O espanto foi geral por toda a sala de espera da enfermaria. Ninguém esperava ouvir o que madame Pomfrey tinha acabado de dizer. Ninguém esperava ouvir que Rose tinha tomado uma poção que poderia tê-la coloca num sono eterno.

—Tem a certeza do que está a dizer? - perguntou Scorpius para ter a certeza que tinha ouvido bem.

—Sim. - confirmou madame Pomfrey - O efeito deve passar dentro de alguns minutos. A dose que ela tomou foi mínima.

—Tenho de falar com os meus pais. Eles precisam de vir cá. - disse Hugo para Lily.

—Sr. Weasley, o professor Longbottom já informou os seus pais. Eles chegam a qualquer momento. 

Scorpius ainda estava em choque. Se aquele maníaco tivesse errado na dose, Rose poderia dormir para toda a eternidade. Mas, ao mesmo tempo, Scorpius suspeitava que o maníaco dos bilhetes sabia exatamente a quantidade de poção que teria de dar a Rose. Aquilo era apenas um susto. Um aviso para eles saberem que eram facilmente atacáveis. 

—Posso entrar? - pediu Scorpius com a maior delicadeza do mundo.

—Pode, sr. Malfoy. - respondeu Raphaela - Só podem estar no máximo três pessoas na enfermaria.

Mas antes que alguém se manisfestasse para entrar com Scorpius, este falou. Este pediu para estar a sós com Rose. Para perceber o que realmente tinha acontecido. O real porquê para Rose estar na enfermaria.

Dada a delicadeza do assunto, ninguém se manifestou. Nem mesmo Hugo. Hugo também gostaria de estar com a irmã naquele momento, mas percebeu o pedido de Scorpius. Assim, preferiu ficar à espera que os pais chegassem e assim entrassem com ele.

A claridade de algumas horas atrás já não se fazia sentir. Apenas a luz do luar, não muito forte pois não era lua cheia, invadia a sala pelas janelas. 

Rose encontrava-se na mesma posição de algumas horas atrás. Quem a visse, diria que ela estava apenas a dormir. E na realidade estava. Esse era o grande efeito da poção do Morto-Vivo.

—Porquê Rose? - perguntou Scorpius sabendo que Rose não iria responder - Porquê que não nos deixam em paz de uma vez por todas? Primeiro a Anderson para nos separar. Agora este maníaco que não nos deixa em paz e faz questão de relembrar que tem controlo nas nossas vidas. As únicas pessoas que podem ter controlo nas nossas vidas, somos nós próprios. Mais ninguém. Eu tento. Eu juro que tento. Tento ser otimista com toda esta situação. Mas cada vez fica mais difícil. Cada vez fico com mais medo do que me possa acontecer mas, principalmente, do que te possa acontecer a ti. Eu já não imagino a minha vida sem ti. Por mim, mal saíssemos de Hogwarts, para além de casa, também acho que nos deveríamos casar. Será que aceitarias o meu pedido?

—Óbvio que eu aceitaria o teu pedido. - respondeu Rose, em tom fraco, enquanto abria os olhos - É um dos meus grandes sonhos. Um dos sonhos que quero concretizar ao teu lado. Se tu deixares, claro.

—Princesa. - disse Scorpius abraçando Rose - Eu estava tão preocupado? O que é que se passou? Como é que tomaste a poção do Morto-Vivo?

—Tomei-a de livre vontade, Scorp. - revelou Rose deixando, mais uma vez, Scorpius em choque. Aquela era a última resposta que Scorpius imaginava ouvir.

—Como assim tomaste de livre vontade? - conseguiu perguntar Scorpius.

—Ele ou ela ameaçou-te, Scorp. Eu não podia deixar que nada te acontecesse. Se te acontecesse alguma coisa, eu não sei o que aconteceria comigo.

—Mas eu estava no jogo, Rose. Mas tu descobriste quem era?

—O maníaco veio ter comigo na forma de uma outra pessoa quando eu estava para ir ter contigo. - revelou Rose - Ele era eu. Ele utilizou poção Polissuco para se transformar em mim e vir até mim. Depois mostrou-me que tinha um ângulo totalmente bom de ti. Ele ia matar-te, Scorp. Eu pensei que não fosse capaz. Mas quando ele começou a pronunciar o feitiço, eu simplesmente bebi.

