Por trás das lentes escrita por Megan Queen


Capítulo 49
At Last (Último Capítulo)


Notas iniciais do capítulo

Hooooooola! Quem é essa pessoa que vos fala que já nem reconhecem mais? Kkkkk
Promessa é dívida, prometi não desistir e voltei, apesar que meu coração aperta mais a cada att, porque é um novo passo para o fim :,(((( Mas vou deixar para fazer o show das lágrimas aqui no epílogo, com todos os agradecimentos e tudo o mais, porque se eu começar agora eu não paro mais.
Eu queria dedicar o último capítulo dessa fic a três pessoinhas que me fizeram muuuuuuito FELIZ com suas recomendações maravilindas! Marcia veloso, você me fez sorrir de orelha a orelha com suas palavras fofas!
Wolf Wchster, você me fez chorar, pirar no tt e sorrir sem parar!
E Kaila Keize, again, você foi motivo de surto de felicidade e eu quase explodi meu celular de tanto caps lock falando pra minha beta da sua recomendação! :)
Espero que gostem do capitulo e não esqueçam de comentar ok?
Estou me esforçando para responder todos os reviews e vou amar saber o que acharam deste que é o último capítulo antes do epílogo ♥
E a todas vocês que comentaram e surtaram comigo, meu MUITO OBRIGADA! VOCÊS SÃO AS MELHORES LEITORAS DO MUNDO!
Boa Leitura!



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At last

My love has come along

My lonely days are over

And life is like a song

— At Last (Cindy Lauper)

 

Oliver Queen 

 

Acordo com a sensação de estar sendo observado e, depois de piscar algumas vezes para tentar espantar a moleza em todo o meu corpo, me dou conta de que ainda estou no hospital, num leito, uma vez que os médicos se recusaram a me dar alta por milhares de motivos. Suspiro e forço meu corpo para cima apesar da dor que o movimento me causa, me sentando contra os travesseiros que estão encostados à cabeceira.

— Devagar com isso... - ouço a reprimenda e giro a cabeça vendo quem era a pessoa que me observava. Felicity.

— Hey. - digo, acenando de leve enquanto ela se levanta da poltrona que ocupava e vem até mim, afofando os travesseiros atrás das minhas costas para me deixar mais confortável. - Estava muito tempo aí?

— Tempo bastante. - ela dá de ombros. - Quando cheguei você tinha apenas acabado de apagar de exaustão. - informa e eu franzo a testa, olhando ao redor do quarto à meia luz.

— Que horas são?

— Você dormiu bastante... - ela ri pelo nariz. - São 9 da noite. - me atualiza e eu arregalo os olhos. - É, pois é, eu já estava considerando chamar novamente o médico para ver se você não estava em coma também. - sorri baixinho. - Mas eles me disseram que seu corpo estava além das suas reservas de energia e precisava recarregar mesmo. - explica, esticando a mão e ajeitando a gola do meu traje hospitalar, o gesto simples e natural me fazendo aquecer.

— Provavelmente eles tinham razão... - concordo. - E como você está? - pergunto, segurando a mão dela nas minhas.

— Acho que ainda estou em choque. - ela murmura, com um sorriso tenso e cansado. - São muitas coisas para assimilar. - aperta os lábios e eu assinto. 

— Quer conversar sobre isso? - ofereço e ela me olha nos olhos, sua alma parecendo tão atormentada que parte meu coração em mil pedaços. 

— Eu o matei. - ela fala, suas íris azuis ficando translúcidas e sem foco. 

— Eu sei. - suspiro e aperto a mão dela.

— O que é que você não sabe, não é mesmo? - sua risada sai seca e áspera, seus dedos brincando distraídos dentro das minhas mãos.

— Sinto muito por tudo. - ponho força nesse sussurro, fechando meus olhos.

— Sei que sente. - ela suspira. - Eu também sinto muito. - fala baixinho.

— Eu nunca vou conseguir pedir desculpas o suficiente pelo mal que causei. - franzo meus lábios, exausto mentalmente.

— Não foi sua culpa o que Damien fez ao seu pai. - Felicity puxa minha mão de leve para que eu encare seus olhos molhados. 

