não, a ruiva sabia das coisas. Tinha noção da sua força. Tinha certeza de sua capacidade.

Talvez não ganhasse, mas não seria a primeira a morrer.

Seu melhor amigo Toby estava tentando ultrapassar a barreira de pacificadores. A ruiva de sorriso belo deu seu mais belo sorriso de "tudo vai ficar bem".

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 DISTRITO 12

Gabrielly Wate estava com sua melhor roupa, como era obrigatório da Colheita. Sua mãe sorriu para ela. Rugas de preocupação adornavam o seu rosto. Estavam ali há muito tempo. Só sumiriam quando Gaby completasse 19 anos e estivesse finalmente fora da faixa etária dos Jogos.

Seu vestido rosado estava com as mangas um pouco rasgadas. Cece Wate olhou para elas com desaprovação, e tratou de pegar um casaco escuro que seria o bastante para escondê-las.

Seus cabelos castanhos estavam presos em um simples coque, com uma fitinha cor de rosa.

Quando saíram de casa, Jay já a esperava. Logo Sr. Jensen, dono do açougue, e sua filha Peyton, chegaram, e os cumprimentaram.

Jay abraçou a garota e lhe desejou boa sorte baixinho.

—Boa sorte para você também. – falou, com sinceridade. Ele tinha 18 anos, mas esse ano ele ainda poderia ir para os Jogos, assim como Gaby. Assim como Erik poderia ter ido.

A Colheita era o único dia do ano em que ela não falava com Jay direito. Em que ela não conseguia sequer encarar os olhos azuis do garoto, por mais que este fosse seu melhor amigo.

Mas não eram os Jogos que criavam essa tensão. Era Erik.

Porque naquele dia, há quatro anos, quando Gaby tinha apenas 12, seu irmão Erik, de 15, foi sorteado. E ela se lembra de como desejara com todas as suas forças que tivesse sido Jay. Os dois eram melhores amigos. Unha e carne. Ela se lembrava de pensar “Por quê Erik e não ele?”

Erik morrera três dias depois de pisar na Arena. Não foi uma morte bonita, foi cruel, suja e fez sua mãe Cece correr para um banheiro e vomitar, com choque, tristeza e sofrimento.

Desde aquele dia, Jay sempre ficou do lado da jovem Wate, mas naquele dia em especial, na Colheita, ela era incapaz de olhar para ele. E ele parecia entender.

Enquanto caminhavam, Gaby percebia o olhar do Sr. Jensen para sua mãe, e sorriu um pouco. Era tão na cara, só Cece não percebia a queda do viúvo por ela.

Quando chegaram na Praça Principal, se separaram, e Gaby foi para seu lugar.

Uma mulher da Capital fez um discurso alegre. Ela era estranha, como qualquer um da capital. Seu cabelo era pintado de cor de rosa choque, com duas maria-chiquinhas altas de cabelo comprido e liso que ia até o joelho, com um vestido rosa claro de saia rodada e muita purpurina, e a pele decorada com vários desenhos que pareciam… doces?

Ela passou o vídeo que todos já conheciam, e limpou uma lágrima. Então se aproximou da urna.

Lembrou de Erik. Não era a mesma mulher da capital, mas a extravagancia era unânime, então não conseguiu deixar de lembrar daquele momento.

Estava tão perdida em suas lembranças que demorou um pouco a entender o “Gabrielly Wate” vindo da voz fina da mulher.

Nesse momento, veio o choque, o medo, a insegurança, meus braços, cobertos pelo casaco e pelas mangas do vestido, ainda foram capazes de se arrepiar. Mas Gaby não podia se dar ao luxo de demonstrar.

Todos podiam ver que ela estava assustada, mas com determinação caminhou até ao palco. A mulher deu um gritinho de alegria e a abraçou, caminhando depois até a urna dos garotos.

Não conseguiu ver a mãe, mas viu o conhecido rosto de Jay. Em silêncio, ele parecia a ponto de chorar. Imaginou como ele estaria se sentindo, mas antes que ela mesma chorasse, fechou os olhos, e jurou para si mesma que faria o possível para sobreviver.


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Notas finais do capítulo

GENTE, FORAM OS ULTIMOS TRIBUTOS APRESENTADOS POR DISTRITO. Vocês conhecerão os próximos no capítulo seguinte, que será a Despedida dos Tributos!

Abraços!