The Hive escrita por Érwin


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

YAAAY! Como estão? Espero que bem! Gabi, muito obrigada pelo comentário e por acompanhar mais essa fic! ♥. Percebi que algumas pessoas estão lendo a fic, e por favor, não tenham vergonha, cheguem mais perto! Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671796/chapter/2

06 de abril de 2028

O toque de levantar ecoa pelos corredores silenciosos, sete horas em ponto. Todos os dias, nesses oito anos em que estamos aqui, o toque de levantar ecoa sempre pontualmente. Nossa rotina é basicamente a mesma todos os dias, acordamos sempre no mesmo horário, nos dirigimos para o segundo andar, nos imensos refeitórios e depois os adultos se dividem para suas tarefas, e nós, para a escola.

Mas hoje é um dia diferente dos demais, hoje será feita a seleção. Todos os adolescentes de quinze anos fazem testes para saber a qual área de trabalho seguirão daqui pra frente, já que todos os adultos maiores de vinte anos são obrigados a trabalhar. A partir do momento que sabemos qual será nossa área, depois das aulas passamos as tardes aprendendo sobre nossa futura profissão.

Me arrasto para fora da cama e entro no banheiro para realizar minha higiene matinal, me demorando um pouco mais ao escovar meu cabelo escuro, que agora está na altura dos ombros. Um ano atrás decidi que cortaria na altura das orelhas, mas Ethan e Josh riram durante meses, então não tive mais coragem de cortar.

Como, obviamente, as roupas que eu trouxe quando vim pra cá não servem mais, e esse problema atingiu os jovens e alguns adultos, uma vez por ano eles disponibilizam algumas camisetas básicas e dois pares de calça jeans e dois pares de calçado. Como não tenho uma ampla gama de escolhas, decido vestir uma camiseta branca, uma calça jeans e um par de tênis também branco. Quando saio do banheiro, mamãe já havia saído, então me encaminho até a porta.

Assim que abro a porta, vejo que Ethan está com as costas apoiadas na parede e as mãos nos bolsos, olhando para baixo. Meu estômago parece descer em uma montanha russa, e então voltar para o lugar; como ele pode ser tão bonito? Seus cabelos castanho claro, praticamente loiros, estão meticulosamente bagunçados, ele veste uma blusa preta, calça jeans de lavagem escura e um par de tênis preto. Acho que fico alguns minutos o observando, e então ele parece perceber minha presença.

Quando ele me olha, seus olhos verdes se iluminam e ele sorri abertamente, então sinto minhas bochechas ruborizarem. Como ele pode me deixar assim, mesmo o conhecendo há tantos anos? Somos praticamente irmãos!

—O que você está fazendo aqui? - pergunto tentando disfarçar o rubor em meu rosto.

—Eu? Vim te acompanhar - ele sorri, revelando seus dentes perfeitamente alinhados. - Deixe-me adivinhar, sem café da manhã hoje?

—Sim, quanto mais cedo isso acabar, melhor! Mas então quer dizer que você acordou cedo mesmo sem precisar ir pra aula? E vai comigo até a escola por nada? - pergunto rindo. A escola fica no terceiro andar, no setor A.

—Sei que hoje é um dia importante. - ele dá de ombros e sorri.

—Sim, estou começando a ficar ansiosa - sorrio.

—Não há o que se preocupar - ele diz dando um soco de leve em meu braço. - Você sempre se sai bem em tudo o que faz.

—Não é bem assim -digo timidamente- Eu só... Tento - encolho os ombros.

—É assim, não teime, por favor! - ele ri. - Ficamos alguns minutos em silêncio até o elevador chegar até nós.

—Como é? - pergunto quebrando o silêncio dentro do elevador vazio, e ele me olha confuso - O teste! - reviro os olhos. Ethan é um ano mais velho que eu, então ele realizou o teste no ano anterior.

—Ah, sim! - ele assente - É tranquilo... Eles mostram algumas imagens aleatórias, então você as escolhe e ao final, eles dizem o resultado. Minha mãe falou que é algo como um antigo teste vocacional.

—Entendo... Mas e se... Eu não me encaixar em nenhuma área? - pergunto insegura.

—É claro que vai - ele revira os olhos. - Se você não se encaixar, eles escolhem uma na qual você se saiu melhor.

—É fácil pra você falar - digo emburrada, mas me dou conta de que não tenho perguntado muito sobre ele ultimamente. - E quanto a você, como tem sido as aulas? Você não se arrepende de ter escolhido Pesquisa Botânica? - pergunto genuinamente curiosa.

—Não, em momento nenhum. É incrível modificar as estruturas genéticas das plantas, pra que todos nós possamos nos alimentar sempre. - ele sorri orgulhoso.

—As estruturas genéticas são realmente alteradas? -pergunto curiosa.

—Como você acha que seria possível alimentar cerca de cinco mil pessoas todos os dias? É necessário que modifiquem as estruturas para que deem frutos o ano todo, assim como fazem com os animais.

—Entendo, faz sentido. - assinto com a cabeça.

Em alguns minutos chegamos à entrada da escola, uma porta diferenciada das demais. Duas portas grandes de metal, brancas e com vidros enormes. Não era necessário que a área ocupada pela escola fosse tão grande, pois havia apenas uma turma de cada classe.

