Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente! Desculpe pela demora para postar mais um capítulo... mas é que estou super sem tempo. A escola está dificultando bastante e tals.
Mas, aqui está o capítulo! hahaha
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/672460/chapter/4

                                     

Com aquela pergunta, eu fiquei tão atordoada que não respondi. De tudo o que ele poderia perguntar, aquilo não iria se passar pela minha cabeça.

Mas, graças a Deus, algo saiu da minha boca:

—Não.

—Uma menina linda como você não tem um namorado?

—Não achei a pessoa certa ainda.

—Você quer dizer que... –ele arqueou as sobrancelhas, compreendendo. –Desculpe Sophia. Não queria ser grosseiro.

—Não tem problema. –eu ri, para deixar claro que não havia ficado com raiva.

—Eu pensava que aquele menino, o galeguinho que anda com você...

—O Rafa? –perguntei, assustada. –Não, não, não. Ele é apenas meu amigo. Quer dizer, melhor amigo. Conheço ele desde que me entendo por gente. Somos muito unidos.

—Ah sim. –ele sorriu. –Me conte mais sobre você, Sophia.

—Me pergunte o que quer saber. –falei e sorri de volta.

—Sobre sua família.

—Moro na casa da minha avó, com minha mãe e 3 irmãos.

Ele franziu a testa como se fosse perguntar sobre meu pai, mas não o fez. E eu amei aquilo.

—Amigos?

—Rafa e Nina. Sabe, o galeguinho e a moreninha que andam comigo.

—Não tem mais?

—Tem alguns colegas. Mas amigos com quem eu realmente possa contar, só os dois.

—Medos?

—Que o meu pai volte e ser machucada por alguém. Emocionalmente e fisicamente.

—Eu não ia perguntar sobre isso, mas... o que seu pai fez?

O carro, infelizmente, parou em um sinal vermelho, o que fez ele olhar para mim.

Respirei fundo.

—Se não quiser falar, Sophia, não precisa. –ele falou.

—Ele tinha alguns problemas com a bebida, sabe? –falei de uma vez, para que não hesitasse novamente. –Ele bebia bastante quando saía do trabalho e chegava em casa morto de bêbado. Ás vezes batia na minha mãe. Ás vezes gritava com meu irmão mais velho. Comigo ele nunca fez nada, mas eu tinha muito medo dele. –eu desviei o olhar do dele, no momento que o sinal ficou verde. –Um dia ele simplesmente saiu de casa e não voltou mais.

—Você tinha quantos anos?

—Tinha 3 anos. Mas eu me lembro de tudo que acontecia, tudo mesmo.

—Você acha que ele pode voltar um dia?

—Já se passaram 14 anos. Se ele não voltou até hoje, não irá voltar nunca mais. E é bom que seja assim. Não quero ver a mamãe sofrer de novo.

—Você é tão forte, Sophia.

—Eu tento, né? –falei e sorri.

—Queria ter um terço de sua força. –ele falou.

—Ás vezes é difícil, sabe? Mas eu aguento. Tenho uma família que sempre me dá apoio.

—Queria ter uma família assim. –ele disse e suspirou.

—Por quê? Eles... –não concluí a frase.

—Não. É uma longa história.

—Quando quiser me contar, estou aqui para ouvir. –sorri, solidária.

Dobramos uma esquina e paramos no sinal vermelho novamente.

—Minha mãe foi presa este ano por causa de meu pai. Por isso me mudei para cá.

—Para ficar longe dele?

—Eu nunca fiquei perto do meu pai. Ele me assumiu, mas não se casou com minha mãe nem nada do tipo. Ele apenas me dava o dinheiro que eu precisava. Só que ás vezes, o dinheiro não basta.

—Eu sei muito bem disso.

—Minha mãe morava comigo, com minha irmã e com meu padrasto. Foi com ele que minha mãe teve minha irmã. Outro cafajeste. Mas pelo menos ele se casou com minha mãe e deu apoio na criação da minha irmã. –o sinal abriu. –Então minha mãe foi presa. E eu tenho certeza de que foi culpa de meu pai. Mas enfim. Ele me dá dinheiro, eu tenho como pagar a escola e o apartamento onde eu moro. E assim eu vou vivendo.