—Quer dizer que ele fez isto para apenas nos assustar? 

—Sim. - confirmou Rose - E ameaçou-me dizendo para eu não dizer nada a um adulto. Por isso é que ninguém pode saber que tomei a poção de livre e espontânea vontade. Ninguém.

—Os teus pais estão a chegar a qualquer momento, princesa. Que lhes vais dizer?

—Que não me lembro de nada. - respondeu Rose - Por muito que me custe, eu vou ter que mentir. Pelo bem de nós dois.

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Quando Hermione e Ron chegaram, a enfermaria tornou-se um autêntico interrogatório. Estes faziam questões à filha para saber ao detalhe tudo o que tinha acontecido. 

Nem mesmo Hugo, que costumava ser mais sossegado nestas situações, deixou passar esta situação em branco. Nem mesmo ele parou de fazer perguntas. Ele precisava de saber que a sua irmã estava bem.

—Eu preciso é de sair daqui, mãe. Tenho ainda muita coisa para estudar para os exames. - disse Rose aos pais.

—Nem penses nisso, Rose. A tua saúde é mais importante. E temos ainda de encontrar o responsável por isto. Eles merecem pagar pelo que fizeram à minha filha.

—Podemos simplesmente esquecer o assunto, pai? - perguntou Rose já sabendo a resposta que o pai lhe ia dar.

—Óbvio que não, Rose. A tua mãe tem razão. Isto é um assunto muito sério que não pode ser esquecido. Por Merlin não aconteceu nada de grave, mas poderia ter acontecido.  - respondeu Ron - Eu vou falar com o teu padrinho para abrir uma investigação em Hogwarts. Quem te fez isto não vai sair impune.

Rose preferiu não dizer mais nada. Estava explícita a ideia dos pais. E ela compreendia perfeitamente. Se fosse mãe, faria o mesmo. 

Por um lado, Rose ficou aliviada. Mesmo não sabendo da história completa, abrindo uma investigação em Hogwarts, faria com que o maníaco se escondesse para não ser apanhado e haveriam mais pessoas à procura dessa pessoa.

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Perto da hora de jantar, já a sala de espera estava praticamente vazia. Todos tinham estado com Rose. Todos tinham conversado com ela. Todos tinham feito as mesmas perguntas. E Rose tinha dado a mesma resposta. Exceto a Scorpius, Octavia, Albus e Molly. Estes eram os únicos que sabiam a verdade.

Pelo menos dos que estavam presentes em Hogwarts. James tinha mandado uma carta totalmente preocupado. E nem precisou da confirmação de Rose para saber que quem tinha feito isto a Rose tinha sido a mesma pessoa que lhe andava a mandar bilhetes. 

Rose escreveu uma extensa carta ao primo a pedir-lhe por tudo que não contasse nada ao seu pai. Que havia muita coisa em jogo.

—Espero que o Sirius não faça nenhuma estupidez. - comentou Rose com Scorpius. Estavam apenas eles na enfermaria.

—Tu explicaste-lhe a situação. Apesar que no fundo, adorava que ele contasse a alguém. Para esta situação ser resolvida de uma vez por todas.

—Eu expliquei-te, Scorpius. Mesmo não sabendo, eles já estão a ajudar. Eles vão investigar. Podemos ficar um pouco mais descansados. - disse Rose - Agora vai jantar. 

—Eu depois como qualquer coisa quando tiver que sair daqui. - respondeu Scorpius.

—Nem penses. Não quero ser responsável pela tua vinda para a enfermaria. Vai lá. Eu não fujo daqui. - disse Rose em tom de brincadeira.

Scorpius decidiu não insistir. Ele queria muito ficar ali mas também não queria contrariar Rose. Depositou-lhe um beijo na testa e saiu.

Madame Pomfrey entregou um tabuleiro com o jantar a Rose e voltou para o seu escritório deixando Rose sozinha.

