Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oláá!
Eu sei que eu demorei uma eternidade dessa vez, quase um mês
To de férias na Bahia, na casa dos meus avós, e só tem internet na casa da minha prima, é do lado, mas quase não ligo o pc, e quando eu ligava, me fugia inspiração. Na verdade, tenho assistido muitos filmes nos últimos dias e depois de muito tempo, consegui escrever algo decente. Espero que vocês gostem do capítulo!
Até lá embaixo!



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Oh, vamos voltar pro começo
Correndo em círculos, perseguindo a cauda
Cabeças numa ciência à parte
The Scientist - Coldplay

 

 

Capítulo 31

 – Eu estou pensando em me mudar para os Estados Unidos. Lá tem uma sede da empresa. Acho que seria bom para...

— Para o que? Voltar para aquela sua vida? – Giuseppe retrucou, bebendo um gole do uísque. Damon fechou as mãos em punho, e respirou fundo, tentando se controlar.

— Já se passaram dez anos, eu já provei meu valor. Há dez anos eu desisti de tudo para seguir as suas ordens. Vocês não pediram minha opinião e eu não tive escolha. Eu estou cansado disso, sabia? – Damon o encarou com raiva, as veias saltadas. Giuseppe arqueou uma sobrancelha.

— Não fez mais do que a obrigação, depois de viver sem ligar para nossas regras. Devia se sentir grato. O que seria de você se não tivéssemos intervido?

— Giuseppe! – Lillian parou o marido, olhando com pesar para o filho.

Ao longo dos anos, viu o brilho de felicidade ir se perdendo na mesma velocidade em que ele se afogou no trabalho. Em menos de um ano, Damon se tornou o melhor presidente que aquela empresa já teve, incluindo ela mesma. Enquanto seu marido ficava feliz com o sucesso do nome da família, ela sofria cada vez que olhava para o filho.

— Não o defenda, Lilian...

— Eu não estou pedindo a permissão de vocês, estou avisando.

— Eu entendo, meu filho – Lilian sorriu, acariciando o braço de Damon – Depois de Charlotte, deve ser difícil continuar.

Charlotte não era o motivo, e os três naquela sala sabiam disso, mas nenhum deles negaria aquilo, a imagem da falecida esposa do Salvatore mais velho ainda estava viva na cabeça de todos.

— Bom... – Giuseppe colocou o copo vazio sobre a mesa de centro e se voltou ao filho, ainda contrariado – Vai quando?

— Eu ainda não sei. Tenho que organizar muitas coisas ainda para a minha ida, e quero chegar lá com trabalhos marcados.

— Estou orgulhosa de você, Damon – Lilian sorriu, tentando ver um sorriso no rosto do filho. Não aconteceu.

— Bom, eu tenho que ir. Quando tiver a viagem marcada, aviso vocês.

— Espero que cumpra sua promessa, Damon – Giuseppe o alertou, encarando o filho com olhos observadores.

— Tchau, pai – Damon sorriu irônico. Pegou o paletó sobre o sofá e seguiu para a saída. Suspirou quase aliviado quando se viu fora daquela casa. O ambiente o fazia mal, era como se tudo de ruim que não o afetava durante a semana, viesse lhe atormentar.

Ele estava tão cansado disso tudo.

xXx

— Archie, você não pode fazer xixi aqui – Eleanor ralhou, brava – A mamãe vai brigar. Mãe, o Archie fez xixi no lugar errado de novo! – Gritou.

Elena logo apareceu na porta, tinha os cabelos meio amarrado, já que por estarem curtos, não amarrava inteiro, e ainda usava um avental – sujo de algo que ela estava inventando na cozinha.

— Archie, o que eu já disse? – Elena suspirou, olhando para o tapete novo, agora sujo de xixi. De certo, não podia culpa-lo, a idade chegava para todos, inclusive para Archie que sempre foi educado e obediente. Mas ao observar melhor, percebeu uma pequena mancha vermelha no meio do sangue. Isso a preocupou – Eleanor, leve o tapete para a lavanderia, depois eu lavo.

