Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora, mas esse capítulo deu muito trabalho.
Espero que gostem!



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Por eu ser ruim e lenta no amor
Estou um passo atrasada mais uma vez
Finalmente cheguei até o seu coração
Mas, onde você foi?

Melody Day - I'll Be Waiting

A noite, perto das dez da noite, Stefan disse que estava cansado depois do dia cheio de trabalho e estudo da faculdade. Stefan era extremamente perfeccionista em tudo o que fazia, eu percebi isso depois de todo esses dias morando com ele.

Quando terminei o café que tomava, voltei para a cozinha para deixar a xícara na pia. Eu estava com fome, passei o dia todo apenas na companhia de Stefan fora o tempo em que eu estava com Marcel. Talvez o ronco do meu estomago tenha sido a chave para eu ir abrir os armários em busca de algo para comer, mas como eu imaginei, não havia nada pronto, ou congelado. Na geladeira haviam todos os tipos de legumes e frutas, enroladas em um plástico especial para não estragar com o passar do tempo.

Naquele momento, também, eu pensei que eu poderia ser capaz de preparar uma refeição para mim mesma, não é como se eu nunca houvesse feito. Ok... miojo não era bem considerado “preparado”, mas ainda assim era uma refeição, certo?

Ok, eu era capaz de fazer isso! Foi o que eu disse a mim mesma.

Mas sem uma receita, era mais impossível que... qualquer coisa. Comecei a abrir os armários em busca de algum caderno de receita, afinal Damon com certeza deveria ter algum por aqui, foi então que em uma das portas eu encontrei. Era um caderno, daqueles de escrever mesmo e não apenas um que você compra já com receitas.

O caderno era azul, e quando o abri, notei que as folhas foram colocadas por ele mesmo, Damon. Folheando-o, eu percebi que não era um simples caderno de receitas, parecia mais algo como... um diário de receitas. Essa definição pode soar estranha, mas se aplicava muito bem àquilo que eu segurava.

Não haviam apenas ingredientes e modo de preparo, ali estavam várias anotações de Damon, escritos à mão, com opinião e a descrição de como foi preparar tal receita pela primeira vez.

Eu abri o caderno no meio, era uma receita de sopa de legumes de frango. A primeira parte continha os ingredientes, e embaixo o modo de preparo, do outro lado, Damon escreveu algo... interessante. Eu me sentei na cadeira da cozinha, com o caderno no colo e comecei a ler.

A sopa foi mais difícil que eu pensei, acho que cortar batata não é para mim. Quando eu a descasquei, tirei uma tira muito grossa, e quando fui cortar em cubinhos, a faca escapou da minha mão e acabei cortando errado, uma parte da batata acabou caindo no chão.

Enquanto lia os fracassos dele, me perguntei de que ano era aquele caderno, ou aquela receita apenas. Damon me disse que cozinhava a muito tempo, e eu já vi ele cortando legumes, o quanto ele é bom nisso, nunca imaginei que um dia ele pudesse ter sido ruim naquilo que ele faz de melhor atualmente.

Não sei se era correta, mas os fracassos de Damon contidos naquele caderno me animou, e dentre tantas receitas, achei uma que me chamou a atenção: macarrão à carbonara.

O primeiro passo da receita era fritar o bacon... ok, isso não deveria ser muito difícil, certo? Esperemos que não. Para não correr riscos, fui pesquisar na internet como se fritava bacon, acho que foi a melhor decisão que tomei na vida. Descobri que não precisava usar óleo – eu teria usado – porque o bacon já tinha muita gordura, e era só ir mexendo até chegar no ponto. Qual era o ponto? Ótima pergunta. Espero saber quando chegar no ponto.

Depois de alguns minutos, o bacon começou a dourar e quando achei que era o suficiente, desliguei o fogo. Peguei um garfo e espetei em um bacon, provando. Não havia ficado tão ruim, acho que aceitei o ponto. Estava crocante!

O segundo passo era colocar o macarrão para cozinhar. Essa era a pior. Eu já havia tentado fazer macarrão outras vezes... não deu muito certo. Mas vamos lá, esse é o caderno do Damon, deve ter alguma divindade que ajude quem usá-lo. Ok, vou acreditar nisso!

