Nunca Fui Beijada 2 escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 13
Unbreakable


Notas iniciais do capítulo

Bônus!



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Janine tinha ido para o bar, enquanto Jade brincava com sua bonequinha quietinha no sofá, já com seu pijama de princesa. Eu sorri ao ver aquela cena. Eu sabia que a qualquer momento Dimitri tocaria a companhia.

Parecia que eu estava revivendo a expectativa de vê-lo novamente depois de quase cinco anos. Eram as mesmas drogas de borboletas que não paravam no meu estomago. Fechei os olhos para tentar respirar melhor, mas eu sentia meu coração cada vez mais forte dentro do meu peito.

Era uma sensação boa.

Pulei quando a campainha tocou. Pisquei algumas vezes e olhei para a porta. Jade nem ligou, continuou brincando de modo calmo, enquanto assistia à algum desenho desconhecido para mim.

Eu respirei fundo e caminhei para a porta. Olhei para as minhas roupas e suspirei de vergonha. Tinha esquecido de me arrumar, mas depois lembrei que para ele não precisava disso. Ele já tinha me visto de verdade.

Então, não me importei com o short jeans rasgado e com a blusa de manga larga. Eu sabia que até conseguir pegar o resto das minhas coisas em Nova York, eu teria que me vestir assim.

Lissa tinha guardado minhas antigas roupas em uma caixa de papelão, e eu ainda continuava com o mesmo corpo, então eu teria que ser a velha Rose até Jason e Mia voltarem. O que eu espero que seja rápido, apesar de sentir falta dessas roupas confortáveis.

Abri a porta e encarei-o. Estava de calça jeans e botas, junto à uma blusa azul marinho de manga curta. Eu respirei fundo antes de chegar aos seus olhos, e senti o cheiro enlouquecedor de pós-barba.

— Pedi muito aos céus que você se perdesse. – menti. Na verdade, meu corpo queria vê-lo. Assim como a meu coração, mas a minha mente era ajuizada.

— Para a sua sorte, eu te achei. – sussurrou, dando um passo até mim. Eu sorri, sem achar graça. – Amo você nessas roupas.

— Estou te estranhando, camarada. – falei irônica. – Deveria amar sem elas.

— Isso não vai ser problema. – disse, jogando seu corpo para cima do meu. Eu esquivei depois que me dei conta que ele tentava me beijar.

— Você veio ver a Jade. – lembrei-o, enquanto ele se ajeitava. – Não me beijar.

Dimitri rolou os olhos.

— Obrigada por me deixar vê-la. – disse ele, fitando-me.

— Ela ainda não sabe a verdade. – falei. – E vai ficar assim até que eu queira.

— Só quero vê-la. – disse ele. – Por hora.

— Anda. – falei, apontando com a cabeça para a minha sala. – Ela está lá. – espantei-o com a mão para longe de mim, e ele seguiu para a minha sala sorrindo.

Seus cabelos estavam grandes, na altura do queixo e eu estava perdida se continuasse na presença dele. Eu faria de tudo para que a minha mente coordenasse meu corpo, mas não a culparia se deixasse meu coração tomar conta.

                                                     ***

— Eles estão lá tem uma hora. – murmurei, com o telefone no ouvido e sentada na mesa da minha cozinha verde clara.

Ele só quer conhecer a filha.— disse Jason. – Faria o mesmo se fosse com você.

Para de defender ele Jason.— eu disse. – Ou eu arranco sua língua.

Pode fazer isso enquanto me beija. – brincou do outro lado da linha. – Seria uma ótima forma de perder a língua.

— Engraçadinho. – murmurei, irritada.

Oh, morena... — começou Jason. – Não fique zangada. Estou pegando meu jatinho agora mesmo, prometo chegar aí em algumas horas.

— Promete? – perguntei, parecendo uma criança.

Prometo.— disse. – Tenho que desligar agora, mas eu prometo estar aí assim que você acordar.

— Eu te amo. – falei. Ele gargalhou.

Eu também te amo.— disse. – Até logo.

— Até. – falei, enquanto desligava o telefone.

Olhei para o corredor que tinha entre a sala e a cozinha e parei de escutar as gargalhadas e as vozes. Deixei o celular na mesa e levantei, alerta. Mil coisas passaram na minha cabeça. Corri até a sala e me escondi no portal. Dimitri estava sentado de frente para Jade. Observando-a enquanto dormia. Como eu fiz tantas vezes.

Ele tinha seus olhos chocolate atentos a doce e lenta respiração da menina. Tentava chegar à sua mente, enquanto ela tinha olhos fechados e estava com a mente colorida de sonhos.

Eu engoli a seco, quando me senti finalmente no lugar dele, depois de cinco anos. Jason tinha razão. Eu faria o mesmo se a situação fosse contrária.

Depois de mais alguns segundos observando-os eu pigarreei e Dimitri assustou-se, levantando de modo rápido. Ele me olhou e pude perceber olhos vermelhos. Mordi a boca e sorri fraco.

— Você está bem? – perguntei.

Ele tentou assentir, mas apertou os olhos. Eu sabia que ele não estava fingindo, mas também não queria dar meu braço a torcer. Então, eu apenas me calei e passei por ele, indo até Jade.

— Vou coloca-la na cama. – eu disse. – Você pode esperar lá fora se quiser.

— Ok. – disse, e então saiu para a minha pequena varanda.

Respirei fundo e peguei o pequeno corpo de Jade até mim, indo para meu antigo quarto. Coloquei-a na minha cama e depois puxei o lençol Rosa até seus ombros. Ela dormia tão pesado, que eu sabia que ela só acordaria amanhã bem cedo.

