POV’s Valentina

Assim que cheguei em casa, contei as novidades para a minha tia, disse à ela que não precisava se preocupar muito com as despesas, já que tinha arranjado um emprego. Ela pareceu meio ofendida, mas logo expliquei que era a favor do meu pai e coisas extras para mim. Concordou e disse que qualquer coisa eu poderia pedir a ela. Agradeci novamente pela estadia e ela me convidou para tomar um sorvete numa praça aqui perto, aceitei.

[...]

— Querida, o que acha de lancharmos antes?

— Por mim tudo bem, tia — sorri amigável.

Entramos em uma lanchonete com um movimento considerável. Possuía mesas vermelhas e quadradas. As cadeiras pareciam bem confortáveis e o lugar transmitia uma ótima energia. Parece um lugar legal para vir com amigos.

— Vou ao banheiro. Pode pegar qualquer mesa, certo?

— Certo, tia — me dirigi a uma mesa que ficava encostada na parede e peguei o celular. Havia uma mensagem do Frankie que eu apenas ignorei.

— Ei, está acompanhada? — um garoto de cabelo vermelho chegou sentando no banco que ficava na frente. Bonito o jovem. Estava tão confusa que nem consegui dizer nada. — Algum problema? — sorriu.

— ...Sim! — respondi saindo do transe. Ele pareceu confuso com a resposta.

— Sério? Eu nem fiz nada, garota. Que seja também, tô saindo já.

Rapidamente ele saiu, parecia meio puto. Acho que não entendeu que eu disse sim para a primeira pergunta. Bem, já passou.

— Então, vamos pedir? Eu quero um milk-shake! — tia Agatha perguntou toda empolgada. Faz tempo que ela não tem companhia para esse tipo de coisa.

— Pode ser um para mim também!

POV’s Rosalya

— O que? Não pode chegar nela do nada, idiota. Não ouviu que ela deu um fora no Dake? — o gêmeo de cabelo negro disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E era.

— Armin, o Dake não supera a minha extrema beleza. Fui — dito isto, Castiel se levantou.

Cruzou todo o restaurante até a mesa da Valentina, a mesma parecia bem confusa com a chegada dele. Ficou lá por mero um minuto e voltou para a mesa irritado, o que fez todos rirem, inclusive June que estava emburrada desde que chegamos.

— Eu avisei...

— Cale a boca e faça melhor! — Armin tirou os olhos de seu PSP e os direcionou a face emburrada de Castiel.

— Passo — voltou a focar em seus jogos.

— Chega — me coloquei de pé rapidamente. — Deixa que eu vou.

— O que é isso, Rosalya? Mal terminou com o Leigh e já está de olho na novata? — Alexy me olhou maliciosamente. — Menina rápida. Gosto assim!

— Tão rápida quanto nossa amiga Lola aqui — June disse enquanto ria, finalmente estava voltando ao normal. — Acho que vocês estão andando juntas demais, hein.

— Claro que não! Sabe muito bem em que time eu jogo... — Fiz uma cara de indignada

— June tá infernizando a vida dos outros só porque o Lysandre não tá aqui. Sem descontar nos outros, por favor, bebê — pediu Lola quase ficando irritada. June reconheceu, murmurou um ‘’desculpa’’ e fechou a cara de novo.

— É, Lola. Não vai ser dessa vez... — disse o rapaz de cabelo azul dando leves tapinhas no topo da cabeça da menor.

— Não é nada disso. Eu vou lá cumprimentá-la e pedir desculpas pela falta de experiência do Cast com garotas — apertei uma das bochechas do mesmo, que estava prestes a se defender quando o interrompi. — Calado! Vou falar com ela e chamá-la pra sentar-se conosco. Comportem-se.

— Ou ela ou eu!

Castiel estava começando a ficar irritado de verdade. Odiava ser recusado ou qualquer coisa do tipo. Na verdade, acho que ninguém gosta de ser recusado, mas digamos que Castiel é vinte vezes mais orgulhoso que a maioria das pessoas. June revirou os olhos depois da fala dele, eu já previa algum tipo de merda.

— Pode ir então, já encheu o saco hoje, tá todo nervosinho por nada — como sempre, June disse algo sem pensar, do qual vai se arrepender depois. — O mundo não acaba quando as pessoas falam um "não", sabia?

Queria que ela pensasse um pouco antes de falar... Depois somos nós quem temos que ouvir a choradeira dela por ter magoado alguém e não conseguir pedir desculpa. Castiel saiu do lugar bem puto da vida e todos lançaram um olhar de censura à June, inclusive eu.

— O que? Ele tava insuportável hoje. Eu não sou obrigada a aturar isso. Além de que, eu quero conhecer a garota, e vocês?

— Eu também, ela parece ser legal.

— Claro que você acha ela legal, Lola, ela tem uma vagina.

— Alexy, você sabia que eu não me interesso nas pessoas apenas para relações desse tipo? — explicou com um ar de superioridade.

— Bem vinda ao século XXI, bebê — rimos da fala de Alexy.

Dirigi-me a mesa da Valentina e me apresentei para a tia dela, que me cumprimentou e agradeceu pelo emprego para sua sobrinha. Perguntei a Valentina se ela queria conhecer alguns dos meus amigos, a tal ficou meio receosa por ter vindo passear com a tia. Apesar disso, a tia dela disse que já estava de saída e que não havia problema ela ficar um pouco.

