Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 3
As Consequências do Acaso.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Não é quinta, mas resolvi postar antes, não estou lidando muito bem com a ansiedade ultimamente...
Espero que vocês gostem!



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ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...

OLIVER

Nem sei por que ainda me dou ao trabalho de comparecer a essas reuniões da empresa, onde minha mãe fala, Walter rebate, e por fim, a decisão que importa de verdade é a de Tommy, que virou nosso gerente de marketing. Apenas permaneço em minha cadeira, as vezes balançando a cabeça para fingir que estou a par do que está sendo discutido, as vezes pensando no que faria ao sair daqui.

—Nós vamos assumir a conta da DC Aéreas. –minha mãe começa a anunciar, conseguindo imediatamente a minha atenção.

—Como é?

—Onde você estava, cara? –Tommy sussurra a meu lado. –Estamos falando disso a vinte minutos.  Vamos assumir a homenagem aos mortos na tragédia.

—Mas é ridículo, é uma campanha sensacionalista! –protesto avidamente, e todos me olham chocados. –Nada do que fizermos, vai devolver nenhuma dessas pessoas a família delas!

—Ollie, é uma conta de dois milhões de dolores. –minha mãe diz, como se suspeitasse de que eu havia acabado de sofrer algum tipo de derrame.

—Alguém já pensou em como deve ser assistir algo assim, quando é o pai, irmão, ou marido, que morreu nesse maldito acidente?

—Calma cara, não precisa ficar assim. –Tommy tenta me acalmar, mas só o que consigo é enxergar vermelho. Me levanto, e saio da sala, se quiserem fazer essa merda, foda-se, mas eu não vou estar no meio.

A noite na Verdant me sento em frente ao balcão, com minha irmã Thea, trabalhando do outro lado. Ela já sabe o que quero e me entrega um copo de uísque, acompanhado de um olhar cheio de julgamento. Agradeço e olho em volta, a procura de alguma mulher para aquecer minha cama à noite e que talvez possa secar o estoque de bebidas da minha casa ao meu lado.

FELICITY

Tenho andado me arrastando pelos cantos dessa maldita casa, onde tudo me lembra dele. Mas não posso me dar ao luxo de mudar, ou voltar para Central City com meus filhos, não no meio do ano letivo, com a escola e os amigos de Wally, todos aqui. Não posso tirar mais isso dele. Só não sei até quando minha pose de forte vai os convencer.

Sara se mudou a dois dias para a casa ao lado da minha, Iris também veio passar as primeiras semanas comigo e com os sobrinhos, mas Joe não deve ficar sozinho em uma hora dessas e tem o trabalho dela que não pode ser ignorado. E por fim, a minha mãe que confesso, tem sido a única capaz de fazer meus filhos se esquecerem da dor por um tempo. Só que até mesmo ela tem uma vida, um emprego em Las Vegas, então acaba enfrentando a ponte aérea entre minha cidade e a dela, o que deixa meu coração apreensivo sempre que sei que está no meio de algum voo.

—Por que não está vestido ainda? –paro na porta do quarto do Wally, que estava sentado na cama, ainda de pijamas.

—Não quero ir à escola hoje. –responde olhando para a frente, e vou até ele, me sentando a seu lado.

—Mas precisa ir, meu bem. –mexo em seus cabelos escuros. –Eu tenho que trabalhar, até Bart vai ficar na creche.

—Por favor, mamãe. –se vira em minha direção com os olhos cheios de lágrimas, que cortam meu coração, fazendo com que me sinta uma inútil. Puxo meu filho para meus braços, o apertando neles e sentindo o cheiro de limão em seus cabelos. –Foi minha culpa, eu queria que ele vendesse árvores de Natal comigo. –murmura em meio ao choro.

—Não meu amor, não é a sua culpa. –respondo, quase desesperada. –Seu pai faria qualquer coisa no mundo por você, mas ele já estava voltando para casa, ele queria estar em casa.

—Mas foi eu quem insisti, que fiz você brigar com ele. –meu coração se aperta, me lembrando de nossa última conversa.

—O que acha de ir para o trabalho da mamãe hoje? –sugiro ao perceber que não seria capaz de sair de perto dele nesse momento.

—Eu posso? –Wally passa as mãozinhas no rosto, limpando as lágrimas.

—Mas é só hoje, amanhã você volta para a escola! –aviso.

O levo para o banheiro, e o ajudo a lavar o rosto, depois vou vestir Bart que precisa ser praticamente derrubado da cama, para despertar. Visto meu uniforme horrível de suporte técnico, e vou preparar o café da manhã deles. Escuto a porta se abrir e vejo Sara entrando com um saquinho de pães nas mãos, e dois cafés.