Desci as escadas e caminhei lentamente até a varanda. Dimitri estava sentado nos degraus de cabeça baixa, não pude deixar de me sentir culpada por aquilo, mas como pensado antes, eu não daria meu braço a torcer.

Sentei-me ao seu lado e fiquei em silêncio por alguns segundos, me sentindo uma adolescente que estava prestes a ter uma DR. Lembrei de Dimitri fingindo ser a Barbie e gargalhei. Ele, ainda sério, fitou-me.

Eu pensei em quão ridícula aquela situação e eu estávamos. E ele ainda tentava entender porque eu ainda não tinha parado de rir.

— Por que está rindo? – perguntou Dimitri.

— Porque você estava brincando com uma garota de cinco anos de boneca. – falei, entre gargalhadas. Ele sorriu.

— Hey, eu fui uma ótima dona de casa. – brincou, então nós dois rimos.

— Não seria tão engraçado se não fosse trágico. – falei. E então, os dois começaram a frear as gargalhadas. Balancei a minha cabeça para os lados, ainda assimilando todas as informações.

— Ela é incrível. – disse ele, finalmente depois de segundos de silencio. As estrelas nos encaravam como testemunhas e eu continuei escutando-o.

— Fizemos um bom trabalho. – eu disse. Ele sorriu.

— Eu fiquei me perguntando durante essa noite, se eu realmente queria ter estado com ela e com você durante esses cinco anos.

Ele fitou-me e eu engoli a seco.

— E o que concluiu? – perguntei, tensa.

— Que sim. – disse. – Eu queria ter visto tudo que ela fez e conquistou até agora.

Eu assenti, devagar.

— Eu tenho um presente para você. – eu disse.

— O que é? – perguntou.

Eu levantei-me e entrei em casa novamente. Subi as escadas de modo rápido e peguei o bolo de cartas na minha bolsa. Desci devagar, com a esperança de que ele ainda estivesse ali e abri a porta da varanda, vendo-o, ainda sentado.

Me recoloquei à posição anterior e acomodei-me ao seu lado, com todas aquelas cartas no meu colo. Ele me encarou confuso e eu sorri.

— Eu queria ser escritora. – falei. – Passei uma faculdade boa, mas a carta chegou no mesmo dia que o exame de sangue que eu tinha feito. – eu fitei-o, ele pareceu decepcionado – Isso tudo no dia do baile.

Ele intercalava seus olhos entre mim e entre toda aquela confusão de cartas. Cartas escritas por cinco anos da vida de Jade. Eu continuei:

— Quando decidi ter Jade... – falei. – Eu escrevia cartas. Era o único modo de fazer o que eu gostava e saber que você estava perto de mim de alguma forma.

Então, estendi-lhe todas as cartas. Ele pegou relutante e fitou-as curioso. Todas estavam destinadas com seu nome e endereço, e uma em especial, enviada quando Jade tinha três meses, por Mia.

— Eu enviei uma delas para você de verdade. – falei. Ele fitou-me, espantado, mas ainda em silencio. – Quando a Jade tinha três meses a Mia enviou para você sem que eu soubesse.

— Eu nunca recebi nada, Rose. – disse, espantado

— Eu sei. – disse para ele. – A carta voltou um mês depois para mim pelo correio. No começo, achei que você tinha odiado a ideia de ter uma filha e odiei Mia por ter feito aquilo, mas depois sua mãe me disse que você nem mesmo sabia sobre mim e meu paradeiro.

— Por que eu não vi essa carta? – perguntou. Eu dei de ombros.

— Não sei. – falei. – Mas não viu.

— Por isso não me procurou mais. Por isso não contou de Jade. Achou que eu não quisesse essa responsabilidade.

— Sim. – falei. Ele respirou pesadamente.

— Eu quero. – disse ele. – E... Me desculpe por te culpar tanto quando eu tive a oportunidade de saber.

— Tudo bem. – eu disse. – Leia as cartas quando contarmos toda a verdade à Jade. O que não vai demorar, só quero prepara-la.

— Eu esperei cinco anos Rose. – disse ele. – Espero quanto tempo for preciso pela minha filha. – falou. Ele olhou-me mais a finco. – E por você.

Eu corei. Ele respirou fundo e continuou, agora olhando para o céu estrelado acima de nós. Eram as estralas que me dava força para superar tudo e continuar com aquela loucura.

— Eu preciso descobri como essa carta não chegou até mim. – disse Dimitri. Eu assenti.

— Faça o que achar melhor. – disse para ele, já levantando-me. Ele fez o mesmo, segurando as cartas.

— Posso vê-la de novo? – perguntou ele. Eu fitei-o e respirei fundo.

Eu sabia que Dimitri falava a verdade, assim como Olena falou. Então, eu respirei fundo e sem pensar assenti. Ele deixou seus olhos chocolate brilharem e sorriu.

— Pode ter seu dia com ela amanhã. – eu disse. – Preciso resolver algumas coisas e ela acharia chato.

— Claro. – disse ele. – Pego ela bem cedo.

— Sim. – concordei.

Ele virou-se para sair e em um subido ataque de histeria gritei seu nome para o espanto das vizinhas. Ele virou-se já distante de mim e encarou-me.

— Não magoa a minha filha. – disse à ele.

Dimitri assentiu.

— Nunca.

E então, foi embora.

E eu já não sabia mais o que estava fazendo.


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Notas finais do capítulo

Beiijos