— Então, pessoal, essa é a Valentina. É a garota nova que vai trabalhar comigo na oficina.

— Olá — sorriu e acenou.

— Valentina é um nome grande, acho que precisamos de um apelido. À propósito, sou o Alexy. Aquele com o PSP é meu irmão, o Armin.

Armin deu um breve aceno e um sorriso bem meigo, bem inusitado vindo dele.

— Podem me chamar de Val ou de Tina — mantinha o mesmo sorriso nos lábios.

— E de amor, pode? — antes que Tina respondesse, Lola continuou. — É brincadeira. Pode me chamar Lola — Tina riu e assentiu.

— Oi, sou June — sorriu e acenou de volta. — Expulsei o garoto que te atazanou daqui. Legal, né?

— Ah, você bateu nele?!

— O que? Não, ela não bateu nele, Tina! Não fazemos esse tipo de coisa — explicou Alexy. Tina pareceu um pouco decepcionada com o não.

— Alexy é mentiroso. Eu bati nele, sim. E nós costumamos sair à noite para espancar pessoas aleatórias pela rua. Tipo assim... — June começou a dar tapas de brincadeira em Lola, que revidou. Todos nós rimos.

Depois de conversarmos sobre diversos assuntos, perguntaram em qual série Tina estava, ela revelou que está no 2º ano. Respondemos que também estávamos no 2º ano e começamos a dizer que seria muito louco ter ela na nossa sala.

— Afinal, de qual escola você é? — indagou Lola.

— Vou começar na Sweet Amoris essa segunda-feira.

Todos ficamos calados fitando Tina, até Armin que estava prestando mais atenção no PSP (nada de novo sob o sol) começou a olha-la.

— O que foi? Não conhecem?

Todos ali, exceto Tina, começaram a gargalhar e soltar alguns palavrões aleatórios no meio das risadas. Alexy, Lola e June puxaram Tina para perto deles e começaram a abraça-la e pular com a garota nos braços.

Fiquei receosa, tendo o exemplo do Dake e do Castiel, ela não gostava muito desse tipo de contato rápido. Me enganei. Parece que ela se deu tão bem com o pessoal que até está retribuindo.

Depois de muita conversa jogada fora, vi o celular de Tina vibrar e a avisei. Ela olhou o celular e teve um pequeno espanto.

— Pessoal, foi muito legal conhecer vocês, mas está meio tarde e preciso ir para casa — Lena disse com um sorriso preocupado no rosto e logo se levantou.

— Fala sério, menina! Tá cedo ainda, pode sentando!

— Alexy, já é meio tarde, mesmo — afirmou Armin se levantando e guardando no bolso seu PSP. — Acho que vou para casa também, tenho jogos para upar e você vem comigo — passou por trás de seu irmão lhe dando um tapa na cabeça.

— Que nada! Vou dormir na casa da Lolinha hoje. — Lola o encara subitamente com uma cara de interrogação.

— Posso saber quem te convidou? — disse a pequena menina de cabelos verdes.

— Sua mãe. — Alexy diz com ar de vitória.

— Verdade... Droga. — Lola se faz por derrotada e levanta de seu assento.— June, quer vir?

— Claro, to com saudades da sua mãe!

— Só da sua mãe, Lola — Alexy, implicante como de costume.

— Para de deprimir a garota! Vem cá, Lolinha — a abracei.

— Sobe essa mão que eu tô vendo!— o azulado alerta apontando.

— Então... Foi realmente um prazer conhecê-los! — Tina interrompe sem graça a cena de Alexy.

— Também já te adoramos! — June se aproximou com um sorriso meigo.

— Nos vemos na escola então! — Alexy diz amigavelmente como se não estivesse tentando arrancar Lola de meu abraço.

— Alguém precisa de carona? Eu to com a minha moto — perguntei já com os braços livres antes de me despedir do pessoal.

— Não queria incomodar, mas... Eu meio que não sei como ir pra casa daqui. Minha tia nos trouxe de carro — disse Tina. Coitada, dava pra ver que estava encabulada.

— Sabe o nome da rua? — indaguei.

— Na Lionel Ave, se não me engano.

— Ah, é aqui perto. Os gêmeos moram duas ruas depois — falei despreocupada. — O Armin te leva, relaxa.

— E-eu? — Armin gaguejando? Oi?

— Tem mais alguém com esse nome aqui além de você?

— Olha, não precisa me levar. Só preciso saber como chegar.

— Imagina! P-pode deixar que eu te levo! — Armin se exalta.

— Para de gaguejar, garoto. Tá bobo? — June diz fazendo todos rirem. — Estamos indo. Tina, toma cuidado com o Armin, às vezes ele tem uns acessos de retardo mental.

— Não dê ouvidos a ela — Armin disse envergonhado. — Só vou levar a garota em casa, nada demais!

— Nada demais porque ela não quer! Se ela pedisse, você cairia de boca facilmente. Acha que não percebemos nada hoje, Arminho? — Lola mantinha o sorriso malicioso.

— É, tem razão. Faria mesmo! Vamos Tina!

Pegou no braço de Tina e a puxou para o estacionamento, provavelmente ele estava envergonhado com o que acabara de acontecer.

— Falou sem pensar, idiota. Parece a June.

— Vai à merda, Alexy.

Todos nos despedimos. June e Alexy foram para a casa de Lola com a mesma, Armin levou Tina para casa e eu apenas peguei a minha moto e fui para a minha casa, ansiosa pelo primeiro de aula.