Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 16
Meu passado.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei! eeeeeeee õ/
Tá vai, estou feliz de poder estar postando dois capítulos hoje, eu não estava planejando postar nenhum, peguei o laptop para fazer tarefas e adivinhem? Coloquei o celular em 'aleatório' como sempre faço e fui escutando as músicas, aí uma delas é trilha sonora da fanfic, aí foi meio que automático, quando dei por mim já estava escrevendo. Poxa, eu só tenho que dar graças a Deus por ter conhecido a escrita na minha vida e por não ter desistido disto jamais, pois cada vez que paro tudo o que estou fazendo e me concentro em escrever... Nossa, parece que meu coração até bate mais feliz, não tem como explicar o quanto amo!
Enfim, sem mais enrolações, vamos para mais um capítulo, desta vez sob a perspectiva do Edward. Ficaram confusas com a atitude dele no capítulo anterior? Bravas? Surpresas? Bem, agora vão poder entender o porquê dele ter se envolvido com a danada da Lauren Mallory.
Boa leitura! :)



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Edward PDV

"Já está para chegar a lua nova,
Não poder te tocar já me assusta.
Será outra noite a mais sem te ver,
Não importa que te explique que a vida passa e se vai.
Tanto silêncio me fez te recordar,
Tanta dor me fez muito dano.
O tempo que não para nem um momento,
Por dentro tanto frio, por fora tanta solidão.
Queria saber como te esquecer,
Sinto o som de sua risada,
A chuva sobre o vidro
E minha boca que volta a te chamar.
Se vá, meu pensamento que se vá
Seguindo você até onde está,
Sei que meu coração te encontrará.
Por trás de um sonho que se foi
Sei que esta vida nunca mais será igual."

Mi Vida – Il Volo

~*~

Eu ouvia risos e via as pessoas acenando umas para as outras, elas se cumprimentavam e elogiavam, muitas vezes com falsidade, mas tentavam soar verdadeiras. A música era alta demais e as luzes piscavam incansavelmente. O barulho parecia tão insuportável! Era o som das conversas aleatórias, as palavras mentirosas. As vozes fora e dentro de minha cabeça faziam parecer que tudo se tratava de um zumbido sem fim, sem nexo.

E eu não me importava, eu não ligava. Eu não queria estar aqui, mas precisava. Fazia parte da fachada.

Me senti um adorno enquanto Lauren me agarrava e exibia para as amigas, para todos que nos olhavam. Ela não se ocupava em perceber que eu não estava à vontade apesar de estar ciente que eu falara a sério ao dizer que não gostava de bailes. Isto, entretanto não fora suficiente para fazê-la desistir da comemoração.

Eu ouvia o que cada uma destas pessoas pensava, cada ínfima consideração que lhes perpassava a mente se tornava perfeitamente clara para mim como a água escorrendo pelo vidro, não havia sombras.

E a única mente que queria ouvir era completamente alheia a mim.

Aneliese se mantinha propositadamente distante, mas não parecia sofrer com o afastamento, talvez pensasse que ficando do lado oposto do salão conseguisse se manter fora de meu campo de visão. Contive a vontade de sorrir. Se ela soubesse que não havia forma de eu deixar de vê-la, mesmo que não fosse por meus próprios olhos, eu a seguia a todo instante, era tão natural quanto respirar.

Fizera um acordo com minha consciência e com minha família, convencera meu eu interior de que conseguiria. Eu prometera me manter definitivamente distante dela para sua própria segurança, todavia em meus pensamentos ao menos era seguro mantê-la. Ou talvez eu só preferisse pensar nisto como pretexto para não me afastar por completo, pois sabia que não conseguiria.

Aquele dia depois de abordá-la no trabalho eu voltara para casa com um sentimento estranho que mais tarde reconheci ser tristeza. Claramente que sua rejeição me incomodava e machucava, mas eu havia feito por onde e não tinha o direito de discutir. De todo modo ao anoitecer eu tive deliberadamente que tomar a decisão de me manter afastado.

