Das Phantom der Oper escrita por Prouvairee


Capítulo 4
IV - Segredos


Notas iniciais do capítulo

Olá, bom dia! Primeiro de tudo, peço desculpas pela demora para postar. Além de o colégio estar muito puxado esse ano, eu estava, como viram no último capítulo, desmotivada para continuar a postar, mesmo que o capítulo já estivesse metade escrito quando postei o anterior. De qualquer forma, obrigada às leitoras que comentaram, e, a pedido delas, cá estou eu de novo!
Esse capítulo é DenNor, e há uma leeeeve insinuação +16. Mais focado no desenvolvimento de personagens, e não na trama principal. Não gostei muito dele, mas, enfim, espero que gostem!



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IV

Segredos

 

            Havia na Ópera um casal que namorava às escondidas havia muito tempo, possivelmente desde aquela época em que os hormônios ficam à flor da pele e surgia a necessidade de saciar os desejos confusos da adolescência. Foram acolhidos por Fraulein Swingli quando ainda tinham por volta dos 5 anos, e desde então entendia-se que os dois eram melhores amigos.

            Apesar disso, havia certa conexão muito forte entre eles; Um olhar bastava para saber o que se passava na cabeça do outro, um palavra era o suficiente para se resumir uma longa explicação, um sorriso e o dia do outro estava ganho. E foi justamente essa  conexão que fez com que ambos se apaixonassem sem sequer perceberem, ao mesmo tempo. Quanto menos esperavam, encontravam-se pensando um no outro, olhando um para o outros, ansiando um pelo outro.

            Mas havia inúmeros motivos pelos quais eles tentavam negligenciar aquele sentimento: a idade, o fato de que Fraulein Swingli nunca permitiria, o rebuliço que causaria na companhia, o medo de estragar a amizade entre eles, o medo da rejeição e, talvez o mais importante, o fato de que ambos eram homens. Mas era praticamente impossível conter aquele turbilhão de sentimentos que se adensava dentro deles, aqueles sorrisos controlados quando passavam um pelo outro, os entrelaçares de dedos quando ficavam lado a lado, e os quase-beijos quando o rosto dos dois ficava deveras próximo.

            Lukas Bondevik viera da Noruega quando tinha apenas 4 anos, acompanhado do irmão caçula Emil, que na época tinha 2. Sempre tiveram certa inclinação para o lado artístico, tanto por influência dos pais quanto por gosto, e eis que em determinado momento fora decidido que o lugar deles era nos palcos austríacos (levando-se em conta de que a Sra. Bondevik era amiga de longa data de Fraulein Swingli, e a falta de bons teatros em Oslo naquela época). Os pais permaneceram em Viena até Emil completar 4 anos, e em seguida voltaram para o país natal, deixando o pequeno artista sob os cuidados do irmão. Eram ambos muito quietos e reservados, misteriosos e indesvendáveis, opacos e, principalmente, conseguiam manter a expressão facial imutável, de modo que ninguém sabia o que se passava no interior deles.

            Mas Mathias sabia, principalmente quando se tratava de Lukas.

            Ao contrário de Lukas, Mathias não viera da Dinamarca devido à vontade dos pais de vê-lo como um artista renomado, muito pelo contrário. Filho indesejado de pais extremamente ocupados e desinteressados em criar um bebê, aos 4 anos saíra em uma viagem que passava por diversos pontos da Europa com um “amigo” dos pais. “Amigo”, pois o homem era apenas um contratado com uma única função: largar o garoto no local que parecesse mais propenso. Quando o trem passou pela Áustria, fazendo uma pausa de cerca de 1 hora, o agente viu naquela mulher loira levando consigo cerca de cinco crianças até uma loja de sapatilhas uma oportunidade. Inventou uma história que convencesse Mathias de que era ali que ele devia ficar, empurrou-lhe em direção ao grupo e sumiu no segundo seguinte. Mathias nunca mais teve notícias de seus pais ou família desde então, e tudo isso que aqui foi contado para ele era apenas um mistério, uma das coisas que mais lhe pesava o coração. Apesar disso, era um garoto extremamente prestativo, gentil, simpático e dono de uma amabilidade descomunal. A infelicidade de sua história não afetara a felicidade que ele sempre irradiou.

