Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 4
Procedimentos médicos.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei. Tudo bem? Eu desanimei um pouco com umas coisas que aconteceram e comecei a pensar no porquê de ter largado essa história da primeira vez. Foi algo que não quis ter feito, por isso voltei a postar. Infelizmente os mesmos incidentes se repetem, mas por sorte o tempo também me deixou mais esperta e hoje sei o que vale a pena. Como já falei várias vezes não vou desistir e peço que vocês entendam que escrever não é fácil, exige muito esforço, amor e persistência. Que eu tento sempre trazer o melhor e que se às vezes não apareço é porque realmente não deu. Enfim, vamos a mais um capítulo né.
Boa leitura!



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Aneliese PDV

"Você me faz cerrar os dentes,
Faz minhas mãos tremerem.
Será que você vê o que faz comigo?
Você está me desgastando,
Mas eu estou te destruindo.
Você é impossível de amar ou de deixar,
Impossível de ganhar ou agradar.
Pegue o que quiser de mim,
Não significa nada agora.
Tome tudo de mim, não significa nada.
Não é tão fácil de perdoar, difícil de esquecer.
Tento pensar além do que posso fazer com você,
Pois isto está me deixando fraco.
Eu sou impossível de entender,
Tão impossível que você teve as suas dúvidas."

Impossible – Anberlin

~*~

– Sabe que esse seu lapso de controle vai atrapalhá-la mais do que imagina – comentou enquanto ligava o carro e começava a descer a rua.

Detestava reconhecer que ele estava certo, eu me excedera e agora teria de lidar com as consequências, além da dor e leve tontura mal conseguia mover o braço. Mas que absurdo estava fazendo com minha vida em menos de vinte e quatro horas que passava ao lado de Edward? Minha missão de ser alheia e não deixar que ele me afetasse não estava dando muito certo.

Como voltaria para a escola? Como iria trabalhar hoje à tarde? Tive vontade de xingar, mas só quem poderia ofender era eu mesma e minha total falta de autocontrole.

Parabéns Aneliese.

Ele havia aberto as janelas do veículo e o vento estava cortante, apesar disso não reclamei, pois sabia que não fizera aquilo por acaso.

– Como conseguiu ficar perto de mim lá dentro? Como está conseguindo ficar aí agora?

Ele mal se mexia, movia apenas as mãos no controle do veículo.

– Não está respirando, não é? – Constatei.

Edward se virou e sorriu brevemente.

– Você me conhece bem. – Assinalou. - Ajuda se não sinto seu cheiro.

Achei melhor mudar de assunto.

– Você estaciona o carro casualmente em frente a minha casa e entra pela janela. Devo apontar que há um erro em seu modo de agir. Se algum vizinho começar a espalhar boatos não queira culpar a mim.

Ele riu.

– Está desesperada por um motivo que nos deixe bem longe de Forks, não é? Sinto desapontá-la, mas ninguém estava nem um pouco interessado no que ocorria na rua naquele momento, as pessoas são fáceis de ler e assim fica possível prever seus atos. Mas você não tem mais que se focar em nossa expulsão, ou estou enganado em pensar que não desistiu de sua fuga? – Apontou irônico.

Pensei em não lhe responder e cheguei a ficar em silêncio por alguns minutos, mas então cedi.

– Adivinhe só? O excepcional leitor Edward Cullen está errado – respondi no mesmo tom, mas depois deixei a provocação de lado e completei desanimada: – aonde posso ir após você ter interrompido meus negócios e me metido nessa bagunça?

Tornou a rir.

– Então vai me responsabilizar?

Respirei alto.

– Não, não vou. Sou perfeitamente capaz de assumir meus próprios erros – olhei-o significativamente.

Dessa vez ele não riu.

– Por quanto tempo guardará essa mágoa?

– Deixe-me ver, conhece o termo ‘para sempre’? Oh, espere, sim você conhece muito bem.

Eu observava sua face, pois queria identificar quaisquer sentimentos que ele pudesse expressar, não tivera tempo de pensar direito sobre seu retorno, muito menos sobre o motivo de ele mostrar tão grande fixação por mim. Me dissera que descobrira a verdade, mas quanto a estar arrependido, eu não sabia se acreditava. Aprendera a viver de uma maneira diferente e também conheci a mim mesma de uma forma diferente. Passei pela prova de fogo, a dor e o abandono serviram para aflorar um lado meu que até então eu não presenciara...

