Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 25
Campos amaldiçoados.




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Emma decidiu que se recusava a acreditar que Dilios iria perecer naquela batalha. Não sabia se tinha mais medo de Xerxes, ou do que aconteceria. E quando sua irmã soubesse de tudo? Era cerca de 5 am quando foi interrompida por seus pensamentos. Doreah havia chegado e procurava por ela.

—Olá, querida.-Falou Emma,tentando aliviar a mente.

—Estão partindo, alguns guerreiros. Contra Xerxes.-Despejou.

Emma estremeceu.

—Agora? Neste exato momento?

—Sim. Estão em formação, próximos aos campos de trigo. A garota correu como nunca o fez em toda a vida. Não fechou a porta, não deu explicações, apenas seguiu em frente. E realmente estavam em formação, o rei Leônidas estava conversando com sua esposa, provavelmente se despedindo. Dilios estava na primeira linha de formação, e ao vê-la foi imediatamente à seu encontro.

—Emma! Aconteceu alguma coisa?

—Você...está indo embora? Ela olhou ao redor, não haviam mais de 300 espartanos. O exército persa era enorme, e crescia mais a cada dia. Diante disso, o que queria fazer naquele momento era chorar, se jogar aos seus pés e implorar que não fosse, fazer qualquer coisa que o impedisse de ir embora. Dilios percebeu que algumas lágrimas já caíam do rosto da mulher que ele tanto amava.

—Não chore, por favor. Minha presença é tão dolorosa?

—Não faça isso comigo. Como pode dizer que me ama se deseja me deixar? se já o está fazendo!

Não restava muito tempo.

Dilios aproximou-se do rosto da moça, segurando firme, como se contasse um segredo.

—Você ficará bem.

—Não importa o que acontecerá comigo! Eu não quero que você morra.

Ele realmente precisava ir, não importava o que acontecesse, a mulher que ele amava não seria prejudicada, assim como a filha de ambos.

—Eu amo você.-Falou numa voz tao quebrada, que a despedaçou.

—Então volte por mim.

Deus... ela realmente o amava.

—Espere por mim, Emma.-Dilios falou antes de seguir com os outros guerreiros em busca da guerra.

Emma correu até o rei que se despedia de sua rainha  e seu filho, eram os últimos nos campos de trigo.

—Rei Leônidas.-Ela curvou-se e levantou-se rapidamente. -Por favor, cuide de Dilios.

—É o que tenho tentado fazer, minha jovem. Não se preocupe tanto, somos Espartanos, afinal. Como está sua filha?

—Ela está bem, vejo o pai dela em sua aparência a cada vez que deito meus olhos em si.

—Ótimo. Espero vir a conhecê-la quando eu retornar.

—Certamente, Senhor. Vão e voltem em paz.

Leônidas partiu, a deixando sozinha na imensidão dourada dos campos de trigo.

Uma semana se passou, nenhuma notícia. Um mês se entendeu ao seu redor, e em seguida, dois. Emma agarrava-se a esperança como a um pedaço de madeira para um náufrago. Três meses se passaram. A angústia aumentava a cada pôr-do-sol. E afinal... ele retornou.

Ao longe ela o viu, Emma estava na frente de casa, o jarro de porcelana que segurava em suas mãos, despencou. E num misto de desespero e felicidade, ela correu em direção a ele e jogou-se em seus braços. A lança e a espada que ele carregava, também encontraram a terra. Emma sentiu cheiro de sangue, o pavor a preencheu quando ao olhar para o rosto de Dilios viu seu olho esquerdo completamente destruído, rasgado ao meio, provavelmente  tal ato feito por alguma maldita espada persa.

—Dilios...-Sussurou ela,quase impossibilitada de falar, tomada pelo misto de emoção, medo, saudade e também amor.

—Você está bem? -Ainda assim, sua segurança era o que importava para ele. Aquilo a fazia amá-lo ainda mais.

—Meu amor, precisa tratar disto. -Ela o avisou, carinhosamente. Rasgando uma parte de seu vestido, e o enrolando no rosto dele, na parte ferida.

—Onde estão os outros? -Perguntou ela.

O silêncio se fez perturbador, mas não mais do que a resposta que se seguiria. Emma tremeu.

—Dilios?... Onde estão os outros? E o nosso rei?

O guerreiro juntou seus próprios pedaços, e do fundo da alma, a respondeu.

—Não há mais rei em Esparta.