— Talvez. - encolho meus ombros. - Mas por minha culpa, escondi coisas de você, da minha família. Coisas que puseram todos em perigo. Por minha culpa, John não pôde ver a filha nascer porque estava ocupado demais livrando minha cara. Por minha culpa, Helena, a mulher que eu amei por anos, está em uma cama de hospital, entre a vida e a morte. Tudo isso é minha culpa, sweet. - sinto lágrimas finas escaparem e descerem por meu rosto.

— Pare de fazer isso. - vejo as lágrimas também no rosto dela e engulo em seco. - Pare de massacrar a si mesmo. Olhe para mim, Oliver! - ela aponta o próprio peito. - Acha que eu o amaria se não fosse capaz de entender cada uma das decisões que você tomou, mesmo odiando que você as tenha tomado? Deus sabe que em seu lugar, eu teria feito exatamente a mesma coisa. - ela fala entredentes. 

— Não. - nego com a cabeça e umedeço os lábios. Eu não estava esperando por isso. Eu esperava mágoa. Ódio. Deus, eu mesmo estava me odiando pelas decisões que tomei. Eu não estava contando com a compreensão que vejo agora em cada linha facial dela. - Você não é assim. Não somos iguais. Você jamais seria tão estúpida como eu fui.

— Não se trata de estupidez, Oliver. - ela me corta e me lança um olhar intenso. - Isso é amor. - suspira, roubando meu ar. - Sim, eu ainda estou magoada por você ter lido meu arquivo. Sim, eu ainda sinto a dor que foi descobrir sobre seu passado por alguém que não foi você. Mas eu estaria sendo hipócrita aqui se não lhe dissesse o que disse. Porque tão certo como você ficou cego quanto a Damien quando soube o que ele me fez, eu decidi matá-lo quando soube o que ele te fez. - sua voz sai repleta do asco que ambos sentimos. - Vê? Estupidez seria sacrificar o que ambos sacrificamos esta madrugada para vingar nossas próprias dores. Damien destruiu minha alma, mas eu o matei por destruir a sua. Damien arruinou a sua vida, mas você o caçou por ele ter arruinado a minha. Isso não é estupidez. - repete com força e eu finalmente compreendo.

— É amor. - cito suas palavras anteriores.

— Nenhum de nós dois sabe ser equilibrado quando se trata de mexer com quem amamos. - ela dá um sorriso fraco entre as lágrimas e eu a puxo para perto, colando nossas testas.

— Eu juro... - inspiro seu perfume sobre mim. - Juro que nunca mais farei você passar por algo assim. - prometo. - E nunca vou pedir perdão o suficiente por toda a dor que lhe causei.

— Acho que... - ela suspira audivelmente e sinto sua mão pequena e delicada envolver a lateral do meu pescoço, deslizando até minha nuca numa carícia aconchegante. - ...se apenas ficarmos juntos, podemos dar um jeito nisso, não é? - sussurra e eu abro meus olhos para ver seu rosto.

— Às vezes eu me pergunto se você é real, sweet, porque não acredito que haja alguém no mundo com metade da sua capacidade de amar. - digo, acariciando sua bochecha.

— Helena disse... - ela engole em seco. - Que ia sair da Argus. - conta e eu fecho meus olhos com força, ouvindo seu soluço ao lembrar da outra. - Ela ia sair, Oliver. - repete e eu tranco o maxilar. - Tudo porque descobriu que queria algo como o que nós temos. - sua voz sai mais leve e eu volto a olhar em seus olhos, me perdendo no brilho que vem dali. - Ela estava certa. Algo como o que temos vale a pena. - seus lábios tremem num sorriso. - Não vou deixar Amanda ou Damien tirarem isso de nós. - conclui e eu assinto devagar.

— Você está certa. - seguro seu rosto entre minhas mãos e sorrio de leve, agradecendo a Deus pela mulher que está com meu coração totalmente em suas mãos.

— Eu sei que estou. - ela sorri fraco e aproxima o rosto do meu, selando nossos lábios.