Somente quando o vi outra vez me dei conta de que havia ficado insensível. E muito precavida, eu não colocaria jamais meu coração na posição de risco que pusera.

O Edward a que eu estivera familiarizada existia apenas nas páginas dos livros, essa pessoa ao meu lado não era quem eu pensava que fosse, tratava-se de um estranho. Imprevisível e volátil.

Ele emanava perigo.

Que diabos eu fazia dentro desse carro afinal?

Não havia sido a única a optar pelo silêncio e quando chegamos a atmosfera havia se tornado pesada e intragável, eu só queria sair.

– Já pode ir embora, eu me viro sozinha.

Abri a porta e me icei para fora.

– Espere...

– Eu disse para ir – reafirmei grossa.

Antes sequer de lhe dar uma chance de responder eu já estava andando.

Carlisle não me atendeu, assim como previra ele estava ocupado na sala de cirurgia tentando salvar a vida do pobre homem esfaqueado, ao invés disso fui recebida pelo segundo médico de plantão, doutor Munch.

– Aneliese, como está?

Gostava do doutor Munch, ele tinha vários anos de profissão e muita habilidade, fora responsável por toda a recuperação de Charlie e isto o fizera ganhar minha confiança. Além disso, eu também já fora sua paciente, mas preferia não recordar as circunstâncias.

– Estou bem – ri nervosamente.

Levantei o braço para deixá-lo ver o estrago e suas sobrancelhas grisalhas se uniram.

– Ora, ora, o que temos aqui? – Trabalhava enquanto falava, logo deixando o machucado exposto sem a envoltura do pedaço de pano. – É um corte fundo. Como aconteceu?

Droga. Eu não havia pensado nisso.

– É... Eu deixei um vidro de perfume cair e ele se espatifou, então fui limpar e acabei escorregando e indo parar em cima da bagunça – procurei conter a ansiedade.

Doutor Munch me olhou gravemente por um instante, mas não disse uma só palavra e torci para que minha explicação tivesse soado plausível.

Com a ajuda de uma enfermeira ele agiu atentamente, levou mais tempo do que eu gostaria até que finalmente fui dispensada do pronto-socorro e o acompanhei até seu consultório. Redigiu a receita e me entregou explicando qual medicamento deveria providenciar e como usá-lo. Também havia certos cuidados que devia tomar diariamente para ajudar na cicatrização.

– Quem trouxe você? – Questionou de repente.

– Um amigo.

– Então tem alguém a sua espera?

Olhei para os lados procurando por uma resposta.

– Você parece nervosa.

Estava tão claro assim?

– Não, eu...

– Aneliese, se estiver sozinha não poderei permitir que saia, você é menor de idade e saiba que só não está na companhia de um responsável, pois sei que o xerife tem muito que fazer e não achei certo incomodá-lo. Mas agora penso se não seria melhor que ele ficasse logo a par deste seu... Incidente.

A forma que falou e o jeito como me olhava deixavam claro que não acreditara em minha mentira. O que faria se Charlie tivesse de ser chamado?

Meu disfarce estava por um fio.

– Com licença.

– Carlisle! Terminou o atendimento? Como está o Albert?

– Melhor. O ferimento foi próximo a um ponto sensível da coluna vertebral, mas acredito que não vá haver sequelas.

– Sim, com sorte não haverá. Esfaquear o próprio irmão pelas costas... Não é algo que se espera ver na vida real.

– Realmente. – Ele andou alguns passos até mim. – Como vai Aneliese?

Não devia ter sentido como se devesse apertar sua mão, mas era impossível estender meu rancor até ele e não pude deixá-lo na expectativa, apenas fui breve com o cumprimento enquanto lhe assegurava que estava bem.

– Vejo que sua visita não foi casual – apontou meu braço.

– Ela não pode dirigir e pensei em ligar para o xerife a fim de que venha buscá-la.

