Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 26
Dever e honra.




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Flashback ON

*Batalha de Termópilas.*

A notícia que os persas os haviam cercado chegou de forma rápida. Traição, pura e completa. Por um irmão espartano rejeitado. Era o fim. Talvez não da guerra, mas dos 300 que haviam deixado sua terra em busca da liberdade. Venceram inúmeras batalhas liberadas por Xerxes, a guarda pessoal, os animais desconhecidos de terras longínquas, até os magos. Mas quanto a guerra... Seriam cercados pela manhã. Os espartanos tinham tristeza no olhar,mas pareciam estranhamente calmos. Dilios sentia muito, nunca mais ver Emma era insuportável. Mas seu dever o havia incumbido de morrer. Pensava nisto quando Leônidas o chamou.

—Sim, meu rei? -Dilios, eu preciso que você leve minhas últimas ordens ao conselho de Esparta.

Até o fim seu amigo tentava protegê-lo.

—Leônidas, eu posso lutar, esse ferimento não me parará,acredite.

—Eu tenho certeza que não. Mas você precisa sair daqui agora. Antes que Dilios pudesse continuar,seu amigo o interrompeu.-Volte para Emma, aquele jovem precisa de você.E eu preciso que você leve minhas últimas ordens. Não me desobedeça,apenas vá,e rápido. Dificilmente, e sentindo seu coração rasgar, Dilios abriu mão do dever. Mas a honra não permitia que desobedecesse seu rei.

—Que ordens devo transmitir,meu senhor?

—Leve minhas palavras com altivez, meu amigo. Que todos os espartanos lembrem o porquê de nós morrermos. Que lembrem de nós. E que todo o exército acabe com esses malditos persas. Dilios o escutou com atenção.

Armou-se com sua honra, espada, escudo e lança. Despediu-se de seus irmãos, e olhou em seus olhos uma última vez.

—Espartanos! -Gritou Leônidas, quando Dilios desapareceu de sua vista. -Preparem o café da manhã e comam abundantemente, pois esta noite, jantaremos no inferno!

Dilios apertou em sua mão o colar de dente de lobo que Leônidas havia lhe dado não a muito tempo atrás.

—Alguma mensagem para...-Ele havia começado a lhe perguntar.

—A rainha? -O rei havia completado. -Nada que precise ser posto em palavras.-Leônidas respondeu, depois de refletir um pouco e ter lhe entregado o colar destinado a rainha. Foi difícil dizer adeus, mas foi preciso ser feito. O olho também o incomodava, estava ferido também no corpo, mas caminhou valentemente a longa extensão até Esparta. Uma breve nuvem de dúvida passou por sua mente ao perceber que estava faminto, sedendo e ferido demais. Ele a afastou de seu pensamento, sabia que Emma o esperava em Esparta. E era o que importava.

Flashback OFF

O dia começou nublado, com o céu no mais profundo tom de cinza, perfeitamente adequado com os sentimentos de todos os espartanos. Dilios havia ido ao conselho anunciar a tragédia, e agora todos sabiam a necessidade do exército naquele momento. O filho de Leônidas estava inconsolável, a rainha, tentando se manter forte o melhor que conseguia. Ao voltar para a casa de Emma, ele a encontrou na varanda, debruçada levemente sobre uma pilastra. Ela o viu se aproximar e perguntou se estava tudo bem.

—Ficará tudo bem. O olhar da moça parecia diferente, de certo que estava triste, mas havia algo mais.

—O que aconteceu? -Ele perguntou, a tomando em seus braços. Dilios sentiu lágrimas quentes caírem em seu ombro. Emma se afastou dele, enxugou as lágrimas e sentou-se ao chão.

—Estou preocupada com minha irmã.

—Acha que ela não estará segura? Emma, querida. A guerra não chegará ao castelo da Pérsia.

Ela sentiu-se gelar. Ele não sabia... Não tinha como saber.

—Artemis não estará segura.-Emma o disse. Por um segundo o nome foi familiar.

—Artemis?

—Artemísia. A melhor comandante naval de todo o exército persa.

Pela primeira vez Dilios não soube o que dizer.

—Você tem ideia do que isto significa? -falou ele, finalmente.

Emma voltou a chorar.

—Por favor, preciso vê-la, falar com ela. Tenho que fazer com que ela entenda que eu me apaixonei por você. Embora ela passe a me odiar para sempre. Dilios parecia zangado, não com ela, mas com a notícia. -Não pode, Artemísia não é nenhum pouco confiável. Ela...esteve na maioria das batalhas que travamos em termópilas. Matou meus irmãos... Quero-a longe de você.

—Mas...ela é minha irmã.-Sussurrou.

