Das Phantom der Oper escrita por Prouvairee


Capítulo 2
II - Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Postando por enquanto sem muitos espaços entre as datas pra que vocês consigam se envolver melhor com a história ♥



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Quando Roderich terminara a apresentação, tão nervoso quanto quando a iniciara, não se encontrava preparado para a salva de palmas que o saudou. Todos os presentes pareciam encantados e abismados com aquele talento que desabrochara! Havia fechado a peça com chave do mais brilhante ouro. O visconde Héderváry ainda não conseguia crer que aquele no meio do palco era o mesmo garotinho com quem brincava anos atrás. Suas pernas e mãos tremiam de comoção.

– Dan, parece que o garoto não está se sentindo bem... – um amigo belga que o acompanhava desviou o olhar do palco para aquele a quem se dirigia. – Oh! E vejo que você também! O que houve?

Seu nome era Beau Morgens, também visconde. Tinha cabelos loiros, olhos esverdeados e um cheiro característico de chocolate, uma vez que ele sempre carregava consigo uma das irresistíveis barrinhas belgas. Era um garoto muito gentil, animado e prestativo, atencioso com todos.

– Vamos. – Ele já ajeitava suas vestes, sendo tomado agora pela ansiedade de ver Roderich e a preocupação com o mesmo, que estava prestes a desmaiar. Adelheid e Lillian já estavam indo a seu socorro conforme as cortinas fechavam.

– Para onde?

– Ora, vê-lo! É a primeira vez que canta assim!

O visconde Morgens prolongara o olhar sobre o amigo, curioso e confuso, e logo um sorriso leve povoara o canto de seus lábios. Havia um quê de tristeza ali, mas ele fazia o possível para ignorá-la.

– Claro... Vamos!

[...]

Assim que fora acudido, Roderich pedira licença à coreografa e sua filha, dizendo estar bem, e sumira de vista – O que, naquele momento, não era difícil. A agitação por trás do palco era imensurável; Figurinos sendo retirados, o cenário se desmontando, bebidas indo de um lado para o outro (agora sob o pretexto de comemorar o sucesso que fora a peça)... o caos estava formado novamente, mas em um bom sentido para todos ali. Além disso, aos poucos, na porta do camarim de Lovina e que agora pertencia a Roderich, um aglomerado de pessoas se formava, todas carregando flores, caixas de chocolate e até presentes caros (já que sabiam dos gostos da italiana) para dar àquela joia que brilhara tanto naquela noite. Mal sabiam eles que o austríaco sequer se encontrava no camarim.

Na Ópera, havia uma capela, bem afastada de toda a agitação. Diferente de todos os outros cômodos dali, era praticamente vazia e lembrava muito um calabouço devido ao ar ligeiramente mórbido que as paredes de pedra davam. Na única janela, onde uma espécie de assento era formado no batente, via-se um vitral com um anjo segurando um clarinete, pelo qual a luz vinda de fora refratava e iluminava o local juntamente das velas que por ali se dispunham. As velas não estavam por acaso. Havia dois castiçais (cada qual conseguindo carregar 12 velas) simetricamente colocados à direita e esquerda de um vão na parede, que formava um arco não muito profundo. Na parede desse arco, encontrava-se a foto de um homem e uma mulher, ambos muito belos e elegantes. Na moldura dourada, as palavras “Franz Edelstein & Anneliese Edelstein” davam sentindo ao lugar. Aquela capela era nada mais, nada menos que uma espécie de santuário criado pelo bailarino órfão, o único que lá entrava diariamente.

Assim que pedira licença à Adelheid e Lillian, Roderich, ainda descrente do que acontecera e sentindo a visão turva, não pensava em mais nada senão se afastar de toda a agitação para que então reorganizasse seu pensamento. Não estava acostumado com aquele tipo de coisa, e sabia que “conversar” com os pais era o único modo de resolver parcialmente o problema. Acendia as velas, fitava a fotografia, afrouxava o laço da vestimenta e se perguntava constantemente “Como isso aconteceu?”. Era apenas um bailarino de 17 anos até então, afinal, cheio de perguntas sem respostas em sua cabeça, completamente sozinho.

– Bravo, bravo, bravíssimo... – uma voz jovem e gutural ecoara na capela, e o austríaco procurou por seu interlocutor. Talvez não estivesse tão sozinho assim, se lembrou. Aquilo acontecia já havia muito tempo, e era a mais importante de suas dúvidas.