—Você também é forte, Brian. –falei.

—Não tanto quanto você pensa, Sophia.

...

Mais uma vez, Brian me deixou na esquina de minha rua. Agradeci e caminhei para casa. Eram 5 e meia. Até que eu não estava tão atrasada.

Procurei a chave na minha bolsa e finalmente a encontrei. Destranquei a porta e deparei com o silêncio.

—Vovó? –chamei. –Pietro?

Nada. Só silêncio.

—Lydia? Juan? –chamei mais alto, mas não ouve resposta.

Fui na cozinha e vi um bilhete com a letra de Lydia.

“Fomos fazer compras com a vovó. Ela estava um pouco triste. Estamos com o Pietro, então não se preocupe. Voltamos logo.

Beijos, Lydia”

Suspirei, aliviada.

Subi para meu quarto e tirei minha farda, colocando um vestido mais leve.

Peguei meu celular e abri meu whats app, não vendo muitas mensagens interessantes.

Bloqueei a tela e fechei os olhos, para descansar um pouco. Então meu telefone tocou. E eu vi a foto do Rafa aparecer na tela.

Deslizei meu dedo pela tela e atendi.

                              LIGAÇÃO ON

—Oi Soph! –a voz de Rafa exclamou do outro lado da linha.

—Oi. –respondi.

—Você viu o grupo no whats app?

—Da baile dos calouros? Vi sim. Será sábado, não é?

—Sim, sim. Viu que estavam querendo levar bebida?

—Não vi. Não quis ler mais de 300 mensagens.

—Você sabe que se o diretor pegar as bebidas lá...

—Eu sei disso Rafa. Mas quando Britney coloca uma coisa na cabeça, você já sabe. Além disso, ela que organiza a festa todos os anos. O diretor não faz nada com ela mesmo.

—Já sabe com quem vai?

—Você sabe que a mamãe não deixa, Rafa.

—Poxa Soph, é seu último ano naquela bendita escola! Será que ela não deixaria você ir para um mísero baile? 

—Na verdade, nem quero perguntar a ela. Você acha que ela deixaria eu ir para um baile com qualquer garoto? A resposta é simples: NÃO.

—E se você fosse comigo e eu prometesse que cuidaria bem de você? Sua mãe confia em mim.

—Será que ela deixaria?

Ela chega em casa de que horas?

—Ás seis. Mas só fica até as 7 e meia. Depois vai para o hospital.

—Passo por aí para jantar.

Okay.

—E o Brian? Te deixou em casa de novo?

Sim.

—Soph, cuidado com esse cara....

Ele não é um estuprador, Rafa.

—Como você pode ter certeza? Pode ser que ele esteja disfarçado.

Então você quer o quê? Que eu morra BV? Morra sem um amor de verdade, sem filhos, sem nada?

—Você é muito dramática, sabia disso?

Sabia sim. E eu sei que você me ama mesmo assim.

—Claro né! Amo você demais, coisa implicante.

HAHAHA, te amo também coisa insuportável. –falei e escutei um barulho no andar de baixo. –Tenho que desligar. O pessoal daqui de casa chegou.

—Ainda bem que meus irmãos não estão em casa.

Muito engraçadinho você.

                      LIGAÇÃO OFF

Desci as escadas e vi Pietro entrar com várias sacolas. Ri e fui ajudar ele a carregar algumas.

Colocamos em cima da mesa e eu perguntei:

—Cadê o resto?

—Aqui! –exclamou Lydia, vindo na frente da vovó e de Juan.

—Vocês foram fazer compras? –perguntei, confusa.

—Sim. Hoje teremos uma pessoa á mais no jantar. –informou Pietro. –Um amigo meu do trabalho.

—Pois coloquem mais um prato, que Rafa virá também.–perguntei.

—Nossa, aqui está parecendo a casa da mãe Joana. –Juan interveio, pegando uma maçã da fruteira e subindo as escadas.

—Quer me ajudar, querida? –perguntou a vovó, começando a tirar as embalagens das sacolas.

