Alguns dias depois...

Estes dias estavam sendo incríveis. As aulas de música tem sido tão legais que tenho receio até de ir para casa. Comecei a aprender a tocar piano, e já sei algumas notas. Lucas tem sido bastante talentoso no violão e guitarra, mas nem presto muita atenção. Estou ocupada demais observando o professor gato, que por sinal só tem 20 anos.

Brian tem sido extremamente fofo comigo. Ás vezes ele me trás para casa, mas nunca mais tentou me beijar. Eu, sinceramente, acho que ele está querendo me conquistar. E está quase conseguindo, admito.

Nina e Rafa continuam sem se falar muito e eu juro que tentei descobrir o que realmente aconteceu, mas eles não me dizem nada. E não, a Nina não voltou com o Nathan. E não também, o Nathan não está ainda com nenhuma baranga em seu colo durante o almoço.

Amanhã é meu aniversário, o que significa que também é o show da One Direction, o show da minha vida. E o show que eu vou perder.

Tentei convencer minha mãe a me deixar ir, porém ela não deixa de jeito nenhum. Pietro até brigou com ela, umas 3 vezes hoje de noite, mas nada. Minha mãe era mais teimosa que uma mula empacada.

Agora, eu estava deitada na minha cama, ouvindo os roncos de Pietro e rezando para que alguma luz surgisse no fim do túnel.

E que no final do túnel eu encontre o One Direction HAHA!

...

—PARABÉNS IRMÃZINHA MAIS LINDA DO MUNDO! –gritou Pietro e pulou em cima de mim.

Gritei de susto e dor, enquanto o mesmo estava em cima de mim. Ele era pesado, porra.

—Mas olha aí, 17 aninhos... –ele disse e fingiu enxugar uma lágrima. –Parece que foi ontem que eu te peguei no colo...

—Ah idiota! –falei e ri. Ele me abraçou. –Não era pra ter me acordado cedo, hoje é sábado!

—Sério, Soph. Feliz aniversário. –ele me apertou com muita força. Seu tom de voz baixou um pouco: -E, só pra constar, hoje á noite vamos para um show.

—O quê? –exclamei e ele pediu silêncio.

—Digamos que eu tenho um plano. –ele piscou. –Apenas deixe comigo.

E nesse momento, a porta do meu quarto se abriu e minha família entrou.

—Sophia é uma boa companheira, Sophia é uma boa companheira... –cantarolou Lydia vindo ao meu encontro e me abraçando. –Parabéns para a melhor irmã mais velha do mundo!

—Obrigada minha flor. –respondi e ela me deu um beijo no rosto.

Juan veio, todo tímido e me entregou uma flor.

—Sei que sou meio chato e... –ele olhou para Lydia que incentivou para que ele continuasse. –E que não digo isso... mas eu amo muito você.

Eu juro que, no fundo dos meus olhos as lágrimas começaram a pinicar. Mas, como sempre, elas não derramaram. Sequer ameaçaram cair.

—Vem cá. –falei e o abracei. –Também amo muito você.

—Querida! –minha avó entrou e eu me levantei para abraça-la. –Quem diria, não é? 17 anos...

—Vó, não chora. –pedi e ri.

—Não querida... –ela fungou.

Me separei do abraço e olhei para ela.

—Hoje não é dia de chorar, é dia de rir. –falei e sorri. –Vamos merendar?

—Alguém falou comida? –Juan perguntou.

—Vamos descer logo! –Lydia disse entusiasmada e nós todos obedecemos.

Quando cheguei na cozinha, senti o cheiro de café sendo preparado. Na mesa, várias coisas estavam me olhando, esperando para serem devoradas.

Tinham torradas, bolo, cookies, waffles, pãezinhos caseiros, suco, bolachas e panquecas caramelizadas.

Meu estômago roncou só de ver aquilo tudo.

—Vejo que tem alguém com fome. –minha mãe disse enquanto colocava o café na mesa.

Sorri amarelo e se sentei á mesa, onde estavam meus outros dois irmãos e minha avó. Eu ainda estava muito chateada com ela, apesar de Pietro dizer que nós iríamos de qualquer jeito para o show.

—Hoje vou fazer um almoço, quer que eu chame seus amigos? –ela perguntou.

—Não precisa. Ela vai sair com eles hoje de noite. –Pietro respondeu por mim entrando na cozinha.

Eu ia sair com eles hoje?

AHHHHHH, O PLANO!

—Ela não tinha me dito nada. –minha mãe franziu a testa.

—Acabei de marcar com eles. Eu irei também, para garantir a segurança dela. –Pietro disse e se sentou ao meu lado. –Vamos só em uma pizzaria e a gente volta.

