Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 19
Esquecimento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671790/chapter/19

 

 

Xerxes estava impaciente àquela manhã, ainda mais que o usual. Um de seus principais aborrecimentos era Artemísia, sempre foi uma das melhores estrategistas e uma comandante naval imparável. Entretanto, de tempos em tempos mostrava-se insubordinada e não dava a mínima importância à suas ordens. Muitas vezes já pensara em se livrar dela, mas perder Artemísia seria irreparável tanto para sua futura rainha, como para suas obrigações com o reino, já que ela comandava sua maior frota de navios. O deus-rei ordenou que trouxessem Artemísia na sala principal de seu palácio. Quando ela chegou, Xerxes perguntou como ia a organização do sua armada.

—Está quase perfeita, ainda preciso inspecionar alguns navios, mas... o que realmente me preocupa são os outros subordinados que estão por chegar. Demorará meses, não precisamos destruir toda a Grécia, não agora. Emma está em Esparta, temos homens suficientes...

—Os espartanos possuem a fama de melhores guerreiros do mundo.

—Não me importa. Não é mais de seu interesse o resgate da minha irmã? -Sou o maior interessado no resgate dela.

"Não fale tal estupidez, ela é minha irmã, seu idiota dourado" Artemísia pensou, mas se manteve quieta.

—Farei o possível para apressar ao máximo a reunião de todo o seu exército.

—Está dispensada.-Ele lhe apontou a saída. Artemísia virou de costas, sentindo-se grata de não ter que aturá-lo mais tempo. Porém, ao se aproximar da saída, uma nuvem negra embaçou seu pensamento.

—Apenas um questionamento.-disse ela, voltando.

Os guardas a encurralaram, mas Xerxes lhe deu livre acesso de volta. Artemísia se aproximou do trono.

—Quando a minha irmã estiver de volta, o que pensa em fazer com ela? Não vai castigá-la pelo ato impensado de fugir não é?

—Eu sou o rei, tenho a obrigação de punir aqueles que desobedecem minhas ordens. A fúria tomou conta de Artemísia, transbordando por seus olhos azuis. Os que já tinham sido a última visão de muitos miseráveis.

—Se você tocar na minha irmã, será a última coisa que vai fazer.

—Acredito que suas costas estão cicatrizadas o suficiente, não acha? Estou cansado de suas insubordinações. Desta vez a perdoarei, apenas por amor à Emma, mas experimente ameaçar seu rei novamente, e nem toda a súplica que qualquer um ouse fazer será necessária para impedir que eu acabe com sua vida. Artemísia teve que suportar a vontade de matá-lo.

—Vai obrigá-la a se casar?

—Ela se casará comigo.

—E se ela se recusar?

Xerxes sorriu. Um sorriso degradante.

—Ela se casará comigo.

Emma abriu os olhos para mais um dia, onde não fazia questão de levantar da cama. Mas não pôde apenas ficar deitada e chorando, Doreah já havia chegado, bateu na porta duas vezes e chamou por Emma. Ela levantou da cama, arrumou um pouco os cabelos, e abriu a porta para Doreah.

—Bom dia, Emma!-ela lhe disse animadamente.

—Bom dia, querida.-Ela lhe respondeu ainda esfregando os olhos.

—Não está se alimentando bem, minha jovem? Parece um pouco... pálida.

—Ah, não se preocupe. Só estou um pouco cansada. Desculpe, não poderei lhe fazer companhia hoje.

—Não há problema, vá descansar. Mas gostaria de um desjejum leve?

—Não, obrigada. Quem sabe no meio da tarde.

Emma voltou para a cama, cobriu-se com os lençóis brancos até a cabeça, e mergulhou em sua melancolia.

As horas se passaram, e Emma decidiu que não aguentava mais ficar ali. Decidiu que sairia um pouco. Passava de 18:00 horas.

—Não é bom sair esta hora, minha criança. Ainda nem jantou. Emma se permitiu sorrir, Doreah cuidava dela como uma mãe teria feito. Tentou afastar do pensamento sua irmã, que também a cobria de carinhos.

—Eu prometo que jantarei quando voltar. Doreah costumava deixar a casa de Emma às 19:00, Emma entendia, claro. Ela tinha filhos para cuidar,  eram homens feitos, e provavelmente treinariam com Dilios, mas uma mãe sempre se preocupa com seus filhos, não importam quantas luas tenham ido e vindo. Emma saiu escorando a porta, sentiu o vento frio tocar seu rosto, e balançar seu vestido cinza insistentemente. Depois de pensar não muito tempo, ela caminhou até a área de treinamento pessoal de Esparta. Leônidas estava saindo de lá com seu filho. Eram os últimos que restavam por lá.

—Boa noite, espartanos.-Ela disse sorrindo.

—Emma! O pequeno gritou e correu para ela, a abraçando. Ela se abaixou e o pegou em seu braços.

—Onde você estava esse tempo todo, Emma? O pai disse que eu não podia te visitar porque você não estava mais na casa de Dilios. -Ele disse quando se separaram.

—Bom.. seu pai estava certo, eu tive que me distanciar um pouco, mas estou aqui agora, como você está?-Emma o respondeu claramente desconcertada.

—Filho! Vá encontrar sua mãe, eu tenho que conversar com a moça.

—Sim,pai. Não desapareça, Emma.-Ele saiu correndo.

—Não vou, querido. Leônidas se aproximou dela. Emma fez uma reverência suave.

—Como vai, minha criança?Algum problema?

—Nenhum. Eu só... queria saber como estão as coisas por aqui. Bom... Ele entendeu o que ela queria dizer, mas não conseguia.

—Eu gostaria de dizer que ele está bem, mas não mentiria para você.

—Por que? O que aconteceu?

—Está aguentando mal a sua perda.-O rei lembrou-se bem de como Dilios havia chegado em sua presença aquela manhã, com a mente ainda enevoada de cerveja e como quase havia deixado sua espada cair enquanto treinavam juntos. Quase, fora de seus sentidos ou não, ele era um guerreiro, e a espada faz parte de seu corpo, como um órgão vital.

Emma percebeu que aquela conversa não melhoraria em nada seu humor.

—Mas, ele não falou nada sobre mim? Não quis me procurar?

—Pediu-me muito que revelasse a casa onde você está.

—E o senhor?

—Apenas o garanti que você estava em segurança. -

Acha que ele melhorará com o tempo?

Leônidas se surpreendeu.

—Com o tempo? O que quer me dizer?

—Não pretendo voltar,quero dizer,escutar nenhuma palavra dele. Reconheço que ele quer me encontrar para talvez pedir perdão,mas, não quero me decepcionar novamente.

O rei lamentou os acontecimentos em silêncio.

—Por favor,ajude ele.-Emma pediu.

—A única maneira seria se me liberasse de minha promessa.

—Dê-lhe um conselho,ao invés.

—É o que mais tenho feito, quando divido meu tempo ao lado dele. Mas vamos lá, minha jovem. O que deseja que eu o diga?

Emma repensou as palavras imaginadas anteriormente. Sentiu a noite que havia esfriado ainda mais, gelar seu coração.

—Diga-lhe que me esqueça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Esparta, até a morte." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.