Tomo fôlego, segurando seus cabelos antes de mudar o ângulo do beijo devagar, aprofundando o contato o máximo que consigo, nenhum pouco preocupado com a necessidade de ar que logo nos faz quebrá-lo apenas para iniciar outro. Quando nos afastamos, olho para seu rosto e suspiro, apenas a observando em silêncio. 

— Fica aqui comigo essa noite. - peço, pondo uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Oliver... - ela morde o lábio, se preparando para negar, mas abro sua mão e a trago para meus lábios, beijando a palma, cada um dos dedos e o dorso.

— Preciso de você. - sussurro contra os nós de seus dedos delicados.

— Okay. - ela cede finalmente. - Abra espaço para mim, grandalhão... - me empurra de leve, espalmando a mão sobre meu peito.

Sorrio e me afasto devagar para o lado direito da cama hospitalar, seu corpo pequeno facilmente se encaixando no espaço que vaga ao meu lado, sua cabeça se apoiando sobre meu coração.

— Amo você. - beijo o topo de sua cabeça com cuidado. Havíamos atravessado mais baixos que altos em toda nossa vida, inclusive essa semana. No entanto, uma coisa jamais estivera tão clara para mim como agora: o ponto mais alto de todos os altos que atravessamos sempre será o amor que descobrimos um no outro.

— Eu também te amo. - ela responde baixinho e então ficamos em silêncio. Não precisávamos de mais nada agora. Só um do outro.

 

~♡~

 

Felicity Smoak 

 

— Chega! - Thea exclama e eu dou um pulo sobre a cama, pondo a mão sobre o peito e arregalando os olhos para ela, o cubo de cristal que enfeitava a mesa de cabeceira se espatifando no chão.

— Queen! - faço uma careta exasperada para ela. - Enlouqueceu de vez? - respiro fundo. Se Thea não soubesse logo sobre essa gravidez ela provavelmente me faria ter um começo de aborto a qualquer dia desses.

Sim, eu ainda não havia contado. A ninguém. E eu sei que isso está virando uma bola de neve gigante, mas não é totalmente minha culpa. Okay, é totalmente minha culpa. Apenas que eu ainda não havia encontrado o momento certo para despejar a notícia. 

Passaram-se 3 semanas desde o dia em que tudo virou uma zona e eu quase perdi Oliver para sempre. O dia em que quase nos perdemos mutuamente.

As idas ao hospital foram constantes. Principalmente porque Oliver teve uma infecção um tanto preocupante na área próxima às costelas por causa do tempo que passaram quebradas sem tratamento e com ele se movendo (ou sendo movido), o que o levou a danificar ainda mais os tecidos próximos à região. Isso o obrigou a passar a última semana internado no hospital. 

Hoje ele estava finalmente recebendo alta.

E hoje também é o dia em que Moira Queen está voltando para casa.

Thea havia omitido os acontecimentos turbulentos para não arruinar a viagem da mãe e do padrasto. Porém, agora que Oliver já está 75%, eles decidiram que a matriarca da família precisava ficar ciente do acontecido. Nem preciso dizer que a mulher resolveu voltar o mais próximo de imediato possível. 

Some-se a isso o fato que o quadro de Helena continua inalterado e que a Waller simplesmente sumiu do radar e teremos uma Felicity Smoak versão pré-surto iminente. 

— Eu é que me pergunto se você não enlouqueceu de vez! - a Queen mais nova me traz de volta para o presente, pondo as mãos na cintura e erguendo as sobrancelhas para mim. - Nos últimos cinco minutos que passamos nesse quarto, você já reorganizou os itens da mesa de cabeceira do Ollie doze vezes em 7 configurações diferentes! - ela ergue os dedos ao contar. 

— Okay! - tiro a mão de perto do abajur que eu havia acabado de mover mais para a direita. - Eu estou com os nervos borbulhando, você não pode me deixar ter meu momento de surto particular? - esfrego meus olhos por baixo dos óculos. 

— Eu adoraria... - ela cantarola e senta com algum estardalhaço na cama ao meu lado. - Porém, você insistiu em ser a enfermeira particular do meu irmão e eu detestaria que seu "surto particular" acabasse te levando a quebrar mais alguma coisa dele. - ela ergue uma sobrancelha. - O nariz do pobre mal voltou ao lugar. - estala a língua e eu rio, revirando os olhos. 