            Foi, aliás, nesse fatídico dia relatado que eles se conheceram. Assim que Mathias abordou a mulher, ninguém menos do que Fraulein Adelheid, seus olhinhos, o céu claro, caloroso e penetrante, encontrou o mar escuro, calmo e impenetrável de Lukas. Foi como se os superfícies se fundissem, como se o reflexo do céu na água do mar fosse mais do que uma simples imagem. Naquele momento, Mathias  mergulhou ao mesmo tempo em que Lukas começou a voar, e estavam no mesmo plano.

            Não demorou muito para a amizade surgir. Mathias interagia com facilidade, e conseguiu achar na quietude do norueguês brechas para encaixar sua extroversão. Os outros membros da Opera se perguntavam qual magia o loiro usou para Lukas aceita-lo em sua vida com tanta facilidade, e Mathias, brincalhão, respondia com um simples “A magia do amor!”. Mal sabia ele que aquela “magia do amor” também tinha como efeito deixar o rosto alvo de Lukas indeciso entre a tonalidade vermelha ou roxa. Contudo, por trás de toda brincadeira há um fundo de verdade, e o dinamarquês sabia. Ele não conseguia reprimir aquela energia que corria por todo seu corpo quando ficava junto do amigo, não conseguia esconder. Lukas, por trás do rubor, sabia que o galope acelerado de seu coração quando o outro lhe sorria tinha um motivo, e por mais que tentasse, nunca conseguia negar. Esclarecer os sentimentos era um risco que gostariam de correr, por mais que tivessem medo de estragar a amizade, mas ao mesmo tempo Mathias e Lukas tinham consciência de que aquilo que havia entre eles era inquebrável.

            E foi durante um ensaio onde só estavam Lukas e Mathias que eles constataram que nunca ficariam tão felizes por terem se arriscado na vida. Um beijo puro, sem jeito, envergonhado, quando o dinamarquês tirara o outro para dançar valsa, aproveitando a ocasião. Para eles, sem dúvida aquela fora o melhor ato de todas as peças já apresentadas pela Ópera. Sem atuação, sem diretores senão os próprios corações.

            Dali em diante, o amor só aumentou, e o risco também. Deviam ser discretos, esconder de todos que pudessem, e aquilo era um desafio enorme para Mathias, que tinha vontade de gritar para Deus e o mundo como amava Lukas Bondevik. Às vezes fazia isso do teto da Ópera, por ser um local muito alto para distinguirem sua voz ou se importarem. Como resposta, ganhava um cascudo, mas em seguida um abraço envergonhado, acompanhado de um “Eu também te amo muito” murmurado. Aquilo fazia de Mathias o garoto mais feliz do Universo.

            Certamente, não conseguiram esconder de todos. Mathias nutria um carinho muito forte por Emil, o que criara uma cumplicidade entre eles também, e o pequenino, muito observador, entendera rapidamente que os abraços entre seu irmão e o melhor amigo deste eram bem diferentes dos abraços que ganhava do dinamarquês. Tudo se confirmou quando ele inocentemente perguntou se um dia os dois casariam, e, depois de muito embaraço por parte de Lukas, Mathias apenas lhe sorriu, dizendo que sim. Roderich também sabia, pois já encontrara os dois aos beijos uma vez, mas também porque tinha certa amizade com Lukas. Era confiável, então não havia sérios problemas.

            O maior medo era Fraulein Adelheid. Ela expulsaria ambos se chegasse a ela sobre o romance, eles tinham certeza. Ela era uma mulher muito rígida, nunca admitiria um romance entre um de seus maiores bailarinos e o maquinista. Aquilo sujaria sua imagem para sempre. Por isso, os encontros eram sempre cautelosos, mas há coisas que simplesmente não se escondem por muito tempo.

