Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Nem sei como começar as notas do capítulo. Um desculpas seria bom o suficiente?
então vamos lá.
DESCULPA AMORES ♥
Sério, passei quase um mês sem postar, e nem sei se vou poder compensar, por que estou tão OCUPADA, tão atarefada, que estou sem tempo até para respirar. Esse final de semana consegui um tempinho e fiz um capítulo, meio que para saciar a vontade de vocês por enquanto. Farei o possível para postar um capítulo logo logo. E quanto a outra fic, não sei quando vou postar capítulos. Os dois que tinha pronto delas sumiu do meu notebook. Sorry meus amores :(
MAS ENFIM ♥ Vamos ao que realmente interessa.
Espero que gostem!
(não me matem pelo final)



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—Peraí, vamos recapitular tudo. –Luke falou, tamborilando os dedos nervosamente no volante. –Você viu um vulto preto atrás de você e correu.

—Sim. –assenti.

—Correu tanto que perdeu a noção de onde estava.

—É...

—Sophia, vou fazer uma pergunta e espero que você seja sincera. –ele pediu e olhou pra mim. –Você está usando drogas?

—O quê? Não! –exclamei, horrorizada.

—Eu até entenderia, devido a essa situação que você está passando, mas você tem que achar outra saída.

—Eu não...

—Existem outros modos de escapar da dor, Sophia. Não faça isso.

—EU NÃO ESTOU USANDO DROGAS, CARAMBA! –eu praticamente gritei, para que aquele idiota me ouvisse.

—Tem certeza?

—Eu nunca fugiria dos problemas, Luke. Nunca faria isso.

—Então...?

—Eu senti um medo tão grande que... sei lá. Era um medo tão real... –minha voz começou a sair falhada.

—Não chore, por favor. –ele pediu e parou o carro. Percebi que estávamos na rua da minha casa.

—Luke, eu senti tanto medo daquilo ocorrer novamente que me faltou ar. E o pior é que eu sentia que simplesmente não haveria ninguém para me salvar. Foi horrível. –expliquei e coloquei as mãos no rosto.

Senti mãos quentes levantando meu rosto. Luke sorriu e enxugou uma lágrima que teimava em cair.

—Aquilo nunca mais vai acontecer. E eu já te disse isso.

—Você não sabe do futuro, Luke. E eu sempre terei que lidar com os meus medos.

—Estarei do seu lado para enfrentar todos eles. Prometo.

—Você não é super herói para estar lá sempre que eu chamar.

—Eu posso tentar ser. –ele sorriu, divertido.

Encarei ele, pensando em como ele havia mudado. Não só ele, mas a nossa relação em si. Quem diria que ele iria caso eu chamasse? Qual é, até pouco tempo atrás a gente mal se falava.

Só se...

Não, não pode ser. Luke não pode estar apaixonado por mim. Ele não é idiota o suficiente pra isso.

—Por quê isso agora? –perguntei, para tirar o resto das minhas dúvidas.

—Isso o quê?

—Essa sua vontade de me proteger e tudo mais. Você mal me olhava durante esses anos, Luke.

Ele ficou surpreso, ao julgar pelo arquear de suas sobrancelhas. Ele pensou por um momento. Hesitou algumas vezes antes de finalmente responder:

—Por que eu sinto que devo fazer isso.

—Por quê?

—Minha mãe... Ela foi morta por aquele tipo de homem. –ele disse e engoliu em seco.

Abri a boca, horrorizada. Nunca soube realmente do que a mãe de Luke realmente tinha morrido. Ouvi vários boatos que havia sido um homem, mas eu imaginava assassinato, não estupro.

—Não sabia, Luke. Desculpe. –falei e toquei no rosto dele. Ele desviou educadamente.

—Foi o pior dia da minha vida. Eu vi tudo. Eu lembro de tudo. Dos gritos dela, do sangue. –ele piscou os olhos, como se quisesse afastar as lembranças. –Eu poderia ter salvado ela. Dói saber que não pude fazer nada.

Fiquei imaginando, um Luke criança assistindo á tudo aquilo. Enchi os olhos de água só de imaginar. Eu tinha de consolá-lo.

—Você era uma criança, Luke. O que poderia fazer?

—Qualquer coisa que não fosse ficar calado, parado, só olhando aquilo tudo ocorrer.

—Você não poderia fazer nada. O homem poderia ter te matado também.

—Ás vezes até acho que meu pai tem razão. Que eu fui o motivo de ela ter morrido. –ele falou, como se não tivesse me ouvido.

