Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 32
Capítulo 30 -Narrado por Luke


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeeei meus amores ♥ E trago um capítulo narrado pelo queridinho das leitoras: LUKE ♥
Espero que gostem!



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Esperei Sophia entrar em casa para finalmente ir embora. Vendo hoje a fragilidade dela, percebi que ela precisava de segurança, segurança que eu estava disposto a dar a ela. Nunca mais nenhum homem encostaria um dedo nela, a não ser que ela queira. Doeu tanto vê-la daquela forma, perdida, chorando. Não quero mais vê-la passando por isso. Nunca mais.

Hoje, sinto que ultrapassamos uma barreira. Eu lhe contei a história da minha mãe, sendo que pouquíssimas pessoas sabem dela. Além do mais, lhe contei minhas angústias. Parecia tão natural me abrir com ela que... não sei. Simplesmente escapou. E parece que eu fiz bem. Todos que sabiam, sempre me olhavam torto e diziam: “Você ficou parado sem fazer nada?”. Sophia simplesmente falou que a culpa não era minha, que eu era apenas uma criança. Era como se ela tivesse tirado um terço da culpa de cima dos meus ombros.

Eu estava realmente gostando dela. E eu andei percebendo que, se eu não revelar isso a ela, eu posso perde-la. Percebi isso ao ver ela com aquele garoto na aula de música. Ela é linda, chama atenção. É normal que vários garotos entrem em sua vida. E eu tenho a sorte de ela, por enquanto, estar com sua atenção virada pra mim. E se ela enjoar de mim? E se ela simplesmente achar outro “super-herói” para protege-la dos problemas?

Eu tenho que falar pra ela. E hoje, quando eu finalmente ia revelando, meu maldito celular toca. Problemas em casa, Lauren afirmou. Eu perdi uma chance preciosa. Droga.

Espero que esse problema em casa, não seja o que eu estou pensando.

...

—Como sempre, não te encontro em casa, Lucas. –meu pai falou assim que eu pus os pés dentro da sala de estar da minha casa.

Aquele idiota já tinha voltado da sua viagem, infelizmente.

—Como sempre tenho coisas a resolver. –respondi, tentando passar direto dele. Antes disso, ele falou:

—Mas, que eu saiba, te proibi de sair de casa com o carro até eu voltar. Ou você está com amnésia?

—Acho que estou com perda de memória recente. Só lembro de coisas importantes. E você não está na lista de prioridades.

—Está bem afiado também, pelo visto.

—Sempre estive. –falei e dei um sorriso forçado.

—E ainda não tirou esse maldito piercing.

—Nem vou tirar. –assim que falei isso, meu pai se levantou do sofá que estava sentado e se aproximou de mim, ficando cara a cara comigo.

—Acho melhor você medir suas rebeldias comigo, moleque. –ele apontou o dedo na minha cara, fazendo eu trincar o maxilar de raiva. Odiava quando alguém fazia isso comigo. –Se não lembra, eu ainda sou seu pai.

—Você passa tanto tempo fora que me esqueço. –soltei e ele deu um tapa na minha cara, fazendo meu rosto virar. Fiquei mais com raiva do que com dor.

—Espero que não seja necessário outro tapa pra você virar homem.

—Virar um homem como você? Prefiro ser eternamente uma criança.

—Suba para o seu quarto, Lucas. –ele ordenou. Não me movi.

 -Não sou garçom para atender a pedido de ninguém.

—Você está muito insolente hoje. –ele falou e trincou o maxilar, da mesma forma que eu. Odiava o modo como éramos parecidos.

—Só não estou com saco cheio de te aguentar. Qual é, fica a maior parte do tempo fora e ainda acha que tem autoridade o suficiente pra mandar em mim? 

—Sempre terei autoridade pra mandar em você, Lucas. Não importa quanto tempo passe. –a voz dele era tão calma que só fez aumentar meu ódio.

