Sobre Príncipes e Princesas escrita por Hanna Martins


Capítulo 27
Segundas-feiras podem ser boas!


Notas iniciais do capítulo

Olha, quem voltou e resolveu tirar as teias de aranha dessa história! Dois anos depois e aqui estou eu, publicando finalmente um capítulo de Sobre Príncipes e Princesas! Eu sei, eu sei, vergonha para mim, vergonha para minha família, vergonha para meu gato...

Aqui vai um pequeno resumo do que aconteceu anteriormente:

Emma publicou um conto sobre o pseudônimo de Sun, já que a nobreza pode não lidar muito bem com o fato de ter uma princesa herdeira escritora. Imagine, que pecado não seria descobrir que um dos membros da família real é um trabalhador! (ironia). Ela e Leon finalmente estavam se entendo (finalmente, né, gente, pensei que aqueles dois ficariam só na provocação mesmo), mas, eis que dona Emma, que ficou muito feliz pelo sucesso de seu conto, contou para seu marido sobre seu segredo. Bomba lançada. Vamos saber o que acontece agora.



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Leon passa as mãos pelos cabelos, os bagunçando completamente. Estou ciente que minha atitude em publicar algo, mesmo sendo sob um pseudônimo, não foi uma das decisões mais sabias. No entanto, não posso negar que sua reação me deixou um tanto decepcionada. Não sei... talvez, esperei demais... 

— Eu sei que eu não deveria ter publicado aquele conto... mas já está feito — tento argumentar.  

Nenhuma resposta de Leon. Ele sequer olha para mim. Isso me deixa chateada. Mais chateada do que eu gostaria de admitir.   

— E eu publiquei utilizando um pseudônimo, se isso é o que preocupa você. Ninguém vai saber que o autor do conto é a princesa herdeira — falo, irritada.  

— Você não deveria ter feito isso! — o tom é ríspido.  

— Você também já quebrou muitas regras — rebato no mesmo tom.  

— Sim, já quebrei — contesta, zangado. — Mas, não fiz nada como isso!  

Suas palavras soam como se eu acabasse de ter cometido um crime gravíssimo. Um crime sem perdão.  Por que ele está agindo deste modo? Talvez, esperei demais. Eu até ousei possuir a vaga esperança que Leon sorrisse e afirmasse que tudo estava bem. Porém, agora, ele age como se eu acabasse de assassinar alguém em sua frente.  

— Leon! — estou cada vez mais frustrada. — Eu não fiz nada de errado. Nada.  

— Nada de errado? — ele explode. — Nada de errado?! 

Controlo minha vontade de aplicar um belo chute em seu traseiro. E o fato de ele estar me lançando olhares indignados não ajuda melhorar a situação. 

— Publiquei o conto, sim! — também explodo. — E eu não posso voltar atrás. Já está feito!  

Leon dá as costas para mim, mas antes me lança um daqueles olhares de indignação. Pronto, virei uma criminosa. Chamem a polícia. Prendam Emma Jones, ela acabou de publicar um conto, um crime verdadeiramente imperdoável. 

— Sua Idiota Alteza — resmungo, enquanto piso furiosamente indo para meu quarto. — O que ele pensa que é? Quem aquele príncipe pensa que é para falar comigo daquela maneira? Argh! Se ele... eu vou... — estou tão indignada que não consigo nem racionar direito, muito menos formular uma frase coerente.  

Me pego dando pequenos chutes no ar. Grito de dor, quando bato o dedinho do pé na cama. Bater o dedinho do pé é pior do que qualquer tortura utilizada pela máfia. Se querem fazer alguém confessar alguma coisa, basta fazer a pessoa bater o dedinho bem na quina da cama.  