“Não vovó, não posso. Tenho que fazer 3 resumos, responder 40 questões e estudar para um seminário”, pensei. Mas minha boca falou outra coisa:

—Claro!

—Ótimo. Vamos fazer filé á parmegiana.

—Tudo bem. –falei e sorri fraco, retirando algumas embalagens da sacola.

—Vou fazer um trabalho. Se precisarem de mim... –Lydia falou e correu escada a cima também.

—Nem me ofereço. –Pietro balançou as mãos. –Sei que não querem minha ajuda mesmo...

—Não vai trabalhar hoje? –perguntei.

—Terça é meu dia de folga, Soph. Por isso que marquei esse jantar para hoje.

—Esse amigo é tão especial assim?

—Ele chegou este ano aqui, em Londres. Ele era dos EUA e está bastante perdido por aqui. Mas ele é um cara legal e quero que o conheçam. Ele não tem família por aqui, sabe?

—Okay então. –revirei os olhos e fui ajudar minha avó. –A mamãe já sabe?

—Sim. Liguei para ela. –ele piscou para mim. –Ela até falou que vai tirar a noite de folga também, para poder acompanhar melhor o jantar. E sabe de uma coisa? Ela estava precisando mesmo. Mamãe passa o dia naquele hospital, só é liberada para o almoço e jantar.

—Mas você sabe porque ela faz isso.

—E é por isso mesmo que odeio tudo isso.

...

Arrumei meu cabelo em um coque e passei um batom cor de boca. Ajeitei minha saia jeans e coloquei uma regata branca simples. Era só um jantar. Não precisava me arrumar tanto. Mas eu estava sentindo que eu havia deixado escapar alguma coisa.

Quando cheguei na sala de estar, Pietro estava sentado no sofá assistindo televisão. Fui para a cozinha e ajudei a mamãe a colocar os pratos na mesa. Ela tinha chegado fazia pouco tempo, mas já tinha tomado banho.

Lydia e Juan desceram e sentaram um perto do outro. A mamãe estava ajudando a vovó a terminar a sobremesa, que por sinal era uma torta de morango, quando a campainha tocou.

—Vá atender, Sophia. –pediu minha mãe.

Passei por Pietro no sofá, que assistia á um filme um pouco constrangedor, se é que me entendem.

—Tira disso, pelo amor de Deus! –pedi e ele riu.

Antes de atender, dei uma última ajeitada na minha saia. Abri a porta e sorri.

—Está atrasado. –falei para Rafa, que sorriu.

—Desculpe, milady, o trânsito estava um pouco confuso.

—Vem logo! –falei e peguei sua mão, o puxando para dentro. 

Fomos para a cozinha e ele cumprimentou a todos. Nos sentamos e ele escolheu sentar ao meu lado.

—Como vão seus irmãos, Rafael? –perguntou a vovó, colocando os pratos na mesa.

—Estão todos bem. –ele respondeu. –Sarah esteve meia adoentada estes dias, mas está melhor.

—Ainda bem. –minha avó sorriu.

A campainha tocou e eu fui correndo atender. Pietro se levantou do sofá e me seguiu até a porta.

Ao abrir a porta, me segurei para não cair para trás.

Pois, quem estava na minha frente era Brian.

—Brian?! –exclamei.

—Sophia?! –ele exclamou, parecendo tão confuso quanto eu.

—Vocês já se conhecem? –perguntou meu irmão, aparentando a mesma quantidade de confusão que nós dois.

—Sim! –respondemos em uníssono.

—Posso saber de onde? –perguntou meu irmão, querendo passar a imagem do irmão mais velho cuidadoso.

—Ele é da mesma escola que eu, Pietro. –falei e saí da entrada. –Pode entrar, Brian. –chamei e sorri.

Pietro revirou os olhos, mas não falou nada. Então caminhamos para a cozinha.

...

—Então você é da escola de Sophia? –perguntou minha mãe, encarando o menino com aqueles olhos azuis investigadores.

—Sou sim. –respondeu Brian, comendo em seguida um pouco de seu jantar. Aquilo estava realmente delicioso.