Em uma bandeja não muito grande, quebrei um ovo... tudo bem, foram três. Na receita estava escrito três, mas acabei quebrando dois ovos fora da bandeja, um caiu na pia, e outro no chão, sujando minha bota. Ótimo! Larguei a badeja e limpei o chão, depois minha bota, quase chorando por ela, espero que não estrague! Depois de limpar o chão, comecei a bater os ovos com um garfo... sério, havia coisa mais chata que aquilo? Logo meu pulso começou a doer, e voavam pingos de ovos para todos os lados, mas foi divertido observar a mudança deles enquanto eu batia.

O próximo passo era temperar com sal, pimenta e queijo ralado... tudo do tanto que você quiser! Pior do que eu tentar fazer um macarrão, era eu ter que decidir a quantidade de algo. Então, rezando para tudo que era santo, coloquei pequena quantidade de cada um deles na bandeja de ovos batidos.

Quando o macarrão ficou pronto, o escorri – uma tarefa que foi bem difícil, demorei um tempo para descobrir como fazer isso – e o despejei na bandeja de ovos, misturando tudo. Pelo que estava escrito ali, o calor da massa do macarrão cozinha os ovos.

O último passo era simplesmente colocar os bacons sobre o macarrão e servir. E estava pronto!

E isso me chocou... muito! Eu finalmente havia conseguido preparar uma comida... comestível! Tudo bem, eu não havia experimentado ainda, mas a cara estava boa, pelo menos.

Coloquei o macarrão no prato – havia feito duas porções – e me sentei na mesa. Hesitante, enrolei o macarrão no garfo e o levei a boca. E aquilo me chocou ainda mais! Havia ficado realmente gostoso!

Eu não sabia o que havia mudado das tantas vezes em que eu tentei cozinhar sozinha, mas daquela vez eu acertei. Por mais que a cozinha e eu mesma não estejamos no melhor estado, a comida estava boa, e era isso que importava para mim.

Depois que terminei, coloquei o resto em um prato e enchi um copo de suco natural que Stefan havia feito mais cedo, coloquei tudo em uma bandeja e levei para ele. A cara de Stefan foi cômica quando ele me viu entrando com aquilo.

— O que aconteceu? – Ele perguntou olhando para o prato de macarrão.

— Isso é a minha mais nova obra prima – Eu sorri orgulhosa, colocando a bandeja em sua frente, na cama – Prove! – Ele pareceu receoso, mas não se recusou. Eu o observei cheia de expectativa quando ele mastigou e engoliu a primeira garfada – E então?

— O macarrão cozinhou demais – Ele disse, me desanimando um pouco – Mas o bacon e o tempero está no ponto. O tempero está muito bom!

— Sério? – Perguntei um pouco chocada – Gostou mesmo?

— Se você treinar mais, aposto que vai aprender a cozinhar bem – Stefan respondeu – Obrigado por preparar isso, eu já estava me perguntando o que faria para jantarmos.

— De nada – Respondi automaticamente, um pouco encantada pelo elogio ainda.

Depois disso, eu voltei para a cozinha para limpar toda aquela bagunça, e guardei o caderno de Damon na onde havia encontrado. Eu não sei se ele ficaria chateado por eu ter pego aquilo, mas nunca me esquecerei das suas palavras ali que me deram confiança naquilo que eu achei nunca ser capaz de fazer bem: cozinhar.

Stefan tinha razão, talvez se eu me esforçasse, eu aprenderia a cozinhar! E eu não me deixaria abater facilmente.

Depois de limpar a cozinha – e dar um jeito de tirar o cheiro de ovo da minha bota – voltei para o quarto. Astrid estava dormindo preguiçosamente sobre o meu travesseiro, e Archie estava sentado no sofá da janela, parecendo concentrado no jardim. Ele moveu a cabeça para mim quando sentiu meu cheiro e latiu.