—Isso não importa!-Dilios gritou, caindo em si logo depois.

Emma relevou. -Por favor permita que eu me encontre com minha irmã, eu posso fazer chegar uma mensagem a ela e...

—Sinto muito, Emma. Mas não estou disposto a arriscar sua segurança. Ela suspirou, a saudade era enorme demais para continuar, e seu amor não a entendia nesse quesito.

—Preciso me reunir com o conselho novamente.-Anunciou ele, amarrando o manto escarlate às suas costas. Emma assentiu,despedindo-se dele. Quando ele foi embora, a moça também enfiou-se em sua capa preta, pegou sua filha, a acomodando em um pequeno cesto acolchoado, indo em seguida para os campos de trigo. Emma colocou a filha perto de si, e sentou-se para admirar a paisagem. Infelizmente, a paisagem a lembrava da última vez que vira seu rei, e os outros 298 espartanos que vieram a padecer na batalha. "Se Dilios também não tivesse voltado, eu não suportaria."-pensou ela, antes de sentir uma mão cobrindo sua boca. Ela se debateu, até olhar para trás e descobrir uma pessoa também com uma capa cobrindo seu rosto. A pessoa pediu silêncio, e puxou a capa para trás, revelando seu rosto. Emma abraçou sua irmã, a beijou no rosto, e a abraçou novamente.

—Precisamos sair daqui agora. Venha comigo, Emma.-Artemísia pediu. A irmã mais nova se afastou.

—Não, Artemis. Você ao menos sabe por quê eu fui embora?

—Eu não lhe entregarei a Xerxes se é isso que você pensa. Mas não há tempo para discussões, temos que sair daqui.

—Eu não posso.

—O que quer dizer? -Artemísia percebia algo de estranho, até notar o bebê ao lado das duas, dormindo tranquilamente. -De quem é essa criança? Emma quis responder, mas as palavras simplesmente não saíram.

—Emma?-Ela a questionou novamente. Artemísia sentiu a consistência de aço contra sua garganta. Dilios a puxou para longe de sua irmã.

—Não ouse se aproximar de Emma ou da minha filha.-Ele falou, ainda apontando a espada para ela. Artemísia desembainhou a espada que trazia em sua bainha e também apontou para ele.

Emma já estava desesperada.

—Dilios, por favor. Abaixe esta espada. Você também, irmã. Antes que alguém se machuque.

—Me responda, Emma. Este homem a tomou à força?

—Não.-Ela respondeu, corando.

—Como pôde fazer isso? Misturar nosso sangue com esse imundo. Dilios avançou com a espada para cima dela, Emma interviu implorando que parassem.

—Parem com essa loucura! Artemis, Xerxes sabe que você está aqui?

—Não.-Ela falou.- Mas não é seguro para você continuar aqui. Por isso me obedeça e volte comigo, eu a levarei para algum lugar seguro. Traga... a criança se quiser, mas venha. Dilios olhou para ela, temendo a resposta. Nunca foi digno dela, em sua opinião. Já havia perdido seus amigos, seu rei, quem sabe até sua tão amada Esparta. Não poderia perder Emma também. A moça se aproximou de Artemísia com os olhos tristes.

—Eu não posso.

—Por causa deste homem? Prefere então ser capturada?

—O nome dele é Dilios. Por favor, me compreenda. Eu não posso deixá-lo. Eu...

—Chega. Não consigo ouvir isso.-Ela falou.-Eu também não quero deixá-la. Eu juro que lhe protegerei de Xerxes, mas você precisa confiar em mim.

—Então fique aqui conosco, e nos ajude a defender Esparta.-Emma pediu.

Memórias quebradas invadiram a mente dela ao ouvir isso. Tudo o que tinha sofrido, por causa dos gregos.

—Defender Esparta.-Artemísia quase gritou.-Você perdeu o juízo? Esta cidade queimará até apenas sobrarem cinzas. E você pretende ficar para assistir? Não permitirei.-Ela pegou o braço de Emma e o puxou em direção ao cavalo que a havia trazido da Pérsia.

—Solte o braço dela, ou você perde o seu.-Dilios disse. Ela soltou devagar, vendo que ele falava a verdade.

—Artemis, é melhor você ir embora. Fique em um lugar seguro até tudo isto acabar, depois nos encontramos e decidimos o que fazer. Artemísia montou no cavalo, o longo véu de cabelos pretos que desciam até sua cintura rodopiava contra o vento.

—Espero que não se arrependa de sua escolha. Sinceramente.

—Eu amo você. Não se preocupe comigo.

Artemísia virou o cavalo para frente. -A cabeça de vosso rei jaz na própria lança de Xerxes. Espero que esteja ciente, espartano.-Falou, galopando para longe dali.


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