Paradise City escrita por Sparkle


Capítulo 2
Sob a luz da Lua




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Já estava começando a escurecer, e Angel percebeu que estava ficando tarde demais para voltar para casa e que logo Tio Sam ficaria preocupado. Levantou-se quebrando o clima.

–Acho que já devo ir – ela pegou sua mochila, guardou a garrafa de vinho dentro dela para que mais adiante jogasse fora dentro de uma lixeira e colocou a mochila nas costas, Tio Sam não sabia que ela era uma bêbada.

Como que desperto de um sonho, Jimmy interveio.

–Fique mais, depois eu te levo.

–Não sei.

–Por favor, já volto, me espere aqui.

Ele saiu correndo rumo sua casa que ficava logo ali perto da praia e Angel sentou-se de novo, não sabia por que havia resolvido ficar sendo que ele se mantivera tão afastado aquele tempo todo. Olhou para a janela que dava vista a praia e viu uma família sentada a mesa apreciando seu jantar, se sentiu vazia de repente e teve vontade de ir embora, vontade de chorar, todos tinham uma família menos ela, apesar de ter seu amado Tio Sam, não tinha um pai, uma mãe e muito menos irmãos.

Angel sentiu um nó na garganta e os olhos marejados de lágrimas, levantou-se e estava indo embora quando esbarrou em Jimmy.

–Pra onde você está indo?

Ela estava cabisbaixa e limitou-se a responder.

–Vamos... venha comigo.

Ele tinha garrafas de bebida e um violão, ele meio que arrastou ela de volta a praia e sentaram-se bem perto do mar. Ele abriu uma garrafa de whiskey a ela, e ela bebeu, tinha momentos em que gostava mais da sensação que o álcool lhe proporcionava que da companhia das pessoas e beberia até dissipar com aquele nó na garganta. Jimmy percebeu que ela estava magoada mas achou indiscreto perguntar o motivo.

Ele tirou o violão da capa e afinou enquanto tomava sua cerveja, ela acendeu um cigarro e ele começou sua melodia.

Era Ziggy Stardust do David Bowie. Angel sorriu pois conhecia bem aquela música. De repente um filme passou em sua cabeça e se viu em sua casa, ela estava chapada e lembrava da fumaça e das garrafas de bebida e de uma visão embaçada de tudo, estava com alguém, seria Evan sua amiga? Ou estaria ela sozinha? E a fumaça aumentava junto do calor e ela estava se sentindo louca aquela noite, especialmente louca, tocava David Bowie na rádio e de repente ouviu os vizinhos gritando do lado de fora.

–Fogo!

Fogo? Ela estaria delirando? A cocaína havia sumido. Estava de camisola e saiu do lado de fora de casa cambaleando, sua casa estava pegando fogo ela estava sonhando? Puxa vida.

Despertou de seu devaneio e cantou junto com Jimmy, o mar estava calmo, Jimmy tocava muito bem e ela adorava cantar.

....

Na mansão serviam-se o banquete, as crianças sentadas ao redor da mesa, em uma das pontas Florence e na outra Edgar, uma cadeira estava vazia.

–Onde está o Jimmy, mamãe?

–Deve estar na praia, querido

–Ele vai voltar?

–Claro que vai – Florence sorriu para o filho.

Estavam radiantes. Assim que o jantar acabou e as crianças foram se deitar, Florence colou a vitrola para tocar seu disco favorito da Etta James, ela dançava suavemente, a Lua estava linda no céu, cheia, as luzes estava apagadas e somente a luz da Lua iluminava tudo, era uma luz pálida e sombria.