— Olá, bebê – Eu me sentei ao seu lado, beijando seu pescoço – Como foi seu dia? O meu foi muito especial. Eu sei que você odeia minha comida, mas a que eu fiz hoje, aposto que você amaria – Eu sorri – Ainda está mal? Amanhã eu te levarei no veterinário, ok? Não te deixarei assim.

xXx

A manhã chegou extremamente rápida. Tomei um banho e me vesti, simples, uma calça jeans, uma camisa e um casaco, com a mesma bota que eu usava na noite anterior. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo e passei um perfume. Chamei Archie e ele me acompanhou até a garagem, onde sem demora me deixou colocar a coleira nele, então fomos para a entrada da casa esperar Marcel. Dois minutos depois ele chegou.

— Olá garotão – Como sempre, Marcel falava primeiro com o cachorro, revirei os olhos sorrindo – Como é que você está? – Ele perguntou, se abaixando para fazer um carinho nele – Oi, Elena – Marcel me abraçou, me dando um beijo na testa – Como você está?

— Confiante – Eu sorri, fazendo carinho na cabeça de Archie – E você?

— Vamos entrar – Ele ignorou minha pergunta e abriu a porta do carro para Archie, no mesmo instante o cachorro pulou para dentro, só então eu notei o cinto de segurança próprio para cachorro ali, mas Marcel não tinha cachorro. Eu olhei para ele interrogativa, mas ele apenas deu de ombros, ajeitou Archie e fechou a portar, me encarando com um pequeno sorriso – Eu imaginei que já que você não tem carro, não tem o cinco. Não se preocupe com isso.

— Mas você não precisava ter gastado dinheiro com isso, Marcel – Retruquei, mas ele ignorou completamente, abrindo a porta para mim e me fazendo entrar. Ele deu a volta no carro e depois entrou.

— Não se preocupe com isso, Elena – Ele repetiu, revirando os olhos – Então, onde fica o veterinário?

Eu lhe passei o endereço. Eu sempre passei em um veterinário no centro da cidade, mas dois meses atrás ele levou a clínica para o interior e até então eu não tinha motivos para procurar um novo. Procurei na internet alguma clinica boa, e vi uma que possuía várias comentários positivos sobre o tratamento e atendimento.

— Eu estou pensando em começar a procurar um lugar para morar – Eu disse, de repente. Marcel me encarou com o cenho franzido, estávamos presos no farol.

— Achei que você gostasse da companhia do Stefan – Ele disse.

— E gosto, mas... eu não posso abusar da hospitalidade deles, e algo me diz que eu tenho que sair daquela casa o quanto antes – Meu coração me dizia isso, e eu tinha medo de sair de lá.

— Tudo bem – Marcel assentiu – Vou te ajudar a encontrar um bom lugar.

— Você é a minha fada madrinha agora? – Eu ri, batendo em seu ombro. Mas eu me sentia grata por tudo que Marcel vinha fazendo por mim – Obrigada – Sorri gentilmente para ele, observando o caminho pela janela em seguida.

Marcel parou o carro em frente a clínica veterinária e entramos, com Archie em meu encalço. Fui até a recepcionista e a chamei.

— Olá, eu tenho uma consulta marcada às dez – Eu disse – Meu nome é Elena Gilbert.

— Ah sim – Ela assentiu – Preencha esse formulário e logo depois você será chamada.

— Obrigada.

Eu peguei o formulário e fui me sentar ao lado de Marcel que segurava a coleira de Archie. O formulário tinha perguntas simples que em pouco tempo eu respondi – perguntas como nome do animal, sintomas, idade... essas coisas. Entreguei-o a recepcionista e tornei a me sentar. Marcel não dizia nada, e eu não fazia questão, estava deveras preocupada com Archie que possuía o olhar tão triste.

Depois de alguns minutos, fui chamada. Marcel ficou na sala de espera e eu entrei.

— Bom dia – Disse o doutor e pensei que aquela voz não me era estranha. Ergui a cabeça e o olhei... Era Matt! Matt Donovan!

— Matt? – Perguntei ainda incerta.

— Elena! – Matt se levantou e se aproximou me dando um beijo simples na bochecha, não éramos tão íntimos para um abraço — Que honra tê-la aqui – ele disse voltando a se sentar atrás da mesa de vidro.

— Sua clínica foi bem recomendada – Eu sorri, me sentando.

