Tanto Dominique como James encaravam Fred sem saber o que dizer. A realidade era que eles tinham combinado contar sobre eles no Natal a toda a família. Mas eles tinham-se descuidado. Tinham-se deixado levar pelas suas emoções. Eles sabiam perfeitamente que Fred iria voltar para continuar a ajudar.

 -O gato comeu-vos a língua? – perguntou Fred sem tirar o sorriso do rosto. Ele estava a divertir-se às custas dos primos.

—Fred, bem o que tu vis…

—Nós estamos juntos. – Dominique cortou James. Já sabia que ele ia tentar dar a volta ao assunto e não era isso que queria. Se eles iriam assumir no Natal, escusavam de estar a mentir agora a Fred. Ele era amigo deles.

—Sempre tão direta, cara prima. – disse Fred tentando agora colocar uma face séria – O que vocês estão a fazer é errado.

—Fred! – exclamou James em choque. Tanto ele como Dominique não estavam à espera que Fred dissesse algo do género.

De repente, Fred começou a gargalhar. Os seus primos tinham caído direitinho na brincadeira por ele criada.

—A sério que vocês acreditaram? Tenho uns primos mesmo ingénuos. – disse Fred entre gargalhadas – É claro que eu estou feliz por vocês. E claro que vou adorar ver a cara do tio Bill quando souber.

Este último comentário arrancou risadas de Dominique. Ela e James já tinham comentado uma vez um com o outro qual seria a reação da família. Dominique e James não sabiam como é que eles iam reagir. Mas o principal receio de James era o tio Bill, pai de Dominique. Ele sabia o quão protetor um homem podia ser com uma mulher da família afinal ele era extremamente protetor com Lily. E só não era com Rose porque felizmente, no seu ver, ela nunca tinha tido um namorado. Só de imaginar a irmã nos braços de um rapaz, enlouquecia-o. Com o seu tio não iria ser diferente. Bill já tinha perdido Victoire para Teddy Lupin. Agora era a vez de Dominique.

—Não assustes o rapaz. Ainda vou querer namorado para apresentar à família. – brincou Dominique sem ter reparado que tinha chamado namorado a James. Mas esse facto não passou despercebido a James. Ela já o considerava um namorado mesmo que não tivessem oficializado. Isso era uma coisa que tinha de mudar. Movido por este pensamento, James afirmou que tinha de se ausentar por uns minutos.

James percorreu Hogwarts em busca de Rose. O primeiro lugar que procurou foi a biblioteca mas por incrível que pareça, ela não se encontrava lá. Continuou o seu caminho em busca de Rose até que a encontrou junto a Albus.

—Rose. – proferiu James chamando a atenção da prima e do irmão – Precisava de falar contigo.

—Claro. – respondeu Rose – Mais uma vez obrigada. – agradeceu Rose a Albus entregando-lhe o caderno de Poções que este lhe tinha emprestado mais cedo.

James e Rose decidiram caminhar enquanto conversavam.

—Não sabia que tu e o meu irmão estavam outra vez próximos. – comentou James chamando a atenção de Rose. O seu tom não era de acusação. Pelo contrário, era um simples comentário.

—Ele só me emprestou o caderno de Poções.

—Porquê?

—Perdi a hora e não fui à aula. – respondeu Rose omitindo o facto de ter perdido a aula por causa de Scorpius Malfoy. Ninguém precisava de saber desse pequeno pormenor.

—Nunca pensei ouvir Rose Weasley dizer que perdeu a hora. Deve estar para acontecer alguma catástrofe. – brincou James sendo soqueado por Rose, de leve, no braço.

—Acontece a todos. Mas afinal que querias falar comigo?

—Eu quero pedir a Dominique em namoro. Acho que já está mais que na hora.

—Concordo Sirius. Mas então de que estás à espera? – perguntou Rose.

—Não sei como fazer o pedido. Eu nunca tive uma namorada antes, Rose. Não sei como se deve agir num momento destes.

—Tenta surpreendê-la sem perderes a tua essência. Não faças algo encenado. Sê tu próprio. – aconselhou Rose. Era por isto que James adorava falar com a prima. Ela tinha sempre a resposta para os seus problemas.

—Obrigada Rose. – agradeceu James dando um beijo no rosto de Rose – Não sei o que era de mim sem ti – dramatizou James.

—Ficavas sem rumo. – brincou Rose – Bem, vou andando.

—Rose, espera. – chamou James quando viu a prima afastar-se. Esta voltou-se para ele para que este continuasse – Logo vais à festa, não vais?

Rose olhou para o primo sem saber o que dizer. Ela nunca fora muito de festas e sinceramente não lhe apetecia ir. Era algo fora da sua zona de conforto.

 De repente, as palavras de Scorpius vieram à sua mente. Encontramo-nos logo, dissera ele naquela manhã. Inconscientemente, ela queria ir para poder ver Scorpius. Reprimiu-se por pensar nisso. Ela mal falava com Scorpius e já estava a querer vê-lo sem mais nem menos. Scorpius Malfoy estava a dar-lhe a volta à cabeça.