—Antes das 11? –ela indagou.

—Antes das 11. –ele confirmou e começou a atacar as panquecas.

Não foi preciso dizer mais nada. Todos começamos a comer.

...

Depois do horário do almoço, fui para o meu quarto. Iria procurar alguma roupa para o show. Quer dizer... para a saída com os meus amigos. Hahahahaha.

Abri meu guarda roupa e comecei a tirar algumas peças de roupas. A previsão do tempo dizia que iria chover.

Optei por uma calça jeans escura cintura alta e um cropped preto. Se eu colocasse um saltinho preto básico ficaria perfeito!

Peguei meu celular e chequei minhas redes sociais, que estavam repletas de felicitações. Não queria ver nada agora.

Fui para o whats app e vi mensagens de Nina, Rafa e... BRIAN?!

Prendi o fôlego. Era um texto.

“Oi Sophia. Hoje é seu aniversário, não é? Se não for, me desculpe. 17 anos você faz hoje... Que data ein? A cada dia que passa você se torna uma mulher mais espetacular e incrível e eu sou grato por poder fazer parte da sua vida. Não do jeito que eu gostaria, mas a vida nem sempre é um mar de rosas, rs. Um dia, espero que eu possa te mostrar outras maravilhas da vida que você ainda não desfrutou. Como é amar e ser amada. Tomara que sua vida seja bem feliz, Sophia. Que Deus te cubra de bênçãos e que Ele te dê sabedoria para realizar as melhores escolhas. E que uma destas escolhas seja eu.

Te adoro. –Brian.”

Eu estava tremendo. Me sentei na parte de baixo da beliche e respirei fundo. Como eu iria responder áquele texto?

Escutei a porta se abrir e travei meu celular.

Era minha mãe. E ela trazia uma pequena caixinha de presente. 

—Olá querida. –ela saudou.

—Oi mãe. –disse em um tom ameno.

—Comprei isso pra você. –ela disse e entregou o pacote pra mim. –É simples, mas é de coração.

Sorri um meio sorriso e abri o pacote.

Era um colar com a letra S. Parecia ser de ouro.

—Nossa. –sorri de verdade. –Obrigada.

—Olha Sophia... –ela disse e se sentou ao meu lado. –Sei que você deve pensar que eu sou uma mãe terrível. Mas eu amo muito você. Saiba que só faço algumas coisas para te proteger. Um dia, quando for mãe, você vai me entender.

Ela tinha lágrimas nos olhos, mas piscou para afastá-las. Minha mãe não é do tipo que desmorona fácil. Isso eu puxei dela.

A abracei e disse:

—Eu sei mãe. –suspirei. –Eu sei.

Ela se levantou, deu uma piscadela e saiu.

Peguei meu celular novamente e abri o grupo que tinha eu, Rafa e Nina (sim, nós tínhamos um grupo só pra a gente).

Os dois mandaram textinhos super fofos pra mim e eu fiquei bastante grata por ter amigos como eles.

Depois, tive que contar sobre o texto do Brian.

“Brian mandou um texto pra mim.”-eu enviei e esperei eles responderem.

“O QUÊ???????? MANDA AGORA!!!” –Nina como sempre um pouquinho louca.

Mandei o texto e ela ficou chocada.

“Meu Deus, que lindo! Dê logo uma chance pra ele, Sophia!” –ela enviou e percebi que Rafa não falava nada.

“O que você acha, Rafa?” –enviei.

“Não acho nada” –ele enviou e não insisti.

“Enfim gente, obrigada pelos textos. Só que não quero falar sobre Brian agora. Tenho um show pra ir mais tarde.” –enviei e Nina ficou eufórica para saber como eu iria.

Contei o plano para eles e ambos concordaram em me acobertar.

Eu tinha os melhores amigos do mundo!

...

Quando deu 6 horas, fui tomar banho. Liguei o chuveiro no modo quente e lavei os cabelos.

Ao terminar e secar os mesmos, vi que as pontas ficaram cacheadas. Hoje não iria prender os cabelos de jeito nenhum.

Fiz uma maquiagem leve e coloquei um batom claro. Enquanto terminava de me arrumar, Pietro entrou no banho.

Vesti minha calça e o cropped e calcei os saltos.

Vi que estava nublado e procurei algum casaco. Estavam todos por lavar. Droga!

Procurei então alguma bolsa e coloquei meu celular dentro. Pietro saiu do banho e pegou sua roupa no guarda-roupa.

—Saio em um minuto. –ele anunciou e entrou novamente no banheiro.

E, realmente, um minuto depois ele saiu. Ele estava com uma calça jeans e uma blusa social azul. Calçou os tênis branco que ele tinha ganhado no Natal e passou um perfume.