—Você não deve pensar nisso dessa forma. Não foi culpa sua, foi culpa do homem que fez aquilo com ela.

—É, tanto faz. Ela já está morta, de qualquer forma.

—Não fale assim, Luke. Assim penso que você não tem sentimentos. –sorri fracamente.

—Depois de que ela se foi, eu realmente pensei que nunca mais sentiria nada. –ele me olhou, de forma significativa. –Mas...

Antes de ele concluir, seu celular tocou. Ele revirou os olhos, frustrado e atendeu.

—Oi Lauren. –ele falou e suspirou. –Estou na lanchonete perto da House Kings... Estava com fome... Não, Maureen não sabe fazer esses sanduíches... Desculpa sair sem avisar... Chego em 15 minutos.

Ele desligou e se virou pra mim.

—Vou ter que ir. Lauren disse que me quer em casa agora. –falou, meio que pedindo desculpas.

—Tudo bem. Obrigada por ter vido, de verdade.

—Precisando, sabe como me chamar. –falou e sorriu, mostrando aquelas covinhas que eu tanto já odiei, mas que hoje aprendi a amar.

Abri a porta do carro e já ia saindo, quando ele pegou meu braço.

—Não mereço um beijo de boa noite? –perguntou e sorriu safado.

Me aproximei e depositei um selinho em seus lábios. Ele fez uma careta.

—Acho que mereço mais que isso. –ele falou e mordeu os lábios.

—Amigos só merecem isso. –meio que deixei escapar.

Ele abriu a boca pra falar algo, e eu senti, JURO que senti, que ele ia falar algo sobre estar apaixonado por mim. Mas, como sempre, ele apenas disse:

—Você tem razão.

Sorri, fraco e saí do carro.

A cada passada que eu dava em direção da minha casa, olhava para trás, para ter a certeza de que Luke ainda estava lá, esperando eu entrar.

Ao abrir a porta de casa, suspirei, aliviada. Cheguei em paz, finalmente.

Joguei minha bolsa no sofá da sala e chamei:

—Pietro?

Nenhuma respota.

—Lydia? Juan? –chamei novamente. Mais silêncio.

Peguei meu celular e vi uma mensagem de Pietro.

“Viemos visitar a vovó. Quer que eu vá te buscar?”

Respondi na hora.

“Venha em 10 minutos”.

...

Hospitais geralmente são tão monótonos e sem graça, não é? Pois o Saint Louis não era.

Conforme eu passava pelos corredores, via alegria e cor transbordando de cada quarto, de cada canto. As enfermeiras cumprimentavam quando eu e Pietro passávamos, sempre com um sorriso no rosto.

—Elas sempre são assim? –questionei.

—Desde que eu entrei aqui, sim. –respondeu ele.

Haviam algumas caixas de som nas paredes, de onde saíam agradáveis músicas. Aqueles tipos de músicas instrumentais, sem voz. Minha avó certamente estava amando aquele lugar.

Entramos no corredor 7 e caminhamos até o quarto de número 48.

Abri a porta vagarosamente e falei:

—Será que ainda sou bem-vinda aqui?

—Claro! –a voz fraca da minha avó ecoou.

Entrei no quarto, com Pietro em meu encalço. Meus irmãos mais novos não estavam lá, assim como a minha mãe.

—Onde está o resto do pessoal? –Pietro perguntou.

—Foram pegar chá. –minha avó respondeu.

—E como a senhora está? –perguntei, me sentando ao seu lado na cama.

—Me recuperando, querida. Mas estou sendo muito bem cuidada. Creio que logo, logo estarei em casa. 

—As enfermeiras te tratam bem? –falei e passei a mão na sua cabeça.

—Melhor do que realmente deveriam. Todos os dias elas vêm aqui, me trazem remédios, cantam músicas alegres. Não poderia estar em lugar melhor.

—E os médicos?

—Pessoas incríveis, minha querida. Você deveria ver o doutor Raphael. Ele é um amor de pessoa, e é muito bonito. E o melhor: está solteiro. Aproveita! –ela falou e riu, divertida.

—Ah, vovó... A Sophia já está comprometida. –Pietro interveio na conversa e eu me virei para ele, o fuzilando com o olhar.

—Ah é mesmo? E quem é o sortudo? –ela perguntou e sorriu pra mim.

—Pietro está mentindo, vovó. Não tenho ninguém. –respondi.

—Pois eu acho que tem. –ela brincou.

—Não, vovó. –sorri, e tentei mudar de assunto. –Você sente dor aqui? –perguntei e peguei na perna dela.

