Sobre Príncipes e Princesas escrita por Hanna Martins


Capítulo 31
Sun: a outra face da realeza


Notas iniciais do capítulo

Como vocês estão? Aproveitando o restinho de domingo? Ou estão como eu, querendo voltar no tempo e lamentando porque não fez nada do que tinha planejado porque ficou assistindo uma série... ai, ai, ai, vergonha para mim...



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— Senti sua falta — digo, enquanto acaricio o macio pelo de Morango.  

Depois de quase duas semanas sem permissão para deixar o palácio de verão, essa é a primeira vez que posso sair de lá, para uma rápida visita ao clube de hipismo, é verdade, mas para quem nem poderia ir até a esquina, ou melhor, ir além do portão do palácio de verão, já é alguma coisa.  

As coisas continuam bizarramente complicadas. A rainha ainda não conseguiu fazer sua magia e extinguir todos os rumores que me cercam. Eles diminuíram bastante, porém, não morreram completamente. O grande problema está nas redes sociais. A família real pode controlar a mídia, mas não completamente os boatos que circulam pela internet. E olha que estão empregando bastante esforço em espalhar outros boatos, entre eles, o de que possivelmente um bebê real está a caminho. Ainda não posso acreditar que eles querer levar esse infame plano adiante.  

Apesar de todos esses problemas, ficar no palácio não está sendo tão ruim assim. Pelo contrário. Talvez seja a primeira vez que eu e Leon ficamos tanto tempo de folga, apenas eu e ele, sem tem uma agenda a cumprir. Gosto de ouvi-lo tocar o piano à noite, enquanto conversamos sobre qualquer coisa, assuntos bobos ou sérios. Depois ele senta-se ao meu lado, e eu encosto a cabeça em seu peito, ele me abraça e eu fico em seus braços quentes, fortes e aconchegante. Sua boca encontra a minha, nossos corpos se fundem, já não há mais como saber onde um termina, onde o outro começa.  

Na manhã seguinte, ao acordar, meus olhos percorrem por cada pedacinho de Leon, gravando em minha memória cada detalhe seu. A textura de sua pele, a pequena marca de nascença em formato de coração em seu ombro direito. E todo dia acabo descobrindo um novo detalhe, como aquelas três pintinhas que formam um triângulo na base do seu pescoço. Às vezes, ele me pega em fragrante e se diverte em me provocar. 

Tomamos o café da manhã e vamos até a biblioteca ou nos instalamos em alguma sala agradável do palácio. Leon lê um livro e eu abro o notebook e me ponho a percorrer as teclas com agilidade. Nunca tive tanto tempo assim para escrever. Escrevo e escrevo. Perco a noção do tempo e do espaço, só volto a realidade, quando noto Leon atrás de mim bisbilhotando a tela do computador. Dou uma bronca nele, porque não quero que veja o que estou escrevendo antes que eu termine; ele se desculpa com olhinhos de cachorrinho arrependido e vários beijos.  

Almoçamos. Charlie aparece e nos arrasta para alguma de suas invenções (eu, Leon e Sebastian). Ela anda cheia de criatividade e parece que o verão a deixa ainda mais enérgica. Tédio é uma palavra que não existe se a princesa está por perto. 

E os dias correrem mais ou menos assim.  

Sinto que essa é a vida que poderia ter sido se tivéssemos conhecido em outra ocasião. Mas, no que estou pensando? Ele é um príncipe, eu, uma plebeia. Nunca teríamos nos conhecido, nossos caminhos jamais se cruzariam...  

Já me peguei questionando o porquê de me sentir tão feliz com esses dias. Há vários problemas ao meu redor. Não deveria estar tentando solucioná-los em vez de ficar horas e horas perdida naquele belo par de olhos verdes? Ou então me pego pensando que essa felicidade não vai durar, estou caminhando sobre uma fina camada de gelo, quando menos se espera ela vai se partir, ferindo todos ao seu redor. Tenho medo, fico ansiosa nesses momentos. Leon me abraça e diz que não podemos nos preocupar com coisas que não estão sob nosso controle, por isso, precisamos aproveitar o que temos agora, um dia de cada vez, me deixo embalar por suas palavras, me agarrando a elas com todas as forças.  

— Emma! — Lyane me chama ao longe.  

Ela monta um vistoso cavalo caramelo com manchas brancas. Como uma fada, leve e elegante, desmonta do cavalo e vem até mim.  

— Como você está? — pergunta gentilmente.  

— Bem, obrigada. E você? 

—  Estou bem — Sorri. 

Analiso-a. Faz bastante tempo que não a vejo. Está bronzeada e corada devido ao exercício. 

