Pokémon Luz e Erupção escrita por Natan


Capítulo 9
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra vocês, espero que gostem!



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Dario desceu as escadas. A luz do sol entrava ofuscante pela janela, o brilho ainda mais intenso por conta da cor das paredes,que eram de um amarelo forte, de forma que Dario mal conseguia ver o lado de fora.

 

— Hoje o dia está lindo, não é? — seu pai perguntara. Os cabelos escuros assim como os deles, mas isso era tudo o que ele conseguia captar de seu rosto, como se seu pai não tivesse face.

 

Não sabia o que responder, então apenas assentiu. O pai passou a mão em seu cabelo, sabia que ele estava fazendo uma expressão gentil, mas não conseguia captar os detalhes.

 

— Hoje vou fazer uma viagem. Você ficou sabendo do novo porto que foi aberto em Olivine? Eu soube que é enorme! — apesar de não ver seu rosto, Dario percebeu toda a animação em sua voz. Deu um sorriso, estava feliz pelo pai. — Lá tem uns navios gigantes, esse ano será inaugurado um chamado de S.S. Ocean, super rápido, demoram apenas alguns dias para chegar na nossa região vizinha. Viagens que durariam meses, agora duram apenas poucas semanas. Não é incrível?

 

Ele apenas assentiu. Seu pai abaixou-se, ficando de joelhos à sua frente. Tirou algo do bolso, uma pedra que brilhava como uma chama. Estava presa em um cordão, bem longo. Dario ficou encantado com o brilho do pingente.

 

— O que é isso, pai? — aproximou as mãos da pedra, até que a tocou. Ela era quente, não de um jeito ruim, mas de um jeito bom, morno.

 

— Isso é uma Pedra Âmbar, Dario. — ele disse, e apesar de não ter rosto, o garoto sabia que ele estava sério. — Preciso que tome conta dela por um tempo, mas você não pode perdê-la, é muito importante, entendeu?

 

— Sim, vou cuidar dela com minha vida! — Dario também respondeu sério.

 

— Isso mesmo, faça um bom trabalho enquanto estou ausente! — o homem deu uma risada sem rosto, e passou a mão na cabeça de Dario, novamente bagunçando seus cabelos.

 

Dario começou a rir. Mas parou logo após. A luz forte que vinha do lado de fora, esmaeceu, como se um grande temporal se formasse no céu. Tudo ficou escuro, então as paredes começaram a derreter em lava, e tudo na casa estava indo junto, incluindo seu pai. E naquela hora, o enorme Pokémon leão surgiu, a energia que emanava era tão forte que fez Dario estremecer. Ele se aproximou de Dario, onde ele pisava, tornava-se fogo. Ele rugiu e Dario sentiu-se derretendo, assim como as paredes e seu próprio pai.



Capítulo IX: Beat



Dario acordou de súbito, suava, tanto que pingava. A pedra brilhava, presa ao cordão em volta de seu pescoço. Agora havia lembrado seu nome: Pedra Âmbar. Levantou-se, saindo do quarto e indo em direção ao banheiro. Ainda era madrugada, todos dormiam. Tomou banho, apenas uma ducha curta. A água quente o fez pensar. Fazia tempo que não sonhava com o pai. Na verdade, fazia tempo que nem mesmo pensava no pai, talvez por isso ele não tivesse rosto em seu sonho, pois Dario não lembrava de seu rosto.

 

Voltou para o quarto, estava apenas de toalha. Ao abrir o armário ao lado de sua cama, onde havia guardado sua mochila com suas roupas, viu algo que ainda não havia percebido ali, um espelho, grande o suficiente para que visse seu corpo por inteiro. Ao encarar seu próprio reflexo, mal reconheceu seu próprio rosto. Suas feições estavam maltratadas, não parecia o garoto que saíra de casa há poucos meses. Seu cabelo preto havia crescido, ele já havia percebido algumas mechas caindo sobre seus olhos. Havia marcas roxas em seus braços e no seu peito e barriga, além dos pontos acima de seu olho, que foram refeitos na enfermaria, e seu braço esquerdo o qual ele já teria que trocar os curativos, as fitas o enrolando até a parte superior de seu antebraço. Ele estava uma bagunça, e por dentro, era exatamente assim que se sentia.

