Cold as Stone escrita por BloodMoon


Capítulo 4
Orfanato


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Para compensar a demora esse capítulo está grande e bem legal, espero que gostem.



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Quando cheguei em casa, por sorte Elena ainda não havia chegado, mas sabia que estaria bem encrencada quando ela chegasse, porque com certeza ela já sabia que eu não tinha ido para o orfanato naquela tarde. Não tinha percebido como estava cansada até entrar no quarto e olhar para cama que parecia me chamar, antes que caísse na tentação de cair na cama do jeito que estava, arrastei-me até o banheiro para tomar um banho, assim que terminei rapidamente vesti um pijama e me joguei na cama, caindo em um sono profundo após alguns minutos.

********

Acordei pela manhã e Elena já havia saído de casa - para minha sorte - Tomei um banho e me vesti, peguei alguma coisa para comer e fui para a escola. Assim que cheguei, não tive tempo nem de ir até meu armário, pois a secretaria surgiu em minha frente, dizendo que a diretora queria falar comigo.

Enquanto me aproximava da secretaria podia-se ouvir alguns gritos vindo de dentro da sala e só então percebi que a moça ao meu lado parecia um pouco nervosa; Ela rapidamente abriu a porta o mais silenciosamente possível e nos deparamos com a seguinte cena: Uma mulher em pé que parecia ser um pouco mais alta do que eu, gritando com a diretora, Alyssa ao seu lado encolhida e a diretora tentando acalmar a mulher à sua frente.

- EU EXIJO QUE VOCÊ TOME MEDIDAS SEVERAS SOBRE O ASSUNTO, ESSA TAL DE HAZEL NÃO PODE SAIR SIMPLESMENTE IMPUNE DESSA SITUAÇÃO, OLHE PARA MINHA FILHA! GRAÇAS À ESSA GAROTA ELA NÃO VAI PODER TOCAR. - Só então me caiu a ficha do que estava acontecendo, estava bem mais encrencada do que havia imaginado, elas ainda não haviam notado minha presença e Alyssa parecia tentar explicar para a mãe o que acontecera, porém ela a impediu de prosseguir antes mesmo dela completar uma frase.

Foi então que a moça ao meu lado se pronunciou e finalmente o silêncio recaiu sobre o local, abaixei minha cabeça sem conseguir encarar as pessoas à minha frente, eu não sabia o motivo mas estava com vergonha do fato ocorrido no dia anterior - Eu Hazel Jones, conhecida por não me importar sequer por um segundo com qualquer que fossem as consequências de minhas atitudes, estava com vergonha e até mesmo com um pouco de medo - e só levantei a cabeça quando ouvi meu nome.

- Oh meu Deus! - A mãe de Alyssa exclamou, levando as mãos à boca. Ela tinha um semblante assustado como se tivesse visto uma assombração - Digo, tenho certeza que você não fez por mal, além disso é apenas uma semana, ela com toda certeza estará bem até o dia do concerto, além disso a escola não tem nada a ver com a situação não é mesmo? Eu sinto muito pela confusão! - Ela simplesmente se retirou da sala com pressa deixando a todas confusas, principalmente eu, ela se assustou assim que me viu, o que será que causou isso? Não me lembrava de te-la visto sequer uma vez antes de toda essa situação. Me retirei da sala ainda com a diretora me encarando e não esperei que alguém dissesse algo sobre o assunto; Passei o resto do dia meio aérea, pensando no que havia ocorrido na sala da diretora.

*******

- Alyssa!
- Hey! Olha eu sinto muito pela minha mãe, eu não sei o que deu nela
- Está tudo bem! Já passou, mas eu queria saber se tudo bem você me emprestar seu violino essa tarde? Eu devolvo ainda hoje.
- Hamm, claro! Mas posso saber para que seria? - Eu não esperava pela pergunta mas no mesmo instante uma ideia passou por minha cabeça
- Porque você não vem comigo e vê por si mesma?
- Ok! Só preciso pegar-lo em casa.
- Não está aqui?
- Não trouxe hoje
- Ah... Então podemos ir juntas, digo eu posso ir com você. Eu vou deixar minha moto em casa enquanto pega seu violino e eu espero você na minha casa
- Ok

Dei meu endereço a ela e "corri" para casa, não demorou muito e Alyssa apareceu em seu carro.