— Fico feliz, mas o que esse garotão tem? – Ele perguntou, olhando com carinho para Archie.

— Ele anda meio distraído, não come direito, fica sempre no quarto ou no jardim. O Archie é bem animado, vive correndo e latindo, mas... ele está desanimado esses dias – Eu disse, triste, acariciando a cabeça de Archie que apoiou o queixo em minha coxa, choramingando.

— Houve alguma mudança recente na vida dele? – Matt me perguntou, anotando em um bloco de papel.

— Bom... nós mudamos de casa, antes morávamos em um apartamento e agora moramos em uma casa que tem até jardim, não entendo o motivo dele estar assim – Respondi.

— Nessa casa são só vocês ou tem pessoas que ele não costumava conviver?

— Tem eu e mais dois amigos – Só notei o quanto soava estranha falar aquilo quando já tinha saído – mas Archie gosta deles, na verdade, ele se apegou muito a um deles – Me lembrei de Damon.

— Esse seu amigo gosta dele também?

— Acho que sim – Dei de ombros – Mas ele viajou faz alguns dias.

— Então deve ser isso. O Archie provavelmente está com depressão canina – Matt disse, largando a caneta e juntando as mãos – Os animais tendem a sofrer com mudanças repentinas. Sempre foram vocês dois em um lugar pequeno e de repente, há mais pessoas e um ambiente maior, mas na velocidade que vem, vai. Qualquer um se abala, o seu cachorro não é diferente.

— Mas ele vai ficar bem? – Perguntei preocupada.

— Claro que vai. Vou receitar alguns remédios para ele, o Archie vai ficar logo, logo – Matt assegurou.

Para confirmar, Matt ainda exigiu alguns exames que logo saíram. Archie realmente não estava com nenhuma doença, a não ser psicológico. Matt tinha razão, Archie também se abala, não apenas nós, pessoas.

— Que bom que não era nada grave – Disse Marcel assim que saímos da clínica. Matt havia receitado meu cachorro e eu só precisaria começar o tratamento amanhã.

— Sim, fiquei aliviada. O Matt disse que tem um pet shop por aqui, vamos lá, eu tenho eu comprar os remédios do Archie.

— Matt? Vocês já se conheciam? – Marcel perguntou enquanto caminhávamos, o pet shop não era longe, então fomos a pé mesmo. Ele parecia... desconfiado?

— Sim, estudamos juntos. A primeira vez que eu no Nostro Impero, Matt também estava lá, era nosso encontro de turma – Eu expliquei.

— Vocês... tiveram algo? – Quando Marcel perguntou, minha única reação foi gargalhar e olhar para ele perplexa.

— Você está louco? Da onde tirou essa ideia? – Eu perguntei, limpando as lágrimas que haviam se acumulado em meus olhos depois de rir tanto.

— Não... é que... – Marcel parecia envergonhado. Ele colocou as mãos nos bolsos da jaqueta e olhou para os lados, evitando me encarar.

— Ei! – Eu bati meu ombro em seu braço, geralmente seria ombro com ombro, mas ele era muito alto para meu ombro alcançar o dele – Tudo bem. Matt faz parte da minha turma louca. Eu namorei um dos melhores amigos dele. Kol Makaelson.

— Kol? Esse não é o irmão do Elijah? – Marcel me perguntou, franzindo o cenho.

— O que? Não... impossível – Eu ri de escarnio, rezando para todas as divindades que eles não fossem irmãos.

— Pelo que eu lembre, eles também tem uma irmã, o nome dela é...

— Rebekah? – Indaguei.

— Isso! – Pronto, eu podia cair morta já.

— Ah, sério! – Chutei uma pedrinha no chão, com raiva – Uma cidade tão grande e eles tem que ser irmãos? Eles são todos dos mesmos pais e mães?

— Pelo que eu sei, sim – Marcel riu – E ainda tem mais um irmão, o mais velho, Finn.

— Jesus amado, essa mãe é incrível, viu! Mas coitada, esperar tanto por bebês e quando vem, vem Kol e Rebekah, que decepção!