– Roderich? – outra voz se fez presente na capela, muito familiar à Roderich, mas que, ao contrário da voz sem dono, o trazia calma à alma. Era Vash. – Por que veio se esconder? Você foi ótimo...

O garoto suíço era sempre muito sério, disciplinado e reservado, mas ao mesmo tempo era bastante atencioso para com a irmã e o melhor amigo, com quem fizera amizade desde que o austríaco passara a morar na Ópera. Muitos estranharam o fato, tendo em mente que Vash não era sociável e só interagia com a irmã, mas a timidez de Roderich e o fato de que ele não o forçava a se abrir criou entre eles certa cumplicidade. Entretanto, havia segredos que ele nunca descobrira.

– Eu não estou acostumado com isso... É tão estranho... Eu nunca cantei para tantas pessoas antes... Na verdade, nunca cantei para ninguém...

– Só que conseguiu. Há centenas de pessoas o esperando no camarim. – o suíço se sentara ao lado do outro, que ainda parecia sem fôlego. – Mas, realmente, é muito estranho. Afinal... nunca vai contar quem é seu professor?

Roderich suspirou, olhou ao redor e, ao constatar de que estavam completamente sozinhos, se aproximou do amigo.

– Desde quando sua mãe me trouxe, sempre que eu vinha aqui para acender uma vela para os meus pais, havia uma voz que vinha lá de cima... Ela também estava nos meus sonhos, sempre...

O garoto se lembrava de todos os momentos. Adelheid o trazendo para a Ópera naquela noite fria de inverno em que seu pai morrera (a mãe havia falecido muito antes, quando Roderich tinha apenas 2 anos. Assim como o marido, falecera por conta de uma doença pulmonar), de seus passeios pela ópera na calada da noite, das muitas vezes em que seu sono era interrompido por aquela voz mágica e misteriosa...

– Quando meu pai estava morrendo, disse-me que eu seria protegido por um anjo. Um Anjo da Música.

– ... Roderich... você acredita mesmo nisso? – O garoto tentava não soar rude. – Acredita que é o espírito de seu pai que o ensina?

– Quem mais seria? – Ele confiante e calmo. O suíço parecia desconfortável com a situação; tinha outra teoria de quem seria dito “Anjo da Música”. – Quando canto, consigo senti-lo, e sei que ele está aqui, nessa capela, toda vez que me chama... De alguma forma, na verdade, ele sempre está comigo... Um gênio que não consigo ver...

– Roderich... Você deve estar sonhado, histórias assim não existem. Você até mesmo está falando de um jeito misterioso, isso não é do seu feitio... – o suíço se levantou, estendendo a mão para o amigo e o levantando. O austríaco encontrava-se tão perdido em seus pensamentos que sequer contestou, sendo guiado pelo amigo para fora da capela – Vamos...

Anjo da Música, meu guia e guardião, conceda-me sua glória... Anjo da música, não se esconda mais... secreto e estranho anjo... – Roderich cantava baixinho, olhando para todos os cantos nos corredores na esperança de encontrar aquele que há muito procurava, mas então parou, sentindo um arrepio correr por sua espinha. – E-Ele está comigo agora... ao meu redor...

– E-Ei, suas mãos estão geladas... seu rosto está branco!

– E-Estou assustado...

– Não fique. Estou aqui. – o segurou pelo braço com firmeza, mas sem machucá-lo. – Vamos voltar, mutti deve estar preocupada.

[...]

– Vamos, vamos, liberem o caminho, o garoto precisa respirar! – A voz estressada de Fraulein Zwingli soava pelos corredores conforme ela tentava chegar com Roderich até o camarim. O garoto ainda parecia ligeiramente assustado, mas menos do que quando estava na capela; agora quem tomava conta dele era a timidez, visto a quantidade de pessoas que lhe pediam autógrafos e entregavam presentes.

Assim que chegaram no camarim, porém, o sentimento que tomou conta do mais novo soprano não tinha uma definição prática, mas acelerara o coração do garoto como nunca antes.

O camarim de Lovina, antes abarrotado de coisas que a ela pertenciam, tinha agora grandes arranjos de rosas por todos os cantos, de variadas cores e nuances, tamanhos e volumes; havia até mesmo rosas ligeiramente violáceas, lembrando os olhos do garoto. Ele ficara estupefato, e seus orbes brilhavam, tanto por estarem marejados quanto por encantamento daquela vista maravilhosa que lhe era proporcionada. Fraulein Zwingli trancara então a porta, e foi em sua direção, deixando um pequeno sorriso transparecer em seus lábios sempre tão sérios.