— Meu nariz está insultado. - ouvimos a voz de Oliver partir da porta do quarto e nos viramos juntas para vê-lo, apoiado elegantemente em suas muletas, tão lindo como um homem de seu tipo pode estar usando uma botina de gesso e com três tons diferentes de hematomas pelo rosto.

— Hey, Big bro. - Thea se levanta e se aproxima, beijando sua bochecha. - Vou na cozinha comer um pouco. - ela diz após mover seu olhar entre mim e ele. - Pelo amor de Deus contenha sua garota/enfermeira antes que eu a acerte com seu bastão de basebol autografado. - diz num falso sussurro para ele antes de me lançar um beijo no ar e sair saltitando. 

— Que Deus me ajude, eu ainda vou matá-la. - bufo e Oliver ri, se aproximando. 

— Está mesmo invocando a ajuda divina para assassinar minha irmã caçula enquanto eu estou no mesmo recinto? - ele provoca, estreitando os olhos, antes de sentar com cuidado ao meu lado. Sorrio para ele.

— Olá, estranho. - cumprimento, ignorando o que ele diz.

— Olá. - ele devolve e pisca de leve antes de se inclinar para o lado e plantar um beijo suave em meus lábios. - A propósito... - ele retoma, ao se afastar tirando a jaqueta, com um pequeno grunhido de dor pelo movimento, e jogando-a sobre a cama. Oliver respira fundo e volta a me encarar. - Não entendi porque resolveu assumir o papel de minha enfermeira. - ele franze a testa. - Pensei que você e Thea fossem contratar alguém. - comenta e eu dou outro bufo.

— Yup. - confirmo assentindo de leve e estendo a mão para ajeitar o colarinho de sua camiseta, onde sua correntinha de ouro havia enganchado. - Apenas que as candidatas não sabiam que a "miss Smoak" que iria entrevistá-las não é sua secretária e sim sua namorada. - explico, com uma careta e ele me olha sem entender. 

— E...?

— E que elas mais se pareciam com modelos de um sex-shop com fantasia de enfermeira. - aperto os lábios e Oliver ri.

— Ciúmes, Smoak? - ele ergue uma sobrancelha e dou um soco em seu ombro. - Ai! - geme, massageando o local e só então eu me lembro de seu estado.

— Oh, meu Deus! - ponho as mãos sobre a boca, me levantando e parando à sua frente antes de amparar seu rosto contorcido numa careta e distribuir vários beijos pequenos por sua face enquanto murmuro incontáveis pedidos de desculpa atropelados. - Estou começando a achar que decidir ser sua enfermeira não foi mesmo boa idéia. - descanso as mãos em seus ombros quando sua expressão relaxa. 

— Está tudo bem, sweet. - Oliver me dirige um sorriso doce e levemente divertido. - Se eu ganhar tantos beijos toda vez que você der um deslize como enfermeira, eu mesmo enfio você num curso de enfermagem e pago pelo seu diploma apenas para tê-la como minha enfermeira pessoal vitalícia. 

Rio alto.

— Você não precisaria pagar pelo diploma... - entro na brincadeira. - Se eu quiser, uso meus super poderes de hacker e declaro a mim mesma médica formada em Harvard com honras. - pisco. 

— Claro. - ele diz, estendendo os braços e envolvendo minha cintura, sua cabeça pendendo para encarar meu rosto. - Ouvi Thea comentar sobre você estar a beira de um colapso psicológico. - seus olhos escaneiam os meus, linhas de preocupação transparecendo em seu rosto. - Como você está levando tudo, sweet?

— Talvez eu esteja um pouco mais tensa que o saudável... - admito e torço os lábios. 

— Quer falar sobre isso? - ele oferece, seus polegares se movendo em círculos sobre minha pele por baixo da blusa, numa carícia de conforto. 

— Nem sei por onde começar... - estalo a língua.

Oliver puxa um puff que tinha ao lado da cama.