— Você não gosta deles? Disse que até namorou o Kol! – Marcel me perguntou assim que entramos no pet shop

— Rebekah sempre me odiou, e o Kol é... um pouco grudento demais – Revirei os olhos, entregando a receita para o atendente que logo foi buscar os dois remédios que Matt receitou.

Logo o atendente voltou e eu fui para o caixa, mas quando fui pagar, Marcel sacou uma nota da carteira e pagou para mim, mais rápido que um flash, eu olhei para ele chocada.

— Já falei para você parar de fazer isso! – Eu disse, irritada.

— Não posso evitar – Ele apenas sorriu, me fazendo revirar os olhos.

— Vocês formam um belo casal – Disse a mulher do caixa. Eu olhei para ele chocada.

— Casal? Mas nós não...

— Vamos lá – Antes que eu respondesse a mulher, Marcel pegou minha mão e me puxou para fora do pet shop. O olhei confusa, mas não disse nada.

Caminhamos de volta para o carro em silencio, mas não era desconfortável, acho que Marcel era uma das poucas pessoas em que independente do ambiente ou momento, eu sempre me sentia bem e à vontade em sua companhia.

Depois de alguns minutos, chegamos em casa. Marcel se virou para mim com um pequeno sorriso, até satisfeito, eu diria.

— Foi um prazer acompanha-la hoje, senhorita Gilbert – Ele disse. Eu ri, balançando a cabeça.

— Obrigada por isso, Marcel. Isso e várias outras coisas – Sorri, acariciando sua bochecha que estava com a barba por fazer, como sempre, mas a barba em Marcel ficava... despojado.

— Não foi nada, você sabe – Ele piscou um olho – Vou olhar algumas casas e apartamentos para você essa semana, quem sabe até o final de semana você já não se muda.

— Espero, não quero ficar aqui por muito tempo – Apontei para pensão Salvatore atrás de mim.

Me despedi de Marcel e entrei com Archie. Stefan não estava, então eu segui para o quarto. Já era a hora do almoço, mas eu não estava com fome. Coloquei comida para Archie e Astrid e fui me sentar no sofá da janela, com o notebook em mãos, então comecei a procurar apartamentos e casas para alugar.

A semana se passou rápida e extremamente corrida. Desde o final de semana eu procurava um lugar para morar, e visitei vários, na quinta-feira encontrei um apartamento decorado que parecia valer a pena, e fechei o negócio, já naquele mesmo dia comecei a arrumar minhas coisas, mas Stefan me fez prometer que me mudaria apenas no final de semana, já que eu e todos eles estavam ocupados demais com o restaurante e as demais coisas, e eles queriam me ajudar na mudança.

Ela passou tão agitada que eu nem me lembrei de Damon! Não me veio na mente a sua falta, e eu não a senti.

No sábado não trabalhamos, e desde cedo todos os caras estavam na pensão Salvatore me ajudando com a mudança, não que houvesse muitas coisas para mudar, mas eles queriam estar comigo.

— Achei que uma mulher solteira fosse ter mais coisas – Disse Klaus carregando uma caixa de papelão.

— Pra que serve essas caixas? – Perguntou Marcel erguendo uma das minhas caixas de coleção.

— Apenas gosto de guardar – Dei de ombros, terminando de arrumar minhas maquiagens em uma das caixas.

— Cada um com sua mania estranha né – Disse Elijah, erguendo minha mala de mão e descendo com ela para o carro de Marcel.

— Você não pode falar nada, Elijah – Klaus gritou para que o irmão pudesse ouvi-lo.

— O que ele coleciona? – Perguntei.

— Você vai se surpreender – Klaus fez suspense – Ponta de lápis colorido.

— Ponta de lápis? – Eu gargalhei – Mas como assim?

— O quarto dele tem uma parte decorada com pontas de lápis...

— É divertido – Elijah deu de ombros quando entrou no quarto – Agora cala a boca e leva essas caixas.

Alguns minutos depois terminamos de levar as coisas para o carro, então nos sentamos na sala, Stefan e Marcel apareceram com uma bandeja de lanches e sucos.

— Opa, agora sim – Eu disse, me erguendo para pegar um lanche.

— Não seja gorda, Elena – Disse Klaus.

— Ué, não posso comer bem, é? – Indaguei, mostrando a língua infantilmente para ele.