—Quando veio para cá? –ela perguntou, com aquela cara de quem não estava gostando do que ouvia.

—Vim no início do ano. Tive problemas familiares. Queria ficar sozinho.

—Você consegue sustentar a escola e casa com apenas o salário da lanchonete? –perguntou a vovó, falando pela primeira vez na noite.

—Na verdade, meu pai manda uma quantia de dinheiro por mês.

—Qual foi o problema familiar que você passou? –questionou Lydia, com aquele sorrisinho cínico dela. Chutei sua perna e fiz uma cara de repreensão.

—Minha mãe foi presa. –Brian respondeu de uma só vez e voltou a comer.

Antes de alguém perguntar mais alguma coisa, eu intervi:

—Vovó, este jantar está delicioso!

—Obrigada querida. –minha avó respondeu e sorriu.

—Depois terão de me passar essa receita. Tenho que comer algo além de enlatados. –Brian falou e todos riram, inclusive minha mãe.

—É que você ainda não experimentou o purê de batata de Sophia. Essa família é uma graça na cozinha. –elogiou Rafa.

Dei um murrinho de leve no ombro dele e ele sorriu.

—Senhora Grace, gostaria de pedir uma coisa. –Rafa informou.

—Sim...? –falou minha mãe, com aquela carranca dela.

—Sábado terá a festa de calouros e eu quero levar Sophia. Posso?

—Não.

—Por favor... –ele implorou.

—Não.

—Eu vou cuidar bem dela, senhora Grace. Por favor. Este é o último ano...

—Vou pensar no caso. –ela interrompeu ele e se virou para Brian, certamente para mudar de assunto. -Já sabe qual curso pretende cursar, Brian? –perguntou minha mãe.

—Pretendo cursar algo no ramo de direito. Pensei em algo na promotoria ou procuradoria.

—Está vendo Sophia? Todos sempre tem algo bom em mente. Menos você. –minha mãe criticou, me fazendo ficar com raiva.

—Não diga isso, senhorita Grace. Ainda não sei o que quero da vida. –Rafa falou e todos riram novamente. Menos minha mãe.

—Mãe, todas as profissões são dignas. Se não fossem, não existiriam tantas assim, não acha? –falei, arqueando uma sobrancelha.

—Brian, você acha que faculdade de música tem futuro? –todos os olhares se voltaram para Brian quando minha mãe perguntou aquilo.

—Bem... –ele pigarreou, nervoso. –Eu tenho certeza que a música é um bom caminho. É um ramo que está dando bastante proveito estes tempos, sabe? Sophia se daria bastante bem nisso, ou em qualquer outra coisa, tenho certeza. Ela é forte e inteligente. Conseguirá o que quer. –ele concluiu e sorriu.

Naquele momento, eu fiquei com vontade de pular em cima do Brian e pedir ele em casamento. ELE DESBANCOU MINHA MÃE NA FRENTE DA MINHA FAMÍLIA! UHU!

Sem querer, um sorriso escapou dos meus lábios. Tentei disfarçar com uma tosse, mas mesmo assim a alegria cresceu dentro do meu peito.

—Estão prontos para a sobremesa? –minha avó perguntou, indiferente á tudo aquilo.

Minha mãe se levantou e foi ajudar minha avó a pegar a torta de morango. Se o gosto estiver tão bom quanto o cheiro...

...

Brian tinha ido embora fazia algum tempinho. Eu estava na cama de baixo da minha beliche e Pietro roncava na cama de cima. Todos deveriam estar dormindo. Menos eu.

Eu não parava de pensar no que Brian dissera.

“Sophia se daria bastante bem nisso, ou em qualquer outra coisa, tenho certeza. Ela é forte e inteligente. Conseguirá o que quer.”

Ele me conhecia há dois dias. E já vira que sou forte. E que conseguirei o que eu quiser.

Nenhum menino nunca havia feito nada parecido comigo. Todos sempre pediam para ficar comigo. Nenhum nunca era romântico nem nada. Só teve um que... Sabe de uma coisa? Esquece.

Esse seria um longo ano.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, acompanhem, favoritem, recomendem! Ajudem a fazer uma autora feliz!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Real world" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.