Sos, presente! escrita por beckyfiuza


Capítulo 17
Novos começos


Notas iniciais do capítulo

Então, oi gente. Eu não tenho nem palavras pra descrever o quanto eu me sinto culpada por ter abandonado temporariamente essa história. E, na verdade, eu só voltei pro último cap. É, eu sei, sou uma pessoa horrível. O problema é que eu me decepcionei bastante com o último livro e como ela continuou a história completamente diferente do que eu tinha escrito, meio que eu perdi a inspiração e aí eu voltei a estudar e várias coisas aconteceram, mas eu voltei e aí está o último capítulo pra vcs. Ah e talvez vocês notem algumas diferenças do tipo esse capítulo tá enorme e a escrita tá diferente. É que eu quis mostrar tudo o que a história ainda tinha pra mostrar e com o máximo de detalhes possíveis, por isso que ele tá tão grande e em terceira pessoa. (Leiam as notas finais, please)



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Eram 23h30. Fazia quase uma hora que a festa havia terminado e Kile ainda não aparecera.

Bom, ela não podia reclamar, ainda não estava exatamente pronta. Tinha desmanchado o coque, tirado os saltos e estava se questionando se devia ou não usar uma diadema.

O problema era roupa. Tinha revirado o guarda roupa milhões de vezes e não encontrara um único vestido que a fizesse se sentir satisfeita. Seus vestidos longos pareciam arrumados demais ou intimidantes – e a última coisa que ela queria era intimidar Kile – e os seus curtos simplesmente não se adequavam para um encontro, ou eram para eventos diurnos ou encontros com diplomatas e pessoas do tipo.

Ela estava incrivelmente estressada, já havia andado tanto pelo quarto que Angel se cansara de segui-la e agora apenas a observava enquanto deitava junto a porta, de onde podia ver o quarto por completo, e Eadlyn, numa vã tentativa de não enlouquecer mais, ainda estava ignorando a vozinha na sua mente que se questionava se ela ia de fato para um encontro e com Kile – Kile! Quer dizer ela não o detestava até algumas semanas atrás? .

Enquanto cogitava trocar de roupa pela terceira vez, ouviu batidas suaves na porta e viu Angel farejar a porta, fazendo seu coração palpitar de nervoso. Ela definitivamente não estava pronta!

— Quem é? – perguntou ela tentando controlar a ansiedade em sua voz.

— Sou eu... – ela conseguiu reconhecer a voz hesitante de seu irmão gêmeo e, apesar de estar intimamente satisfeita que não fosse Kile, não desejava ter a conversa que ela sabia que uma hora ou outra teria que ter com Ahren.

Mesmo assim, ela abriu vagarosamente a porta, segurando Angel para que ela não fugisse e encarando com o mínimo de expressão que podia os olhos verdes do irmão.

— O que deseja?

— Eady, eu quero conversar... Já adiamos demais essa conversa, você sabe disso.

— E o que o leva a pensar dessa maneira? – a frieza no tom de voz de Eadlyn, uma indiferença nunca antes usada com ele, machucava ambos.

Ahren olhou para os próprios pés como se desejasse que o chão se abrisse e lhe trouxesse magicamente a solução para a relação deles, um tanto arrependido de como as coisas tinham se desenrolado e fazendo o questionar se deveria, de fato, estar ali ou não.

— A valsa. Você chamou Camille para dançar.

— Isso significa que eu a aceito aqui, como minha cunhada. Nada tenho contra Camille, mas, devido aos acontecimentos de sua última visita, achei que era necessário explicitar isso a ela, afinal ela ainda é a futura herdeira da França. Creio que não temos nada a conversar, suas palavras “delicadas” no dia de sua partida foram mais que claras.

A ironia de Eadlyn pingando em cada palavra machucava como uma faca, mas Ahren continuou impassível, sabia que merecia aquilo. Ele passara incontáveis noites acordado durante o último ano culpando a si mesmo pelo que acontecera, e tão covarde ele fora que sequer escrevera uma carta ou telefonara pedindo desculpas. Ele repetira essa cena várias vezes em sua cabeça, imaginando o que diria a ela, o que poderia dizer que amenizasse sua ausência ou a dor que causara a sua irmã.