Havia encontrado meus irmãos em casa e inevitavelmente a conversa que se iniciara no refeitório continuou a se desenrolar. Ao debatermos outra vez sobre os nômades – em especial a crueldade do caçador – percebi que o perigo podia estar nos rondando. Especificamente à Aneliese. James poderia querer vingança e eu era incapaz de pô-la em risco me mantendo por perto; além do mais, Lauren inevitavelmente parecia ser o alvo mais provável. Então eu abdicara da chance de tentar reatar meu antigo relacionamento só para forçadamente começar um novo.

Eu me aproximara desta garota com o único propósito de procurar livrá-la da morte iminente. Esta era a explicação que dera a minha família, mas o motivo real de eu ter saído na sexta-feira de manhã e ido a Port Angeles, a razão real de ter perdido o período inteiro de aulas para permanecer no hospital era apenas uma: manter Aneliese a salvo. Não pude esperar ser tarde demais.

Se James sequer desconfiasse da importância que ela tinha para mim, Liese invariavelmente se tornaria alvo. Então eu simplesmente a livrei, colocando a vida de sua amiga em evidência; sabia que fora uma atitude profundamente egoísta e na expectativa de aliviar minha culpa, no intuito de não ser cruel me obriguei a me manter o mais próximo possível de Mallory. A surpresa foi notar que minha investida não foi sequer vista com desconfiança da parte dela, de algum modo acreditou em minhas boas intenções quando apareci para visitá-la no primeiro horário que consegui.

A verdade era que ela estava sob o inegável efeito de deslumbre e sua mente a fazia acreditar que aquilo se tratava de um sentimento real...

A música ecoando com estrondo dos alto-falantes me trouxe de volta à realidade.

Distante, Aneliese dançava e parecia contente. Seu rosto estava um tanto vermelho pelo esforço, ainda assim ela não parara de se mover sequer um minuto. Chamava atenção mesmo estando no canto da pista. Estava feliz nos braços de outro!

Jacob não encontrava dificuldade em acompanhar seus passos e vez ou outra a fazia rir cochichando algo em seu ouvido. Eu não iria negar que o odiasse agora mais que nunca, não importava quão nobres pudessem ser suas intenções, eu ainda queria que tirasse suas patas sujas de cima dela, mas guardei a revolta para mim mesmo.

Ele parecia perfeitamente seguro de si enquanto a acompanhava na pista de dança, devia pensar que obtivera sucesso com seu discurso patético de dois dias atrás. Mas ele não sabia que naquele momento em que me procurara em minha própria casa as coisas já estavam completamente diferentes. Justamente naquele instante eu havia tomado minha decisão e estava prestes a deixar meus irmãos cientes. O cachorro viera tentar me ordenar algo que eu mesmo já havia me forçado a aceitar. Uma vez que já havia deixado claro o caminho que precisava trilhar não foi tão difícil evitar uma briga.

E agora aqui estava ele se sentindo muito especial por estar na companhia dela, como se merecesse o posto. Ele crera que meu envolvimento com Lauren fora fruto de sua intervenção, pensava que eu ficara atemorizado com suas ameaças.

Pobre vira-lata!

Se lhe fazia bem cultivar noções tão absurdas eu nada tinha a ver com isso. Mas saberia da verdade até o fim. E a verdade era que eu não tinha escolha se quisesse garantir a segurança da mulher que amava.

Novamente me senti tolo por ter concordado com este disparate de ideia de vir ao baile.

Talvez o destino estivesse achando engraçado brincar comigo, pois neste exato minuto a música desacelerou e se transformou numa batida lenta. Lauren que até agora estivera conversando incansavelmente com outras garotas enfim pareceu se lembrar de que eu estava sentado a seu lado.

— Ah Ed, vamos dançar, por favor? Eu posso me mover devagarzinho.