— Vi você na TV esses dias. 

— Viu? — Ela ri um pouco sem jeito. — Nunca imaginei que a coisa iria tomar essa proporção depois de fazer uma participação tão rápida em um programa de TV! 

— Você ficou muito famosa e ganhou muitos fãs!   

Ela apenas ri, acariciando a pelagem do cavalo.  

— Não é para tanto... Mas, estou feliz em poder fazer aquilo que sempre quis, tocar meu violino. Fui até convidada para tocar em uma orquestra na Alemanha! — conta, empolgada.  

— Parabéns! Você merece, é muito talentosa!  

— Obrigada, Emma! Estou muito feliz! — Olha para seu cavalo. — Hoje vim me despedir de Bach, meu velho companheiro... Não faço a mínima ideia de quando voltarei a vê-lo.   

Observo-a fazer carinho em Bach. Ela está tão feliz. A felicidade parece emanar de seu corpo como uma alegre nota musical.  

— Você tem visto Will? — pergunto.  

— Não, tem um certo tempo que não nos vemos. Ele está passando as férias na Itália. 

— Ah. 

Leon não conseguiu entrar em contato com o primo de jeito nenhum. E eu não tive melhor resultado com Adam. Sem sair do palácio as coisas são muito mais difíceis. Tenho evitado pensar no fato que um dos dois pode ter me dopado. Havia outras pessoas naquele local, poderia ser uma delas, não poderia?  

— Mas, acho que ele volta para minha festa de despedida neste final de semana — Lyane acrescenta.  

— Ele vai voltar? — Me coloco em alerta, preciso avisar Leon sobre isso.  

— Iria chamar você e Leon... mas... — Lyane se detém, me olhando.  

— Eu sei... com tudo o que está acontecendo... as coisas andam meio caóticas na realeza.  

Lyane suspira.  

— A realeza... a imprensa... podem ser difíceis.  

— Eu quem o diga! — murmuro. 

— Mas as coisas vão ficar bem. E Leon... bem, ele vai fazer de tudo para proteger a pessoa que ama. — Me olha.  

— Lyane, nós nunca conversamos sobre isso antes. Sobre Leon, você e eu...  

— Não foi sua culpa, Emma. Antes mesmo de você entrar em nossas vidas, eu e ele sabíamos que não daria certo entre nós. O que tivemos foi algo bonito, mas terminou há muito tempo. E o modo que ele olha para você... Leon nunca olhou para mim daquele modo... Ele faria qualquer coisa por você.   

Olho-a. Em seus olhos não há tristeza, arrependimento, dor ou mágoa, há apenas sinceridade. Abraço-a.  

— Adeus, Emma, seja feliz.  

— Você também, Lyane.  

Me despeço dela e volto imediatamente para o palácio.  

A primeira coisa que faço ao chegar é procurar por Leon. 

— Eu sei onde podemos encontrar Will — é a primeira coisa que falo quando avisto Leon na academia.  

— O quê? — pergunta, tirando os fones do ouvido e desligando a esteira.  

— Will vai estar na festa de despedida de Lyane que vai acontecer nesse final de semana. Encontrei com Lyane no clube de hipismo e ela me falou sobre essa festa e que Will provavelmente vai estar nela — quase atropelo as palavras.  

— Lyane vai embora? — indaga um tanto surpreso. 

— Ela recebeu um convite para tocar em uma orquestra na Alemanha.  

— Ah, certo. Bem, de qualquer forma precisamos ir nessa festa! — Enxuga o suor que escorre pelo rosto. — Will não perderia uma festa de despedida de Lyane por nada.  É nossa melhor oportunidade de vê-lo.  

— Eu sei... Mas não será nada fácil sair daqui... — Penso nas ordens que recebemos de não deixar o palácio e sobre o fato de termos olhos nos vigiando vinte e quatro horas por dia.  

— É, mas temos que esclarecer essa história logo. — Ele toma um gole de água, enquanto pensa em uma solução. — Não importa como, vamos a essa festa.  

— Leon, você ainda está pensando que Will pode ter me dopado? 

— Eu conheço meu primo muito bem.  

— Mas, ele de certa forma foi também uma vítima e o que ele ganharia com tudo isso? 

— Isso é o que precisamos descobrir — pondera.  

— E se não for ele? 

— Ele estava lá, pode muito bem saber alguma coisa. 

Suspiro.   

— Não se preocupe, Emma, vamos dar um jeito em tudo isso — Me lança um sorriso tranquilizador.  

— Mesmo? 

