Ao amanhecer, Hinata e Hiashi se encontrava na mesa tomando café-da-manhã.

—Eu não posso acreditar que Neji possa ser seu filho -disse Hinata cabisbaixa.

—Não quero você falando desse assunto com a sua irmã ou o seu avô, eles ainda não sabem, aliás, nem eu sei se isso é de fato verdade. Só saberei depois de fazer o teste de paternidade.

—Mas Neji diz que não quer fazer.

—Neji quer ser adulto, mas é só uma criança e criança não manda em nada.

—Não acho que tenha sido uma boa ideia tancá-lo no quarto depois de tudo que contou, papai.

—Eu sei que não, mas se deixasse a porta aberta, provavelmente ele teria fugido e talvez para sempre.

—O senhor ouviu os barulhos durante a noite?

—Sim, ouvi alguma coisa.

—Era o Neji quebrando tudo no quarto.

—Eu temia que tivesse sido isso, mas tive esperança que fosse só o vento. Irei ver se ele está melhor -disse Hiashi se levantando.

—Vou com o senhor.

—Não. Essa é uma conversa entre eu e ele, apenas -disse caminhando em direção às escadas.

Chegando em frente à porta de Neji, Hiashi parou, tirou a chave do quarto de seu bolso e destrancou a fechadura. Ao entrar, encontrou o quarto totalmente destruído. Móveis virados pelo chão, vidros estraçalhados, livros jogados por todos os cantos. Neji estava sentado encolhido na cama, com os olhos inchados, provavelmente de tanto chorar.

—Você fez uma bagunça e tanto aqui, hein rapaz. Iria perguntar se está melhor, mas vejo que não é necessário.

—Acha isso engraçado? -perguntou Neji levantando a cabeça.

—Claro que não, queria apenas animá-lo um pouco. Vamos tomar café, deve estar faminto.

—Não quero -disse colocando o rosto por entre os joelhos.

—Sei que tudo ainda é muito recente para você e terá tempo suficiente para digerir a situação, mas preciso lhe falar algo e quero que preste bastante atenção.

—Sai daqui!

—Escute, já marquei com o laboratório para fazermos o teste de paternidade. Respeito que esteja me odiando agora, mas vamos acabar com essa dúvida de uma vez por todas.

—Eu não vou fazer porcaria de teste nenhum.

—Vai sim. Já passou a época que você fazia o que bem entendia. Independente do resultado, eu exijo que você tenha respeito comigo e com esta casa.

—Respeito? Você não merece respeito!

—Pois então seja o máximo educado que conseguir. Permiti por muitos anos suas brincadeiras idiotas, mas daqui há poucos anos você se tornará um adulto e eu farei o que for preciso para que se torne um responsável. Agora desça e coma alguma coisa.

—Não.

—Venha logo -disse Hiashi levando Neji, sob protestos, pelo braço.

Neji e Hiashi chegaram à cozinha, aonde Hinata se encontrava sentada. 

—Bom dia, Neji -disse Hinata.

—Só se for pra você -disse o garoto sentando à mesa nada contente.

—Coma, você precisa se alimentar de comida de verdade, aposto que na casa do seu amigo só comeu o que não presta -disse Hiashi também se sentando à mesa.

—Não estou com fome.

—Vamos lá, eu que fiz o bolo, experimente.

—Tá -disse Neji à contragosto colocando uma fatia de bolo na boca.

—E o café que eu fiz?

—Ruim, como sempre.

—Por que demoraram tanto lá em cima? -indagou Hinata.

—Nós estávamos conversando -respondeu Hiashi.

—E o que vocês resolveram?

—Que o que eu quero não importa -disse Neji ríspido.

—Hoje eu quero chegar mais cedo na escola, tenho que me explicar com a Tenten -disse Hinata.

—Explicar o quê? -indagou Neji.

—Que o nosso beijo foi só mentirinha. Ela não gostou nenhum pouco da cena.

Sério? Uhm... interessante. Pelo menos uma notícia boa no dia.

—Ela é a sua namorada? -perguntou Hiashi a Neji, que se recusou a responder.

—Não é da sua conta.

—Chame ela para jantar conosco.

—Não.

—Por que não?

—Ela não é minha namorada.

—Pelo jeito que a Hinata falou tá parecendo que é.

—A Hinata é uma idiota!

—Ei, rapaz, olha essa sua boca. Se está com raiva de mim, não desconte nos outros.

—Não estou com raiva de você, porque até a raiva é um sentimento e você não merece nenhum!

Neji se levantou e saiu para a escola, acompanhado de Hinata. Chegando lá, se dirigiu para sua sala, aonde encontrou os amigos, já sentados.

—Bom dia, pessoal -disse Kakashi.- Já estou com a prova de vocês -anunciou para o nervosismo da turma.- Precisam estudar mais, poucas foram as notas acima da média.

À medida que Kakashi devolvia as provas aos alunos, estes faziam caras decepcionadas.

—Tirei oito, quanto você tirou? -disse Sakura à Tenten.

—Oito e meio. E você, Neji?

—O quê? -disse o garoto perdido na conversa.

—Qual a sua nota? Se saiu bem? Lembro que faltando dez minutos para a prova acabar você ainda não tinha feito nada -disse Tenten.

—Ah, sim, aqui -disse mostrando sua prova à garota.

—Dez? Como você conseguiu tirar um dez?

—Sei lá, às vezes nem presto muita atenção nas aulas.

—Te disse para não se preocupar com ele, não disse? -falou Ino.- Ele é sempre assim, avoado nas aulas e nas provas, mas sempre tira dez. É o geninho da nossa turma.

Na saída, Tenten puxou Neji pelo braço, para um canto do pátio.

—Você está bem? A Hinata me contou o que houve.

—Sobrevivendo.

—Qualquer coisa que acontecer, jura que me liga antes de fazer alguma bobagem?

—Por que todo mundo acha que eu vou fazer bobagem?

—É só olhar para o seu currículo -disse Tenten sorrindo, arrancando uma pequena gargalhada do garoto.- Bom, já tenho que ir, mas amanhã a gente se vê, tá bom? A gente pode se falar também por mensagens, se você quiser à noite.

—Vai ser ótimo -disse Neji sorrindo.

—Então, tchau -falou a garota dando um rápido beijo na boca de Neji.

Ela me beijou?

—Anda Neji, vamos para casa -chamou Hinata.

No caminho de volta para casa, Neji ficou olhando abobalhado as nuvens, pensando no beijo que acabara de ganhar da morena de coques.