– Você foi fantástico, querido. – Ela pegara uma rosa vermelha, a única dentre as muitas naquele cômodo, que descansava sobre uma mesinha redonda, e entregara. O cabo encontrava-se rodeado por um laço negro. – Ele está muito feliz por você. - E com isso se retirou, deixando o garoto ainda mais imerso nas dúvidas. Ele fitara a rosa e acariciara o laço, suspirando pesadamente conforme caminhava até um banquinho de frente para uma penteadeira.

Do lado de fora, o Visconde Hédérváry afastava com os ombros firmes todo e qualquer tipo de obstáculo que obstruía seu caminho até o soprano-violinista. Apenas ansiava por vê-lo, sentindo o coração pulsar de uma maneira diferente de todas as outras; não fora somente o talento de Roderich que desabrochara naquela noite, mas também algo novo dentro de Daniel.

O Visconde Morgens tinha dificuldades em segui-lo, não sentindo tanta animação desde que notara a comoção dentro do amigo, mas não deixando isso visível.

Quando o húngaro finalmente chegara e estava prestes a bater à porta do camarim, fora interrompido. Era Monsieur Bonnefoy e Sir Kirkland, carregando grandes arranjos de rosas.

– Oh, Visconde! O Sr. Roderich foi uma grande descoberta! Gostaria que nós o apresentasse à ele?

Daniel sabia que era apenas uma forma de eles também adentrarem o camarim.

– Senhores, se me dão licença, eu gostaria de fazer essa visita desacompanhado... – ele tentou soar o mais gentil possível. Em seguida, encarou os arranjos e se permitiu pegá-los. – Entregarei em seus nomes.

Conforme o jovem se afastava, os dois diretores tinham a curiosidade estampada nas faces. Suspeitavam que os dois já se conhecessem, e com essa suspeita se retiraram.

A mão de Daniel tremia conforme ele girava a maçaneta dourada e lustrosa do camarim, mas ele se amaldiçoava mentalmente por tamanho nervosismo, o qual o atrapalhava. Já tinha, porém, um sorriso nos lábios, o qual só aumentara mais quando vira o garoto sentado sobre o banquinho, com o olhar perdido, pousado na rosa.

– O Pequeno Roddie abandona-se em pensamentos. O Pequeno Roddie se pergunta “Será que gosto de violinos, fadas ou bolos? Enigmas ou flores? Ou de chocolates?”...

– Daniel... – O olhar perdido do austríaco retomara o brilho assim que a voz do outro se fizera presente, suas bochechas tomando um tom avermelhado gracioso e o sorriso que se desenhara em seus lábios sendo inevitável. – Os piqueniques no jardim de casa... vati tocando violino...

– Enquanto líamos histórias mágicas sobre bruxas do Norte... – ele se ajoelhara em frente ao garoto, lhe sorrindo. Não conseguia tirar os olhos dele.

– “Do que mais gosto, disse o Pequeno Roddie, é de dormir em minha cama e de quando o Anjo da Música canta em minha mente...” – A última parte os dois recitaram em uníssono, se olhando fixamente com um brilho nostálgico nos olhos. Daniel não se contivera mais, abraçando Roderich com ternura.

– Você cantou como um anjo essa noite... Foi inacreditável...

– Vati me disse uma vez... – Roderich sussurrava – “Quando eu estiver no céu, mandarei o Anjo da Música para você.”... Meu pai faleceu, Daniel, e eu recebo a visita do Anjo todos os dias.

– Eu não duvido nem um pouco! Mas o que acha de jantarmos fora agora?

– Não... O anjo é muito rígido...

– Prometo que você não voltara tarde. Mandarei a carruagem, se apronte! – Ele sorria, caminhando para fora do quarto.

– Daniel, não, espere!- Era tarde demais. Ele já havia fechado a porta, radiante e empolgado para sair com o austríaco, mas este era dominado pela preocupação. O que o Anjo faria se soubesse que ela estava desobedecendo suas regras?

O que Roderich esquecera, porém, era que o Anjo de tudo sabia, e logo que Daniel se afastou, sua mão enluvada girou a chave do camarim. Roderich não desobedeceria às ordens do Anjo nem mesmo se quisesse.


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