— Sim, prometo! Primeiro, precisamos encontrar um modo de ir para essa festa e depois... depois vemos como as coisas vão ficar.  

As palavras dele são como um sortilégio, elas me deixam mais calma e com a esperança de que as coisas vão se resolver. E por um instante minhas preocupações desaparecem. Tudo vai ficar bem. Pelo menos, nesse momento, acredito nisso.  

— Mas agora preciso de um banho — fala, retirando sua camiseta. — Estou grudento de suor. 

— Até que gosto assim... — murmuro.  

Observo uma gota de suor cair de seu peito, escorregar lentamente até o abdômen, que são extremamente parecidos com um tablete de chocolate, e deslizar até o baixo ventre e se perder na borda das calças.  

— Ei! — ele chama minha atenção. — Por que sinto que estou sendo devorado? Às vezes, você me olha como se eu fosse um bolinho bem apetitoso.  

— Um bolinho não, um tablete de chocolate.  

— Ah, é? Bom saber disso! — Leon sorri maliciosamente, aproximando-se de mim. — E você quer saborear esse chocolate, não é mesmo? 

— Se você está oferecendo não sou eu que vou recusar, nunca se deve recusar chocolate.  

— Estou oferecendo? 

— Está sim! — Escorrego a ponta do dedo indicador por seu abdômen. 

— Chocolate da melhor qualidade — diz ele, capturando minha mão.  

— Prove!  

Leon sorri e me vejo no chão subitamente, envolvida por seus braços, sua boca trabalha sobre a minha pele, explorando seu sabor. Seus lábios aplicam pequenos e tentadores beijos nos meus, depois exploram meu pescoço. Suas mãos levantam a minha blusa e livram-se dela com avidez. Seus lábios descem até meus seios. Os dentes afastam o tecido do sutiã e sua língua brinca com essa parte sensível da minha pele, provocando calafrios deliciosamente tentadores. 

Ele livra-se do sutiã. E eu não desejo mais nada que não seja seu toque.  

Sua boca desce por meu ventre até encontrar minhas calças. Livra-se do obstáculo. E eu aperto seus cabelos com força. Nada mais importa nesse instante. Porque não há nada mais com o que se importar que não seja o fato de meu corpo estar desintegrando com seu toque. 

Ele acaricia minhas coxas nuas sem pressa, como se estivesse planejando uma pequena travessura.  

— Leon... — cada sílaba de seu nome escorrega por minha boca cheia de ansiedade.  

A boca dele desliza por minhas coxas até chegar entre minhas pernas, no ponto mais sensível, no ponto que está preste a queimar meu corpo inteiro. Gentilmente, ele se livra da última peça que resta em meu corpo.   

Mas, como um pequeno travesso, ele me vira de costas e beija cada centímetro de minhas costas. Meu corpo irá se transformar em cinzas em alguns instantes.  

Volto-me para ele, quase de modo selvagem. Sorrio, ao perceber que ele ainda tem suas roupas, e agilmente livro-me delas. Não lhe restando nenhuma peça de roupa para cobrir qualquer centímetro de sua pele quente, macia e tentadora. Há uma fome primitiva em mim... uma fome que não se sacia.  

Ele sorri ao perceber meu olhar faminto. Seu olhar também tão faminto quanto o meu.  

Beijo-o. Beijo-o com todo o meu corpo, com cada centímetro de minha pele. Beijo-o com todo meu ser. Beijo-o com minha alma. Porque quando estou com ele, é como se meu corpo, meu ser, minha alma tivesse finalmente se encontrado.  

Aperto meu corpo contra o seu. Pele contra pele. Alma contra alma. E nós somos um ser único por um instante, que se transforma em eterno, porque nesse momento não há nenhuma regra da física. Também não há nada além de nós.  

 

********* 

O plano para escaparmos do palácio é formulado nos dias seguintes. E assim os dias passam, quando nos damos conta é o grande dia.  

— A mestre das fugas chegou! — anuncia-se Charlie. 

Precisamos da ajuda dela para o plano dar certo.  

— Pode deixar a segurança comigo! Vou cuidar deles direitinho! — Charlie sorri, confiante em suas táticas.  

Graças a ajuda da princesa e um inesperado auxílio de Sebastian (ele nos viu saindo, não nos delatou e ainda distraiu outro guarda-costas!), conseguimos escapar do palácio de verão.  

A festa é na piscina de um hotel. Cautelosos conseguimos a proeza de entrar na festa sem sermos notados.  

— Precisamos encontrar Will o mais rápido possível — diz Leon, escondendo-se sob seu capuz. 

