Boston, Massachusetts.

Leon Meyer sempre lutou pela sua sobrevivência. Desde aquela noite, da qual ele se culpava até hoje, ele nunca conseguiu livrar-se do peso que o impedia de ser feliz.

Na época em que sua vida mudou, tinha quinze anos e morava com seus pais em Bournemouth, na Inglaterra. Só tinha como família seus pais e sua avó materna que morava em Boston, ele a visitava duas vezes por ano com seus pais. Era uma noite de sábado tranquila, tinha muitos deveres de casa para fazer, mas não tinha em mente ficar em casa naquela noite. Sabendo que seus pais não o deixariam ir à festa de despedida de Amy Jones, a garota mais popular e bonita da escola que se mudaria para outra cidade, conseguiu persuadi-los a deixa-lo dormir na casa do seu melhor amigo.

— Lembre-se, amanhã volte para casa cedo — dizia a mãe dele fechando a porta do carro. Estavam em frente a casa do amigo de Leon. — O vôo para Boston sai ás 17:00 horas. Você sabe que sua avó detesta esperar, e você nem arrumou suas coisas ainda.

— Está bom, mãe. — Disse revirando os olhos. Odiava depender dos pais para ir nos lugares mas não tinha idade para ter carteira de motorista.

— Filho — Era o pai quem falava agora. Ficara em silêncio durante todo o percurso. — Nós nos orgulhamos muito de você, sempre se lembre disto.

Leon observava enquanto os pais seguiam o caminho de volta para casa. Ao perdê-los de vista, deu meia-volta e partiu para a casa da Amy, onde aconteceria a festa de despedida.

Chegando à festa, notou que quase toda a sua turma havia ido. Da entrada viu Ben e Íris conversando, seus dois melhores amigos. Ben acenou para ele, chamando-o para juntar-se a eles.

— Eu nem sabia que vocês estariam aqui hoje. — comentou Leon. Ben pegou um como em um balcão ao lado e despejou um líquido transparente nele.

— Nós iríamos te convidar — falou Íris. Tinha cabelos e olhos muito pretos, o que destacava sua pele branca como neve. Era muito bonita, tinha as maçãs do rosto altas e atributos femininos invejáveis por qualquer mulher. — Mas você falou que tinha muito dever de casa pra fazer. E seus pais nunca deixariam você vir. Falando neles, qual mentira contou pra estar aqui hoje?

— Eu disse que ia dormir na casa de Ben. — respondeu Leon,

— É assim que se faz! Fazer dever de casa enquanto rola uma festa dessas? Que absurdo. — disse Ben. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente penteados para trás, ele havia exagerado no gel. Era branco e magro, seus olhos eram uma mistura de azul com verde. Com um sorriso estendeu a mão para Leon oferecendo o copo que estava cheio. — Toma, é vodka, já está na hora de você experimentar o melhor da vida.

— Não acho uma boa idéia — rebateu Íris. — Ele é muito novo pra beber isso, só tem quinze anos.

Leon era o mais novo do trio. Íris tinha dezessete anos, haviam se conhecido no ônibus para a escola e tornaram-se amigos desde então. Passou a ver ela todos os dias, ela estava no terceiro ano do ensino médio e ele no primeiro, então ela sempre se oferecia para ajuda-lo a estudar para as provas.

— Sou maduro o suficiente para beber. — disse Leon. — E o Ben só tem um ano a mais que eu.

— O Ben é um caso perdido. — Íris apontava para Ben, que fingia ser ofendido.

Ben repetiu o primeiro ano uma vez e iria repetir novamente. Ele só se importava com diversão e nada mais.

Rapidamente Leon pegou o copo da mão de Ben. Íris observava enquanto Leon bebia a vodka, em seguida cuspiu todo o líquido no chão.

— Bem maduro, Leo. — falou íris, rindo. — Eu avisei que você não tinha idade para isso.

— Cara, como vocês conseguem beber isso facilmente? — Perguntava Leon limpando a boca com as costas da mão.

— Ninguém bebe vodka pelo sabor — respondeu Ben. Pegou a garrafa de vodka ao lado e virou sobre a boca, bebendo bastante.

Íris sentiu o celular vibrando e deslizou a mão pela calça a procura do celular.

— Que saco! É meu pai. — falou íris olhando a tela do celular. — Preciso atender, pode ser algo importante. Volto logo, rapazes. — E se afastou para um lugar mais silencioso.

— Você devia chamá-la para sair, só vocês dois — comentou Ben. Bebia cada vez mais. — Ela devia saber que você gosta dela.

— Ela sabe que gosto dela, somos amigos. — respondeu Leon.

— Qual é! Você sabe que pode falar dessas coisas comigo. Lembra quando eu disse que gostava da Amy e você falou na minha cara que eu não tinha chances? — perguntou Ben.

— Mas é verdade, caras como nós não conseguem a garota bonita.

— Eu não tenho chances com a Amy, mas você e a íris podem acontecer — explicava Ben. —Eu vejo como você olha pra ela e faz de tudo para ela te notar como homem, e não como irmão mais novo. E ela sempre vai aos lugares com você, ela me atura para ficar com você. Escuta o que te digo, você deveria tentar...

— Tentar o quê? — Era íris voltando para a mesa onde eles estavam.