#MASTSCOMESOFTREES escrita por blue devil


Capítulo 10
10.


Notas iniciais do capítulo

SIM! SIM SIM! EU TO CONSEGUINDO O NÚMERO PAR, EU TO SENTINDO! ESSA FIC VAI SER O ORGULHO DA MINHA VIDA, VOU COLOCÁ-LA NA MINHA LÁPIDE, O LINK DELA E "Aqui jaz uma autora com manias esquisitas QUE SEMPRE HONRA A PALAVRA". AHAHAHAHA CHUPA ESSA CROOKED E BABY BAT!
Okay, me ignorem. Podem voltar pras lágrimas.



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Nico já esteve triste, raivoso, feliz… Todas as fases. Mas nunca entorpecido. Por isso não reconhecia, não entendia. Havia o vago fato que algo estava errado, mas o quê? Nico não conseguia pensar. Havia uma névoa densa ao redor de sua mente, então ele apenas ficava ali. Apenas ali.

Aos poucos, Nico entendeu que aquele era o estado que você fica quando sofre de mais. Quando você passa por um trauma tão forte que seu cérebro se recusa compreender ou raciocinar. Como se ele gritasse "Pausa" e se retirasse do jogo, como uma verdadeira drama queen.

Nico queria rir da comparação. Mas não sabia como. Não deveria ser ele usando piadas na tragédia. Só que ele não conseguia lembrar do nome, da figura, de quem fazia isso. O que ele estava perdendo tão fortemente?

Nico só voltou quando viu os semideuses na porta da Casa Grande.

— Era para estarmos lá. Podíamos ter ajudado Leo.

Essa foi a primeira facada.

— Não é justo — concordou Piper, secando as lágrimas. — Tanto trabalho para conseguir essa cura do médico, e para nada.

Essa foi a segunda.

— Piper, pegue a cura. - Nico ainda conseguiu ouvir Hazel, mas estava distante, como se ele estivesse se afogando.

— Em Delos, ele pediu que nós o ajudássemos. Nós não… Leo sabia que iamos entender, que não havia outro jeito além de enganar a profecia. Alguém tinha que morrer. Então Hazel fez a ilusão com a Névoa e… Nós suportamos. - Frank explicou.

Essa foi todas as outras. Tantas que Nico perdeu a conta.

— Ele… Me disse… Leo, ele me disse. - Nico soluçou. - Ele me avisou, mas eu não entendi.

Todos ficaram em silêncio. Ninguém conseguia encarar Nico ou falar com ele ainda, sabendo que ele era o que mais sofria com aquilo tudo.

— Nico… - Jason foi o primeiro a se pronunciar. Nico já havia caído no chão. Ele não conseguia ver ou entender mais nada. Aquilo não… Não era justo. Não estava acontecendo. Não. Como assim Leo não ia voltar? Como assim Leo morreu, como tudo que Nico amava no mundo?

Droga Valdez, uma mensagem de íris não compensa! Nada compensa sua morte! Nico precisava de Leo todo, ali, do seu lado soltando piadinhas ruins e não enterrado com o próprio dragão. Ele precisava. Leo não podia fazer isso com ele, não podia chegar e fazê-lo se apaixonar, amar, para depois ir embora como… Como…

Como Nico tinha feito.

Nico não viu nada, mas ele começou a entrar em pânico nos braços de Jason.

xx

Nico “acordou na enfermaria” algumas horas depois. Isso quer dizer que ele abriu os olhos, reconheceu a si mesmo e o lugar, mas sua mente estava muito longe, espalhada em vários pedacinhos. Não deveria doer tanto, mas doía e doía e Nico não assimilava mais nada.

— Nico! Finalmente. - Rachel chiou e pulou no pescoço dele. Os dois ainda não haviam se visto, mesmo na cerimônia de luto que eles fizeram após a guerra. Nico poderia reclamar da dor e do susto, mas Rachel estava ali e próxima, então ele simplesmente aproveitou sem dizer nada.

— Ele acordou?! - Will correu para ver os dois, com luvas nas mãos sujas de sangue. - Ah, foi mal. - ele abaixou as mãos ao ver o olhar de Rachel. - Oi Nico. - terminou, quase tímido.

— O que aconteceu? - Nico sentou-se na maca. - Por que eu estou aqui?

— Você sabe o por quê. - Rachel suspirou. Ela parecia cansada e assustada, muito diferente do seu jeito normal. Nico entendeu na hora que ela não queria falar sobre o que assombrava a vida de Nico agora. Tantos fantasmas Nico, que eles matam seus amigos também. Todos próximos de você, literalmente. — Mas você está bem. Só precisou de um calmante.

— Um monte de gente veio te ver. - Will achou importante dizer, por algum motivo. Apontou para um criado mudo que arrastaram perto da sua maca, cheio de flores, bichos de pelúcia e balões. Sério, havia tantos que ocupavam o chão também. - Reyna deve aparecer de novo com um bicho novo.

— E Jason e Piper com flores e mais balões de auto ajuda. - Rachel complementou.

— E Hazel e Frank.

— Percy e Annabeth…

— Percy? - Nico piscou.

— Grover e Juníper. Ah, falando nela. - Rachel se virou e pegou algo em outro criado mudo, sentando-se na maca novamente e entregando uma caixinha marrom para Nico. - Ela pediu para entregar isso. Mas se eu fosse você, não abria agora.

Uma coisa que Nico realmente gostava em Rachel era que ela antecipava suas necessidades como se o conhecesse há anos. Tudo bem, ela conhecia, mas não deixava menos estranho. De qualquer forma, era agradável como códigos e expressões sempre faziam sentido na relação dos dois.