Briguei com Leon, bati o dedinho na cama. Teoricamente domingos são para serem do tipo preguiçosos, levemente tediosos, mas ainda assim bons. Não é isso que ganhei nesse domingo. Esse era para ser um ótimo dia. Coisas boas aconteceram, então, por que estou assim? Parece que as coisas ruins têm o grande poder de ofuscar as coisas boas. Pode ser o dia mais fantástico de sua vida, mas basta algo péssimo acontecer que tudo vira um grande pesadelo.  

Pego o notebook e começo a digitar furiosamente, despejando toda a irritação nas teclas. Pobre teclado.  

Passo o resto do domingo no quarto, escrevendo. Leon? Sei que ele saiu, um dos empregados me avisou. Para onde ele foi? Não faço a mínima ideia. É melhor assim, neste momento se nos víssemos, com toda a certeza, iremos brigar ainda mais. E chutes iriam atingir certo traseiro real.  

Minha caixa de e-mails, ou melhor, a caixa de e-mails de Sun está novamente cheia. Ainda não acredito nisso. É inacreditável que todas essas pessoas leram o meu conto e se importaram tanto com ele ao ponto de me enviarem todas estas mensagens. Minhas palavras tocaram alguém. Minhas palavras foram importantes para alguém. Minhas palavras. 

Abro um dos e-mails: 

“Sun, não sei quem é você, mas eu não me importo com sua verdadeira identidade. Você deve ter algum motivo muito importante para não se revelar. Como eu ia dizendo, eu não me importo sobre a sua verdadeira identidade, eu me importo com o que você escreveu.  

Sou uma garota de 17 anos. Não tenho amigos. Sou considerada tímida e estranha demais, segundo os meus colegas de escola.  Estou vivendo uma situação parecida com a de Bianca. Eu não me encaixo no mundo, sinto que não há lugar para mim neste mundo em que vivo. Quando eu li o seu conto, senti que você estava falando comigo, que aquela história era destinada a mim. Isso é muito estranho, não é? Poxa, você nem me conhece, eu nem te conheço. Mas, é isso que senti. E assim como Bianca, eu quero continuar lutando para encontrar meu lugar no mundo. 

Por favor, não pare de escrever. Suas palavras têm um grande poder. As palavras podem mudar o mundo de alguém. E as suas palavras podem mudar vários mundos.” 

Minhas palavras têm poder. Minhas palavras. Um calor gostoso se espalha por mim, me deixando incrivelmente forte. Tenho a resposta. Eu sei o que quero fazer. Quero escrever. Quero continuar a escrever. Nunca quis tanto uma coisa, como quero esta. Tenho certeza e nunca tive tanta certeza de algo. O que quero para minha vida é escrever.  

Escrever é como respirar para mim. Escrever é como a liberdade.  

Eu vou escrever. Nada nem ninguém pode tirar isso de mim, porque é algo meu. A primeira coisa pela qual realmente quero lutar.  

Sinto uma sensação de leveza. Pode ser por minha decisão ou devido ao meu estômago vazio. Resolvo assaltar a cozinha. 

Depois de passar por inúmeros corredores — estou convicta que J.K Rowling se inspirou nesse palácio para criar Hogwarts — chego à cozinha. Como já é bastante tarde da noite, não há nenhum empregado por aqui. Me esbaldo com uma torta de legumes, sanduíches e um pudim. Não pensei que estava tão faminta. Estômago cheio, o jeito é voltar para o quarto. Não sei se foi o efeito da comida, mas agora me sinto muito melhor, mais forte, corajosa, me arriscaria a dizer.   

O som do piano invade os corredores. Ainda estou chateada com Leon, embora esteja um pouco mais calma, a raiva do momento já se foi. Hesito em frente a sala de música. Entrar ou não entrar, eis a questão.  

Subitamente, a música se cala. Apenas sons das teclas tirados ao acaso. Abro a porta, provocando um barulho alto, faço questão que a minha presença seja notada. Leon olha para mim e depois volta o olhar para o piano. Respiro fundo.  