—Pois eu acho que não. –falei e sorri, debochado. –Deixe-me ver... Quantas coisas você falou para eu fazer? Não dirigir na sua ausência, tirar o piercing, não entrar em nenhuma banda, investir no curso de economia... E quantas coisas eu obedeci? Eu sou MUITO melhor te desobedecendo do que obedecendo.

Ele sorriu, cínico. Sabia o que ele iria falar antes de as palavras saírem da sua boca:

—Sua mãe deve estar decepcionada com você, onde quer que ela esteja.

—PARE DE USAR A MAMÃE NAS NOSSAS DISCUSSÕES! –gritei, sentindo uma raiva acumular no meu peito.

—É difícil pra você ouvir o nome da pessoa que você matou? –ele falou e eu notei desprezo em seu tom.

—EU NÃO A MATEI! –gritei e senti lágrimas queimando nos meus olhos. –EU ERA APENAS UMA CRIANÇA!

Pelo canto do olho, vi Lauren se aproximar.

—Papai, se acalme... –ela pediu, mas ele desviou de seu toque.

—Você é culpado, Lucas. E sabe disso. Dirige sua raiva pra mim porque não quer ver o verdadeiro culpado.

—Se você não fosse um pai tão babaca, não precisaria ter ódio de você! –falei e as lágrimas desceram, encharcando meu rosto.

—Luke... Por favor... –Lauren pediu e vi que também estava chorando.

—Nós não merecemos ter você como nosso pai. –cuspi essas palavras na cara dele. –Era pra você ter morrido no lugar da mamãe! Eu odeio você!

Pareceu que ele tinha levado um tapa na cara. Nunca tínhamos chegado a esse ponto. Geralmente eram provocações e, vez ou outra, ele jogava a culpa em mim. Eu sempre ouvia calado, já que me sentia culpado. Mas o fato de eu ter falado pra Sophia e ela meio que ter me confortado, me deixou meio seguro de si.

Aproveitando o silêncio dele, saí de casa. Destravei o carro e, antes de entrar nele, ouvi minha irmã gritar:

—Luke!

Respirei fundo e olhei pra ela.

—Por favor, não faça nenhuma besteira... –ela pediu assim que chegou perto de mim. Seus olhos estavam inchados e vermelhos.

—Eu não vou mais voltar, Lauren. Não enquanto ele estiver aqui.

—E onde vai ficar? –ela perguntou, aflita.

—No Nathan.

—Luke... Isso foi só uma discussão. Não vá, por favor.

—Não, isso não foi uma discussão. –eu falei e ela pressionou os lábios. –Assim que ele for embora, me avise.

—Não vai levar nem uma roupa, nem nada? –perguntou, como se já tivesse desistido de me insistir pra ficar.

—Não. Na casa do Nathan tenho roupas.

—Tem certeza de que ficará bem? –ela perguntou e lançou aquele olhar de “mãe” que ela sempre tinha.

—Tenho. Se cuida. –falei e beijei o topo da sua cabeça.

Entrei no carro e dirigi noite adentro até a casa de Nathan.

...

—Foi grave assim dessa vez? –Nathan perguntou, assim que entramos no seu quarto. Quando cheguei na casa dele, ele não me fez perguntas. Apenas disse para irmos para o quarto dele. Eu sabia que se os pais deles ouvissem o por quê de eu estar ali, ligariam para o meu pai e eu consequentemente iria para casa. E eu não iria voltar lá tão cedo.

—Foi mil vezes pior do que as outras vezes. –expliquei e me sentei na cama dele. –Eu simplesmente não aguentei ficar calado.

—Sei como é. Ás vezes acontece comigo.

—Não, Nat. Não acontece com você. –falei e ele suspirou. –Seus pais não passam na sua cara que você foi o culpado pela morte de algum parente querido seu. Só o meu pai faz isso. Por que ele é um babaca.

