Lia olhava para Gustav. O castanho dos seus olhos penetrava na sua mente, fragilizando-a. Nunca Lia tinha olhado tão fundo na alma dele. Nem nunca ele na dela.
Não sabia o que dizer. Ele sabia que ela gostava de Tom. Mas ela não lhe podia dizer que não. Pelo menos sem tentar antes.
- Gustav, you know I like Tom. I’ll never forgive myself if I don’t try but I can’t give you a chance because that would mean that we liked each other. I’ll give you oportunity to win me over.
Gustav analisou o que Lia disse. Tudo bem que tinha razão: uma chance significava gostarem um do outro e ela não gostava dele. Mas uma oportunidade para ele a conquistar já era boa. Ele quedou-se pela oportunidade.
- Ok. And can I kiss you right know?
- Are you always gonna ask me that before kissing?
Ele riu-se. Aproximou-se e beijou-a.
Lia pensava que o facto de ele beijar bem e de ela gostar era um ponto a favor. Mas ainda faltam muitos pontos para ganhar o jogo.
Lúcia que já estava sem sono e já tinha dado todos os beijos possíveis a Bill, levantara-se e tinha-se dirigido para a zona de estar, na ânsia de alguém estar lá. E estava lá alguém.
- Hum, hum. Desculpem. – disse ela.
Como ainda era de manhã e fora apanhada de surpresa por ver aqueles dois aos beijos, Lúcia falou em Português. Talvez por ela o ter feito, também Lia o fez:
- Lúcia! Já acordaste. Anda para aqui.
Lúcia hesitou.
- Talvez seja melhor não. Falamos depois?
Gustav, que estava corado, levantou-se e foi-se embora para elas ficarem sozinhas, aproveitando o momento para fugir dali. Lúcia sentou-se, então.
- Lia, o que foi isto?
- Lú, vou começar pelo princípio. Peço que me ouças. – começou mas, ao ver a cara da amiga que ia fazer uma pergunta, continuou. – E vou incluir o resultado do teste de gravidez. Tem calma.
Lúcia anuiu. Se Lia ainda não lhe tinha saltado para cima a dizer que a sua vida estava arruinada porque estava grávida de Tom, então era porque não estava.
- Lú, como já deves ter calculado, eu não estou grávida. Eu tinha pedido ao Gustav para pedir a Anna para me comprar um teste. Ela não desconfiou e comprou. Eu fiz esta noite e deu negativo. É um assunto do passado. Quando eu vi o resultado do teste, o Gustav estava comigo e fez-me uma revelação.
Lúcia ouvia, atentamente, com um ar estranho.
- Eu sei que te deves estar a interrogar o que foi e porque é que o Gustav estava comigo. Vou começar por explicar a última. Quando o Tom esclareceu que tínhamos que acabar, eu procurei outra cama e, não sei se sabes mas a banda tem staff a mais, não haviam camas vagas. O Gustav ofereceu-se para partilhar a cama dele comigo. Não no sentido de dormir com ele, apenas me cedeu um lugar para dormir. Tu não me vias levantar de manhã porque ele é sempre o primeiro a acordar e eu levantava-me com ele. Ia para a cama depois de todos estarem a dormir para ninguém suspeitar. Desde então, e até mesmo já antes disso, eu e o Gustav temos desenvolvido uma amizade forte. Confiamos um no outro e ele sempre soube que eu gostava do Tom. O que tinha vindo a suceder é que ele me começou a ver como mais do que uma amiga. Eu desconhecia até ontem. Foi essa a revelação. Ele disse que gostava de mim e beijou-me. Eu devo confessar que, na altura, fui um pouco dura com ele. Até tive que dormir aqui.
Lúcia tinha mudado de estranha para espantada. Lia prosseguiu.
- Pouco antes de tu te levantares, eu chamei-o e falámos para esclarecer melhor as coisas. Ele pediu-me uma chance. Eu pensei e achei que se não tentasse também não estava a ser justa, tanto para com ele, quanto para comigo. No entanto, achei que uma chance significaria que ambos gostávamos um do outro e isso não é verdade. Por isso, concedi-lhe uma oportunidade para ele me conquistar. O que tu viste foi o primeiro beijo da conquista. E talvez vás ver muitos mais. Que quero esquecer o Tom porque ele não é capaz de ter uma relação. Eu só o quero como amigo. Não sei é se o Gustav me vai fazê-lo esquecer, mas o jogo ainda agora começou.
Lúcia percebeu que a amiga sabia o que estava a fazer e aceitou a sua decisão.
- Lia, sempre confiei em ti, não é agora que vou parar. Acho que o Gustav é melhor que o Tom, não sei se é o suficiente, mas vamos esperar para ver. Quero é que tu sejas feliz. E, caso penses em começar o jogo com o Gustav atrás da cortina, protejam-se por favor.
- Está descansada, já aprendi a lição. – disse Lia.
Ficaram as duas a falarem mais um pouco. Lia ia a ligar a televisão quando olhou para o calendário que estava colado na parede. Viu algo que lhe interessou.
- Lú! Os anos deles estão à porta.
Lúcia não percebera. Lia fê-la perceber.
- O Tom e o Bill vão fazer anos dia 1 de Setembro e o Gustav dia 8! Não te esqueceste do aniversário do Bill, pois não? – perguntou Lia.
Lúcia não se esquecera. Apenas não se lembrara.

To be continued...