Blusas com capuz é o último modelo para fugas de membros da família real. Ainda bem que os convidados estão ocupados demais dançando, bebendo ou dando uns amassos em algum canto para prestarem atenção em duas figuras suspeita, escondendo seus rostos debaixo de capuzes em uma festa na piscina.  

Percorremos o local com cuidado. Encontrar Will não é uma tarefa fácil. Luz de menos, pessoas demais.  

— Será que ele está mesmo aqui? — Já procuramos tanto que chego a temer que o príncipe não esteja aqui. Tanto trabalho por nada.   

— Ele está — afirma Leon, analisando o local com olhos afiados. — E acho que estou certo — fala com um sorriso vitorioso, indicando com a cabeça uma pessoa.  

Lá está nosso alvo, no bar, pedindo um drink. 

Vamos em sua direção. 

— Precisamos conversar — diz Leon, colocando a mão no ombro do primo. 

— Mas, o quê... — Will reconhece imediatamente o dono da voz ao voltar-se. — O que você está fazendo aqui? Você não estava sei lá de quarentena no palácio de verão?... 

— Precisamos conversar — insiste Leon, lhe lançando um olhar intimador.  

— Tá legal! — dá-se por vencido.  

Encontramos um canto para conversar, sem ninguém por perto e sem a música alta para atrapalhar.  

Leon mantém os olhos sobre o primo o tempo todo, registrando cada um de seus movimentos. Will parece relaxado, bem, do jeito típico Will de ser.  

— Confessa, Will, foi você quem dopou a Emma, não foi? — dispara Leon, sem rodeios.  

— O quê? Como? Emma dopada? Quando? — fala, atordoado, tentando compreender a situação.  

Se ele estiver mentindo, definitivamente, merece um Oscar.  

— Naquela noite na exposição, eu passei mal porque alguém me dopou — explico.— Você sabe de alguma coisa? 

— Não. — Ele passa as mãos nervosamente pelos cabelos, os desalinhando. — Não sei de nada.  

— Chega, Will. Pare com esse teatrinho — adverte Leon. — Você não me engana. 

— Que isso, primo? Você acha que eu iria dopar a Emma, mesmo? — E ele parece genuinamente chateado com a desconfiança de Leon.   

— Não minta para mim. Conheço muito bem quem você é!  

— Eu também conheço muito bem quem é você — revida com cinismo e solta uma risadinha. — Você abandonou Lyane. 

— Não fale coisas sobre as quais não sabe! — Leon está ficando cada vez mais impaciente e irritado.  

— Você sabia que eu a amava! — fala com o dedo em riste. — Mas, não deu a mínima para meus sentimentos. Eu sabia que você iria magoa-la! Falei para se afastar dela, e você... — sua voz fica cada vez mais exaltada. — Você mandou meus sentimentos e meus conselhos à merda! Você não presta, Leon!  

— Já disse para não falar do que não sabe. E você não sabe nada. Não tem direito algum de se intrometer nesse assunto. Mas, não é essa a questão aqui, quero saber se você dopou ou não a Emma! — explode. — Você foi ou não responsável por ter drogado a Emma naquela exposição?  

— Já disse que não! 

O clima está pesado, uma tempestade preste a cair. E eu não faço a mínima ideia de como impedir que ela caia.  

Meu celular vibra. Checo-o com medo de ser alguém do palácio, porém, é apenas uma notificação de e-mail. Ignoro.  

— Mas, você não vai acreditar em mim, não é? — continua Will. — Afinal, nada do que eu diga vai ser levado a sério.  

O celular continua vibrando em meu bolso. 

— Pare com esse joguinho de vítima! — diz Leon, exaltado.  

O celular continua irritando.  

Abro um e-mail, talvez possa ser algo realmente urgente. Meu coração dispara. 

Não. Não. Não. Isso não pode estar acontecendo.   

— William! — a voz de Leon me desperta. 

Vejo que ele está preste a disparar um belo soco no maxilar perfeito de Will. 

— Não, Leon! — intervenho, me colocando entre eles. — Ele está falando a verdade — minha voz sai embargada.  

Leon olha para mim, desorientado, tentado compreender o que está acontecendo. 

— Olhe isso! — Mostro a tela do meu celular para ele. 

— Emma? — Ele me olha, confuso. 

— Leia o título do artigo e o nome de seu autor — minha voz está cheia de revolta, tristeza, decepção e raiva. 

— “O segredo da princesa herdeira: Sun, a outra face da realeza” por Adam Parker. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E essa revelação final? Adam publicou um artigo... pelo título dele já deu para imaginar o conteúdo, não é? Como as coisas ficaram agora? É agora que a rainha enlouquece de vez.



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