- Quer que eu dirija?
- Não! Depois do que aconteceu não sei se confio em você no volante, é melhor você apenas me dar o endereço, realmente não estou afim de parar no hospital duas vezes seguidas - Ela soltou uma gargalhada e fiquei vermelha e sem dizer mais nada entrei no carro, explicando à ela onde o orfanato ficava
- Você estava vindo para cá ontem? - Ela perguntou assim que parou enfrente à casa de três andares, que mais parecia um pequeno hotel.
Acenei em concordância e desci do carro com o violino em mãos e seguimos para dentro da casa. Ela pareceu perceber que eu estava um pouco tensa mas apenas observou sem dizer uma palavra, parecia esperar que eu me pronunciasse ma hora que achasse melhor, mas seu olhar inquisitivo sobre mim, dizia o contrário, enfim dei um longo suspiro e enfiei as mãos no bolso escolhendo as melhores palavras, afinal esse era um assunto que não me agrava falar já tinha um bom tempo.

- Eu tenho problemas com a justiça a alguns anos, envolvi-me com um cara e ele já estava envolvido no mundo do crime e me arrastou junto, no final comecei a assaltar junto com ele e seus amigos, fui presa acredito que quatro vezes por causa disso, mas eu parei! Já fazia dois anos que eu havia me afastado dele e parado com isso, mas alguém armou para mim três meses atrás e fui acusada de ter assaltado uma pequena loja e minha pena foi de três meses de serviços comunitários, naturalmente deveria cumprir a pena lá mas misteriosamente a melhor amiga da minha mãe que sumiu no mundo tem uns 13 anos conseguiu minha guarda e adivinha... Fui obrigada a me mudar para cá.

Parei de lhe contar a minha "pequena história" olhando para a porta à frente, teria que explica-la depois, olhei para ela que parecia digerir as informações mas ela não parecia me julgar ou coisa parecida e entramos na sala cheia de crianças a minha espera. Assim que elas me viram seus sorrisos se alargaram e ela começaram a comemorar por eu ter aparecido. E até mesmo Anna, uma senhora de 60 e poucos anos que era uma espécie de governanta do orfanato, que imaginei estar com raiva por eu não ter aparecido no dia anterior estava sentada sorrindo para mim, aproximei-me dela já pedindo desculpas pelo outro dia mas ela não me deixou terminar.

- Não se preocupe por ontem, preocupe-se com hoje - Ela me lançou um olhar divertido o que me deixou confusa - O senhor Schmitz, nosso colaborador, está nos fazendo uma visita e está muito curioso para ver nosso pequeno projeto de música, então é melhor que faça bonito.
- P-P-Pode deixar - Eu estava bem ferrada! Observei Anna sair da sala e me virei para as crianças que pareciam tão eufóricas e não pude deixar de sorrir para aqueles rostinhos.

- Bem crianças... Hoje decidi fazer algo um pouco diferente para compensar por ontem, espero que gostem...

********

Fui obrigado a juntar-me ao meu pai em sua visita ao orfanato que ele patrocinava com tanto prazer nos últimos anos, não podia negar a ele de participar, pois sempre ficava feliz ao falar sobre o orfanato. Já havíamos visto boa parte do local e o senhor ao lado de papai agora falava animadamente sobre a sala de recreação onde algumas crianças estavam agora participando de um projeto musical, não prestei muita atenção ao que ela fala, perdido em meus próprios pensamentos mas sempre concordando quando se dirigiam à mim. Só prestei realmente atenção no que estava acontecendo a minha volta quando finalmente chegamos à sala.