— Eu vou continuar a escrever — minha voz sai muito nítida e repleta de determinação. — Porque escrever faz parte de mim — seus olhos afiados vão parar nos meus, o que apenas me deixa mais determinada. — Escrever para mim é respirar. E eu não vou deixar que ninguém tire isso de mim. Ninguém — enfatizo.  

Ele me encara. Meus olhos retribuem seu olhar, firmes, inflexíveis. Leon solta um suspiro.  

— Emma — sua voz é surpreendentemente serena. — Me desculpe, eu me excedi... Não deveria ter agido daquela maneira. Eu fui pego de surpresa... Bem, sei que agi como um idiota. Um grandessíssimo babaca.  

Caminho em direção a ele. Encosto-me no piano.  

— Ah, você reconhece? — descubro que ainda há uma pontinha de aborrecimento em mim.  

— Emma, me perdoei. Eu não deveria ter falado e me comportado daquela maneira com você.  

— Eu fiquei chateada com você — confesso.  

— E você tem toda a razão de ter ficado, eu nem te escutei direito. Eu apenas falei um monte de babaquice. Me perdoei — suspira.  

Lanço um rápido olhar para ele. Ainda há resquícios de minha raiva.  

— Emma... — seu tom é macio e quente. Ele sabe como parecer um bom moço.  

Olho outra vez para ele. 

— Prometo que não vou agir mais como idiota. 

— Ah, você promete? — minha voz soa bem menos zangada, sem que eu queira.  

— Prometo — sorri, ou melhor, lança um daqueles sorrisos arrasadores também conhecidos como quebradores de corações alheios.   

Sua mão pousa na minha. E ele me olha, me olha como um cãozinho na chuva que fez uma grande besteira e foi colocado para fora e agora tenta reconquistar seu humano. Olhar de cachorrinho na chuva é golpe baixo, viu? Deveria existir uma regra proibindo o uso do olhar do cachorrinho arrependido como argumento para ganhar uma discussão. 

Leon continua a me olhar. Oh, não, mais olhares de cachorrinho arrependido! Que jogo baixo! Assim não há raiva que aguente.  

Pouso minha outra mão em cima da sua.  

— Eu sei que eu não posso escrever... tem aquela regra sobre os membros da família não exercer qualquer profissão... mas, eu quero continuar a escrever. Eu sinto que... achei meu lugar no mundo. Quando eu escrevo, é tão maravilhoso, ver aquelas palavras no papel, palavras que eu escrevi... E eu não quero deixar este sentimento ir embora. Não quero.  

Leon se levanta e me puxa contra seu peito. Pousa os lábios em minha testa.  

— Eu sei — sussurra. — Eu sei.  

As mãos acariciam suavemente as minhas costas.  

— Eu sei como é ter algo assim, que é tão bom e essencial quanto respirar. Para mim, é a música. Não me imagino sem a música em minha vida, porque ela faz parte de mim.  

Me deixo ficar nos braços dele, porque eles são fortes e cálidos.  

— Mas... se alguém descobrir... será... 

— Um completo desastre — completo. — Eu sei. Mas, eu quero tentar. Estou ciente dos riscos. Eu sei que fazer algo assim me colocará em uma situação perigosa. Mas, mesmo assim, eu não posso deixar de escrever. Não posso.  

— Ah, Emma — ele beija o topo de minha cabeça. — Não vou te impedir de escrever. Não posso, não tenho esse direito. Mas, não estou certo do que vai acontecer. E se eles descobrirem... Eu apenas não queria que você estivesse em uma situação complicada e perigosa demais... Eu tenho medo — confessa. 

Me agarro a Leon. Aperto fortemente os braços ao redor de sua cintura.  

— Posso ler seu conto? — pergunta depois de um momento de silêncio. 

Assinto.  

— Tenho uma versão comigo, está no meu quarto — digo, o soltando.  

