The Hive escrita por Érwin


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

YAAAAY! Olá, como estão? Essa é a primeira fanfic original que escrevo, então espero muito que gostem, boa leitura! ♥.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671796/chapter/1

21 de maio de 2020, 23:00 horas.

Phoebe, corra, não pare! - minha mãe gritava por entre a multidão que nos circundava. Os gritos vinham de todos os lados, a multidão crescia cada vez mais e não parecia haver como sair dali, mas minha mãe daria um jeito. Ela sempre dava. Minhas pernas curtas já estavam exaustas, e não suportariam por muito tempo a pesada mochila que carregava nas costas. Não conseguiria chegar muito mais longe.

—Mamãe, eu não consigo mais! - grito o mais alto que posso, com a esperança de que ela me escute.

—Você consegue filha, não solte a minha mão! - ela disse firmemente olhando para trás por um breve momento, seus olhos imploravam para que eu tivesse energia e avançasse mais alguns metros, o suficiente para que encontrássemos o primeiro caminhão do exército. Logo a frente, pudemos ver três caminhões e dezenas de soldados armados bloqueando a passagem.

—Não empurrem! Apenas os que estão saudáveis poderão subir - gritava um dos soldados que estava permitindo a entrada na carroceria do caminhão. Centenas de pessoas tentavam empurrar e entrar à força, mas apenas aqueles que tinham as pupilas inspecionadas podiam subir. Adentramos a multidão e então sinto minha mãe me puxando e percebo que o soldado aponta uma lanterna em meus olhos, me cegando momentaneamente. -Certo, vocês duas, subam depressa - ele diz apontando para o interior do veículo, e minha mãe logo o obedece.

A carroceria do caminhão estava bastante escura, a única luz que banhava o local era a da rua. Finalmente estamos a salvo. Mamãe conseguiu, como eu já imaginava. Olho para a rua pela abertura onde entramos e o fogo proveniente das bombas que caíram por toda a cidade iluminava a noite pesada. O terror estava presente, era quase palpável. A última noticia que ouvi antes de sairmos às pressas de casa foi de que a cidade seria evacuada imediatamente, pois as bombas não foram capazes de deter o vírus. O presidente havia dito que mais bombas seriam enviadas durante a noite na tentativa de conter a doença. O mundo estava um caos.

—Mamãe, será que nós estamos a salvo? - pergunto chegando mais perto dela, pois um casal acabara de entrar.

—Sim querida, nós estamos. - minha mãe diz afagando meus cabelos suavemente, na tentativa de me acalmar.

—Vocês quatro, entrem! - o soldado grita - O caminhão está cheio, você terão de esperar o próximo! - ele diz, e a multidão entra em fúria, todos desesperados pela única chance de vida que teriam ao entrar no caminhão. - Se afastem, vamos! - ele gritava, mas a multidão insistia em tentar entrar, até que foram ouvidos diversos disparos e mais gritos. O soldado se joga para dentro da carroceria e o caminhão começa a se movimentar com um tranco. Os gritos vindos da rua aumentam cada vez mais, as pessoas correm atrás dos caminhões, mas eles tomam velocidade suficiente para que ninguém mais os alcance.

Como o interior do veículo agora estava escuro, não conseguíamos enxergar os rostos de nossos companheiros de viagem, até que ouço uma voz conhecida.

—Tia Mer, é você?

—Sim querido, você está sozinho? - minha mãe estica os braços para tocá-lo, e ele se aproxima.

—Mãe, pai! São elas! - ele diz indo para o fundo do caminhão.

—Meredith, Phoebe! - Hanna diz se aproximando de nós com dificuldade, já que o caminhão corria pela estrada estragada - Que bom que vocês conseguiram subir! Céus, nós tentamos falar com vocês, batemos em sua porta, mas ninguém respondeu, pensamos o pior...

—Nós fomos para o norte, disseram que haveriam caminhões de resgate, mas na metade do caminho ouvimos explosões, todos voltavam desesperados de lá, então retornamos - mamãe diz, suspirando em seguida. - E vocês, estão todos bem? Não conseguimos conversar com vocês porque saímos às pressas.

—Sim, estamos! Ei, Ethan, venha cá, Phoebe está aqui! - ela diz chamando o filho mais velho. - Bem, Salomon conseguiu ouvir uma conversa entre alguns soldados à respeito das novas bombas, então correu para casa para nos buscar. Se não fosse por isso, ainda estaríamos lá fora - Hanna diz olhando vagamente para fora do caminhão.

