POV Dimitri

Olhei pela janela do hotel e suspirei.

Eu estava ali há duas semanas e o máximo que consegui foram reclamações e uma Olena irritada. Tinha conseguido aumentar a nossa empresa, trazer algumas pessoas importantes para auxiliar no andamento dos negócios e estava aliviado com tudo isso.

Andei devagar, já de banho tomado. Passei as mãos nos meus cabelos curtos e molhados e fui até a cama de casal no meio do quarto de hotel. Peguei meu celular perto do travesseiro forrado por um lençol azul marinho, com um chocolate.

Conferi meus e-mails e percebi a única ligação perdida que eu tinha. Cliquei e observei o nome de Adrian. Eu dei um pequeno sorriso por alguém ter lembrado de mim e toquei para retornar a ligação. Voltei-me novamente para a janela, e percebi minha blusa em cima da mesa de vidro que tinha no enorme quarto.

Eu tinha retirado-a por causa do calor que estava sentindo. A calça de moletom já era o suficiente.

Olhei para os prédios luminosos de Nova York e sorri.

Adrian atendeu no terceiro bip.

— Como está Nova York?— perguntou.

— Chata. – falei.

— O que está fazendo?— perguntou novamente.

— No hotel me preparando para dormir.

— Amanhã temos uma festa.— falou Adrian. – E não diga não.

— Sério? – perguntei curioso.

— Sim. – falou. – Um amigo meu voltou da Holanda.

— Estranhos podem ir?

— Ganhei convite extra.— explicou Adrian. – E Sid está ocupada ajudando Lissa com as coisas do jantar de noivado e esqueceu que eu existo.

— Adrian... – meu coração bateu por alguns segundos mais forte que o normal. – Rose vai estar lá?

Eu tinha mudado. Ela também poderia estar mudada. A última vez que corri atrás de Rose no meio de um transito e invadi um aeroporto, ela tinha vindo para Nova York.

 Mas Lissa e Cristian tinham me informado que o paradeiro de Rose agora não era exatamente o mesmo de antes. Então desisti.

— Sim.— disse Adrian. – Acho melhor você não ir nesse jantar.

Eu assenti, ainda em silencio.

Se Rose não tinha voltado para Montana ou me procurado, era porque ainda não tinha me perdoado sobre a aposta e eu entendia. Eu tinha feito mal à ela, mas também não me esquecia de sua vingança. Aquele vídeo na hora da coroa e aqueles olhares para mim.

Tínhamos crescido... Eu tinha crescido. E por isso mesmo sabia que era completamente apaixonado por Rose. E isso não mudaria.

— Tudo bem. – falei, por fim. – Eu não vou voltar para Montana.

— Mas e quanto à festa?— perguntou. Eu respirei fundo.

— Eu vou. – falei. – Apenas diga o endereço.

— Eu estou em Nova York, esqueceu?— disse Adrian. – Vou ficar feliz em buscar a senhorita.

Eu gargalhei.

— Então te espero. – falei.

— Boa noite, Belikov.— disse Adrian, desligando o telefone.

Respirei fundo ainda observando aqueles prédios e a movimentação de Nova York. É difícil não ter Rose comigo, quando é nela que eu penso todos os dias quando acordo e antes de dormir.

Quando isso tudo começou, quando ela foi embora... Eu gostava de fechar meus olhos e lembrar daquele dia na casa de barco. Rose era linda e mesmo naquelas pouca luz, apenas com as velas eu sabia que era com ela que eu queria estar dali para frente.

Mas então, vinha o desespero.

Depois de lembrar aquilo, eu tinha uma necessidade muito forte de tê-la comigo e só então lembrava que não a tinha mais. Eu nunca amei ninguém depois disso.

Relacionamentos rápidos e em grande quantidade cansam. Eu comecei a amenizar tudo que eu sentia por Rose, de modo que estava tudo guardado em uma parte de mim. Eu sabia como faria para que tudo voltasse... Era só ver seu sorriso ou escutar suas piadas. Eu amava seu olhar.

Eu estava disposto a achar Rose. Eu sabia que apenas com ela eu conseguiria amar alguém para sempre. Eu tinha que encontrar Rose.

                                                       ***

Coloquei o smoking e me arrumei devidamente. Desci para encontrar Adrian e ele também estava devidamente arrumado e até que bonito.

Eu e ele tínhamos retomado nossa amizade e eu ficava feliz de ter sido Rose a pessoa que me fez acordar para essa realidade que trazia um amigo querido de volta à minha vida.

Entramos no carro e seguimos para a festa. Não era longe do Hotel, mas também não era tão perto quanto achei que fosse. Entramos nos portões de uma mansão consideravelmente maior que a minha e a do pai de Rose, juntas.

Um manobrista se ofereceu para estacionar nosso carro e entramos na festa junto com o fluxo de pessoas que tinha naquela casa. Adrian tinha apresentado os convites para o primeiro segurança no portão verde e de ferro.

Recebi olhares de algumas mulheres, mas não me importei, assim como Adrian. Caminhamos até a mesa de drinks e Adrian parecia conhecer algumas pessoas. Ele acenava e sorria.

Peguei um copo de whisky que passava na hora e observei à minha volta. A decoração era perfeita. Muitos lustres de cristal. Espelhos grandes espalhados pelo que parecia ser a entrada da casa.

Eu consegui ver um corredor grande, com entrada para algum lugar, que provavelmente era algum cômodo maior ainda. Percebi as duas escadas que davam para o segundo andar da casa e a grande quantidade de pessoas ali.

Estava rodeado por pessoas com roupas caras e bonitas. É claro que eu estava acostumado com tudo aquilo, mas ainda assim, era estranho não pensar em Rose em lugares como aquele.

— Tenho um velho amigo para achar. – disse Adrian. – Eu já volto.

Ele deu três tapinhas no meu ombro e começou a se afastar. Encarei-o e sorri. Levei o copo até a boca e dei a primeira golada. Encarei novamente as escadas e pisquei algumas vezes.

Abri a boca e fechei tentando recuperar algum ar. Era ela. Observei mais atentamente. Depois de quase cinco anos, era Rose. Ela descia as escadas em um vestido vermelho com uma fenda enorme. Pude observar sua coxa e suas belas pernas.

Seu corpo ainda mais definido, exibido por um corte planejado e transversal de sua costela esquerda até o umbigo. Eu abri a boca, ainda observando-a e admirando seu corpo.

Aquele vestido era a perdição de qualquer homem, e enquanto descia por aquele salão.

Ela seduzia e ganhava olhares. Olhares como o meu.

Seus cabelos presos em um coque parecido com o do dia do baile, favoreciam sua postura e seu olhar forte. Ela estava nitidamente diferente. Tinha algo em sua essência. Algo que tinha feito-a virar uma linda mulher.

 Deixei com que o olhar de Rose pairasse sobre toda a festa, para só então, pairar sobre mim.