—Não. Não sinto nada. Os médicos disseram que meus ossos viraram pó. Dá pra acreditar? –ela balançou a cabeça, como se não acreditasse na palavra dos médicos. –Eles colocaram até um ferro dentro da minha perna. E colocaram esse negócio branco.

—É para melhorar o mais rápido possível e a senhora voltar para casa. –a consolei.

A porta se abriu e meus irmãos mais novos entraram, seguidos da minha mãe, que trouxe uma daquelas caixas de papelão com dois copos dentro.

—Só trouxe dois chás, por que não sabia quem iria querer. –minha mãe anunciou.

—Eu não quero. –Pietro negou. –Odeio chá. Principalmente destes de hospital.

—Esse hospital é diferente. –minha mãe falou.

—É, deu pra perceber na quantidade de zeros do cheque. –Pietro murmurou e sentou-se em uma poltrona perto da cama. Pelo jeito como ele falou, percebi que algo estava MUITO errado.

Minha mãe lançou um olhar cortante para Pietro, que apenas balançou a cabeça, irritado.

—Tenho que ir trabalhar. –ele avisou. –Vamos Sophia.

—Mas eu acabei de chegar... –falei.

—Então você vai ter que ir de ônibus. –ele falou e se levantou.

—Vá com ele, Sophia. –minha mãe interveio. –No final de semana você vem e passa mais tempo.

Desviei o olhar para Pietro, que apenas encarava os pés.

—Tudo bem. –suspirei. –Vamos, Lydia e Juan.

Ao sairmos do hospital, senti que Pietro estava cada vez mais irritado. Ele dirigia com uma raiva incandescente, que estava me deixando nervosa.

—O que houve? –decidi perguntar.

—A mamãe não sabe o que faz. Parece que tem merda na cabeça! –ele falou e atravessou um sinal vermelho. Vários carros buzinaram em protesto.

—Parece que você tem merda na cabeça! –repliquei. –Dentro desse carro tem 4 vidas, aja com prudência!

No outro sinal, ele parou.

—A vovó ia ser transferida para casa, já que não precisa mais de máquinas para respirar e tal. Os médicos falaram que só seria necessário pagar uma enfermeira para ficar 24 horas e pronto.

—E?

—E a mamãe não quis. Disse que os médicos não sabem de nada e que é para a minha avó ficar lá, no hospital. Sophia, você tem ideia do quanto vai ser necessário para a gente pagar a conta de lá?

—Vai ser uma grande bolada de dinheiro.

—Vamos ter que fazer é “programa” pelo o que eu tô vendo. –ele bufou, irritado. –Eu falei para a mamãe que os médicos sabiam o que estavam dizendo. Falei até que poderia falar com uma amiga minha que era enfermeira lá da faculdade. Ela não iria cobrar tanto e poderíamos economizar bastante. Mas você acha que ela ouviu? Ela nunca ouve. –ele parou por um instante e suspirou. –Ela só tá fazendo isso para dizer aos vizinhos que nós podemos pagar um bom hospital. Só por estética.

—Pietro... –meu tom era de advertência. Os gêmeos poderiam dizer a mamãe e iria ter confusão.

—Só tô falando a verdade, caramba! Ela poderia vir para casa, e tudo iria voltar ao normal. A mamãe ia voltar a trabalhar, iria ajudar a pagar as contas e eu não precisaria ralar tanto quanto estou ralando agora. Mas ela só pensa no que a droga da vizinhança irá falar.

—Vou falar com ela, está bem? –tentei tranquiliza-lo.

—Se ela não me ouve, por que ouviria você? –as palavras de Pietro me atingiram como facadas. Ao perceber o que acabara de falar, ele olhou pra mim e pediu desculpas. Só balancei a cabeça.

Era verdade. Por que a mamãe ouviria a “ovelha negra” da família? Ela nem ouviu o grande Pietro, que passou em primeiro lugar na faculdade de medicina, que trabalhava para ajudar a pagar as contas, que tinha uma namorada de boa família. Por que ouviria a filha idiota que aguenta tudo calada?

Olhei para fora das janelas e tentei imaginar o que o vovô diria se ele estivesse aqui. Ele iria bater de frente com a minha mãe, como sempre fazia. E ninguém discutiria com ele. Por que o vovô sempre sabia a coisa certa a fazer. E o mais engraçado era que sempre dava certo. Deu certo até o dia em que o radar dele de fazer coisas certas quebrou e ele reagiu àquele maldito assalto.

Mordi os lábios. Não iria chorar na frente de ninguém.

—Soph, desculpa. –ele pediu novamente. –Eu estou irritado, não ligue para o que eu disse.