Inspirei o ar e comentei:

—Muito doce.

—Minha garota gosta. –ele explicou e piscou.

—O qu...

—Shhhhhhh. –ele falou e sorriu. –No caminho te explico.

Descemos as escadas e minha família estava quase toda no sofá, menos Juan que tinha ido para a casa de um amigo. Aquele menino estava mais fora de casa do que dentro.

—Já vamos, mãe. –falei.

—Antes das 11. –ela falou sem tirar os olhos da TV.

—Pode deixar. –respondi e segurei o riso.

Quando eu entrei no carro e subi as janelas, achei seguro perguntar:

—O show acaba antes das 11?

—Acho que sim. –ele passou a marcha e o carro começou a andar.

—Nem acredito que vai dar certo. –sorri.

—Nem eu acreditava. Pensava que a mamãe era mais esperta.

—Ou então ela está fingindo.

—Você sabe que a mamãe não sabe fingir nada. Lembra do seu aniversário surpresa? –ele perguntou e riu.

—Nem me lembre. –balancei a cabeça, rindo. Não quero comentar sobre isso, me desculpem. –O show vai ser na Arena O2?

—Vai sim. –ele disse e parou em um sinal vermelho.

—Quer conversar sobre “sua garota”? –provoquei.

—Ela vai estar no show, se você quer tanto saber. –ele explicou. –Se não se importa, vou deixar você com o irmão dela.

—Por quê? –fiz beicinho.

—Eu queria passar um tempinho com ela. –ele respirou fundo. –Qual é Sophia, eu já passei o dia inteiro com você. Além disso, o irmão dela é gente boa.

Revirei os olhos, irritada.

—Tudo bem. –falei. –Pode me deixar com uma pessoa desconhecida. Não tem problema.

—É desconhecida pra você. Eu sei que ele não te fará nenhum mal.

Bufei, irritada.

—Vou ter que falar do daddy de novo? –ele provocou.

—Cale a boca, idiota. –falei mas não estava mais irritada.

Pietro, assim como eu, não tinha muito tempo para se divertir. Se a “garota dele” estaria lá hoje, por que não deixar que ele ficasse com ela? Eu me divertiria de qualquer forma. Ele não.

Chegamos a Arena O2 e eu suspirei, encantada. Ele estacionou o carro e fomos direto para a fila de entrada. Tirei uma selfie minha lá e Pietro arqueou uma sobrancelha.

—Querido, preciso ter provas de que estive nesse show. –falei e dei de ombros.

Entregamos nossos ingressos e eu senti um frio na barriga tão grande que... SEI LÁ!

Apesar de estar frio, comecei a suar. Não era todo dia que você ia no show de sua banda favorita!

Quando entramos na arena, fiquei boquiaberta. Era gigantesca! E haviam tantas pessoas que eu não conseguia contar. E ainda não havia entrado todas...

Pietro me pegou pela mão e me guiou até nossos assentos, que por sinal ficava de frente ao palco.

—Você vai ficar aqui. –ele falou. –E eu vou ficar ali na frente. Tá vendo? –apontou para umas cadeiras bem na frente. Se o tal irmão da garota dele quisesse me matar, me mataria e Pietro nem veria.

Mas apenas assenti. Ele pegou o celular e ligou, certamente para a garota. Ele deu algumas informações sobre onde estávamos e eu cruzei os braços, olhando ao redor.

A arena era realmente muito linda. E, creio que quando apagassem todas as luzes e ficasse acesa apenas as do palco, eu iria me arrepiar inteira.

Agradeci a Deus por lá ser coberto, porque se não a chuva iria nos molhar.

Então percebi meu irmão se empertigar na cadeira e eu olhei, sorrindo para trás de mim.

—Oi. –saudei a garota loira que se encontrava atrás de mim.

Ela sorriu e apareceu uma covinha e os olhos dela eram bem azuis. Familiares. Bem familiares.

—Oi. –ela respondeu e me abraçou. –Sou Lauren.

—Sophia. –me apresentei.

—Cadê seu irmão? –Pietro perguntou.

—Estacionando o carro. Vim na frente para encontrar logo você. –ela corou, tímida.

Achei ela tão fofa! Realmente, meu irmão merecia um tempo com ela.

Pietro passou por mim e cedeu o braço para ela.

—Lá vem ele. –informou, olhando para trás de mim. –Se comporte, Sophia. E não maltrate o garoto. –ele piscou pra mim e saiu com Lauren.

—Eu nunca faria isso. –e voltei o meu olhar para trás de mim, por onde o garoto certamente havia entrado.

Meu sorriso se transformou em uma careta.

SÓ PODIA SER BRINCADEIRA!

Era Lucas.