—Ah cara. –ele passou as mãos no rosto. –Nem sei o que dizer pra você.

—Vamos mudar de assunto. Não quero mais tocar no nome dele. –pedi e me deitei esparramado na cama dele, todo a vontade.

—Tire ao menos os tênis, desgraçado! –ele brigou comigo e eu ri. Ao contrário de mim, Nathan era o cara mais organizado e sistemático por limpeza que eu conhecia. Vai saber que é por isso que o quarto dele é todo limpinho e organizado, enquanto que o meu parece que ocorreu uma guerra.

Desamarrei meus tênis e joguei em um canto do quarto.

—Vou pegar um colchão pra você no quarto de hóspedes. –ele avisou e saiu.

Meu celular vibrou, indicando que tinha recebido uma mensagem. Devia ser a Lauren pedindo pra eu voltar. Desbloqueei a tela e vi que era mensagem de outra pessoa.

“Há quanto tempo, Luke.” —enviada por Britney ás 7:35.

Revirei os olhos. Aquela garota era uma vadia. Era gostosa? Pra caralho. Mas a personalidade dela era um lixo. Não sei como aguentei todos estes anos ficando com ela. Ela era mandona, chata e arrogante. Cansei de ir até a casa dela e vê-la maltratando os criados. Além de ter visto tantas vezes ela falando as coisas pra Sophia e outras garotas da escola. Eu posso ter os defeitos que tiver, mas nunca humilhei ninguém. E na arte de humilhar, Britney dava aula.

Vocês devem estar pensando: E por que você chegou a namorar ela?

Digamos que no começo, BEM no começo, ela era uma garota realmente legal. Qual é, para um cara como eu querer namorar com uma garota, ela tem que ser bastante legal. E gostosa, é claro. A gente ficou por um tempo e eu pensei: Por que não namorar ela? Nós dois somos populares, daríamos super certo. Então começamos a namorar. Só que depois de 2 semanas com ela, comecei a ver seu lado podre. Tentei terminar com ela umas 5 vezes, só que ela sempre implorava para eu não fazer isso. Só que eu não aguentava mais ela. Não aguentava estar só com ela. Então traí ela. E como resultado, Britney terminou comigo.

Agora, vocês devem estar pensando: Nossa, que cafajeste!

E eu lhes repondo: Ela mereceu.

Porém, Britney é muito boa como uma simples “peguete”. E eu falei isso pra ela, que aceitou ser minha só de vez em quando. De boa.

Só que agora, digamos que estou com a cabeça ocupada por outra pessoa. E é exatamente por isso que não quero responde-la. Mas, se eu não responder, ela vai pressionar cada vez mais, e pode fazer algo desagradável, principalmente com Sophia.

“Há quanto tempo.” –enviada por você ás 7:40.

Ela devia estar esperando pela minha resposta, por que logo visualizou.

“Estava aqui pensando se não poderíamos nos encontrar... Em honra aos velhos tempos.” —enviada por Britney ás 7:40.

Revirei os olhos. Garotinha irritante.

“Não, obrigado.” –enviada por você ás 7:42.

Nathan entrou no quarto trazendo um colchonete e o jogou no chão.

—Não tive como trazer o colchão, então trouxe o colchonete. –ele explicou. Ao ver minha cara, perguntou: -Que cara de limão azedo é essa?

—Uma palavrinha: Britney. –falei e ele deu um sorrisinho.

—Vai rolar flash back? –perguntou e riu.

—Não quero mais ficar com ela. –respondi e ele arregalou os olhos.

—Como assim você não quer ficar mais com ela? –ele questionou e se aproximou de mim, colocando a mão na minha testa. –Você só pode estar doente.

—Também tô achando isso. –suspirei.

—É a Sophia né? –ele riu e se jogou na cama ao meu lado. –Eu sabia que isso iria acontecer.

—E por que não me avisou, seu idiota?