—E quanto ao pequeno Caleb, como ele está com tudo isso? - Mamãe pergunta afagando o rosto da pequena criança que estava com Hanna.

—Muito assustado, ele sempre teve muito medo de armas e bombas - diz Salomon, o marido de Hanna e pai de Ethan e Caleb.

—Nenhuma criança deveria ter de passar por isso - Mamãe diz franzindo o cenho.

Percebo que Ethan senta-se ao meu lado e segura firmemente minha mão, então retribuo o aperto.

—Você está assustada? - ele pergunta baixo, para que apenas eu escute.

—Um pouco, tenho medo dos gritos e das bombas - confesso a ele. Não há nada que eu esconda de Ethan. - E você? - À luz do luar, consigo ver seu rosto de contorcer, mas ele nega com a cabeça.

—Eu não posso ter medo. Eu prometi que cuidaria de você, afinal sou mais velho. - ele diz meneando a cabeça.

—Você só tem oito anos Et, não é como se você fosse muito mais velho que eu - digo ressentida.

—É sim, afinal você tem sete anos Phebs. Por favor, não discuta, eu prometi. -Quando papai morreu por causa do vírus, a família de Ethan, que já era próxima da nossa, nos acolheu com muito carinho, e desde então ele acha que tem o dever de me proteger.

—Como você acha que vai ser lá?

—O abrigo?

—É, nossa futura casa.

—Meu pai ouviu os soldados falando que as colmeias já estão prontas, parece que é esse o nome do lugar. - ele diz dando de ombros.

—Mas onde fica?

—Pai, você sabe onde eles construíram as colmeias?

—Ninguém sabe ao certo - Salomon diz franzindo o cenho - Mas existem muitos boatos de que eles construíram na área deserta da cidade, por isso não era permitido chegar até lá.

—Que tipo de bombas eles pretendem lançar ao final da noite? - Mamãe pergunta.

—A bomba Tsar, a mais potente arma nuclear já detonada. - Salomon diz franzindo o cenho.

O quê? Eles vão explodir bombas atômicas? - Mamãe pergunta parecendo assustada.

—Sim, por todo o planeta. Não há mais como controlar o vírus. Meredith, você sabe o que ele faz com as pessoas... Mas nós estaremos a salvo, conta-se que as colmeias são equipadas com o necessário para a sobrevivência por muitos anos, ou pelo menos até que a terra se recupere.

—As colmeias comportam todos os que estão sadios?

—Bem, não... -Hanna diz, parecendo triste.

—Mas isso é monstruoso, milhares de pessoas irão morrer!

—Ou elas morrem pelas bombas, ou pelo vírus. - diz um homem que estava sentado perto de nós, ouvindo a conversa.

—Eu achei que as bombas comuns bastariam - Mamãe diz parecendo triste.

—O vírus saiu fora de controle, tornou-se altamente contagioso.

—Preparem-se para desembarcar, já estamos chegando - O soldado que permitiu nossa entrada diz, se posicionando na porta do caminhão. - Vamos, desçam em fila.

Mamãe segura firme a minha mão, e então partimos para fora do caminhão. Um enorme muro estava a nossa frente, e dezenas de outros caminhões chegavam trazendo mais refugiados. Entre as torres do muro, haviam enormes alto falantes e a voz de uma mulher ecoava pelo local.

"Pedimos que todos se mantenham calmos e permaneçam nas filas ao descer dos caminhões. Os guardas realizarão novas inspeções, somente os sadios entrarão na colmeia. As bombas serão detonadas as três horas da manhã, temos uma hora até que os portões sejam lacrados. Pedimos para que todos cooperem para que ninguém fique fora da colmeia."

Fiquem perto de nós - Salomon diz.

Mais a frente, algumas pessoas são carregadas para fora das filas, o que significa que elas estavam contaminadas.

—Mamãe, para onde estão levando essas pessoas?

—Eu não sei minha filha, mas tente não prestar atenção nisso, logo entraremos e estaremos à salvo.

Algum tempo depois, novamente os guardas iluminam nossos olhos e furam nossos dedos misturando com algum produto, anotam nossos nomes e entregam um papel à minha mãe. Novamente a voz da mulher é ouvida pelos alto falantes:

"Aguardem instruções sobre as locações. Os papéis indicam o andar e o espaço de cada membro. Os que receberam as instruções, por favor se retirem da área de descontaminação e dirijam-se aos elevadores. Sigam as instruções e dirijam-se para seus locais da colmeia."