 - Eu sinto muito. – ela o encarou sem esboçar reação alguma, houve um breve momento de silêncio e ele de alguma forma soube que ela estava o escutando e não apenas ouvindo – Eu sei que fui um idiota, não deveria ter feito o que fiz ou falado o que disse, juro como queria ter algo que justificasse minhas atitudes, mas não tenho. Amo Camille mais que tudo e, apesar de desejar passar o resto da minha vida ao lado dela, creio que isso ofuscou minha mente para tudo que tinha aqui. E o medo de perdê-la era tão grande, Eadlyn, tão grande! Que eu não me toquei que poderia perder vocês no caminho. – ele sentiu os próprios olhos marejarem e as palavras não estavam vindo mais com tanta facilidade, mas ele precisava continuar – Me desculpe, Eadlyn, eu fui um idiota, um estúpido, um egoísta. Eu sei, você está mais do que certa. Mas eu sou um idiota estúpido e egoísta que quer sua família de volta. Eu amo você. Não aguentaria perdê-la.

Um silêncio desconfortável e pesado se instalou entre os dois. Eadlyn chegara a abrir a boca uma ou duas vezes, tentando formular uma resposta, antes de suspirar pesadamente e responder.

 - Eu o perdoo. – uma sensação de alívio e felicidade inundou Ahren – Mas não posso me obrigar a ser como era antes, não sei se consigo ou se estou pronta pra isso.

O entusiasmo de Ahren minguou um pouco, mas fora melhor do que ele imaginou que seria, então apenas assentiu com a cabeça e abriu os braços num pedido silencioso de um abraço.

Sem precisar falar nada, Eadlyn atendeu seu pedido e, naquele abraço, eles souberam que realmente não tinha como ser iguais ao que foram, mas o que quer que aconteça entre eles, dali em diante, será o melhor para os dois.

Ainda abraçados, Ahren viu por cima dos ombros de Eadlyn um enorme bolo com algo que aparentava ser um conjunto de vestidos de festas em cima da cama. Rapidamente, ele ligou os pontos.

— Você vai sair? É quase meia noite! – disse Ahren tão repentinamente que assustou sua irmã.

Eadlyn automaticamente enrubesceu e gaguejou tentando dar alguma explicação plausível, mas ela apenas acabou murmurando tão baixo que foi ininteligível para qualquer ser humano existente, mas Ahren não precisava escutá-la para entender o que estava acontecendo.

— Você tem um encontro? – o tom rosado das bochechas de Eadlyn ficou levemente mais forte – Você tem um encontro! Com quem? Um selecionado? A essa hora? O papai está sabendo?

— Fique calmo! – exclamou Eadlyn, fazendo sinal para que ele falasse mais baixo, tentando conter a animação claramente estampada no rosto de Ahren. Angel até acordara e estava aos pés dele abanando o rabinho, na doce ilusão de que ele brincaria com ela. – Kile disse que queria entregar meu presente e que passaria aqui para me levar até lá...

 - Claro que tinha que ser o Kile... – murmurou Ahren mais para si mesmo do que para Eadlyn – Como assim “até lá”? “Até lá” onde?

— Esse é o problema, eu não sei!

— E que horas ele vai passar aqui?

Eadlyn olhou para o próprio relógio de pulso, como se Kile tivesse especificado um horário.

— Creio que a qualquer minuto.

Ahren arregalou os olhos e analisou a irmã dos pés a cabeça.

— Acho que você não quer ir de roupão, por que não está vestida?

— Porque eu não sei o que vestir! – disse Eadlyn suspirando pesadamente e voltando ao closet para procurar um vestido decente, deixando Ahren só com Angel no quarto.

— Parece que agora somos só eu e você, coisinha peluda. – como se fosse uma deixa, Angel latiu, abanou o rabinho e correu até uma poltrona do outro lado do quarto.

Ahren a seguiu achando que a cachorra queria brincar, mas quando se aproximou novamente ela não se mexeu, apenas arranhou a poltrona.