– Entendo Anthony, mas não acho que seja possível. Veja bem, Charlie há pouco estava no hospital, mas teve de atender a um chamado urgente fora da cidade. Creio que vá estar ocupado durante as próximas horas.

– Bem, mas então o que farei?

– Edward está aqui. Acredito que não fará objeção em levá-la para casa, Aneliese – falou olhando diretamente para mim.

Sabia por que ele me fitava daquele jeito, logicamente estava a par de tudo o que acontecera e devia acreditar que eu não guardava os melhores sentimentos em relação a seu filho, todavia mesmo que preferisse não aceitar o auxílio de qualquer Cullen o que Carlisle me oferecia era também a desculpa que precisava para fugir de um grande problema. Não tive escolha senão assentir.

Depois de trocar mais algumas palavras com o amigo ele me acompanhou de volta pelo corredor.

– Sinto que lhe devo um pedido de desculpas. Minha família e eu sentimos muito por quaisquer danos que pudemos ter infligido a você. Entendo que esteja chateada com nosso retorno, mas espero que um dia possa tornar a nos ver com bons olhos.

Ele sorriu minimamente e quis lhe responder, mas neste exato instante o alto falante chamou por seu nome solicitando que comparecesse urgentemente a um dos quartos. Carlisle me lançou um olhar de desculpas e se precipitou pelo corredor indo até o final dele, em seguida adentrou uma sala onde havia certa movimentação.

Franzi as sobrancelhas devaneando sobre o que poderia ter acontecido e então senti a presença de Edward quando ele se pôs a meu lado.

Suspirei.

– Não vou conseguir sair daqui sem você, não é? – Verbalizei o óbvio.

– Não a deixarei ir sozinha, se é o que pretende.

– Imagino que não. Só quero ir pra casa, me faça esse favor e depois creio que não teremos nada mais que tratar um com o outro.

– Essa é sua opinião, claramente penso diferente.

O encarei.

– Eu não desejo ser rude com você, está bem? De verdade, não quero brigar, só peço que me deixe em paz, não é uma tarefa muito difícil.

– É uma tarefa impossível.

– Não, não é. Você já fez isso uma vez.

Ele me olhou seriamente.

– Aquilo foi diferente, eu não estava raciocinando direito, sabe que jamais faria algo assim novamente.

– É muito fácil para você falar...

Minha frase ficou pela metade sobrepujada por um grito agudo que soou pelo prédio, nos viramos imediatamente na direção em que Carlisle havia ido e mais gritos soaram. Eram desesperados e me deram arrepios. Ao me voltar para Edward notei que estava concentrado, sem dúvidas já sabia exatamente o que acontecera, porém quando seus olhos reencontraram os meus não estavam indiferentes e sim continham preocupação.

– Você conhece os Clearwater?

Um segundo foi preciso para que eu assimilasse o que presenciava, cobri a boca com a mão sentindo o choque e não pensei duas vezes, me encaminhei diretamente até o pequeno cômodo e quando cheguei avistei a família; Sue estava debruçada sobre o corpo do marido e os filhos se mantinham perto. Choravam em prantos e desviei meu rosto para Carlisle que se encontrava um pouco ao fundo, a me ver assentiu confirmando minha terrível suspeita.

– Liese... – Leah me viu parada ao portal e veio até mim me abraçando.

Retribuí seu gesto com todo o amor em meu coração, ver a tristeza deles me comoveu.

– Eu sinto muito!

Ela sacudiu a cabeça.

– Papai, meu pai... – Soluçou.

Eu sequer podia imaginar o que ela sentia, mas estando longe de minha família foi fácil para mim entender sua dor, tinha muitas saudades de meus pais, morreria se algo lhes acontecesse. Este era definitivamente um momento difícil.

Leah estava muito abalada e com a ajuda de Carlisle a levei de volta para o quarto e a acomodei no pequeno sofá. Enquanto ele examinava seus sinais vitais pude me levantar e também prestar minhas condolências a Seth. Eu pouco os conhecia, mas me sentia ligada a eles, haviam sempre sido muito gentis comigo e quis poder encontrar uma forma de aliviar seu sofrimento, mas não havia nada mais que eu pudesse fazer.