Leon me acompanha até o quarto. Adam conseguiu uma cópia para mim, antes deles publicarem oficialmente a revista “Jovens na literatura”. Encontro a cópia, que está um pouco desgastada depois de tanto manuseio (digamos que aconteceu um acidente enquanto eu dormia com a revista), entrego-a a ele na página do conto. A página mais surrada.  

Ele se acomoda na cama e eu vou até a janela. O céu está todo coberto de estrelas. Mostrar minhas palavras a ele é um tanto embaraçoso. É estranho ter uma pessoa que eu conheço lendo as coisas que eu escrevi em minha frente. Até mesmo evito sondar sua expressão. Olho para o céu apenas. A expectativa de saber se ele gostou ou não até me dá um frio na barriga. Aquele friozinho que aparece quando você vai receber o resultado de algo muito importante. Leon é importante para mim. Por isso, saber se ele gostou ou não do meu conto me deixa altamente ansiosa.  

— Emma... — me chama após terminar a leitura. Me volto. — Sua escrita é realmente extraordinária — fala, admirado. 

— Você gostou?! — um sorriso enorme brota em meus lábios.  

Ele assente com um sorriso e me estende a mão. 

Vou até a cama e me acomodo ao seu lado, entrelaço minha mão na sua. 

— Sua escrita tem um toque especial, tem o poder de transmitir sensações ... — acaricia meus cabelos. Me aconchego ainda mais nele. — Mas... Emma, sobre o que você escreveu... a solidão de Bianca, a dor dela por não pertencer àquele lugar... não é apenas ela que sente isso, não é? 

Há coisas que não consigo esconder de seus olhos perspicazes. Leon pousa um beijo demorado, delicado e cheio de calor em minha bochecha.  

— Nunca ninguém deve descobrir a identidade de Sun — afirma ele.  

— Eu tomarei cuidado.  

Beijo os lábios de Leon e em instantes, tudo desaparece. Somos só eu e ele e nada mais importa. Não há mais problemas, preocupações ou um mundo além de nós dois. 

Nossas roupas se perdem pelo chão e nossos corpos se movem conduzidos por uma harmonia que somente eu e ele podemos ouvir. Seus lábios passeiam por cada centímetro de minha pele. Sua boca me devora. O calor de seu corpo me aquece.  Seu aroma impregna-se em mim. Não há mais eu e ele, somos apenas um único ser.   

Acordo com o calor de Leon me envolvendo, sua respiração em minha nuca. Tomo cuidado para não o despertar e saio da cama na ponta dos pés. Preciso ir para a faculdade. Hoje é segunda-feira.  

Vou para o banheiro e tomo um banho para me despertar completamente. Encontro Leon se espreguiçando na cama.  

— Você não vai para a faculdade? — pergunto. 

— Não tenho a primeira aula hoje — responde, levantando-se e expondo seu corpo inteiramente nu aos meus olhos.  

Olho e nem disfarço. Bem, uma garota tem o direito de ver uma bela visão pela manhã, sabe, para começar bem o dia. Ainda mais se este dia for segunda-feira. Segundas-feiras não precisam ser tão ruins.  

Seus cabelos negros completamente desalinhados, sua boca vermelha... seu maxilar perfeito... seu abdômen tabletes de chocolate...  

— Desse jeito eu me sinto como se eu fosse um bolinho de padaria.  

— Hum... um belo bolinho — zombo.  

Ele me puxa e prende contra seu corpo.  

— Vou chegar atrasada...  

Como resposta, ele pranta um beijo em meu pescoço.  

— Vai valer a pena — sussurra, cheio de atrevimento.  

— Ah, é? 

— É. Presente de segunda-feira — murmura em minha orelha, mordiscando o lóbulo.  

— Então, você quer me dar um presentinho para melhorar a segunda-feira? 