— Mas é nojento – A garotinha fez uma careta, a mãe lhe olhou dura.

— Depois você lava as mãos. Leva lá.

Eleanor a obedeceu, ainda que contrariada.

— Tá vendo, Archie? – Eleanor olhou brava para o cachorro, mas sorriu logo que recebeu uma lambida no rosto.

Elena olhou preocupada para Archie, acariciou sua cabeça e depositou um beijinho, fazendo uma nota mental para depois leva-lo no veterinário.

Amava o companheirismo de Archie com as crianças. Enquanto elas cresciam, Archie nunca saia do lado, cuidando no primeiro passo, incentivando na primeira corrida e ensinando a primeira palavra – porque como não podia ser diferente, a primeira coisa pronunciada pelos gêmeos foi “au, au”, e isso foi usado por um longo tempo em diferentes entonações para nomear seus quereres.

Mas ainda sendo criados igualmente, as personalidades de ambos não poderiam ser mais diferentes. Dante era alegre, animado, simpático, extrovertido... fazia amizade fácil e era sincero sobre tudo. Amava os animais – qualquer um –, e assim como os pais, amava se embrenhar na cozinha com a mãe. Era livre, solto, amava Elena, mas aos nove anos não dependia mais tanto assim dela, gostava de se classificar como o homem da casa, e Elena nunca negava. Archie era seu melhor amigo desde o berço, estavam juntos a todo momento. E eram esses momentos que fazia Elena ter certeza de que estava fazendo tudo certo.

Já Eleanor... ela era muito mais Elena do que qualquer pessoa. Além de ser a cara da mãe, a personalidade também era parecida. Eleanor sempre foi mais introvertida que o irmão, mas sabia se impor e mostrar sua opinião. Amava brincar com o irmão, mas não era adepta a outras amizades, o que as vezes preocupava Elena, mas era só ela mostrar aquele sorriso imenso – e agora banguela – para Elena acalmar o coração. Eleanor sempre foi mais retraída com os amigos, e apesar de ser apegada a Archie e amá-lo, sempre dizia que preferia gatos ­– tirando Archie. Ela não era tão independente quanto o irmão e não conseguia ficar muito tempo longe da mãe, Elena não podia negar que amava isso.

Elena se sentia grata por tudo, pelos filhos, pela loja de doces, pela casa que possuía depois de tanto tempo tentando. A vida depois de anos, lhe sorriu, e agora ela aproveitava essa calmaria.

Já passava das três quando ela chamou as crianças para comer o bolo que havia feito. Havia passado na loja pela manhã e voltou na hora de buscar as crianças na escola. Gostava de passar a tarde com eles, e eles também amavam. Por causa da loja, não era sempre que Elena podia dar atenção a eles. Na verdade, nos primeiros anos das vidas das crianças, Elena foi um pouco distante. Era difícil conciliar a criação dos gêmeos e os estudos. Houve momentos que ela sentia que ia perder a cabeça. Não foram poucas as noites que ela passou em claro chorando por ser uma péssima mãe.

Mas agora, as coisas começavam a mudar. Com a loja e seu nome crescendo cada vez mais, ela finalmente tinha tempo para eles e agora só pensava em mimá-los para compensar o passado.

— Mamãe! – Dante apareceu na porta da cozinha. Ele estava... estranho. Suor escorria por seu pescoço, e embaixo de seus braços formavam pizzas, os cabelos negros estavam bagunçados e ele ofegava, o peito subindo e descendo. Se fosse só isso, Elena imaginaria que ele houvesse corrido demais enquanto brincava, mas sua expressão preocupada, aterrorizada, aterrorizou ela também.

— Dante? O que houve? – Elena largou o pano de prato sobre a mesa e se aproximou dele. Acariciando seu rosto soado.

— O Archie, mamãe... o Archie!