Não ousei incomodar Sue enquanto ela abraçava Harry e chorava baixinho. Depois de descobrir que Leah ficaria bem pedi licença, pois senti que incomodava, aquele era um momento muito íntimo. Carlisle me indicou que fechasse a porta ao sair e estando do lado de fora tive que lidar com os olhares curiosos, passei as mãos pela face me livrando das lágrimas e fui até o banheiro. Enquanto lavava o rosto percebi que não era a única a quem aquela notícia impactava, Charlie precisava saber sobre o amigo.

Segui apressadamente de volta ao lugar onde deixara Edward, mas não o encontrei, então optei por procurar no estacionamento e o avistei encostado à parede. Fui ao seu encontro, deixando todas as conveniências de lado.

– Eu sinto muito por Harry Clearwater, sei que ele era amigo do xerife.

Assenti.

– Sim, eles eram muito amigos e eu... Bem, preciso de sua ajuda para encontrar Charlie, sei que ele gostaria de estar aqui nesse momento.

Não foi difícil compreender meu pedido, mas me custou muito deixar meu orgulho de lado e recorrer a ele, todavia este instante não dizia respeito a mim. Tive de ser madura por Charlie. Não viera até Edward por acaso, precisava tanto de sua rapidez na direção quanto de sua capacidade de ler pensamentos, isto facilitaria a busca.

– Venha comigo.

Ao menos ele não fez perguntas e agiu prontamente, tentei não pensar que isto pudesse significar que ficaria lhe devendo algo.

Começamos a andar na direção em que o Volvo estava, mas no meio do caminho ouvi meu nome ser chamado, quando me virei avistei Jacob, ele vinha até nós e sua expressão não era das melhores. Não fazia nada errado, mas por algum motivo fiquei desconcertada e senti minhas bochechas quentes.

– Estava indo procurar Charlie, acredito que você já saiba sobre...

– Sim, eu sei. Sam me deu a notícia – me cortou secamente.

Seus olhos iam de Edward para mim com desprezo.

– E porque não procura por ele sozinha?

Vi que não havia prestado atenção a meu braço e o deixei à mostra. Jacob analisou as ataduras e sua expressão se transfigurou para o choque, então ele se aproximou.

– O que houve? – Deixou toda a irritação de lado ao me questionar.

– Um pequeno acidente. – Não pretendia esconder-lhe a verdade, mas achei que não era o melhor momento para contar toda a história.

Porém eu não esperei pelo que veio a seguir.

– Seu sanguessuga nojento! Você fez isso a ela, não fez?

Avançou para Edward e me coloquei entre eles.

– Não, não foi ele.

– Vai defendê-lo? – Ele pareceu descrente.

Não quis que pensasse dessa forma, mesmo estando num canto afastado do estacionamento poderíamos chamar atenção com uma briga. Tive de fazê-lo se acalmar.

– Ele não fez nada, fui eu. Eu mesma me cortei – minha voz saiu baixa ao final da frase.

Jacob me encarou seriamente.

– Porque você faria uma coisa dessas?

– Por minha causa.

Encarei Edward sobressaltada, ele olhava o outro com a mesma feição de desfeita.

– Foi a forma que ela encontrou para que eu saísse de sua casa – completou.

– Deixou ele entrar Liese?

– Não, eu não deixei.

– Então...?

– Olhe, esta não é a ocasião indicada para termos esta conversa. Os Clearwater precisam dos amigos, vá vê-los e eu trarei Charlie.

– Está falando sério Aneliese? Você vai sair de carro com ele?

– Não, eu não vou. – Me voltei para Edward. – Vou pedir para que tentem contatar Charlie na delegacia, é próxima e posso ir andando até lá.

– Não precisa fazer isso.

– Sim, eu preciso. Não devia ter pedido ajuda a você, foi errado de minha parte, me desculpe.

– Vai deixar de fazer algo apenas porque o cachorro não quer que faça?

Jacob grunhiu e tornou a investir contra Edward, mas não tive de detê-lo sozinha dessa vez, pois Sam surgiu próximo a nós e o repreendeu.

– Sue precisa de nós, temos de ir.

Não ouviu minha intervenção, mas seguiu a sugestão do alfa, se virou e partiu sem dizer mais nada.


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