Eu conseguira convencê-la de que o melhor seria permanecer em repouso com o argumento de que isto traria um impacto positivo sobre sua saúde, era mais seguro uma vez que assim eu evitaria entrar em algum possível acidente ao esbarrar em outros estudantes. Todavia me senti cruel de negar seu pedido, pensei que ela talvez merecesse ter bons momentos de que se lembrar e que não era justo satisfazer minhas vontades às suas expensas.

Levantei-me e lhe ofereci a mão que ela pegou muito satisfeita. Lauren de algum modo se assemelhava muito a minha irmã, Rosalie também conseguia ser perfeitamente superficial a respeito da vida, pessoas assim como elas se ocupavam muito em querer agradar aos outros e mostrar que podiam ser superiores. Não era algo agradável de lidar.

Ao ver que ela planejava nos deixar o mais a vista possível consegui rebocá-la para um lado afastado e para evitar que protestasse logo a puxei para perto e segurei sua cintura mantendo nossos corpos próximos. Recebi o efeito desejado quando notei que ela rapidamente se deixou levar pelo êxtase. Encontrou um modo de ficar incrivelmente rente a mim e apoiou a cabeça em meu peito. Notei que a dureza a incomodou, mas não fez nenhum comentário e sua mente me esclareceu que sua justificativa para meu físico eram os supostos exercícios que praticava com minha família ao ar livre.

Me concentrei em minha respiração procurando mantê-la no ritmo e contive um suspiro.

Distraí-me com o reflexo das luzes sobre o piso, agora se moviam preguiçosamente acompanhando o desenvolvimento da batida vagarosa. Dos casais ao redor pouco podia ser associado a romantismo, o que era de certa forma, cômico. Eles se moviam com cuidado, algumas vezes trocando carícias e palavras de afeto, mas a maioria não iria se incomodar em continuar forjando os laços depois desta noite.

Aos poucos meu olhar se ergueu e mesmo sabendo o que me esperava não me obriguei a mudar de direção. Foi fácil encontrar Aneliese mesmo à fraca luz. Ela usava um vestido vermelho, uma cor única entre as demais que no máximo chegavam a um tom berrante de rosa. Podia parecer ousado, mas era o contrário. A cor contrastava com sua pele branca e seus cabelos escuros resaltando seus traços...

Eu me odiei por não ter evitado me expor a isso, pois o que admirava agora se resumia a tudo o que gostaria de ter e não podia. Meu cérebro era perspicaz demais para que eu pudesse ter esperanças de esquecer o que via, sabia que me lembraria dela linda dessa forma mesmo que se passassem anos.

 E apenas o que pude fazer foi recordar.

Recordar a sensação de tocar sua pele, acariciar seus cabelos ou sentir o cheiro de sua respiração... Como pudera perder a única coisa em minha existência que já tivera significado real para mim? Como conseguira ser tão eficaz em destruir minha própria alegria?

Você é um tolo...

Sim. Um tolo. Um parvo. E agora estava novamente sozinho.

Tentava não admitir que vivesse outra vez em um universo vazio, aquela garota trouxera vida a mim, me dera esperança. Aqueles olhos sinceros e azuis me assombravam todos os dias, e as recordações acabariam por me deixar insano.

Covardemente fechei os olhos, me livrei da visão atormentadora dela com outro homem e de seu rosto que não demonstrava repúdio e sim tranquilidade. O que havia nele que a atraía? O que havia nele que a fizera se esquecer de mim e de todo o amor incondicional que eu jurara ser somente seu? Eu lhe daria tudo, minha própria vida se fosse preciso, se ela me pedisse. Largaria todos para trás e partiria, recomeçaria. Como seria se tivesse esta chance mais uma vez? Apenas mais uma vez e jamais, jamais a deixaria partir novamente.