Elena correu. Seu coração acelerado no peito, a preocupação batendo como se fosse um de seus filhos. Ao atravessar a porta dos fundos, seu coração encolheu três vezes mais. Archie estava caído, deitado quase em uma posição fetal, como se sentisse dor. Sua expressão era sofredora e ele chorava baixinho.

Elena se aproximou, alisando seu pelo em uma caricia leve, quase não o tocava, temendo machuca-lo ainda mais.

— Vou cuidar de você, meu amor, vou cuidar de você... – Ela segurou as lágrimas e o pegou no colo, percebendo que seu peso já não era o mesmo de sempre.

A correria seguinte foi gritante. Elena agiu com adrenalina. Colocou as crianças e Archie no carro e após uma ligação rápida para Jo, deixou eles na casa dela, sem explicar muito.

O olhar dos gêmeos – atrás da proteção das cercas da casa de Jo – visto pelo retrovisor naquele fim de tarde... Elena nunca se esqueceria. Estaria para sempre gravado no mais fundo dela.

Ela correu até o veterinário como nunca correu antes. Entrou gritando por ajuda no centro de animais pela emergência, com Archie nos braços. As lágrimas começando a escorrer, o medo a assolando. Não demorou para uma maca vir e ela ter que colocar seu primeiro filho sobre. Era como se uma parte dela fosse junto ao ver a maca sumir dentro de uma porta.

Os minutos e horas seguintes passaram por ela como um borrão. Ela assinou papeis consentindo exames de emergência em Archie, viu pessoas e animais passarem por ela na sala de espera, viu sorrisos e lágrimas, viu inúmeros jalecos e inúmeros rostos. Até que enfim – depois de horas –, seu nome foi chamado e apertando a alça da bolsa no ombro, ela entrou na sala do veterinário. A expressão dele não era dos melhores.

— Senhorita Flemming – Ele iniciou. Ainda era estranho ouvir o sobrenome da mãe ser usado por ela, mas foi sua escolha ao lançar o nome na mídia, e agora o usava em todos os momentos – As noticias não são boas.

— Por favor... fala logo – Ela pediu, a voz saindo num sussurro, rouca depois de tanto chorar.

— Nós fizemos uma bateria de exames, e com o exame de urina confirmamos o que o Archie tem – Ele hesitou – O que ele tem se chama Adeocarcinoma renal, é um câncer nos rins. Eu não vou te enganar, Elena, o Archie não tem mais idade para cirurgia, ela é de alto risco para ele. Além da idade, o câncer já se espalhou demais e ele está sofrendo muito. Podemos trata-lo, mas a taxa de de sucesso é muito baixa.

— E então, eu tenho que ver meu cachorro sofrer? – Elena só percebeu que chorava novamente quando ouviu um soluço escapar de sua garganta – Como eu não percebi antes? Se eu tivesse percebido... talvez ele estivesse bem agora... Deus!

— Mesmo antes, Elena. O Archie é um cachorro velho, não podemos fazer a cirurgia e o tratamento é complicado. Alguns meses mais cedo, não faria diferença. Eu sinto muito.

— E... e quais são... as opções? – Ela perguntou, tentando segurar as lágrimas, sem sucesso.

— O Archie está sofrendo, Elena, sentindo muita dor...

— Eu sei, eu entendi isso! – Ela gritou, o peito subindo e descendo de ansiedade e preocupação – Eu quero saber o que eu posso fazer para parar o sofrimento dele – Ela não queria ver aquele olhar de pena do doutor, a fazia se sentir pior, porque mesmo que ele não houvesse dito nada, ela sabia qual era sua próxima palavra.

— Eutanásia.


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Notas finais do capítulo

Quem mais tá sofrendo comigo? Geeeente, to mal, to triste, já chorei tanto pelo Archie, me sinto uma pessoa cruel, espero que vocês possam me perdoar, e no processo, se preparem para o próximo capítulo porque esse vai arrasar com vocês.
Espero que tenham gostado
E nos vemos lá nos comentários!



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