Estávamos em uma conversa animada e descontraída, quando os latidos de Archie no jardim chamou a atenção de todos nós. Eu olhei confusa pela janela, vendo dois carros se aproximar e entrar pelo portão automático em direção a garagem. Um daqueles carros eu conhecia: era o carro de Damon.

— O Damon chegou? – Marcel perguntou, tão confuso quanto todos ali – Achei que ele só vinha no domingo a noite.

— Eu também achei – Disse Stefan se levantando e saindo de casa.

Pela janela eu vi Damon sair da garagem seguido de um casal mais velho e uma garota vestida muito bem. Stefan falou alguma coisa para Damon, e ambos olharam na direção da janela, mas Damon negou com a cabeça e se aproximou da garota, então sumiram do meu campo de visão, e alguns segundos depois entraram dentro de casa.

Damon estava... lindo, como sempre. Usava uma roupa casual, um chapéu que cobria os cabelos negros, sua expressão era séria e eu podia notar o cansaço em seu olhar. Logo notei o quão próximo ele estava da garota ao seu lado. Ela não estava apenas bem vestida, como era também muito bonita. Parecia uma modelo, alta, magra, longos cabelos castanhos e olhos verdes, a pele bem branquinha e um sorriso bonito que parecia... satisfeito.

— Damon! – Todos os caras foram o cumprimentar, cheios de saudade do chefe e amigo. O que eu faria? Deveria ir falar com ele? Estranhamente, eu me sentia desconfortável vendo-o novamente, apesar do meu coração bater tão rapidamente que parecia que ia sair pela minha boca.

— Como é que vocês estão? – Ele perguntou, abraçando todos eles de volta e dando tapinhas nas costas deles – Elena! – Ele não se aproximou para me abraçar ou qualquer outra coisa, apenas acenou, com uma longa distância entre nós.

— Olá! Como foi de viagem? – Perguntei mais pela educação, a garota ao seu lado me dizia com o olhar que a viagem havia sido incrível.

— Muito bem – Ele respondeu – Bom, acho que vocês não conhecem, deixe-me lhes apresentar, estes são os meus pais: Giuseppe e Lillian, e essa... – ele apontou para a bela garota ao seu lado – É Charlotte Madison, minha noiva.

— Noiva? – Klaus perguntou, chocado, esboçando a reação de todos.

Noiva? Ele estava noivo? Então o “desculpe” dele na praia foi por isso? Eu tentei me manter séria e até parecer feliz por ele, quando meu coração estava destroçado e tudo que eu queria era chorar, mas eu não daria aquele gostinho para ele, não quando ele estava... noivo. Damon segurava as costas dela e eles estavam tão próximos... por que ele fez isso? Quais são os motivos daquilo? Ele gostava dela? Mas em duas semanas não dá para tomar uma decisão tão importante quanto essa... certo?

— Bom, meus parabéns, irmão – Stefan, apesar de dar os parabéns em um abraço no irmão, não parecia satisfeito com aquilo. Ele cumprimentou a noiva de Damon e se afastou, indo falar com os pais.

Todos parabenizaram os “noivos” e cumprimentaram os patriarcas Salvatore, quando finalmente chegou a minha vez. Eu me aproximei deles com um pequeno sorriso.

— Parabéns, Damon – Eu disse, não ergui minha mão nem os abracei, quanto menos contato com eles, melhor seria – Espero que vocês sejam muito felizes juntos.

— Obrigada – Charlotte, a garota, disse, pegando no braço de Damon e deitando a cabeça em seu ombro – Eu ouvi que você trabalha no restaurante dele, certo? O que você faz lá?

— A Elena também mora aqui, Charlotte – Disse Damon.

— Não, não mais, estou me mudando hoje mesmo – Eu sorri satisfeita – Bom, se me dão licença, eu tenho muita coisa para fazer.

Cumprimentei os pais de Stefan e Damon e me afastei dali, querendo ir embora o mais rápido possível, acho que Marcel percebeu, porque alguns minutos depois ele me tirou dali sem dizer uma palavra e me levou para o carro, dirigindo até minha mais nova casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar S2 beijos