Se você perguntar para Ahren, ele vai lhe dizer que ainda não entende e não sabe como a cadela fez isso, mas o fato é que em cima da poltrona havia um vestido azul ainda no cabide e separado de todas as outras roupas que sua irmã parecia ter descartado.

Era um vestido ombro a ombro com mangas compridas de renda que ia até um palmo acima do joelho e aparentava ser soltinho e confortável, era muito bonito e parecia completamente adequado para um encontro.

— Eadlyn! – gritou ele de onde estava.

— O que foi?! – respondeu ela de volta.

— O que acha desse vestido azul?

— Vestido azul? – disse ela voltando do closet para entender o que seu irmão queria dizer. – Mas eu não tenho nenhum vestido az...

Ela parou em frente a Ahren que lhe estendia o vestido. Era o que ela havia descartado durante o almoço com sua mãe.  Espera, sua mãe... Ela havia dito algo sobre o vestido, não tinha?

— Use o vermelho, acho que você vai querer deixar o azul para um evento mais tarde.

— Mas eu não vou usar outro curto hoje, mãe.

Ela abriu um sorriso que dizia claramente que sabia de mais coisas do que eu, o que me deixou ainda mais confusa.

— Eu não vou, não é?

— Só vista o vermelho, Eady, você vai saber quando precisar usar o outro.

— E aí? Está esperando o que? – Ahren disse quebrando a linha de pensamento de Eadlyn. – Vai logo! Ele tá vindo!

Eadlyn tomou o vestido das mãos de Ahren e andou apressadamente em direção ao closet para terminar de se arrumar.

— Ah, e antes que me esqueça...

— Sim, Eadlyn?

— Pode ir embora, você não pode estar aqui quando ele chegar!

— Mas...

— Tchau, Ahren!

— X –

Kile estava parado em frente à porta já tinha uns 10 minutos, tentando acalmar as batidas do próprio coração antes de chamá-la. Até que um barulhinho insistente e agudo chamou sua atenção... Aquilo era um latido? Logo em seguida, ele ouviu o barulho seco de passos no carpete e a porta se abriu.

Angel correu para os seus pés, tentando inutilmente chamar sua atenção, porque parada displicentemente no vão da porta estava Eadlyn.

Mais deslumbrante do que nunca, aos olhos de Kile, e se ele já estava nervoso antes, agora parecia que seu estômago tinha ganhado vida própria e decidira sozinho dar cambalhotas.

— Kile? – disse Eadlyn entre constrangida e lisonjeada com o olhar fixo de Kile. – Ahn, tudo bem?

Como se tivesse acordado de um transe, Kile piscou algumas vezes e balançou a cabeça antes de conseguir responder.

— Ahn, é claro... Você está linda.

Kile deu um leve sorriso e relaxou um pouco ao ver Eadlyn olhar para os próprios pés tentando esconder o leve tom rosado que agora tomava conta de suas bochechas.

— Obrigada. – disse Eadlyn tentando esconder a própria vergonha com um pigarro. – Mas cadê meu presente? Não era esse o motivo da visita?

Kile abriu um sorriso travesso digno de Osten antes de lhe mostrar uma venda.

— X –

— Ai! Kile, cuidado!

— Fique calma, estamos chegando.

— Chegando aonde exatamente?

— Alguém já disse que você é muito curiosa?

— Não, imagine! Apenas você nas últimas 15 vezes que ignorou minha pergunta!

— Você é muito dramática. – então, finalmente, Kile tirou a venda. – Chegamos.

Eles estavam parados em frente a uma porta dupla de madeira branca e não havia nada mais no entorno. Na realidade, todo o andar que estavam era bem pequeno o que fez ela supor que estavam numa das torres.

— Onde estamos?

Kile rolou os olhos veementemente.

— Se você abrir a porta, talvez descubra.

Movida pela curiosidade, Eadlyn tentou abrir a porta sem sucesso.

— Está trancada!

Kile andou a passos lentos até ela e levou as mãos delicadamente ao seu pescoço, lutando para abrir o pequenino fecho da corrente que usava.

— Lembra que quando eu entreguei o pingente eu disse que você abriria muitas portas em breve? – ela assentiu levemente com a cabeça – Só quis garantir que isso acontecesse. – disse ele depositando por fim o pingente de chave e a corrente em uma das mãos de Eadlyn.

