Das Phantom der Oper escrita por Prouvairee


Capítulo 3
III - O Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Olá, postando mesmo que não vá ter comentários ou novos leitores... Espero que gostem



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Ao que o baile de encerramento acabara e todos os presentes foram embora, assim como o corpo da Ópera, após desmontar os cenários e saírem de suas personagens, foram para seus aposentos, as luzes se apagaram, o silêncio se fez presente e as energias começaram a ser retomadas com o descanso. A Ópera e todos que faziam parte dela ficaram finalmente em paz.

            Isso não se aplicava à Roderich.

            Já havia tirado as belíssimas vestes que trajara aquela noite, limpado seu violino e comido algo que encontrou no camarim, além de, sem sair do quarto, ter avisado a Vash através da porta que ainda não se sentia bem e, por conta disso, não poderia ir ao jantar com Daniel, recado que o suíço entregou a um húngaro desolado, mas não desistente. Por mais que sentisse saudades, o medo de desobedecer ao professor era maior dentro do austríaco.

            Estava prestes a descansar um pouco quando, sem motivo aparente, as velas que descansavam sobre um castiçal na mesa se apagaram. Não havia ventado, muito menos alguém às soprara, e aquilo já tirara do pequeno bailarino o rosado natural das faces. O medo voltara.

            - Bravo rapaz, mas que insolente, jura que vai longe! Tolo ignorante, atrás da glória, essa glória que é só minha!— A voz misteriosa ecoou pelo cômodo, como que cantando.

            - Anjo, é você, estou lhe ouvindo... Fique do meu lado e me guie... – Roderich respondeu do mesmo modo, já encantado por aquela voz, ignorando o medo. – Peço perdão, minha alma é fraca. Só tu és meu mestre...

            - Garoto lisonjeiro, devia me conhecer, ver o porquê de eu me esconder nas sombras... Se olhe no espelho, lá estou...

            E foi o que Roderich fez, constatando que realmente, em um grande espelho que ficava na parede contrária à porta, havia um homem, cuja metade da face era mascarada, vagamente visível ali. Outros se assustariam, procurariam por ajuda ou fugiriam, mas o austríaco não pensava em outra coisa senão ir de encontro ao seu Anjo da Música. Seus olhos brilhavam, estava ofegante e trêmulo, mas nada pararia seus passos ou sua voz suave que, em forma de canto, se comunicava com o professor.

Anjo da Música, és meu guia, Dá-me do teu brilho... Anjo da Música, não se esconda... Venha até mim, anjo...

— Eu sou seu Anjo de Música... Venha até mim, anjo... – o canto misterioso se transformara em um sussurro, um convite que Roderich seguia sem pestanejar, sem temer.

— Roderich?! Quem está aí dentro?! Abra a porta! – A voz de Daniel – que queria apenas entregar um bilhete ao austríaco –, do lado de fora, parecia desesperada e um pouco raivosa, mas nem isso distraía o pequeno bailarino do encantamento que aquela voz lhe trazia.

Encantamento esse que, de tão intenso, impediu Roderich de notar que havia atravessado a passagem que o espelho dava e  já até mesmo estava segurando a mão enluvada daquele que se dirigia à ele, sendo guiado sem relutância.

            O trajeto se iniciava em um longo e estreito corredor de pedra, cujas paredes eram perfuradas por braços de ferro que seguravam cada qual um castiçal com cinco velas. Tal corredor levava a uma escadaria em espiral, muito extensa e escura, mas que era iluminada pela tocha que o Anjo carregava, e dali chegava-se à uma decida pouco inclinada passado um arco, onde um cavalo negro aguardava os dois, mas apenas levara Roderich. Após isso, outra decida, e chegava-se a uma espécie de cais, onde um barco os aguardava. Era o subterrâneo da Ópera e, ao contrário do que muitos imaginavam, a água sob a qual os dois flutuaram era límpida. Era, sem dúvida, um local tenebroso, mas Roderich olhava para tudo aquilo com uma curiosidade interminável. Deram então com um portão, que se abriu lentamente, mostrando um local diferente de tudo que o austríaco já havia visto. Candelabros emergiam de dentro da água, por todos os lados, e conforme o nível da água diminuía, uma elevação de pedras formavam uma espécie de “terra firme” para os visitantes. Sobre ela, o Anjo havia feito sua própria morada, como demonstrava os móveis sobre ela; havia também instrumentos por todos os cantos, papeis de partituras, livros aos montes, “cômodos” escondidos por panos vermelhos e aveludados e, no local mais alto da elevação, um órgão e um clarinete posto sobre um suporte específico.

            Roderich se deu conta então de que estava frente a frente não só com seu professor e Anjo da Música. Estava frente a frente com o Fantasma da Ópera, e um sorriso fantasioso pousava sutilmente em seus lábios.