—Não sei, Sirius. – James olhava para ela sem entender onde ela queria chegar. Hugo era irmão dela.

—É o aniversário do teu irmão, Rose. Tu tens de vir.

—Está bem. – concordou Rose reticente. James tinha razão. Hugo era seu irmão.

James não disse mais nada. Apenas pegou na mão de Rose e puxou-a, levando-a consigo. Subiram escadas até chegar ao sétimo andar.

Rose ficava cada vez mais curiosa. Não sabia para onde o primo a estava a levar. Claro que conhecia perfeitamente toda a planta de Hogwarts e sabia perfeitamente quais salas se encontravam no sétimo ano. O que ela não sabia era para onde James a queria levar.

Quando chegaram perto de uma parede vazia, foi quando Rose percebeu. Eles estavam em frente à entrada da sala das Necessidades, local onde se realizaria a festa de Hugo. Uma porta começava a formar-se naquela parede pronta para receber os novos visitantes.

Quando entrou, Rose reparou que eles não eram os únicos na sala. Dominique e Fred também se encontravam lá. James aproximou-se de Dominique e beijou-a de leve.

Rose olhou para eles sem entender. James tinha-lhe contado que eles iam manter segredo até ao Natal, altura em que contariam à família. Aliás, James dissera-lhe que ela era a única a saber.

James percebendo o olhar da prima sobre ele e Dominique fez questão de responder à sua pergunta muda, afinal ele conhecia a prima demasiado bem para saber o que ela estava a pensar.

—O Fred apanhou-nos. Acho que não somos muito bons a guardar segredos. – brincou levando uma tapa no ombro, de Dominique.

—Realmente eles não são. – continuou Fred a brincar arrancando risadas de todos.

—Domi, a Rose também vai à festa hoje e…

—James não precisas de dizer mais nada. – cortou-o Dominique. Ela sabia onde James queria chegar. Pelo pouco que conhecia de Rose, Dominique acreditava que muito provavelmente ela iria ao aniversário de calças de ganga e uma camisola qualquer. Isso era algo que Dominique não permitiria porque assim como James era perfecionista com festas, Dominique era perfecionista em relação à moda.

Não dizendo mais nada, Dominique aproximou-se de Rose e disse para esta a seguir. Rose acompanhou-a. Ela tinha ouvido aquele pequeno diálogo entre Dominique e James e não tinha entendido nada.

Ao contrário do que esperava, elas não saíram daquele andar. Dominique estava a seguir em direção ao salão comunal da Gryffindor.

À entrada, Dominique pediu a Rose para se afastar um pouco para puder dizer a palavra secreta à Dama Gorda. Apesar de tudo, Rose ainda continuava a ser uma Ravenclaw.

Entraram e, como era de se esperar, o salão comunal estava praticamente cheio. Os finais de dia eram sempre assim. Mas aquilo que era uma alta balbúrdia tornou-se um autêntico silêncio aquando a entrada de Rose e Dominique. Aquilo era o salão comunal da Gryffindor, como tal só gryffindor’s é que entravam lá.

Dominique percorreu todo o salão como se não fosse nada consigo e Rose apenas a seguiu.

Rose sentia todos os olhares sobre si e isso era algo que ela detestava. Ela detestava ser o centro das atenções e Dominique colocara-a naquela situação. Ao passar, notou que Scorpius também se encontrava ali. Por breves segundos, os seus olhares cruzaram-se e Scorpius até se atreveu a mandar um sorriso. Rose seguiu corada e esperançosa que ninguém notasse o seu tom de pele.

—Não são permitidos alunos de outras casas aqui. Porque não voltas para o teu ninho de águias, Weasley. – intrometeu-se Julia Foster impedindo que Rose continuasse a andar.

—E se te metesses na tua vida e deixasses a dos outros em paz, Foster. Seríamos todos mais felizes. – respondeu Dominique pegando na mão de Rose para a levar consigo – Mais alguém tem algum problema? – perguntou retoricamente para todo o salão.

Claro que ninguém respondeu, afinal ela era Dominique Weasley. O respeito que todos os gryffindor’s sentiam por ela era notório.

Vendo que ninguém diria mais nada, Dominique seguiu para o seu dormitório levando Rose consigo.

—Era preciso teres dito alguma coisa? – perguntou Albus, que também se encontrava ali, a Julia.

—Vocês não são os donos disto tudo, Potter. As regras existem para alguma coisa. – respondeu Julia mostrando o seu ponto.

—Como se tu fosses muito cumpridora delas, não é Foster? – perguntou Albus com desdém – Não vamos falar das tuas saídas noturnas para encontrar um certo loiro aqui presente. – comentou Albus referindo Scorpius.

Julia não respondeu mais nada. Apenas saiu dali furiosa.