Vampiros não podia chorar, mas nós ainda éramos capazes de sentir. Eu que sempre me considerei uma criatura sem emoções, um ser frio e vil ironicamente agora sofria por amor, por algo a que jamais dera crédito, por um sentimento que até a um ano pensava sequer existir. Fora descrente por décadas, tivera dias amargos e uma vida aprisionada. E consegui me libertar.

Me lembrava exatamente do efeito reconfortante que foi descobrir ainda ser capaz de ter bons sentimentos. Mais de cem anos sob esta maldição eu tive de enfrentar, um século inteiro até perceber que estivera me equivocando desde o começo.

Antes de Aneliese tudo era branco e preto. Eu não havia me esquecido da sensação. Estava sob o domínio de infinitas repetições, dia, noite, dia, noite... Nada era diferente. Não havia algo capaz de prender minha atenção, que me interessasse, eu não tinha fé ou sonhos. Apenas vagava. Contudo agora reconhecia que no fundo, bem no fundo de meu coração adormecido eu sempre cultivei uma ânsia sem igual de ser libertado. Sempre acreditei - por mais que dissesse não – que um dia tudo seria diferente. Eu sabia que o tempo ao menos estava ao meu favor. Tinha décadas e mais décadas a minha frente.

‘Talvez’ eu pensava por vezes ‘talvez algo aconteça’.

No fundo era descrente que com tantos amanheceres me esperando não pudesse haver um em que eu reencontrasse o significado de voltar a ser humano, de voltar a acreditar em tudo e em nada. Eu só queria sair da inércia que era meu viver, só isso...

E então naquela manhã comum Liese apareceu. O anjo que sempre esperei viera me resgatar, a resposta para todos os dias obscuros, para a caminhada que parecia não cessar.

Ouvira inúmeras histórias sobre o amor, o presenciara enquanto ainda era vivo e tornara a vê-lo agir ao meu redor, com meus irmãos, com meus pais, mas sequer poderia imaginar a força avassaladora que ele possuía ao nos atingir. E por mais que fosse indigno estava disposto a me sacrificar pela causa, daria todos os meus instantes, cada segundo, cada batida de meu coração se ele ainda estremecesse. Abriria mão de tudo por ela. Será que chegara a lhe dizer?

Não, não chegara. Sabia que não. Eu pensava que não haveria forma de sermos separados, acreditara que nossa união era firme e que resistiria a tudo. Talvez estivesse certo: qualquer intervenção externa seria em vão, mas não contara que seria eu mesmo o responsável pelo fim.

Respirei fundo, abri os olhos e com muito esforço contive o reflexo de cerrar os punhos.

Meus pensamentos eram o único lugar seguro para Aneliese habitar agora, mas não havia nada de seguro ali para mim e talvez este fosse meu castigo, minha forma de punição.

Contra a vontade tornei a ficar perfeitamente a par da situação em que me encontrava, da pessoa junto a mim, dos humanos ao meu redor. Perder a compostura não era uma opção.

Passaram-se mais alguns minutos até que a música enfim cessou cedendo outra vez o lugar a insistente batida. Lauren não discutiu quando comecei a trazê-la de volta para se sentar e deliberadamente me mantive de costas para os demais, procurando desesperadamente apenas não mais me lembrar de qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Ps. Na emoção de ficar ouvindo músicas e escrevendo e com essa cena do baile inevitavelmente fui parar lá na 'flightless bird, american mouth', quem se lembra dela? Gente, essa música e aquela cena do Edward e da Bella dançando, nossa, uma das coisas mais lindas que já vi. Só sei que fui levada pelos sentimentos enquanto estava falando sobre a tristeza do Edward e - não sei se é porque estou no meio da minha tpm rs - acabei chorando. Nossa, fazia tempos que não me emocionava assim com uma história e esta apesar de ser minha tem vezes que me vejo em terceira pessoa, como espectadora, como vocês...
Eu só espero de coração que não seja a única a se sentir assim envolvida por essa fanfic, então, por favor, me deixem saber o que estão achando dos capítulos!
E assim que puder volto com mais, beijos :*



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