            O Fantasma, por sua vez, parara o barco e dele saiu, tirando a longa e bela capa que trajava e permitindo que Roderich o visse melhor. Tinha o corpo visivelmente bem formado, os braços não exageradamente fortes, e era claramente mais alto que o bailarino. Trajava vestes escuras, elegantes e formais como a de um músico prestes a se apresentar, e que contrastavam com seus cabelos curtos e repicados e seu tom de pele, ambos tão alvos que muitos diriam ser falso. Uma máscara cobria metade de seu rosto, intocável, mas o que Roderich mais notara foram os olhos, cujo tom era um misto de vermelho, lilás e rosa, e se mexia freneticamente de um lado para o outro. O austríaco se deu conta de que se tratava de um albino.

            - Eu te trouxe aqui, à esse singelo trono da música, à esse local onde ela deve ser homenageada sempre, por uma e única razão... – O Fantasma, que caminhava pelo local, parara, olhando ternamente para aquele que dele não tirava os olhos violáceos. O choque entre o rubi e a ametista fora suficiente para que um arrepio intenso corresse pela espinha de ambos.  – Desde o primeiro momento em que lhe ouv, vi que precisava tê-lo comigo, para me servir e cantar para a minha música...

            O coração do Fantasma pulsava na mesma frequência acelerada da do bailarino. O brilho em ambos os olhos era tão intenso quanto os das estrelas que pontilhavam o céu naquela noite. O rosado nas bochechas de Roderich voltara, mais intenso do que naturalmente era, e se fizera presente também naquela face cândida.

            Ambos estavam, enfim, encantados um pelo outro.

            - Cai a noite, abre o pensamento, vem no escuro forte o sentimento... Todos os sentidos entregam-se rendidos... — O Anjo voltara a cantar, caminhando até Roderich e lhe estendendo a mão. Mal chegara perto, o garoto já se pusera de pé e pegara a mão, tomado por aquela estranha sensação que a voz sempre lhe trouxe. O Fantasma o guiava calmamente por todo local, sem tirar os olhos dele. – Calma, doce, noite vem descendo... Sente, ouve, como vai crescendo... Vira o rosto em paz, deixa o sol ficar atrás, vira as costas para a fria luz e então a música virá da escuridão. E de olhos fechados deixa entrar o som, faz de conta que a vida não valeu. Deixa a alma subir até o céu e terás muito além do que era teu...

            Roderich ouvia aquilo com os olhos fechados, sem fôlego. Nunca sentira prazer  tão grande em toda sua vida quanto naquele momento; sorria para o Fantasma como nunca sorrira para alguém antes.  Ainda de mãos dadas, o dono da voz mágica o guiava para o ponto mais elevado, onde o órgão se encontrava, e ali pararam, muito próximos um do outro, as respirações aceleradas e quentes se misturando.

Calma, lenta, a canção te invade

Chega, entra, já não tens vontade

Abre os teus umbrais, e as secretas espirais

Fantasias transbordando o coração

Com a música que vem da escuridão

 

Deixa o som te levar a um mundo novo e teu

Onde nada é igual ao que passou

Deixa a alma inventar esse jardim

 

Onde então pertenceras à mim... – O anjo tocava o rosto do bailarino com delicadeza, e então tocara seus braços, o virando de costas para ele, sem desgrudar os corpos. Segurou-lhe pela cintura com uma mão enquanto a outra descia por seu torso até encontrar a do garoto, a levando até seu rosto quente. Roderich estava em êxtase, com os olhos fechados e sentindo arrepios constantes conforme aquela voz cantava sussurrante em seus ouvidos. Depois de um tempo, o Fantasma voltou a caminhar com ele pelo local, sorrindo com a imagem que tinha de sua expressão facial.

Leve, solta, estás embriagada

Toca, sente, eis a nova estrada

Deixa-te levar pela sombra em teu olhar

Ao poder da minha cálida canção

A música que vem da escuridão

            Parou então enfrente a um dos cômodos escondidos por um pano carmesim supracitados, e assim que puxou este, revelando o que havia lá dentro, o encantamento de Roderich acabara. No centro do pequeno espaço, havia uma estátua sua, assustadoramente realística, e a única reação do bailarino diante aquilo foi desmaiar, caindo nos braços de seu Anjo da Música.  O Fantasma não se abalara; sabia que aquilo talvez seria chocante demais para uma pessoa como o austríaco.

            O pegou então no colo sem dificuldade e com uma delicadeza extrema, e caminhou até um outro local, dessa vez escondido por um manto branco e transparente, onde uma espécie de cama redonda jazia: na frente, uma águia de pedra decorava a mobília, com suas grandes asas a rodeando, e sobre o colchão um lençol aveludado e vermelho se esticava. Ali deitara sua maior inspiração com ternura, o olhando com os orbes envernizado por uma mistura de sentimentos, acariciou o rosto belo do garoto e, após se afastar e abaixar novamente o tecido que isolava o bailarino do resto de seu pequeno mundo, finalizou sua música em um tom baixo e comovido, sem afastar os olhos do verdadeiro anjo ali.

Tu és minha única inspiração, me ajude a fazer a música que vem da escuridão...


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Notas finais do capítulo

Talvez eu pare de postar, mas se alguém tiver interesse em continuar lendo, me deixem saber



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