— Senta aqui... - ele pede e eu me movo de modo que Oliver possa posicionar o pequeno banco estofado logo à sua frente. Me sento e ele pega minhas mãos, abrigando-as dentro das suas, que são tão grandes a ponto de envolvê-las por completo. - Comece pelo que está te deixando tensa neste exato momento. 

Nope. Porque ao olhar para seu rosto em minha frente eu me torno ainda mais consciente do mini Queen que estou chocando na minha barriga. E eu não podia falar da gravidez. Não dessa forma. — mordo a parte de dentro da bochecha, resolvendo colocar o motivo de tensão número dois sobre a mesa.

— Sua mãe. - despejo e ele ergue as sobrancelhas.

— Mas já? - brinca.

— Não faço idéia do que falar ou fazer, nem mesmo sei se estará tudo bem rir na frente dela. - falo rapidamente e ele apenas me escuta em silêncio. - E se ela não gostar de mim? E se achar que sou uma oportunista? E se ela me odiar? E se... - sou interrompida por um beijo cálido e que rouba todos os meus pensamentos.

— Número 1: Eu. Amo. Você. - Oliver pontua ainda segurando meu rosto próximo ao dele. - Número 2: É impossível não amar você. - acrescenta e eu abro a boca para negar, mas ele mais uma vez me interrompe com um selinho. - E número 3: Se minha mãe não simpatizar com você graças a qualquer uma das suposições infundadas que você vem alimentando nessa sua cabecinha teimosa, isso não vai mudar absolutamente nada. Sabe por quê? - ele sentencia, roçando nossos narizes. 

— Por quê? - pergunto, mordendo os lábios. 

— Número 1. - ele devolve com um sorriso. 

— Okay. - digo devagar, dando um suspiro encantado.

— Mais alguma coisa além disso está te preocupando? - ele estica a mão e passa minha franja para trás da orelha.

— Helena. - suspiro. - Já faz três semanas, Oliver. O quadro dela está inalterado. - aperto o maxilar e ele espelha o gesto.

— Eu sei, sweet, mas não podemos perder a esperança. Helena é forte, ela não vai desistir assim. - garante com um sorriso pequeno.

— Você está certo. - assinto devagar. - Vou deixar você almoçar enquanto vou com Sara na ultrassom, tudo bem? - digo e ele concorda com a cabeça.

— Amo você. - Oliver murmura e se inclina para me dar um selinho. 

— Eu também amo você. - devolvo, segurando seu queixo e beijando sua bochecha. - Te vejo em duas horas. 

— Okay. 

 

 

 

Finalmente

Meu amor apareceu

E meus dias solitários acabaram

E a vida é como uma canção

— At Last (Cindy Lauper)

~♡~

 

— Nada contra você Tommy, mas eu estou quase colocando um dedo na garganta com esse mel todo... - reviro os meus olhos, soltando o cinto e pulando para fora da SUV preta dele, quando paramos na frente do mais novo Big Belly próximo à clínica da obstetra de Sara e ele sai apressado para abrir a porta para ela, ajudando minha amiga a descer.

— Não me culpe se você escolheu o bilionário menos romântico... - ele pisca para mim e Sara sorri, dando um tapa no ombro dele.

— Não seja bobo, Merlyn... - ela diz. - Pare de ciscar ao meu redor. Estou grávida,  não inválida. - reclama e eu sorrio.

Porque Tommy estava errado. Ele era um amor com Sara, mas Oliver definitivamente era o mais romântico dos dois até onde eu sabia. E se ele estava "ciscando" ao redor de Sara por causa de uma gravidez de nem 5 semanas e meia, Oliver Queen iria respirar em cima de mim 24/7. Mordi um sorriso, porque apesar de saber que ele ia me fazer querer arrancar os cabelos com sua superproteção, eu estava ansiosa para vê-lo empolgado com isso, tanto quanto eu estou.

— Não queremos que o Thomas Júnior tenha nenhuma complicação, então é óbvio que eu vou "ciscar" ao seu redor o quanto eu puder... - ele estufa o peito, abrindo a porta do Big Belly para ela.

— Thomas Jr.? - arqueio uma sobrancelha, franzindo o nariz, e Sara revira os olhos, sentando na cadeira que ele puxa pra ela.