 

Vestiu algumas roupas. Uma calça de algodão, duas blusas e um casaco, afinal, o outono havia chegado, faria mais frio do que o normal. Pegou sua mochila e Pokéballs e saiu, seguindo a Rota 35, ao norte de Goldenrod. Como esperado, o tempo estava frio, além de estar escuro, não havia amanhecido. Liberou Magby, o Pokémon poderia iluminar o caminho com suas chamas. Ao sair da bola, o Pokémon o encarou, confuso, parecia querer saber para onde eles iriam. Dario fez uma expressão tranquilizadora, acariciou o bulbo acima da cabeça do Pokémon de fogo.

 

― Não se preocupe, Magma, nós apenas iremos treinar e conhecer um novo amigo, não há o que temer, certo? ― disse expressando confiança.

 

Magma apenas concordou com a cabeça e eles foram andando até a saída da cidade. A rota 35 era apenas um largo caminho de terra batida, rodeado de árvores por toda a sua extensão, o fim daquela rota em direção a Goldenrod, marcava a linha de chegada da Casa da Corrida. Dario e Magma entraram a leste da rota, andando em meio às árvores, em alguns momentos o pequeno Magby produzia pequenas chamas que iluminavam o caminho. Andaram até que encontraram uma enorme clareira.

 

A grama parecia cinza devido a escuridão. A clareira era iluminada apenas pela luz da lua. Dario liberou Coldy ao lado de Magma, não sentia-se pronto para conhecer Beat, não ainda. Sentia que ele estaria tomando o lugar de Furley em sua equipe, e não queria isso. O professor disse que devolveria Furley para ele. Olhou os dois Pokémon.

 

― Vamos treinar, certo? ― disse e sorriu, os dois Pokémon assentiram.



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O sol nasceu e Dario estava deitado na grama, Magma estava deitado ao seu lado, mas Coldy pulava ao seu redor, apesar de ter treinado por horas, o Pokémon não parecia cansar, treinar era como uma brincadeira para ele. Além disso, em vários momentos parava e ia até Dario, para fazer carinho, abraçá-lo, ou até mesmo mordê-lo, o que explicava o braço direito do treinador que agora estava completamente marcado pelas dentadas do Pokémon. Levantou-se e foi até a mochila, pegou a Love Ball e a encarou.

 

― Está na hora, Beat. ― mesmo hesitante, liberou o Pokémon.

 

De dentro da Pokéball saiu um Pokémon bípede, com o corpo arredondado, pele rosa e uma enorme cauda. Possuía marcas amarelas, como anéis descendo por seu peito, além de dois círculos amarelos em seus joelhos. No fim de suas “mãos”, havia algo como uma garra, ou um espinho, que lembrava um polegar opositor. E algo parecido com um casco, ou uma unha grande em seus pés. Dario imaginou que sua cauda enorme fosse sua característica mais marcante, e então o Pokémon colocou a língua para fora, e ela era gigantesca, tanto que o assustou um pouco, o fazendo recuar.

 

Coldy e Magma se aproximaram um pouco, pareciam analisar o Pokémon, mas não se aproximaram. Dario resolveu tomar a iniciativa. Se aproximou um pouco, e imediatamente, o Pokémon guardou a língua, a colocando dentro da boca novamente.

 

― Olá, Beat, eu sou seu novo treinador, me chamo Dario, e esses… ― indicou os dois Pokémon. ― São Magma e Coldy, seus novos amigos. Você quer ficar com a gente?

 

Ele esticou a mão para o Pokémon, esperando alguma reação dele, que parecia confuso até o momento. Então, de súbito foi acertado no peito por um golpe do Pokémon, algo como um chute, ou um coice. Stomp. Ele perdeu o equilíbrio e foi lançado para trás, caindo sentado no chão. Antes mesmo que pudesse levantar, Coldy avançou contra o Pokémon, mordendo a cabeça dele. Dario correu na direção deles, agarrou o Totodile, o puxou tentando afastá-lo de Beat, eles não podiam brigar. Colocou o pequeno crocodilo no chão, e só então sentiu uma grande e viscosa passando por suas costas. Era a língua do Lickitung, ele fora lambido. Desabou no chão.

 

Por mais que tentasse, não conseguia mover-se, e havia ficado tonto, nem mesmo sabia o que acontecia ao seu redor. Encarou o céu, brilhava azul. Então uma luz vermelha passou por sua vista, como chamas bruxuleando sobre seus olhos, o fazendo desmaiar.