- Alguém gosta de música clássica por aqui? - Ela estava de costas e parecia animada com as crianças e segurava um violino. Observei melhor o recinto e encontrei Alyssa encostada na parede apenas observando o que estava acontecendo e nossos olhares se encontraram e acenei para ela e lhe lancei um olhar curioso e ela fez o mesmo em resposta dando de ombros e voltou a prestar atenção no que acontecia e fiz o mesmo, ou melhor, voltei minha atenção para a garota que estava ali parada, só então reconhecendo-a e comecei a imaginar as razões para ela estar ali.
- É a coisa mais chata que já ouvi! - Uma criança respondeu e ela soltou uma gargalhada quando outras concordaram
- E se eu disser que pode não ser assim tão chata
- Impossível! - O mesmo garoto de antes se pronunciou e ela novamente riu
- Ora! E quantas vezes você já ouviu música clássica?
- Uma! - O garoto respondeu, dessa vez um pouco mais baixo.
- E como pode dizer uma coisa dessas? O que foi que eu disse sobre ter uma opinião antes mesmo de ver se é verdade? - A sala caiu em um silêncio profundo e pude ver de perfil um sorriso se formar em seus lábios, ela parecia estar se divertindo com a situação toda e parecia saber as respostas às perguntas feitas como se já tivesse passado pela mesma situação antes.
- Muito bem! Pois hoje irei provar para vocês que música clássica pode ser muito legal.

Ela posicionou o violino em seu ombro e começou a tocar, reconheci ser uma sinfonia de Beethoven, a melodia era lenta e delicada e ela parecia se envolver na letra da mesma maneira que fez quando cantou dois dias antes. Ela parou subitamente, olhando para as crianças que tinha estampado no rosto um imenso tédio.

- Estão achando chato? - É claro que deviam estar, eram apenas crianças, mas ela já sabia disso quando as cabecinhas se moveram, confirmando o que ela acabara de perguntar - Agora prestem atenção, se eu mudar algumas notas, essa melodia que vocês acharam tão entediante vai passar de lento para agitado e tenho certeza que vão gostar.

Mais uma vez ela voltou a tocar o violino, começou da mesma maneira de antes mas conforme trocava de notas ela modificava a melodia, tornando - a mais animada, deixando as crianças empolgadas e chamado a atenção de meu pai que parecia mais do que nunca tão interessado na situação, mas eu sabia bem a verdadeira razão de estar tão interessado e com certeza não era pela nova melodia que a garota fizera. Mas ela... Ela era genial, tocava com perfeição e delicadeza, cada nota, deliciando-se com sua própria criação, ela era tão perfeita, parada daquela maneira, tão leve e alegre, não se parecia em nada com a garota de olhar frio que eu via na escola, parecia estar em casa e tive certeza que qualquer que fosse o instrumento dado à ela, seria degustado da melhor maneira possível, de uma forma que só ela saberia. Aly parecia estar tão impressionada quanto eu e parecia que ela sentia uma pequena inveja pela forma que a garota tocava, mas ela estava apreciando a música e sorria, tinha certeza que elas já eram boas amigas mesmo depois de Hazel ter machucado sua mão e mesmo que se conhecem a pouco tempo e fiquei feliz por ambas.

Sai do recinto antes que ela me notasse e esperei do lado de fora enquanto o Sr. Schmitz falava com ela e parecia parabeniza-la pelo o que estava fazendo pelas crianças, sabia que ele estava se segurando para não entrar em assuntos que não pertenciam à ele e por sorte aparentemente ele conseguiu se conter, saindo de lá com um olhar que continha um misto de tristeza e alegria, enquanto ela voltava a fazer seu trabalho com as crianças e nós seguimos com nosso mini tour pelo resto do orfanato, mas por mais que tentasse não conseguia tirar a imagem dela tocando, da minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Alguém aí percebeu os spoilers que soltei pelo capítulo? Se preparem que ainda vai ter muita confusão nos próximos capítulos.



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