— Nem nos sonhos dele. - aperta a bochecha do namorado. - Primeiro porque é uma menina e segundo... - ela ergue o dedo quando ele vai contradizê-la. - Porque mesmo que seja um menino, o mundo já tem sua cota de Thomas Merlyn. 

— Magoei. - ele põe a mão sobre o coração. - E quando a ultrassom puder mostrar o sexo eu vou ganhar essa aposta. - pisca e chama uma garçonete que estava de costas, que ergue a mão pedindo para esperarmos.

— Vocês apostaram sobre o sexo do próprio bebê??? - meu queixo cai e os dois se entreolham antes de dar de ombros.

— É o único no qual podemos apostar. - Tommy justifica. - E é sempre bom ganhar uma aposta de Sara Lance. - seu sorriso é malicioso.

— O que nunca  aconteceu, aliás... - nós duas falamos ao mesmo tempo.

— Detalhes... - ele dispensa e abro minha boca para provocá-lo, mas me engasgo quando a garçonete se vira para nós, a cor sumindo do rosto da mulher.

— Isabitch?! - Sara se manifesta e eu quase a repreendo por usar o apelido infame na frente da bruxa, antes de me lembrar que ela não é mais minha chefe.

— Como é? - ela faz uma careta ultrajada e Tommy ergue uma sobrancelha intrigada.

— Peraí... - ele faz um gesto de mão apontando dela para mim, que estou assimilando o fato de que a carrasca de terninho que fez da minha vida um inferno há quase dois meses agora não passa de uma garçonete enfiada pelas cozinhas do Big Belly Burguer. - Essa é a megera que a fez se demitir da Palmer's e bancar a foragida para cima de Ollie durante três semanas? - questiona e ela faz uma careta.

— Ela mesma. - olho para ela com a expressão dura. - Quanto tempo, não? - junto minhas mãos sobre a mesa.

— Não espere por um abraço... - ela ergue o queixo, tentando posar uma altivez.

— Deus que me defenda de um abraço seu! - rio alto com deboche e Sara e Tommy apenas movem suas cabeças entre nós como se assistissem uma partida de tênis. - Mamãe tem razão, sabe? - me levanto e pego a garrafa com água que Sara andava carregando pra cima e pra baixo, desrosqueando a tampa. - O mundo não dá voltas, ele capota mesmo... Olhe onde finalmente chegamos. Eu e Oliver estamos oficialmente namorando, não sei ficou sabendo... - rio e ela falta espumar de ódio. - Quanto a você, está aqui... afundada num Big Belly, 

— Vai fazer seu pedido, senhora? - fala, contida, quando as pessoas começam a reparar em nós. 

— Não, não... perdi a fome. - faço um sinal com a cabeça e Sara puxa Tommy para se levantar também.

Isabel revira os olhos e se prepara para me virar as costas quando eu jogo todo o conteúdo da garrafinha de 1 litro na sua cara de sonsa, molhando-a completamente.

— Sua... Sua... - ela sacode os braços e depois passa a mão no rosto, tirando o excesso de suco de couve (?) com pedacinhos e tudo de cima de si. Prendo o riso.

— Deveria ser grata. - seguro o braço que ela levantou para me bater e aperto com força, erguendo o queixo e me aproximando dela. - Se tivesse chegado um pouquinho depois seria milk-shake. - provoco e ela rosna. - Verde até que combina com você.

— Cala essa boca. - sua voz sai estrangulada de raiva. 

— Ou o quê,  meu anjo? - desafio, sua boca se abrindo e fechando enquanto ela pensa no que dizer. - Você me dá pena... - suspiro, torcendo o nariz.

— Vou te matar! - ela grunhe,  revoltada. - Você não merece essa vida. Não merece. Era pra ser eu! - tenta soltar o braço, mas eu o aperto com mais força. Certamente ela teria algumas marcas para se lembrar desse encontro.

— Escute uma coisa aqui. - a puxo para mais perto e olho em seus olhos. - Você não tem mais poder sobre mim, Isabel. - falo pausadamente. - E sabe o que mais? Você não vai me matar. Da próxima vez que pensar em tentar fazer isso, eu não vou ser tão boazinha. No final da história a morta vai ser você. - digo e seus olhos piscam uma ou duas vezes, feridos e acuados. - Eu posso até não te matar com as minhas próprias mãos, mas farei você mesma querer se matar. - concluo e solto seu braço, a fazendo recuar um passo.