            Por volta dos 16 anos, os encontros eram mais frequentes - e mais longos também. Ora, eram meninos, namorados, e não é nenhuma novidade que os desejos carnais podem ficar bem fortes por volta desses anos, e diante disso havia a necessidade de saciá-los. Viam-se todas as noites, nos cantos mais escondidos da Ópera de Viena, e faziam o possível para serem silenciosos, mas todo cuidado é pouco. Às vezes perdiam noção do horário, querendo sentir um ao outro por mais tempo, tornar aqueles momentos eternos, mas o lado racional de Lukas se sobressaia, e ele conseguia voltar a tempo para o dormitório.

            Mas naquela noite em que Roderich se apresentara pela primeira vez , aquilo não aconteceu.

            - M-Mathias... v-vão me ouvir... – a voz do menor se misturava à sua respiração ofegante e aos baixos e roucos gemidos que tentavam escapar de sua garganta. Estava contra uma parede, sustentando-se apenas de uma perna, enquanto a outra envolvia o amante. Este se forçava levemente contra ele, manchando o pescoço do menor com mordidas e sucções.

            - Eu não aguento, Luk.... – sua mão segurava firme a cintura de Lukas, a puxando contra a dele. Toda vez que fazia isso, o outro gemia. Mathias achava aquilo melhor que qualquer sinfonia que já tocara a Ópera. – Eu preciso de você...

            - M-Mas... Ah... O horário... – o norueguês tentava se expressar, mas não conseguia formar nenhuma frase coerente. Interromper o momento estava sendo extremamente contra sua vontade.

            - Ninguém vai notar... Todos já foram-

            Mathias se calou para dar o lugar de sua voz ao som de passos no corredor. Eram passos firmes e audíveis, porém lentos, e eles pararam junto da voz do dinamarquês. Lukas empalideceu, Mathias parou com os beijos. De fato, ninguém passeava por lá a essas horas, então o que seria?

            - Fique aqui. – Mathias colocou o namorado no chão e fechou o zíper de sua calça, sério. Antes que saísse, Lukas agarrou seu braço.

            - M-Mas... Mathias...

            - Shh.. Fique calmo, sim? Eu vou resolver  isso. – plantou um beijo nos lábios finos do outro, com a intenção de tranquiliza-lo. Funcionava em partes, porque Lukas continuava nervoso, mas confiava muito nas palavras de Mathias.

            O dinamarquês então caminhou devagar pelo corredor, um pouco trêmulo. Já ouvira antes rumores sobre pessoas que eram mortas nos corredores escuros da Ópera de Viena, principalmente maquinistas. Acreditava quando diziam que o Fantasma não hesitava em assassinar quem quer que lhe parecesse uma ameaça. Estava apavorado. Seus passos eram incertos, e ele tentava pareceu o mais silencioso possível, prendendo a respiração. Quando enfim chegou ao fim do corredor, vira uma silhueta encapuzada, de modo que não se podia diferenciar quem era, apenas que segurava um lampião cuja luz amarelada tremulava sobre a capa negra. As pernas de Mathias mal sustentavam seu peso.

            No meio daquele longo e misterioso, porém, a voz da forma se fez presente, firme e séria.

            - Quero Lukas no dormitório antes da meia noite, vocês têm meia hora. E bico calado, Sr. Kohler. Esse é um segredo que fica somente entre nós três.

            A figura voltou a se mexer, os passos voltando a ecoar pelo corredor até ficarem longe demais para se distinguir. No rosto de Mathias, a expressão assustada se transformara em um sorriso, e ele sentiu o peso do mundo sendo tirado de suas costas.

            Concluiu, pois, que Fraulein Zwingli não era tão rígida quanto os boatos afirmavam. Afinal, antes de tudo, ela era mãe.


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Notas finais do capítulo

Perdão pelos possíveis erros! Até a próxima!



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