O que diz no seu? - Mamãe pergunta à Hanna, apontando para o papel que ela carregava nas mãos.

—Estamos no quinto andar lado B.

—Nós também - Mamãe diz parecendo aliviada.

Quando saímos da zona de descontaminação, passamos pelos enormes portões e então era possível ver um campo gigantesco, algumas placas instruíam para que caminhássemos apenas pela pequena estrada bem no centro do campo, já que era possível observar pequenos brotos e mudas plantadas na grama. Na escuridão que estava, eu não conseguia ver o fim do gramado, nem sequer dos muros. No centro do campo, enormes escadas levavam a uma sala também muito grande, onde estavam os elevadores que a mulher do alto falante havia falado.

Haviam cerca de dez elevadores, e quando as portas abriram, pude perceber que caberiam cerca de cinquenta pessoas em cada. O silêncio estava ensurdecedor dentro do elevador, todos estavam apreensivos com tudo o que estava acontecendo. Estávamos mesmo indo para baixo da terra? Como seria lá embaixo? Como seria nossa vida a partir de agora? Essas perguntas estavam estampadas no olhar de mamãe.

As portas abriram-se e uma voz foi ecoada pelo elevador "Quarto andar, observem as instruções presentes nos papéis e dirijam-se aos seus dormitórios." Cerca de um terço do elevador fora evacuado, e todos olhavam atentamente para todos os detalhes, e então as portas se fecharam. Mamãe apertou minha mão, como se me preparando para o que poderia nos aguardar ao lado de fora.

O elevador parou com um baque surdo e novamente as portas foram abertas e a voz foi ecoada: "Quinto andar, observem as instruções presentes nos papéis e dirijam-se aos seus dormitórios." Saímos silenciosamente do elevador, era possível sentir a tensão no ar. O corredor era relativamente largo, mesmo estando a família de Salomon, eu e mamãe, ainda sobrava espaço. Dezenas de luzes iluminavam o extenso corredor, e ao longo, era possível ver as portas do que pareciam ser os dormitórios.

—Vejam, a placa está dizendo que à esquerda dos elevadores é o lado B, vamos. - Salomon diz já pegando a mão de Ethan. Eu e mamãe os seguimos, já que nossos dormitórios também ficam localizados no lado B da colmeia. Era possível ver uma certa movimentação, pessoas saindo dos elevadores e indo para os quartos, alguns rostos saiam dos quartos para observar a movimentação e outros chegavam até mesmo pelas escadas de emergência.

—Mer, vocês ficaram em qual dormitório? - Salomon pergunta enquanto caminhamos.

—Nós ficamos no 5.088, parece ser próximo ao fim do corredor - mamãe diz.

— Ficamos perto, então - Hanna sorri. - 5.090.

—Ali, vejam! -Mamãe diz sorrindo, parecendo aliviada ao ver a porta de nosso dormitório. -Nós estamos a salvo! - ela diz abraçando Hanna, que também parece emocionada.

"Atenção, as bombas serão detonadas em dez minutos. Dirijam-se aos dormitórios"

—Nós precisamos entrar, não devemos correr mais riscos - Salomon diz colocando uma mão nos ombros de mamãe, que assente sorrindo.

—Vamos, amanhã será um novo dia. - Os três adultos sorriem, e eu procuro o olhar de Ethan, que parece tão assustado quanto eu, mas também sorri, me confortando. Nos despedimos brevemente e partimos para nossos dormitórios.

Ao entrarmos, pude perceber que ele é composto por duas camas de solteiro, uma pequena porta aberta que levava a um também pequeno banheiro, um pequeno armário embutido na parede, que era pintada de branco, e um criado mudo ao lado de cada cama. Os moveis eram todos brancos e pretos, assim como as paredes do prédio.

—Venha, vamos nos deitar, já está muito tarde - mamãe diz batendo suavemente com a mão ao lado da cama, onde estava.

—Será que vamos sentir as bombas? - pergunto quando deito-me ao seu lado.

"Atenção, permaneçam em seus dormitórios até segunda ordem. As bombas serão lançadas."

Não sei minha filha, mas tente dormir.

Essa é a última coisa que escuto mamãe dizer antes de fechar os olhos e cair em um sono profundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que achou? Sei que é apenas o primeiro capítulo, mas se você gostou, não esquece de deixar um comentário, se não gostou, deixa um comentário pra que eu possa saber o que mudar! Beijos e até logo! ♥.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Hive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.