— Segundas são tão chatas, tediosas. Você tem muita sorte, tem a mim para melhorar sua segunda — os lábios deslizam por meu pescoço, parando em um particularmente ponto sensível, sua língua acaricia minha pele, saboreando-a.   

— Você está tentando salvar minha segunda-feira, é?  

Como resposta, ele suga minha pele com força, como chuparia uma deliciosa fruta madura e suculenta.  

— Só estou sendo uma boa pessoa — sua mão abre meu roupão e apanha meu seio esquerdo, dando uma leve apertada, e seu polegar trabalha em uma área especialmente sensível. — Apenas quero deixar a segunda de alguém muito melhor...  

— Segundas podem ser boas? — cada parte de meu corpo arde por causa de seu toque.  

— Podem — afirma com um sussurro rouco. 

— Realmente? 

— Isso é uma aposta? — indaga, abrindo ainda mais meu roupão, deixando meus seios expostos. 

— É. 

— Eu nunca perco uma aposta. 

Sua boca abocanha meu seio direito, enquanto sua mão aperta meu outro seio. Aperto seus ombros com força. 

— Segundas podem ser muito boas — seus lábios deslizam por meu colo, minha clavícula, meu pescoço, provando o sabor de minha pele. Ele deixa um rastro de fogo e volúpia em cada lugar que toca. Queimo.  

— Então, me mostre. 

Procuro por sua boca avidamente. Ele me encosta contra a parede. Enrosco minhas pernas em seu quadril. Nós dois estabelecemos uma pequena guerra de lábios, línguas, dentes, mãos. Pele contra pele nua. Embrenhamos um no outro. E eu, mais uma vez, perco a noção de tudo ao meu redor. Tudo o que me resta são sensações.  

Resultado: Emma Jones chegando atrasada em sua primeira aula do dia. Ah, aquele príncipe!  

As aulas passam rapidamente. Hoje vai ser mais uma daqueles dias normais. Aulas com Daphné à tarde, algum evento... nada de novo. No entanto, logo percebo que estava bem enganada quando Sebastian aparece anunciando que a rainha me convocou. Uma convocação da rainha Felipa? O que eu fiz? Estar na presença da rainha nunca é uma tarefa fácil. As outras pessoas ganham sogras normais, daquele tipo que reclama da comida, do jeito que arruma a cama, do cabelo, mas eu? Eu, não. Tenho que ganhar uma sogra real. A rainha.  

O jeito é atender seu pedido, não há outra opção.  

E lá vou eu para a tortura... digo, visitar minha querida sogra real.  

A rainha não me recebe em seu gabinete real, o que é estranho. Sou conduzida até uma saleta. Os empregados se retiram e me deixam sozinha. Nunca estive neste local antes, é menos pomposo que o gabinete real. Quase sem móveis, somente o essencial, porém, com uma decoração refinada, a saleta transmite um ar intimidador.  

Nem ouso me sentar. Fico olhando distraidamente os quadros nas paredes, que são bem poucos, apenas dois. Um é de uma cadeira solitária em um jardim, a cadeira é velha, parece esperar que alguém a ocupe, há algo de estranhamente melancólico nessa pintura; o outro, é de uma rainha do século XVIII, cujo nome me foge no momento.  

Os minutos levam uma eternidade para transcorrem. Quando ouço um barulho na porta, me volto rigidamente. Meus músculos ficam tensos. A rainha Felipa com seus passos de fadas entra. Faço uma reverência. Seus olhos por alguns instantes fixam-se em mim. Um calafrio percorre meu corpo. Calmamente, sem me dirigir uma palavra, ela caminha até a escrivaninha e pega algo de uma das gavetas. Uma pasta. Com movimentos ágeis, mas ainda assim, elegantes, retira um grande envelope pardo e estende para mim. Pego-o.  

— Abra — fala com sua voz macia, porém repleta de autoridade.  

São jornais. Os jornais de hoje mais especificamente. Eles mostram fotos da competição de hipismo de ontem. Passo os olhos pelas manchetes, estão apenas falando do comparecimento dos membros da família real ao evento. 