Rose começou a comer o seu jantar descansada quando ouviu a porta a enfermaria abrir.

—Scorpius, eu... - mas Rose parou quando viu que não era Scorpius. Era Liam - O que...Ma...

—Por favor Rose, não chames ninguém. Eu não te vou fazer mal. - disse Liam aproximando-se cautelosamente.

—Como não ias fazer da outra vez? - perguntou Rose acidamente.

—Por favor Rose, eu não preciso que fales comigo, eu só preciso que me escutes. Por favor.

Rose não queria admitir, mas estava aterrorizada. Ela não tinha a varinha consigo para se defender caso Liam atacasse. A sua melhor hipótese era a madame Pomfrey que se encontrava no seu escritório.

—Rápido. E se te atreves a fazer alguma coisa, eu desfaço-te. - ameaçou Rose sem saber de onde vinha aquela coragem toda.

—Eu lamento imenso pelo que aconteceu naquele dia. Eu juro. Eu não queria fazer nada aquilo. Eu tenho nojo de mim mesmo por o ter feito. Eu gosto realmente de ti. Podes não acreditar, mas eu nunca faria isso. Eu só o fiz porque...porque...eu não posso dizer porque o fiz. Mas tens de acreditar que lamento imenso. 

—Como é que queres que acredite em ti então? - perguntou Rose completamente descrente das palavras que Liam proferiu.

—Tu tens de ter o máximo cuidado possível. Tu e o Scorpius. Vocês estão num grande perigo. Hoje foi a poção mas amanhã pode ser algo de mais grave. Cuidado Rose. - avisou Liam antes de sair sem dar hipótese a Rose de dizer alguma coisa tal era o choque do que tinha acabado de ouvir.

Mas, depois de alguns segundos a raciocinar as palavras de Liam, Rose conseguiu perceber algumas coisas. Liam não era o autor dos bilhetes. Muito possivelmente, Liam estava a ser ameaçado pela pessoa que andava a mandar bilhetes. Tal como tinha acontecido com Sarah. Mas Liam, ao contrário de Sarah, tinha cedido à chantagem. 

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O exame de Transfiguração seria naquela manhã. Durante a tarde, seria o exame de Runas Antigas.

Como era de esperar, Rose estava completamente nervosa. Tinha tido menos um dia de estudo do que era previsto e isso era o suficiente para chumbar, na opinião dela.

Por uma questão de segurança, madame Pomfrey manteve Rose mais um dia na enfermaria para descansar o que implicou a falta de estudo naquele dia.

—Não consigo perceber a preocupação dela. Ela anda à meses a estudar. - sussurrou Albus para Scorpius para que Rose não ouvisse.

—Até parece que não conheces a tua prima. - respondeu Scorpius.

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Depois de duas horas, a disposição de Rose já era completamente diferente.

—Pensei que seria mais difícil do que foi. - disse Rose a Albus e Scorpius.

—Por mais difícil que fosse, tu irias sempre dizer isso, Rose. Para o que estudas. - comentou Albus a quem o exame não tinha corrido assim tão bem.

—Não é bem assim, Al. Eu perdi um dia essencial de estudo. Podia ter sido crucial. Ainda pode ser crucial. Agora vamos almoçar que à tarde temos o de Runas Antigas.

O mesmo aconteceu momentos antes do exame de Runas Antigas. Rose desesperou completamente. Mas passadas as duas horas, Rose estava com a mesma boa disposição da hora de almoço. O exame, como já era de esperava, correu-lhe da melhor forma possível.

 No ver de Rose e todos os que tinham contacto com ela, esta boa disposição duraria até à manhã seguinte, altura em que teriam exame de Defesa contra a Arte das Trevas. Mas estavam todos enganados. 

Quando Rose chegou ao quarto, pequenos recortes de jornais estavam espalhados pela sua cama.

TIC TAC

TIC TAC

O vosso tempo está a chegar ao fim.

A boa disposição de Rose desapareceu completamente. Desde a final de Quidditch que os bilhetes tinham deixado de aparecer. Mas ali estavam eles, mais uma vez, para relembrar que a sua vida e a de Scorpius não estava nas mãos deles próprios.