Seguindo o próprio instinto, Eadlyn levou a chave até a fechadura e ficou surpresa ao ouvir um “clique” baixinho, por fim, girou a chave e levou a mão à maçaneta, abrindo a porta.

— X –

Nada poderia ter preparado Eadlyn para o que ela via, nem se tivesse descoberto meses atrás, nem que Kile tivesse contado a ela todos os detalhes. Eadlyn, como princesa, já havia visitado centenas de lugares belos, mas comparados aquele pequeno espaço na menor e mais bela torre do palácio - seu palácio, seu lar – todos aqueles lugares eram insignificantes.

A porta dava para um pequeno lance de escada que transformava o pequeno e claustrofóbico cômodo que estavam no salão de vidro.

O salão por si só já era muito belo, ele era inteiramente feito de vidros coloridos que vistos pelo lado de fora formam a insígnia da família real, mas usualmente está sempre vazio, nada parecia durar muito tempo naquela sala.

No entanto, agora, estava tão magnificamente ocupada que impressionava Eadlyn a ponto de tirar o ar de seus pulmões.

Kile havia transformado o local em um belíssimo jardim, havia flores por todos os lados intercalados com trechos de grama nos quais ela já se via fazendo um piquenique. Também havia alguns bancos de frente para as paredes de vidro para observas a vista de Angeles e todos os caminhos levem a um círculo no meio da sala.

E lá, no centro de tudo, acima do que aparentava ser um pequeno palquinho, estava uma mesa posta para dois com o que parecia ser uma panela de founde de chocolate.

— Isso é pra mim? – questionou Eadlyn voltando-se novamente para Kile – Eu nunca achei que esse lugar poderia ficar ainda mais bonito...

— Ah, mas você ainda nem viu a melhor parte?

Ela arqueou uma sobrancelha em resposta.

— Vem, eu te mostro. – disse ele enquanto a puxava pela mão até a mesa.

Eadlyn olhou em volta procurando “a melhor parte” do seu presente e ela apenas pode supor que fosse aquela enorme panela cheia de chocolate.

— A melhor parte do meu presente é que eu vou comer todo esse chocolate sozinha?

— Nossa, muito engraçada a senhorita. – disse ele rolando os olhos. – Olha pra baixo.

Eadlyn olhou em direção aos próprios pés e percebeu, finalmente, que o palquinho não era de madeira e sim de vidro e embaixo dele tinha... Água?

— O que é isso?

— Você é lenta, viu? – disse Kile recebendo de Eadlyn seu melhor olhar mortal. – Você não disse que era um absurdo um castelo tão grande não ter piscina?

O queixo  de Eadlyn caiu sozinho e seus olhos se arregalaram em compreensão.

— Uma piscina?! Você me deu uma piscina?! – exclamou ela enquanto jogava os próprios braços ao redor do pescoço de Kile. – Esse é o melhor presente de aniversário que já ganhei.

— Eu realmente não espero que você queira algo melhor no ano que vem, isso aqui já deu trabalho pra uma vida inteira!

Ela riu e deu um tapa de leve no ombro dele sem sair do abraço.

— Acho que tenho algo que vai servir de agradecimento... – disse Eadlyn aproximando-se.

— Jura? – Kile engoliu em seco, ansioso com a proximidade. – E o que é?

A essa altura, Eadlyn já estava tão próxima que conseguia sentir a respiração de Kile, ela passou delicadamente a mão pelo rosto dele antes de pousá-la no ombro de Kile e, finalmente, unir seus lábios. Foi um beijo doce, suave e cheio de paixão.

E eles ainda não sabiam, mas aquele beijo era apenas o começo.

FIM


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Notas finais do capítulo

E ACABOU. Queridos e queridas, muuuuuuito obrigada por terem lido essa história que agora ela é mais de vocês do que minha, sou muito grata por todos os comentários, todas as recomendações e todos os favoritos porque são o pouquinho de vocês que eu tenho contato. Muito obrigada por serem esses leitores incríveis que vocês são e eu espero que essa história tenho marcado vocês tanto quanto ela me marcou! Tchau, queridos e queridas!



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