Olho para a rainha.  

— Sua Majestade... eu não compreendo...  

— Não compreende? —  os intensos olhos verdes me estudam. — Analise as fotos — não pede, exige.  

Volto a observar as fotos. Tento me concentrar. A presença da rainha me gera um certo nervosismo. As fotos mostram Leon, Charlie, a princesa Sylvia, eu e Will. Aliás, há várias fotos de mim e de Will assistindo à competição, conversando e até há uma em que estamos sorrindo um para o outro...  

— Compreende, agora? — sua voz é tão doce e ao mesmo tempo tão ameaçadora. 

— Isso é... 

— Há muitos rumores, Emma. Rumores demais — me encara, parece atravessar minha alma com o olhar.  

— Isso é uma completa bobagem! — tento soar como se acabasse de escutar uma piada. — Eu e Will? Não. Nunca. Ninguém pode estar acreditando nisso. É mentira.  

— Sim, pode ser, mas não importa o que é verdade. O que importa é que existem estes rumores.  

— Como?  

Não posso acreditar que estão falando que há algo entre mim e Will. Isso é um absurdo muito grande. Eu nem mesmo estou conseguindo digerir isso direito. Estou atordoada.  

— Há muitos rumores que correm sobre a família real. São mentiras, evidentemente. Na maioria dos casos, conseguimos que eles não cheguem à população. Mas, alguns circulam entre a nobreza... E no seu caso... os rumores estão se espalhando muito rapidamente, especialmente depois do jantar na casa de Lorde Faber neste final de semana. Muitas pessoas viram vocês dois juntos portando-se com um alto grau de intimidade. E algumas pessoas que estavam lá... — ela me olha. — Podem não ter uma opinião muito boa sobre a princesa herdeira.  

Tudo isso é tão surreal para mim que nem sei o que pensar.  

— Mas, isso não é verdade — é a única coisa que consigo falar em minha defesa. 

— Eu estou trabalhando para que os rumores se extingam... mas, se eles chegarem até a população, teremos grandes problemas.  

A rainha Felipa é alta e agora ela me parece ainda mais imponente. 

— Mas, você terá que ser mais cuidadosa. Muito mais — enfatiza com sua voz doce e repleta de autoridade. — Não podemos ter nenhum tipo de problemas agora, nem com a nobreza nem com a população. Não se esqueça que tem os olhos da nação sobre você.  

Ela me lança um olhar ameaçador. Certo, entendi o pequeno recado. Por que sinto que uma nuvem negra começa a se formar sobre mim?   


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Notas finais do capítulo

Passou-se mais de dois anos sem que eu tivesse publicado um único capítulo sequer para essa história. Eu me senti bem mal por não ter conseguido continuar a escrever durante esse tempo. Minha vida estava uma bagunça e simplesmente não conseguia colocar as ideias no papel. Nada que eu escrevia me parecia bom naquele momento, e eu não queria entregar a vocês algo ruim. Tentei diversas vezes retornar para o mundo da escrita, mas, sempre falhei, o que só me provocou mais frustação. Enfim, o tempo passou e lá se foram dois anos... Mas, eu nunca desisti de terminar essa história e finalmente consegui. Quero me desculpar com todos aqueles que esperavam por um novo capítulo, e agradecer a todas mensagens que recebi, se não respondi alguém foi porque eu não vi, passei bastante tempo longe do Nyah, somente agora estou voltando.

Espero que ainda tenha companhia para chegar até o final dessa jornada, porque são vocês os responsáveis por tornar esse caminho tão especial. Vou ficar muito feliz em encontrá-los novamente. Dessa vez vou terminar essa história sem interrupções. Promessa de mindinho. No próximo domingo, vejo vocês novamente, e se eu não aparecer podem ir puxar meu pé! Bjus



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