— Eu não tenho medo de você. - seu queixo se ergue e sua voz treme, tentando recuperar a compostura. 

— Jura? Então situa essas lágrimas que vão cair em 3...2...1. - fecho minha boca no exato instante em que ela me vira as costas e dispara para a cozinha, chorando de ódio. - Vamos, senhoras... - reviro meus olhos para as expressões orgulhosas e fascinadas de Sara e Tommy, que me olham como se eu fosse sua heroína. 

— Autografa minha testa? - o Merlyn junta as mãos e dá pulinhos no lugar, me fazendo gargalhar enquanto puxo os dois para fora do estabelecimento.

— Cara, eu vou te amar pra sempre pela eternidade do céu e das estrelas! - Sara exclama, parando na minha frente com as mãos erguidas como se ainda estivesse em choque.

Estalo a língua e enfio a garrafinha em sua mão. 

— Suco de couve, Lance? - ergo uma sobrancelha com um sorriso, enquanto Tommy destrava o carro.

— Culpado! - ele ergue um braço antes de abrir a porta pra Sara. - Decidi arrumar a alimentação dela. Só comida vegana a partir de hoje. - pisca. - E suco de couve é detox, fará bem ao bebê. 

— Concordou em virar vegana?  - arregalo meus olhos, entrando e pondo o cinto de segurança antes de bater a porta.

— Eu não sei bem como, mas quando dei por mim estava lendo um artigo dentre os milhares que ele enfiou na minha cara e então decidi que não faria mal nenhum tentar, a coisa parece realmente fantástica... Então viva o grão-de-bico! - Sara dá um soquinho no ar e eu rio alto.

— Vocês são completamente loucos. - balanço a cabeça. - Mas o suco de couve deixou tudo mais divertido. - mordo um sorriso e Tommy ri escandalosamente tirando os olhos da pista um momento para me olhar pelo retrovisor.

— Eu não tava era preparado para aquela cena, do contrário eu estaria fazendo uma live, dê certeza absoluta... - ele gargalha de novo e até limpa uma lágrima. - Ver a cara dela lavada com pedacinhos de folha de couve fez meu ano inteiro valer a pena, e olha que só a odeio há 20 minutos... - comenta e Sara lhe dá um tapinha, apesar de estar sem ar de tanto rir.

— Ai, Smoak... Você virou meu ícone! - ela afirma e eu rio.

— Tô de alma lavada. - suspiro.

— Lavou no suco de couve igual a cara da Isabitch? - ela questiona e eu me engasgo de rir.

— Com certeza. - afirmo.

Viva o couve! 

~♡~

 

Okay, eu sou uma perfeita de uma covarde... — suspiro, deslizando as mãos pelas folhas de uma samambaia.

Fazia uns 20 minutos que a Sra.Queen e o Sr. Walter Steele haviam chegado do aeroporto e eu estava me escondendo no jardim até estar pronta para encará-los. 

Vejo o pôr do sol começar e sorrio tentando não pensar muito sobre quando tivesse que sair daqui.

Tá, eu estava sendo levemente dramática sobre isso, mas levando em consideração os últimos acontecimentos, era provável que Moira Queen não estivesse no seu melhor humor esses dias.

— Pensando na morte da bezerra? - dou um pulo no lugar ao ser despertada pela voz feminina madura da jardineira que está podando um arbusto ali perto. A mulher está vestida apropriadamente num elegante mas prático macacão de jardinagem, chapéu de aba larga e óculos escuros, mas seu sorriso é gentil.

— Ah... Não... Eu estava apenas tentando relaxar. - me justifico, apertando minhas mãos uma na outra. - Espero não estar atrapalhando seu trabalho, senhora...?

— Elizabeth. - ela reponde, após um momento breve. - E não está atrapalhando nem um pouco, querida. - sorri novamente e volta a olhar para a planta que estava cuidando. - Quando eu estava grávida também adorava passar um tempo neste jardim maravilhoso...