Balancei a cabeça novamente.

—Não precisa se desculpar, já que disse apenas a verdade. –falei.

—Você sabe que a mamãe é cabeça dura, mas que ela te ouve também.

—Ela nunca me ouve. Nunca. Agora você...

—Está difícil pra mim também, Soph. –ele suspira de novo. –Enfim, vamos mudar de assunto. Ela já disse como vai ser, não adianta ficar se lastimando agora.

Assenti.

—Querem jantar o quê, Lydia e Juan? –perguntei, olhando para o banco de trás.

—Mc Donal’s seria uma boa escolha. –Juan brincou.

—Vamos passar no drive-tru perto de casa e aí compramos. Se não nos apressarmos, me atrasarei pro trabalho. –Pietro explica.

—Tudo bem. –Lydia diz e suspira, animada. –Estou faminta.

—Também. –falo e sinto minha barriga roncar.

Ficamos em um silêncio agradável. Apenas a música do rádio soando em meus ouvidos. Mas, como é de se esperar, sempre tem que ter alguém para interromper.

—Lauren me ligou hoje á noite. –Pietro falou, como quem não quer nada.

—Legal. –respondi.

—Ela disse que o Luke foi te deixou em casa hoje. Por que você perdeu o ônibus. –ele disse e continuou olhando para a estrada.

Fiquei sem saber o que dizer. Luke não tinha dito a verdade para a irmã no momento que estava comigo, então deve ter dito quando chegou em casa. Agora, como eu iria dizer para o meu irmão que na verdade eu tive um pequeno “surto” e não sabia a quem ligar?

—Foi exatamente isso que aconteceu. –confirmei, meio que mentindo.

—Da próxima, vê se deixa de ser lerda e saia na hora certa. –Pietro provocou.

—Na verdade, eu saí na hora certa. Mas acho que o ônibus deve ter saído mais cedo do que esperava, ou deve ter quebrado no caminho. A culpa não foi minha.

—Entendo. Qualquer coisa, você tem meu número. Me liga. –ele falou e vi que ele tinha uma pontada de ciúmes no tom de voz.

—Você está com ciúmes por que fui para casa com o Luke? –perguntei, surpresa.

—Não é ciúmes. É cuidado. Não quero ver você indo para casa com garotos. Me deixa desconfortável. Vai saber o que vocês aprontam dentro de um carro.

Corei de vergonha.

—Eu não faria nada demais dentro de um carro. Além do mais, Luke é meu amigo. –falei, mas nem eu acreditava nas minhas palavras.

—Aham, claro. –ele falou, cínico. –Quero ver até quando ele será seu amigo.

...

Já era tarde da noite. Os gêmeos estavam assistindo TV, já que amanhã eles não iriam ter aula. Reunião de pais, eles disseram. Minha mãe disse que iria deixar minha avó sozinha no hospital para ficar com eles o dia inteiro. Assim eu poderia ficar mais tranquila.

Então, enquanto eles assistiam á um filme de terror, eu estava no meu quarto, resolvendo equações químicas. Bem que a gente poderia nascer sabendo de tudo, não é?

Meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem.

Ao desbloquear a tela, vi que era uma mensagem de um número desconhecido. E o pior: não era whats app nem nada. Era mensagem normal.

Com receio, abri a mensagem. Era uma foto de um casal se beijando. Junto com a foto, vinha uma mensagem:

“Você é apenas mais uma na interminável lista de ficantes de Luke, Sophia. Você é apenas mais uma vadia que ele passa a mão.”

Não sei como, mas meus olhos se encheram de lágrimas de repente. Eu poderia pensar que era mentira, mas eu reconheceria Luke em qualquer lugar.

Sempre soube que era apenas mais uma. Não sei o que me passou pela cabeça acreditar que Luke podia estar nutrindo algo por mim.

Eu via ele se agarrando com as garotas na escola, dando em cima de várias. Então por que, após eu ver uma foto, eu senti tanta dor?

Deveria ser a doce e velha ilusão da reciprocidade. De achar que ele iria mudar e que agora sentiria algo por mim, só pelo fato de eu gostar dele. TANTAS garotas por aí que já devem ter beijado os pés dele. TANTAS garotas que já devem ter se declarado pra ele. Por que ele iria se apaixonar por uma idiota como eu?

Quando percebo, estou chorando.

Eu sou tão estúpida.

Tão, tão estúpida.

Lembrei o que Rafa me disse.

“Ah Sophia, se apaixonar é se machucar.”

E eu estava sentindo isso na pele.

Continua...


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Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEM, OBRIGADA ♥