Naquele momento ela havia acabado de dizer para não pegar em algo que tinha a ver com Leo Valdez, sendo que ele não estava pronto. Talvez nunca estivesse. Bianca ainda era um assunto difícil para ele, ou Maria, mas parecia que seus assuntos difíceis - seus demônios - só cresciam e empilhavam. Nico foi tolo em achar que podia seguir em frente e controlá-los.

Nico sempre lidava com qualquer coisa, por mais merda que fosse. Mesmo que ele não saísse vivo, saía sobrevivendo, e era só isso que ele fazia há anos: Sobrevivia. Quando sentia um gosto da vida, algo terrível acontecia. Nico quis chorar pensando que seria sempre assim. Ele nem conseguiria chegar aos trinta anos naquela rotina.

Se a guerra não o matasse, a depressão iria.

— Nico, não… - Rachel segurou seu rosto, fazendo-o notar que chorava. - Shh, shh, por favor não faça isso consigo mesmo. Eu queria poder fazer algo para ajudar, mas sei que não posso. Por mais horrível que pareça você tem que sentir essa dor e eu… Eu só queria te ajudar. Mas eu nunca fui uma boa amiga, certo?

— Rach, é difícil. - Nico fungou. - Mas não se culpe por nada. - Nico a abraçou. - Você era a única, e isso significou muito. Desculpa se eu te fiz sentir menos do que você realmente é.

— Com licença… - Reyna abriu a porta, paralisando ao ver Nico acordado com Rachel. A enfermaria estava quase vazia, tirando alguns desacordados, por conta do jantar que acontecia naquele exato momento em despedida aos romanos. - Nico. - Reyna murmurou, e pareceu que o nome tirou um peso enorme dos seus ombros.

— Eu vou, uh, deixar vocês sozinhos. - Will, mais uma vez, fez Nico lembrar que ele ainda estava ali. Rachel assentiu, limpando o próprio rosto.

— Vocês dois tem muito o que conversar. Ela vai viajar amanhã.

— Obrigada, Rachel. Por tudo, sério. - Nico segurou o braço dela por um momento. Rachel não se aguentou e beijou a testa dele com carinho, saindo com pressa em seguida. Ela parecia que iria se debulhar em lágrimas e Nico sentiu-se culpado por isso.

— Ela realmente gosta de você.

— Isso é ciúmes? - Nico soou amargo, mas ele só estava cansado.

— É surpresa. - Reyna apenas o observou, sentando-se num banquinho ao lado da maca, ereta de mais. - Você agia como se todo mundo aqui te odiasse.

— É que ela também é odiada por todo mundo. - Nico suspirou. - Foi fácil de gostar um do outro.

— Sabe, aquele sátiro… O tal Grover. Ele me fez várias perguntas sobre você. Ele não parece muito deslocado pra mim.

— Almas caridosas. Mas não é disso que você quer falar, certo?

Nico sentiu falta do seu anel em seu dedo. Reyna notou isso e pegou o anel sobre o criado mudo, entregando para ele. Nico acenou, sem força para falar mais nada, recolocando-o. Olhou aquela pequena coisa. Tão bobo, mas ainda o trazia mais segurança. Nico sentia-se estranho sem. Assim como a jaqueta, que Reyna havia dado para ele.

Sentia um extremo frio sem ela, como se estivesse morto e ela o trazia a vida ao esquentá-lo.

— Nico, eu vou ser honesta com você. Palavras de consolo, especialmente nessas situações, nunca funcionam. - Reyna respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem. Era um pouco engraçado, considerando que aquela era a pretora do Acampamento Júpiter, infalível e inflexível. - Eu sei que ficar sozinho foi o que funcionou para você por todos esses anos, e provavelmente é isso que quer fazer, mas… Conhecendo melhor você nessa viagem foi uma das melhores coisas que eu fiz. Eu vi claramente que não há somente escuridão ai e mesmo que ela exista, não é por que você quer ou por que não luta contra ela. No final, todos temos nossa cota de luz e escuridão. Você apenas aceitou a sua melhor, tanto que se camuflou nela. Você é um amigo valioso, Nico. E eu não posso lidar com o fato que vai ficar aqui, por mais que ame o lugar, mesmo dizendo que não. Sério, Nico, eu só… Eu não consigo ver por que ficaria aqui, sendo que esse momento é o melhor para ficar no Acampamento Júpiter. E eu… Eu não poderia te deixar.

— Reyna… - Nico queria ter algo para responder tudo aquilo, mas ele estava quebrado de mais para corresponder todo aquele amor. Porém, ele sentia, sentia muito bem. E o fez feliz, amado pela primeira vez em muito tempo, protegido. Só não conseguia se entregar naquilo. Pelo menos Reyna o enxergava, e ela entenderia. Nico iria enxergá-la de volta, mas não agora. Não naquele momento. - Eu sei o que quer dizer e eu concordo. Mas ainda irei ficar.

— Por quê?

— Quando… - Nico engoliu outro cubo. Não, Nico se repreendeu, você não pode parar agora.— Quando Bianca morreu, eu fiz tudo errado. Eu a deixei triste e não pude lhe dar paz até que ela foi obrigada a me dizer o que eu tinha que fazer. Eu não quero repetir os mesmos erros de novo. Leo queria que eu ficasse aqui, ele dizia isso o tempo todo.

— Não sozinho…

— Não estou sozinho, Reyna. - Nico apertou a mão dela. - A gente sempre vai se ver. Eu prometo.

Reyna beijou a mão de Nico como se fosse sua última esperança.

— Eu vou cobrar você, Nico Di Angelo. Foi muito bom te conhecer.

— Eu que preciso dizer isso, Reyna Avila Ramirez-Arellano.


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