—Acho que as mamães merecem algo bom. –brinca me entregando um copo, e vira os pães em uma cesta.

—Não sei como aguentaria tudo isso sem você, Sara. –murmuro tomando um gole do café.

—Que bom que não precisa descobrir. E seu café é tenebroso! –ela pisca para mim, e passa a me ajudar com o cereal dos garotos. –Aliás, toda a sua comida é.

—Seus elogios são o que mantém a minha autoestima viva! –debocho.

—É sério Fel, precisa entrar em algum curso, ou algo parecido. –argumenta, apontando em direção ao Bart, que andava ainda sonolento, em direção a cozinha. –Quem vai dar um grande abraço na tia? –pergunta, correndo em direção ao garoto que passa a correr na direção contrária, dando gargalhadas, fecho meus olhos, apreciando aquele som. Barry era maravilhoso em arrancar gargalhadas deles, dos dois, sinto falta da bagunça que ele fazia na casa, as vezes equivalia ao dobro das dos garotos, os dois juntos!

—Minha mãe vai me levar para o serviço dela hoje. –Wally conta a Sara, se sentando a mesa.

—Vai? –minha amiga me olha confusa.

—Vou. –confirmo. –Ele não precisa saber que aquilo é o inferno, com plano dental! –acrescento, para que só ela escute.

—E eu mamãe? –Bart faz biquinho, ajeitando os óculos no rosto.

—Você vai para a creche, brincar o dia todo! –respondo, aproximando meu rosto do dele, e roçando os nossos narizes. –O que acha? Vai ser legal, ou muito, muito legal?

—Muito, muito, legal! –responde com um sorriso sapeca, mas em contra partida Wally apenas revirava sua comida, sem o menor interesse. E eu reprimo o vazio em meu peito.

OLIVER

—Não pode continuar a beber dessa forma, Ollie! –Thea arranca os lençóis que me cobriam. –Ahrg! Vai vestir alguma coisa! –a escuto reclamar. –E você, vai embora! –grita com a garota da qual não lembro o nome. –Anda!

—Não precisa tratar as pessoas mal. –murmuro com a voz grogue, tentando focar algo em minha frente.

—Essa garota, sugou o tanto que pode do seu dinheiro. –grita para a mulher, que passa correndo, terminando de se vestir no processo, e com os sapatos e a bolsa nas mãos.

—Quero que me devolva a chave da minha casa, que eu em algum momento de loucura, fiz a burrada de te dar. –me levanto, vestindo uma calça de moletom, e paro na frente dela, com minha mão estendida.

—E eu quero um irmão que não seja um alcoólatra. –revida furiosa. –Que pena! Nenhum de nós vai conseguir nada hoje!

—Teimosa. –reclamo, indo em direção a cozinha.

—Não vai tomar café não! –Thea para em minha frente, com as mãos estendidas. –Hoje é o dia da reinauguração do porto da cidade, Walter vai discursar e nós precisamos fazer a família perfeita.

—Que merda Speed, eu estou de ressaca. –reclamo, mas vou em direção ao banheiro e ligo o chuveiro deixando a água gelada me acordar.

Quando volto para o quarto, já havia um terno cinza sobre a minha cama e uma gravata azul, a controladora da minha irmã escolheu até mesmo os meus sapatos, que merda, vejo um pedaço de pano preto ao lado da calça, até mesmo minha cueca ela pegou. –Tem sete minutos para se vestir! –escuto sua voz vindo da cozinha. Thea pela manhã, é o mesmo que ganhar uma amostra grátis do inferno.

Me troco e pego as chaves do meu carro, ignorando a minha cabeça que latejava sem parar. Thea me entrega um copo de café para viajem, e duas aspirinas. Depois de uma briga breve, a convenço de que ela nunca, nem mesmo em sonho, dirigia o meu carro, então vamos em direção ao porto da cidade.

Minha cabeça não parava de rodar, e no meio da estrada preciso apertar meus olhos para enxergar com clareza. Tudo acontece rápido demais, primeiro vejo uma luz forte vindo em nossa direção, depois sinto as mãos de Thea, sobre as minhas no volante, e o carro desviando por pouco. Encosto na beira da estrada com o coração acelerado e minha irmã trêmula a meu lado.

—Eu não sei o que aconteceu com você, Ollie, mas precisa pedir ajuda. –murmura em choque, me olhando de lado.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de dizer o que acharam, isso me motiva e quanto mais motivação, mais capítulos para vocês.
Bjnhos meus xuxus!