—Por acaso fiquei curioso para saber o que Rose está a fazer com Dominique. – comentou Albus com o amigo.

—Também eu. – sussurrou Scorpius sem que Albus percebesse que ele tinha dito alguma coisa.

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Rose perguntava-se o que estava ali a fazer com Dominique. Ela tentava procurar uma explicação racional em todos os cantos da sua memória mas nada. Dominique não se descosia.

Dominique disse a Rose para esta se sentar na sua cama. Depois dirigiu-se ao armário sendo observada por Rose.

Só quando Rose viu Dominique a pegar em alguns dos seus vestidos foi que Rose percebeu. Dominique estava a escolher a roupa para a festa daquela noite. A única coisa que Rose não percebia era o que ela estava ali a fazer. Mas essa questão pouco tempo durou. Dominique começou a tirar vestidos do armário. Alguns voltava a colocá-los no interior do armário, outros ficavam no seu braço.

—Toma. Experimenta esses. – disse Dominique esticando os vestidos que tinha sobre os seus braços para Rose.

—Mas…

—Não há mas nem meio mas. Logo à noite há uma festa e como tal todos têm de ir arranjados. E esse todos inclui-te a ti. – Rose tentou protestar mas Dominique impediu-a – Nada de protestos. Levanta-te e experimenta.

Rendida, Rose levantou-se. Pegou num dos muitos vestidos que Dominique lhe entregara. Era um vestido azul acinzentado. Por incrível que pareça, a primeira coisa que veio à cabeça de Rose foram os olhos de Scorpius. Também eles eram azuis acinzentados. Afastou esses pensamentos da sua cabeça e vestiu o vestido.

Dominique olhava para Rose. O vestido não lhe ficava mal mas com certeza ela não o levaria à festa. Dominique mandou Rose tirar o vestido e experimentar o próximo.

Quando Rose ouvia falar que muitas mulheres precisavam de uma tarde inteira para se arranjar, ela acreditava que aquilo era apenas uma maneira de falar. Mas agora tinha a certeza que não era isso. Aquela afirmação era absolutamente real. Fazia horas que ela e Dominique se encontravam naquele dormitório. Rose já perdera a conta a quantos vestidos passaram por si.

Dominique selecionara dois vestidos. Um preto e um azul. Um daqueles vestidos seria o que Rose iria levar à festa. Bastava decidir qual.

Por fim, Dominique decidiu que Rose levaria o vestido preto. Um vestido curto de alças. Tinha uma parte transparente e a zona do peito tinha um padrão entre o preto e o dourado. Rose ainda tentou argumentar sobre o facto de o vestido ser muito curto e assim mas Dominique não lhe deu ouvidos. Estava decidido.

Já para ela, Dominique decidiu levar algo arrojado. Um vestido vermelho, altamente decotado e de manga comprida. Dominique queria surpreender.

Estava na hora de jantar quando elas terminaram de escolher os vestidos. Elas não se arranjariam naquela hora. Primeiro jantariam e depois seguiriam para o dormitório de Dominique.

Rose seguiu para o salão principal para aproveitar mais uma refeição que Hogwarts lhe oferecia. Num canto, jantava sossegada. Os burburinhos já eram habituais e isso já não importunava Rose. Além do mais, ela adorava aquele burburinho. Mostrava o quão felizes as pessoas estavam. A felicidade alheia sempre foi algo que deixava Rose feliz.

Depois de jantar, Dominique e Rose voltaram ao dormitório.

Dominique tratou da maquilhagem de Rose. Apenas um pouco de lápis nos olhos e um batom vermelho. Sim, porque Dominique afirmou que ela precisava de um pouco de cor ali e nada melhor que o vermelho para chamar a atenção. Rose já nem protestava pois sabia que a prima levaria a melhor. Já o cabelo, Rose deixou-o solto. Os seus pequenos cabelos ruivos encaracolados formavam uma cascata pelas costas nuas de Rose.

Dominique também se maquilhou. Colocou o mesmo batom que Rose e carregou um pouco mais no lápis e na sombra. Ela queria ir para aquela festa para arrasar.

Um pouco antes das dez horas, Dominique e Rose seguiram até à entrada da sala das Necessidades. Mais uma vez, a porta formava-se diante delas e permitia a sua entrada.

Pelo que Rose percebeu já estava quase toda a gente lá. Apenas Lily não se encontrava lá. Provavelmente seria ela a trazer Hugo até ali.

A chegada de Dominique e Rose começou a chamar a atenção das pessoas. Todos comentavam que Dominique estava deslumbrante, como sempre. Mas a maior surpresa foi para Rose Weasley. Nunca ninguém pensou que a veria assim. Tão arranjada. Tão bonita.

Ao ouvir os sussurros de que Rose tinha chegado, Scorpius voltou a sua atenção para entrada.

—Ela está linda. – comentou Scorpius consigo mesmo ao ver Rose a caminhar ao lado de Dominique.