Emma já havia experimentado várias sensações de dor, porém o que aquilo lhe proporcionou a rasgou por dentro, e ela não conseguiu reagir.

—Leônidas e todos os outros...se foram. -Dilios disse em um tom fraco, antes de fraquejar sob seus joelhos. Emma precisou encontrar forças para conduzi-lo até a casa. Os pouquíssimos restantes raios de sol restavam no céu, era quase hora de Doreah partir quando Emma pediu sua ajuda para apoiar Dilios na cama. Rapidamente descobriu de onde vinha o cheiro de sangue, além do tecido já umedecido em seu olho, reparou que ele apoiava um corte no braço, que não poderia ser negligenciado. Dilios gemeu baixinho pela dor causada aos cortes que eram limpos.

—Calma, meu querido. Vai ficar bem.

Depois de limpo, Emma dispensou Doreah, garantindo que estava tudo sob seu controle.

—Como se sente?-Emma perguntou, deslizando para o lado os cabelos bagunçados e sujos de poeira e sangue.

—Emma...-Ele sussurou, delirando pela falta de sangue.

—Estou aqui, meu amor. -Ela se aproximou dele, vendo-o tão machucado, não só por fora, mas terrivelmente devastado sentimentalmente, embora jamais fosse admitir. O que teria acontecido? No momento não importava, não ali, quanto tinha ele perto de si novamente. Ela repôs um tecido limpo no olho ferido, e levantou-se da cama para deixar que ele descansasse. Quando ele tocou seu braço de leve, a pedindo que ficasse. O poder que ele exercia sobre ela ainda fazia efeito, se não maior, ainda que freneticamente. Emma curvou-se para ele, beijando seus lábios, no que o desejo antes reprimido, agora exigia ser saciado.

—Você precisa descansar...-Ela disse. Ele não respondeu, a puxou pela cintura e apoiou em cima de seu quadril. Emma percebeu o quanto ele precisava dela. Não era prudente, sábio ou correto. Mas não importava. Ela desatou os nós da roupa de baixo de Dilios, levantou seu próprio vestido, e mesmo receiosa, o colocou dentro de si. Sentiu-se tremer no mesmo momento, e involuntariamente mexeu-se devagar indo para cima e para baixo, soltando arquejos de prazer,que enevoavam sua mente, deixando de lado todas as preocupações. Dilios sussurrou uma palavra vulgar, baixinho, como se tentasse se reprimir, para que não a machucasse. Emma não deixaria isso acontecer. Ela montou-se com força em cima dele.

—Não se preocupe.-Ela pediu, com o tom atormentado. Precisava dele, já fazia tanto tempo...

Tudo nela era uma constante tentação para Dilios, e quando estava dentro dela, sentindo-a tão apertada,era uma tortura. A melhor de todas. Vê-la se contorcendo suavemente quando seu próprio orgasmo chegou foi o suficiente para Dilios também alcançar seu próprio prazer. Derramou-se dentro dela, e com a respiração ainda pesada,a viu se retirar de cima dele. Emma estava corada, ofegante, linda como sempre. Saiu rapidamente e voltou com um pano úmido, agachou-se limpando Dilios e recolocando sua roupa de baixo. Emma levantou, mas Dilios a puxou um pouco mais bruscamente.

—Fique comigo?

Ela observou-o por pouco tempo antes de desviar o olhar. Claramente envergonhada.

—Necessito me banhar. Volto em seguida.-Ela o disse, soltando delicadamente seu braço da mão dele.

Dilios a viu se afastar. Não sabia o que faria em relação a Esparta.A recente solidão trouxe lembrança à dor que carregava em seu pensamento. Se pensasse sobre isto, seria ainda mais agonizante. Passaram-se alguns minutos até que ela voltou, havia mudado o vestido para um com um tom vermelho forte, tinha um ajuste próximo ao corpo, com um comprimento até as coxas e dava foco ao decote. Ela aproximou-se e deitou ao lado dele, aninhando-se ao seu peito.

—Eu sinto muito.-Falou baixinho ao ouvido dele, com a voz suave. Dilios compreendeu que não era o único que estava sofrendo. Deu-lhe um beijo na testa e em seguida nos lábios, como forma do mais profundo afeto. Pensaria sobre o que fazer quando a manhã chegasse. O tempo estava correndo, mas para eles, finalmente juntos, nada mais importava naquele momento. O tempo é inimigo dos amantes, mas nenhuma guerra se compara a sina de ter o verdadeiro amor em seus braços, e saber que pode vir a perdê-lo.

 


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