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Dario, a voz era doce, calma, gentil de uma forma que ele não estava acostumado. Dario Chase, quem é você?, a pergunta ressoou em sua mente. Quem ele era? Eu sou um garoto da cidade de Azalea, respondeu, mas aquela resposta não havia convencido nem a si próprio, quanto mais a voz.

 

O que te faz seguir em frente?, as perguntas ecoavam nos recônditos de seu inconsciente. Novamente teve que se perguntar, o que o fazia seguir em frente? O que o motivava a ser o que era? O que o impelia a prosseguir naquela jornada? Meu sonho me instiga a percorrer esse trajeto.

 

Qual o seu objetivo nessa tão difícil trilha?, a voz conservava o tom harmonioso na voz, aquilo deixava Dario ainda mais confuso, não sabia se estava lúcido, ou inconsciente, mas continuava a responder às questões. Sabia a resposta para aquela pergunta, e se a perguntassem um milhão de vezes, a resposta seria a mesma, não mudaria. Vou derrotar o Campeão, assim consigo mais chances de me tornar um líder de uma Casa de Poder, esse é o meu propósito, meu sonho.

 

Dario Chase, quem é você?, o questionamento retornara. Enfim, quem ele realmente era? Quem é você, Dario?, a voz insistia em interrogá-lo. Quem eu sou?, agora ele indagava si próprio, em busca de respostas. Dario, quem é você?, a voz persistia. Eu sou um treinador, é isso que eu sou, um treinador Pokémon.

 

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O chão de pedra estava úmido, era irregular. Quando abriu os olhos, Dario percebeu que estava em um lugar diferente, uma caverna. A iluminação no lugar era pouca, mas a saída podia ser vista claramente de onde ele estava. Ele levantou-se de uma vez, então sentiu uma maldita tontura, o obrigando a apoiar-se na parede mais próxima da caverna. Ele andou vagarosamente em direção a saída, demorou a adaptar-se a luminosidade vinda do lado de fora.

 

Quando alcançou o exterior, percebeu que a clareira onde estava logo antes de desmaiar, estava alguns metros a frente, a caverna estava escondida pelas árvores no caminho. Então, ficou preocupado. Suas coisas não estavam no lugar em que havia deixado. Andou até a clareira, mas parou no meio do caminho. Ouvia sons de batalha.

 

Seguindo a direção do som, acabou achando dois Pokémon, ambos eram um tanto quanto familiares para ele. Um era um Lickitung, provavelmente Beat. Já o outro, era um Ursaring, Dario o conhecia, pois já havia lido um livro sobre aquele Pokémon. Seu corpo era coberto de pelos castanhos, suas grandes garras chamavam atenção, assim como o círculo amarelo em sua barriga, uma marca da espécie.

Dario viu Beat golpear o Pokémon urso com Stomp, porém, um golpe com as garras de Ursaring o lançaram longe. Beat levantou, porém parecia ter raiva e avançou novamente na direção do adversário, mas foi inútil, e ele foi acertado novamente pelo ataque. Então, subitamente, um rugido de dor fora emitido por Ursaring. Então Dario percebeu Coldy, mordendo a perna do Pokémon ursino. Ursaring ergueu as garras para golpear o Totodile. Então tudo parecia em câmera lenta, a memória de Coldy atacando Beat para defender Dario, e ele sentiu que aquilo precisava de uma retribuição. Coldy era um Pokémon muito amoroso, Dario o considerava seu bebê, e não conseguiu se segurar. Correu colocando-se sobre o Pokémon, levando o ataque em seu lugar.

 

A dor foi excruciante, as garras rasgando a pele de suas costas. E um novo ataque viria, não fosse Beat que acertara Ursaring com outro Stomp, o afastando de Coldy e Dario. O sangue escorria das costas do treinador, manchando a grama de vermelho. O Pokémon o encarou, não entendia direito. Dario sorriu, apesar da dor.

 

― Não podia deixar ele te acertar, não quero que você se machuque a sério, Coldy. ― disse, a dor fez algumas lágrimas escaparem.