Edgar chegou por trás e a abraçou enquanto dançavam, Florence Warmsley era a mulher mais feliz do mundo, ela cheirava a rosas e ele beijava seus ombros e acariciava seus cabelos delicadamente. O jazz os embalava, ela se virou e eles se beijaram. Ela o amava e perdoara todos seus erros, ele era um grande homem e trabalhava muito, ás vezes faltava tempo para passar com a família, mas isso não era problema, ela tinha que aceitar, ele só queria o bem estar de sua família, e o que as pessoas diziam a deixava intrigada, ele não podia traí-la, não, ele a amava também, ela se recusava a acreditar nesses boatos, todos criados por pessoas invejosas que não tinham um terço de sua felicidade. Aquela noite estava maravilhosa, em todos os aspectos, e Florence tratou de esquecer tudo, queria apenas viver aquele momento e continuar feliz, esses pensamentos que fossem embora porque ela estava leve.

...

Lá no hotel Cortez havia um burburinho no restaurante das pessoas que jantavam. Era um hotel incrível, mas caríssimo, só as estrelas hospedavam lá, atores, músicos, pintores, diretores, era meio fora da cidade e os paparazzis ficavam escondidos em arbustos esperando pelo momento em que alguém saísse ou entrasse para dar os flagras.

Marilyn havia saído na janela para observar a Lua, os lábios tinham um resto de batom vermelho, o cabelo platinado e as sobrancelhas marcadas, ela era a mulher mais sexy do mundo e estaria no novo filme, não no papel principal, mas em um papel que como sempre lhe davam ‘’da loira gostosona e burra’’. Lá embaixo Annelise Louise, a protagonista discutia com o marido, pra variar, os dois viviam em uma relação tempestuosa e Annelise gritava com ele, devia estar drogada, pra variar de novo.

–Fala mais baixo, sua puta!

–O QUE? AAH VAI SE FUDEEER!

Ela estava de salto e de repente virou o pé, estava trançando as pernas, Marilyn ainda não entendia porque deram a ela o papel principal, se bem que ela era uma ótima pessoa e ótima atriz e cantora quando estava sóbria.

Annelise caiu sentada no chão e Blake, seu marido, começou a rir, ela tentava levantar de todas as formas mas não conseguia, Annelise tinha um comportamento muito destrutivo e seu marido era muito temperamental. Algumas pessoas saíram na janela para ver o que estava acontecendo lá e algumas saíram do restaurante, que vergonha! Começaram a rir, aí um rapaz simpático a ajudou a levantar, e ela sumiu da vista de Marilyn, que não ria, mas sentia pena. Annelise era magríssima por conta das drogas e segundo boatos foi esse seu marido que a viciou, já que ele era traficante e se dizia produtor musical, Annelise longe das drogas era bonita, tinha traços fortes e uma voz marcante, Marilyn gostava de seu estilo retro e seus penteados altos, tinha o cabelo bem preto e usava uns delineados bem bonitos.

Começava a ventar e ela fechou a janela, em sua cama estava Simon, o outro ator confirmado para o filme, ele estava estirado na cama só de cueca dormindo tranquilamente, ele era bom e a noite com ele fora boa, mas ela ainda se sentia vazia por dentro, sentia falta de algo. Pegou seu diário e escreveu meio a luz da Lua : Meu Deus, como eu queria melhorar, mudar, não queria homens, nem dinheiro, queria a capacidade de atuar’’

Ficou pensativa por um tempo e fechou o diário. Ela não estava com sono, mas queria dormir, a solidão ameaçava vir de novo então ela pegou seus comprimidos e tomou-os de uma vez, deitou-se ao lado de Simon e logo apagou.

...

Era madrugada e Evan assista a um filme antigo que passava na Tv. Sua mãe já havia ido dormir, e certamente a cidade toda também. Ela sabia que devia estar dormindo, pois o trabalho a esperava logo cedo, já começava a bocejar e o filme estava no meio ainda. A mocinha do filme corria desesperadamente do vilão, era um suspense, o vilão ficava cada vez mais próximo dela, Evan não resistiu e cochilou, logo acordou assustada com um grito, talvez o vilão tivesse capturado a mocinha, mas ela acordou e a televisão estava desligada, de repente foi tomada por um pânico, estava tudo escuro, exceto pela lua com sua luz pálida fazia entrar um fio de luz para dentro de casa dava forma a todos os objetos, o coração de Evan estava tão alto que ela mal ouvia seus pensamentos.


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