…

Daenerys acordara atordoada, ainda pelos momentos ao lado de Jon. Já desperta do sono revigorante, decidiu chamar uma das criadas. Imediatamente uma jovem veio até ela.

— Saberia me dizer onde está meu marido? - Recostou-se em sua penteadeira de madeira real.

— Saiu faz algum tempo para uma montaria com o Alto Septão, Vossa Graça.

— Obrigada.

— A senhora irá participar da nossa festividade esta noite? - Os olhos da criada brilharam.

— Seria uma honra, soube que é a última passagem da Lua sobre esse equinócio de verão.

— Sim, essa é a noite dos amantes. Tudo o que é feito nesta noite por eles é realizado através do amor. Vossa Graça certamente está pronta para a vinda de um bebê. Os deuses dizem isso.

— Os deuses disseram que terei um bebê? - Ela ficou impactada com a contatação. Seu bebê e de Jon, um súbito calor atravessou-lhe a alma e se lembrou de Rhaego. Seu lindo bebezinho que a bruxa lhe tirara em um tempo tão distante. Fazia tanto tempo, mas aquilo ainda corroía-lhe a alma. Afastou a lágrima prestes a cair. O que a mulher dizia não fazia sentido.

— Sim, foi a sacerdotisa Shay-Ara quem nos contou? Ela consegue ler nas flores o futuro da rainha.

— Pois chame-a aos meus aposentos, por favor.

— Como quiser, Vossa Graça. - Reverenciou-a e saiu as pressas.

Dany atendeu as delicadas batidas a porta, dando de frente com a figura de uma linda mulher. Os olhos marcantes pelo delineador preto e as roupas vermelhas lhe davam um ar divinal. Esguia e elegante, fez uma mesura discreta à rainha. Dany pôde notar um olhar inquietante naquela mulher. Não sabia nada sobre quem era e nem o que já houvera previsto antes.

— É uma honra estar em sua adorável companhia, Vossa Graça. - Disse solenemente.

— Digo o mesmo … perdão, como posso lhe chamar?

— Aqui sou chamada de Lady Shay-Ara, mas Vossa Graça pode me chamar como preferir.

— Lady Shay-Ara me parece ótimo, por favor, sente-se. - Ambas se sentaram ao redor da mesa de madeira maciça do quarto real.

— Vossa Graça gostaria de saber algo? - Retirou alguns saquinhos das mangas do vestido vermelho.

— Gostaria de saber um pouco mais sobre o que ouvi hoje. Me contaram sobre o que andou vendo sobre mim e meu esposo.

— Vossa Graça está pronta para ter um bebê, isso é o que os deuses dizem através das flores, porém eu sinto que tem medo. - A mulher prescrutou-lhe a alma. - Vossa Graça não pôde ser mãe uma vez, porém nada deveria temer. Os deuses prometeram seu filho à esta terra e assim será cumprido. Ele será o maior de todos, maior do que seu pai, O Protetor. Ele será o redentor do Novos e Velhos Reinos, dominará os dragões e será aclamado em canções de seu nome. Junto dele toda a terra viverá a paz e a honestidade.

Daenerys ficara inclinada em não acreditar em nada daquilo, por mais bonito que fosse escutar. Seu coração retumbou de tristeza. Não poderia alimentar esperanças por algo que dizia aquela desconhecida. Ela não podia ter filhos e ela sabia muito bem em como aquilo matara um pouco dela mesma e de seus anseios depois de tudo.

— Não creio que isso seja possível. - Queria tentar acreditar naquela chance, porém sabia que aquele seria apenas um jogo de poder. Viu Shay-Ara cobrir a mesa com um pano colorido e espalhar as flores sobre ele, lançando sete porções de pétalas diferentes.

— Os deuses me fazem continuar a ver isto, Vossa Graça. Tenha fé nos Sete. - Ela olhou-a com tanta certeza que Dany sentiu sua alma nua sendo lida por ela.

— Minha fé não é mais a mesma há muito tempo, já não creio nisso ou no destino, eles foram cruéis o suficiente.

— Não subestime o destino Vossa Graça, os Deuses nunca erram e eles tem esse propósito para esse filho que virá. É claro que o que lhe fizeram antes teve seu preço, mas Eles vão lhe ser justos.

Ela queria dizer que aquilo não iria acontecer, que só poderia ser uma mentira ou castigo cruel dos deuses em sua vida, que não havia contado nada para seu marido sobre não poder ter filhos. Por mais que já o tivesse comentado, o medo de rejeição dele, a fez esconder seu passado e agora não sabia como desfazer este mal entendido.

…

Jon olhava algumas coisas em um dos muitos livros dados pelo Alto Septão como presente, enquanto estava na escrivaninha dos aposentos. Histórias sobre grandes guerreiros e feiticeiros para que pudesse conhecer mais sobre o passado de seu povo.

— Dany, gostaria de te mostrar um lugar que conheci hoje. - Ele a viu com um olhar distante, enquanto penteava seus cabelos de fios prateados. - Algum problema? - Sentou-se ao seu lado e tirou a escova de suas mãos. - Querida! - Chamou-a carinhosamente e segurou em seu queixo, fazendo-a olhar para ele. - Ei! O que houve, meu amor?

— Nada, só estou um pouco indisposta para festas, mas tudo bem.

— Então vamos dar um passeio, e talvez isso te anime um pouco mais.

Jon selou um de seus cavalos diretamente na estribaria, dispensando qualquer ajuda. Insistia em fazê-lo, afinal antes de ser um rei, era um guerreiro e eles o admiravam por isso, nada era mais inspirados que seu espírito lutador e conquistador. Dany saiu no momento em que ele colocava as mantas nas selas.

— Onde iremos? - Ela estava curiosa vendo pequenas cestas que as servas colocavam na montaria.

— Isso será uma surpresa, minha rainha. - Uma delas entregou a Jon uma pequena venda de seda, e Jon fez questão de tapar-lhe os olhos.

— Jon, o que está fazendo? - Ele a levou para perto o cavalo e em seguida, foi içada pelo marido, sendo-se a frente dele. Ele a envolveu nos braços forte e beijou seu pescoço com carinho. Dany pareceu ouvir suspiros dos presentes. - Vamos?

— Sim, e é melhor que valha a pena, Jon Stark. - Ele sorriu.