 

Coldy saiu de baixo de Dario, olhou carinhosamente para o treinador, e uma energia vermelha emanou de Dario até ele, o envolvendo com aquela aura. Beat ainda lutava com Ursaring, mas parecia exausto, apoiando-se no chão para manter-se erguido. Coldy avançou contra o Ursaring e o acertou exatamente no centro do anel em sua barriga. O impacto foi forte, lançando o Pokémon para trás, mas ele rapidamente ergueu-se acertou o Totodile, jogando ele novamente para perto de Dario.

 

― Não, Coldy, ele é forte de mais para um Totodile aguentar! ― Dario dizia. ― Sei que você deseja me proteger, mas ainda não é forte o suficiente, recue, vamos achar Magma e fugir.

 

Coldy encarou Dario, então deu um sorriso confiante. Um enorme brilho começou a emanar do Pokémon, ele começou a mudar, seu corpo ficando mais arredondado e maior. Os espinhos vermelhos em suas costas cresceram e ficaram mais espalhados em suas costas, além de se fazerem presentes em sua cabeça, como um topete. A mancha creme que antes ficava apenas em seu peito, se espalhou, cobrindo sua mandíbula e grande parte de sua barriga. Agora ele parecia muito mais ameaçador, até mesmo um pouco assustador.

 

Então um vórtice de fogo rodeou Ursaring. Aquele ataque era Fire Spin, Dario reconheceu, pois Magma o havia aprendido mais cedo, durante o treinamento, e realmente, o Pokémon de fogo apareceu entre as árvores, carregando com dificuldade a mochila de Dario nas costas. Ursaring estava preso nas chamas. Aproveitando a oportunidade, Coldy avançou novamente, a energia vermelha o envolvendo novamente. Acertou o adversário em cheio, e em seguida usou Water Gun. O ataque de água provocou um fino caminho entre as chamas, por onde o Pokémon fugiu, voltando para a sua caverna. Dario levantou-se, se aproximando dos Pokémon. Beat se aproximou dele, e não o agrediu, parecia analisá-lo. Magma e Coldy, Dario não sabia o nome de sua espécie agora, também se aproximaram. Ele sorriu para os Pokémon.

 

― Vocês fizeram um bom trabalho. ― então desmaiou.



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Dario acordou num quarto branca. Já reconhecia aquele lugar, se tratava da enfermaria do prédio do Professor Tim. Sua visão estava meio embaçada, mas conseguiu identificar Peter. Ele estava de braços cruzados.

 

― Você não consegue parar de fazer merda, não é? ― a voz dele soava estranha, uma mistura de incômodo e hesitação. ― Só vim para pedir desculpas por te chamar de ladrão, foi um mal entendido, é isso.

 

Ao dizer isso, ele rapidamente se retirou da sala. Dario estava confuso, então Lucinda adentrou o recinto, ela parecia preocupada. Dario piscou, suas costas o incomodavam, mas não doíam. Então Lucinda começou exclamou.

 

― O que você estava pensando? Sair daqui sem avisar para ninguém, não ponderou suas ações? Não fosse o Lickitung, como acha que Magma e Coldy o trariam de volta? Mesmo que ele tenha evoluído, ele ainda não é forte o suficiente! ― ela continuou falando, mas Dario ficou pasmo.

 

― Espera, Beat me carregou de volta? Isso é sério? ―estava realmente surpreso.

 

― Esse é seu apelido? Demorei a lembrar dele, mas você já havia mencionado ele anteriormente... ― ela pareceu pensativa. ― E sim, ele usou sua língua enorme para carregá-lo até aqui, enfim, o importante é que você já está bem. Os ferimentos causados por sejá lá o que você fez, não são tão graves e você poderá seguir viagem logo. Inclusive, o que você respondeu ao Professor Tim, sobre a proposta dele? ― ela aparentou reticência quanto a resposta de Dario, mas ele apenas sorriu.

 

― Não respondi ainda, mas vamos viajar assim que possível, meus Pokémon vão me ajudar a conquistar meu sonho! ― a encarou. ― Eu só precisei arriscar minha vida um pouco para perceber isso.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi bem divertido de escrever, gostei muito, principalmente da luta, apesar de eu achar que podia ter sido melhor...
E sim, Coldy evoluiu, a primeira evolução da fanfic, o que acharam?E principalmente, o que acharam do Beat? Acho que ele não ficou muito claro, mas vocês vão gostar muito dele, eu espero...
Comentem, eu não mordo!
Acho que vejo vocês no próximo.



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