—Bem, hoje eu não posso entrar com você - ele diz sorrindo e encolhendo os ombros.

—Eu sei, obrigada por ter vindo até aqui. - sorrio.

—Estarei te esperando na plantação, ao lado B do refeitório. Boa sorte - ele diz beijando minha bochecha, e sinto como se meu sangue fosse todo para aquela região.

—Assim que sair daqui, te encontro lá - sorrio timidamente, e ele assente e parte na direção dos elevadores.

Respiro fundo e abro as duas pesadas portas, e no grande saguão encontro, para minha surpresa, bastante gente esperando. Deduzi que muitos chegariam mais tarde por conta do café e por não ter aula hoje, mas estava parcialmente certa. Quatro filas grandes movimentavam o salão, e quando estava me direcionando para uma delas, ouço uma voz conhecida.

Hey, Phebs! - levo alguns segundos até encontrar o dono da voz, e então o vejo.

—Josh! - sorrio me aproximando dele, que estava em uma das filas. - está aqui faz tempo?

—Não, cerca de quinze minutos! Venha, fique aqui comigo. - ele diz abrindo espaço na fila, e entre alguns olhares tortos para mim, aceito o convite.

—Já estão chamando?

—Sim, a fila está indo rápido, por incrível que pareça - ele sorri. Seus cabelos castanhos e lisos caindo sobre o rosto. Algum tempo depois que eu e mamãe chegamos aqui, encontramos Josh e seu pai, Benjamin. Infelizmente a mãe dele também havia morrido por causa do vírus, como meu pai.

—Espero que não demore muito, estou começando a ficar ansiosa. - sorrio para ele, que me acompanha.

—Vai dar tudo certo! Tomara que eu consiga ficar como pesquisador genético, foi o que eu sempre quis - ele sorri dando de ombros.

—Você vai conseguir, se é o que realmente quer.

Cerca de meia hora depois, chegou a minha vez de ir para a seleção. Ainda não havia conseguido falar com Josh, pois ele ainda estava em sua sala de seleção. Uma mulher alta e loira me chama para uma sala. A sala de aula fora totalmente transformada. Não haviam mais carteiras, apenas uma cadeira com algumas telas ao redor.

—Sente-se - pede a mulher. Quando o faço, ela também senta a minha frente. - Pode relaxar, bem, deixe-me explicar; nessas duas telas aparecerão algumas imagens, mas você deverá selecionar apenas a que mais se encaixa com você. Caso nenhuma imagem mexa com você, apenas não selecione nenhuma. Há um tempo limite para a seleção das imagens, cinco segundos. Caso ache que selecionou uma imagem erroneamente, me avise que pararei o processo. Ao final, falarei seu resultado. Alguma dúvida? - ela pergunta me olhando por cima dos óculos.

—Não, está tudo bem - respondo nervosamente.

—Certo, olhe para as telas.

Olho atentamente para as duas telas que estão posicionadas à minha frente, e então duas imagens aparecem, uma criança e uma flor, que me faz lembrar minha mãe, mas seleciono a criança, logo aparece uma fita de DNA e uma multidão de pessoas, nenhuma imagem mexe diretamente comigo, então não seleciono nenhuma. As próximas imagens são de um boi e um quadro negro, como os que usamos na escola, novamente não seleciono nenhuma, e ouço a mulher pigarreando. Certo, preciso dar um jeito de selecionar a próxima. As duas outras imagens são de máquinas e uma cama de hospital. Como hospitais sempre me chamaram atenção, resolvi selecionar a cama de hospital, as duas próximas imagens são de armas de fogo e uma mesa com muitos papéis.

Me pergunto o porque das armas de fogo, já que não vejo os soldados as usando, a não ser que alguém infrinja alguma regra, mas novamente não seleciono nenhuma. As duas outras imagens são de uma igreja e uma seringa, e novamente penso no ambiente hospitalar e seleciono a seringa. Por último, aparece a imagem de uma extensa plantação e um Curador, o mais próximo que temos aqui na colmeia de médico ou enfermeiro. Seleciono o Curador, mas novamente lembro de minha mãe ao observar a plantação.

As duas telas se apagam e o silêncio toma conta da sala, percebo só então que as palmas das minhas mãos estavam completamente suadas, então desajeitadamente as seco na calça. Olho para frente e vejo a mulher loira tocando na tela concentradamente, seguro minha curiosidade a respeito do teste, pois ela não parece ser uma pessoa muito sociável.

—Bem, seu teste foi concluído com êxito - ela diz, esboçando um leve sorriso. Essa informação já me deixa um pouco mais aliviada, significa que não serão eles a escolher minha área. - A partir de amanhã você estará entrando em uma nova jornada. Parabéns, você será uma excelente Curadora. - ela se levanta, estendendo a mão em minha direção, e eu levo alguns segundos para compreender sua intenção, então rapidamente levanto estendendo minha mão para ela. Seu aperto é firme, porém não dura muito, pois logo ela se dirige até a porta. - Nos vemos por aí, até mais. - ela diz indicando a saída, e ainda aturdida, obedeço e saio pela porta, só assim soltando o ar que nem sabia estar preso em meus pulmões.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado, não esquece de deixar um comentário pra eu saber como a história está sendo recebida por vocês! Até logo! ♥.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Hive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.