POV DIMITRI            

Querido Dimitri,

Jade fez três meses hoje.

Ela está cada dia mais parecia com você e eu já não sei mais como esconder isso do meu coração. Minha mente diz para que eu permaneça em Nova York, com meu amigo Jason e meu irmão Tony, porém meu coração clama por seu cheiro e por seu corpo perto do meu.

A noite da casa de barco nos deu algo que nunca mais vai nos separar. Eu sempre penso em mim e em você, e não tenho certeza se você aceitaria Jade de bom grado. Mas meu sonho é que o faça. Eu seria realizada e feliz. Eu teria você, nem que fosse para entregar Jade nos fins de semana.

Mas eu obedeço a minha mente agora.

                                                                                      Com Amor, Rose.

Então, essa era a carta que fora devolvida à Rose em meu nome. Culpei-me por não conseguir entender nem descobrir como essa carta parou nas mãos e quais foram essas mãos.

Peguei outra carta e comecei a rasgar o selo para ler. Estava trancado em meu quarto desde que voltei da casa de Rose, apenas com a minha calça de moletom e sem nenhuma camisa para não sentir calor. Respirei fundo e comecei a próxima.

Querido Dimitri,

Hoje Jade deu seu primeiro passinho. Ela estava na sala, enquanto eu via alguns catálogos de vestido de noiva. Como já disse nas cartas anteriores, estou nesse ramo agora. Hoje ela faz um ano e três meses. Ela tem seus olhos.

Ela estava ao meu lado. Com seus cachinhos e seu vestidinho vermelho grande o suficiente para seu corpinho. Ela continuou sentada me examinando, enquanto eu olhava atenta para o trabalho e então reclamou. Eu fitei-a e sorri.

Ela sorriu para mim, o sorriso que você tem. Mas quando eu voltei-me para o que estava fazendo ela reclamou ainda mais alto e quando eu fui encará-la, Jade já estava forçando para ficar de pé. E conseguiu. Ela ficou de pé e deu seus primeiros passinhos até mim.

Sei que não precisava estar escrevendo.

Mas eu tinha que contar para alguém.

                                                                            Com amor, Rose.

Eu queria ter estado lá.

Queria ter ensinado à Jade seus primeiros passinhos ou gravado para poder ver sempre. Queria ter estado lá, mas não estava. Por culpa de alguém eu não estava.

Querido Dimitri,

Eu senti dores fortes hoje.

É a nossa garotinha dando sinal de vida dentro de mim. Já tenho oito meses e o médico me mandou ficar de repouso e enquanto Jason ajudava meu irmão a decorar minha nova casa, Olena veio atrás de mim. Ela me achou em Nova York. Digamos que eu abri a porta.

Ela não teve muita reação por uns cinco minutos, mas depois me apoiou, tentou me convencer a contar para você e eu quase o fiz. Mas ai, eu li a manchete no jornal. Voce estava namorando uma garota que tinha dinheiro e que era fina.

Temi pela minha filha.

Eu não queria que acontecesse o que houve comigo. Eu queria uma família para ela, mas eu nunca perdoaria você pelo que me fez. Sei que eu fui principal também em toda essa ladainha e que acabei com a aposta de um modo covarde, mas eu nunca vou perdoar você por ter começado toda a história.

Espero que me entenda.

                                                                        Com amor, Rose.

A sorte de Olena era a viagem de negócios. Eu não conseguia entender como a minha própria mãe escondeu a minha filha durante todos esses anos e nunca me contou. Vikka estava radiante com a ideia de ter uma sobrinha, mas também aparentava não saber de nada.

Abri a próxima.

Querido Dimitri,

Ela está fazendo um aninho hoje. Tão linda quanto da primeira vez que a vi. E aliás, ficaria orgulhoso de mim, eu estou me vestindo melhor e tenho um trabalho que me dá cada vez mais nome.

Lissa me contou que você está na Holanda. Então, assim como as outras, nunca receberá essa carta. Eu só fico feliz que tenha lembrado de você durante todos os momentos com a Jade hoje. Nós fomos ao parque e quando voltamos comemoramos seu aniversário.

Jason foi ótimo doando sua casa e chamando a metade de seus empresários. Já tenho 10 casamentos marcados para este mês e confesso ter medo de não dar a atenção devida à minha filha.

Mas não importa.

Você não está aqui para me substituir.

Nem me dar a mão.

Nem dar a mão a ela.

                                                                                      Com amor, Rose.

Querido Dimitri,

Minha barriga está finalmente crescendo e não quer parar.

Quatro meses que eu esperei para essa criança finalmente mexer. Não imagina a emoção. Eu estava xingando você, enquanto tomava banho e ela mexeu. Até agora eu não tenho certeza se ele estava concordando comigo ou defendendo você, mas preciso descobrir o sexo e estou com medo de ir sozinha.

Não sei... Talvez saber que vou ser responsável por uma menina ou um menino e errar como ele, ou ela... Pode ser fatal para uma mãe de primeira viagem.

Pela primeira vez, queria que você estivesse aqui.

                                                                                     Com amor, Rose.

Eu estava. Eu estava aqui.

                                                     ***

Desci no dia seguinte, já com meu terno e gravata. Precisava dar uma passada na empresa antes de comprar um presente para Jade. Sentei-me à mesa e sorri para Vikka, que tinha seu mundo colorido junto à uma revista de noiva.

Coloquei mais suco de laranja no meu copo e não senti fome para mais nada, então me contentei em tomar apenas o suco. A empregada terminou de colocar o bolo de Vikka na mesa e pediu licença, retirando-se.

Eu olhei para Vikka.

— Rose topou o casamento? – perguntei, ela levantou a cabeça na minha direção, olhando-me.

— Sim. – disse Vikka, colocando a revista, na cadeira ao lado. – O que é incrível, porque ela tem nome.

— Ainda não sei como ela prosperou tão rápido. – disse eu para Vikka. Ela sorriu.

— Ela focou demais no trabalho. – ela pegou um pequeno pedaço do bolo com o garfo. – Ambos fizeram isso.

Eu assenti, colocando o suco em cima da mesa de modo calmo. Fitei-a, e ela tinha aquele olhar irônico. Eu sabia o que ela estava querendo dizer. Ela ainda queria que ficássemos juntos.

— Por que você diz as coisas em entrelinhas?

— Sei lá, talvez eu consiga fazer você pensar um pouco. – falou. – Presta atenção, ela está aqui de novo.

— Mas não é a minha Rose. – falei. – Tem uma pessoa diferente dentro dela.

— É a proteção contra você. – disse Vikka. – Quebre essa proteção e terá o que sempre quis. Terá sua mulher e sua filha.

— E se eu não conseguir? – perguntei. Vikka gargalhou, tomando um gole de seu chá.

— Você é um Belikov. – disse Vikka. – Se eu consegui convencê-la a ficar, você consegue o que quiser.

Eu encarei-a.

— Comandar mais de cem redes hoteleiras, tem sido bem mais fácil. – falei.

Vikka sorriu, olhando-me de seu jeito irônico.

Ela sabia que eu não ia desistir.

— Veremos. – murmurou