—Eu te avisei sim! Você que não quis me ouvir.

Meu celular vibrou. Decidi não olhar mais uma mensagem da Britney.

—Eu só sei que estou fodido. –falo e solto um longo suspiro. –Acredita que eu não consigo parar de pensar nela?

—Sei como é, cara. Daqui a pouco você vai estar querendo proteger ela, ficar perto dela, sentir o cheiro, e por aí vai.

—E se caso eu já esteja sentindo isso?

—Aí cara, você tem duas opções: ou pula fora de uma vez, ou se arrisca.

—Eu gosto de me arriscar. –falo e sorrio.

—E você quer se arriscar de que forma?

—Vou falar o que sinto pra ela, Nat. Se eu não fizer isso, vou perder ela. E eu não quero isso.

—E se ela não sentir o mesmo por você?

—Só vou saber se eu me arriscar.

—Vai querer pular de um penhasco desta altura?

Meu celular vibrou novamente. Aquela vadia está torrando minha paciência.

—Vou pular sim. E espero que, caso a queda seja muito feia, você esteja lá embaixo pra me ajudar. –falo e  desbloqueio a tela do celular. Britney mandou duas mensagens de texto.

“Por que não, Luke? Sinto falta de você, da sua pegada. Do seu beijo. Dos nossos amassos dentro do seu carro. A gente só ficou naquele dia na escola, e mal foi uma ficada. Você parecia tão... diferente. O que está acontecendo?” —enviada por Britney ás 7:47.

“É por causa da Sophia, não é? O que ela tem que eu não tenho?” —enviada por Britney ás 7:50.

Mostro a conversa pra Nathan.

—Ela vai querer matar a Sophia, cara. Te garanto. –ele analisou.

—Ela não vai fazer nada. Não tem coragem o suficiente pra isso. –o confortei e digitei a mensagem pra ela.

“Britney, vá atrás de quem te merece.” –enviada por você ás 7:55.

“Você me merece, Luke. E sabe disso.” —enviada por Britney ás 7:55.

“Na verdade, eu não te mereço não. Você é pouco demais pra mim.” –enviada por você ás 7:56.

“E aquela vadia da Sophia te merece, por acaso? Ela não te quer, Luke.” —enviada por Britney ás 7:57.

“Fique na sua. Da minha vida cuido eu.” –enviada por você ás 7:57.

“Tudo bem, faça como quiser. Agora, não venha depois me procurar. Eu não estarei aqui pra você, babaca!” —enviada por Britney ás 7:59.

“Na verdade, eu que não estarei aqui para você.” –enviada por você ás 7:59.

Bloqueei a tela do meu celular e o coloquei dentro do bolso. Nathan, que leu toda a conversa, me encarava boquiaberto.

—Cara, estou morto de fome. Tem o quê para comer? –falei e ele balançou a cabeça, como se não acreditasse.

—Você é louco, Luke. –falou e fomos para a cozinha.

...

Ajeitei meu colchonete no chão e tirei minhas calças, ficando apenas de cueca.

—Sério que vou ter que acordar vendo isso? –Nathan provocou e também retirou suas calças.

—Não tenho pijama aqui. E prefiro mil vezes dormir de cueca.

—Espero que esse seu “amiguinho” não amanheça animado. Não mereço isso.

Joguei um travesseiro nele.

—O mesmo vale pra você, otário. –falei e ele riu.

—Pelo menos o meu é maior que o seu.

—Não é não. –falei e me cobri com o lençol, já que estava um pouco frio.

Tentei dormir rápido, mas o sono não vinha. Eu estava preocupado com minha irmã, em como ela estava depois de que eu saí. E mais, estava ansioso para falar com Sophia amanhã. Não era todo dia que Lucas Layght se declara para uma garota que ele odiou por muito tempo.  

Mas amanhã Sophia não escapa.

Amanhã ela será, oficialmente, minha.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Ihuuuuuu
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