Dany acordou com o brilho do dia do lado de dentro dos aposentos. A leve luz abraçou seus olhos, o corpo estava um pouco dolorido e achou que dormira demais. Lembrou-se dos bebês, precisava saber se estavam bem e fortes, alimentá-los depois daquele parto preocupante. Ela ouviu alguns choramingos e olhou na direção dos ruídos, e viu a cena mais bonita que poderia ver. Jon estava sentado perto de um dos berços, olhando para dentro dele, enquanto segurava Rhaella. Ele estava na cadeira de balanço enquanto a filha lhe agarrava o dedo com a mãozinha inteira. Tinha o rosto iluminado pela felicidade, nem sequer percebera que ela estava já acordada, olhando-o.

Jon cantava uma antiga canção sobre a Dança dos Dragões para seus filhos com a voz mais melodiosa do mundo, sorrindo como um menino. Seus olhos encheram-se de lágrimas, as lágrimas da felicidade. Aquela era sua família. Seu lindo e romântico marido, o homem mais honrado ao qual poderia escolher como pai de seus filhos, o homem que lhe entregou a chance de gestar seus filhos e viver uma vida de mais esperança. 

— Seus filhos gostam demais de você. - Disse ainda bem sonolenta, disse ao marido, despertando-o dos pensamentos. O fez sorrir.

— Acho que Rhaella acordou com fome, porém queria que continuasse descansando. - Ele foi com a filha nos braços para beijá-la. - Como se sente?

— Infinitamente feliz por ter vocês aqui. - Pegou Rhaella e desnudou o seio. A pequena abocanhou-o com uma imensa vontade, porém logo se tranquilizou. Passava as mãos pelos cabelinhos macios da filha e olhava os olhos brilhantes como eram os seus propriamente. Realmente tinham a intensidade do fogo de seus três dragões, juntos. A rainha poderia jurar ter visto o flamejante das chamas passarem por eles por um segundo. O fogo da vida em seu ventre e em seu coração. Deveria pressentir quem seria a emoção, dentre os dois filhos, e certamente era aquela pequena menina faminta. - Pode pegar Eddard, por favor, meu amor?

Lady Margot irrompeu porta a dentro como um furacão, trazendo toalhas e lençóis finos para o príncipe e a princesa. A mulher não poderia estar mais sorridente, e entrava satisfeita pelo quarto. Imaginou que passou a noite ajudando seu Jon a cuidar dos pequeninos enquanto ela dormia.

Jon pegou o filho e levou até a esposa, que em troca, lhe devolveu uma pequena feroz, porém muito mais sonolenta.

— Vou trocar tudo para eles novamente, Vossas Graças. E preciso de ajuda para levar a Alteza para o seu banho.

— Estou bem Lady Margot, só quero passar um tempo com meus filhos.

— Mas Vossa Graça… - Disse enfadada de tentar persuadir Daenerys em tudo.

— Meu amor, você precisa retirar todas as impurezas do parto, para ficar mais confortável e eu estarei aqui de olhos nos nossos filhos, eu prometo isso, sim? - Ela assentiu e o via tão delicadamente colocando Raella para arrotar a alimentação que acabara de ingerir. Imaginara o quanto ele teria se dedicado em perguntar o que deveria fazer, para lhe ser de grande ajuda. Era um homem que a preenchia no coração. - Lady Margot, peça aos intendentes que lhe tragam água quente para que os banhos permaneçam aqui, vamos agasalhar mais os bebês para protegê-los de qualquer umidade que possa haver. - Embalava a filha nos braços que já dormia satisfeita e segura nos braços do pai. A menina parecia apreciar a companhia do pai e sua proteção, ela presumia.

Relaxada com o marido em sua cama, cada um deles, seguravam um bebê. Finalmente após o banho pôde desfrutar de mais conforto e sentir-se melhor e mais revigorada. Jon olhava atentamente o filho, Eddard que trazia em seus braços, com os cabelinhos loiros e olhos castanhos quase que curiosos pelo novo mundo. O pai tinha sido um bom homem e esperava que onde quer que estivesse, se sentisse orgulhoso dele. Provavelmente seria um príncipe guerreiro e se certificaria disso enquanto vivesse, que o filho aprenderia a trilhar o caminho da honra e da bondade do avô.

Rhaella, a mais velha, futura rainha de Westeros com seus cabelos negros e olhos tão violetas quanto os da mãe, olhava-a intensamente como se já quisesse lhe dizer em palavras a que veio para o mundo, porém trazia a contrapartida de uma criança encantadora e a doçura de um bebê em um novo lar. Só queria que o tempo parasse para aproveitar sua família e as pessoas que amavam, mas não sabia quanto tempo toda a paz e prosperidade de um reino em colapso poderiam durar.

— Não existe mãe mais bela em todos os reinos que existem. - Tyrion entrou percebendo o rosto iluminado de Daenerys. Virou-se para Jon com um sorriso matreiro. - Certamente nem um rei com tantas pessoas impetuosas na família para cuidar.

— Se tivesse me importado com a impetuosidade dos Targaryen, certamente minha esposa já teria feito de mim, um belo assado. - Sentiu sua esposa ralhando-o com um olhar, e sorriu divertido.

— Um dia me consolarei de não ter o feito de comida para meus dragões, Jon Stark, porém não hoje. Tenho esses lindos bebês, tudo e exclusivamente por sua culpa.

— Nada me faz mais feliz do que saber que sou o culpado por sua felicidade, porque você é a culpada pela minha. - Beijou-a e se virou para Tyrion. - E bom, o senhor deve saber quem será o responsável pelos dois, não? Pelo menos, enquanto não estivermos aqui.

— Será o maior trabalho de minha vida, pois não sei o que esperar dessa nova geração de Starks e Targaryens, logo eu que achei que as duas famílias mais teimosas dos Sete Reinos e dos Novos Reinos, não poderiam se tornar mais teimosas juntas, e unidas por laços de sangue. - Fez rir o casal apaixonado. - Posso vê-los agora?

— Claro que sim, afinal os verá por um bom tempo. - Disse Daenerys.

— E sabe que contamos com você no futuro, para que quando chegar o momento, esteja em casa, com eles. Impediremos o que for que tente chegar até aqui, custe o que nos custar. - Jon pegou firme a mão da esposa, que trazia um semblante determinado, porém com olhos mergulhados em preocupação.

— Certo. - Olhou para os dois com uma expressão exacerbada de conjectura. - Mas certifiquem-se de voltar ambos sãos e salvos, pois não sei entreter crianças por muito tempo.