— A senhora trabalha aqui há muito tempo, então? - murmuro, chegando mais perto e tentando ignorar a pequena sugestão em sua fala. Talvez fosse coisa da minha cabeça.

— Desde antes de Oliver e Thea Queen chegarem para tornar meu trabalho de manter esse lugar intacto mais difícil... - ela sorri de forma suave e eu a acompanho. - Mas me diga, minha jovem... De quanto tempo você está? - pergunta, ainda concentrada na planta, embora eu note o sorriso sábio em sua boca.

Engasgo.

— Do que a senhora está falando? - me embaralho nas palavras.

— Só pelo seu semblante eu vejo que temos um bebê a caminho... - ela inclina sua cabeça e eu coro. - Sou muito boa nisso. É um Queen, não é mesmo? - questiona e, sem escapatória, assinto timidamente, minha mão repousando sobre meu ventre. - Os bebês Queen são aparecidos, também dava para ver que a mãe de Oliver e Thea estava grávida sem qualquer barriga ou teste de gravidez. - Elizabeth ri. - Sua feição simplesmente se transformou. O mesmo aconteceu com você... - ela aponta.

— Eu ainda não contei a ele. Nem a nenhum deles. - sussurro e ela para o que está fazendo para me olhar.

— Por que não, querida? 

— Eu... Bom... - suspiro. - Estou com medo. É tudo muito novo. Não estava esperando por isso, tampouco imagino que Oliver esteja. - confesso, me sentindo estranhamente à vontade com aquela senhora amigável. - Aconteceram tantas coisas ultimamente... Só tenho medo de não ser o momento certo. 

— Nunca há um momento certo. Nós é que transformamos os momentos em ideais. E para ser sincera, eu acho que com tantas coisas acontecendo, como você disse, esse bebê vai ser uma recompensa... - Elizabeth sorri para mim. - Sabe? Também estou esperando meu primeiro neto. - conta e eu sorrio.

— Isso parece deixar a senhora muito feliz. - comento e ela toca meu braço, assentindo.

— Esse bebê foi um presente para mim. - ela suspira. - Uma surpresa, mas uma das boas. - garante. - Então, esqueça suas inseguranças e aceite seu presente. Tenho certeza que os Queen vão amar a novidade...

— Eu nem conheço a mãe de Oliver ainda. - murmuro. - E se ela achar que eu estou dando o golpe da barriga? - minha voz sai tensa e a mulher fica em silêncio um momento, terminando de ajeitar o arbusto com alguns cortes precisos.

— Você está? - pergunta com simplicidade. 

— Não! - exclamo, um pouco ultrajada. - Eu amo Oliver e jamais usaria uma criança para conseguir algo dele.

— Oh, eu vejo... - Elizabeth me encara e abre um sorriso doce. - Acredite, se eu vejo isso, Moira também verá. - aperta minha mão e eu suspiro, assentindo e refletindo no que ela diz.

— Sweet? — ouço a voz de Oliver se propagar pelo ambiente e giro a cabeça para vê-lo se aproximar usando as muletas.

Levanto e dou dois passos na direção dele, pondo as mãos na cintura.

— Você não devia estar se esforçando e subindo degraus... - repreendo e ele estala a língua, ajeitando as muletas.

— Não seja superprotetora... - pede com condescendência e eu reviro os olhos, chegando até ele e arrumando a gola de sua camiseta pólo. - Estava atrás de você há algum tempo. Mamãe e Walt querem te conhecer e eu... - ele se interrompe ao olhar sobre minha cabeça e abre um sorriso de menino para Elizabeth. - Vejo que já se conheceram. - diz e eu me viro para olhar na direção dela com um sorriso. - Porque não me avisou que viria para o jardim tão depressa, ainda mais a essa hora, mãe? - questiona e eu sinto o ar faltar.

Ele chamou ela de mãe? Mãe?! Santo Deus!

— Eu estava com saudades das minhas plantas, Ollie... - ela sorri suavemente como se não tivesse acabado de me pregar a maior peça da minha vida e ele me abraça pela cintura, alheio ao fato que estou prestes a ter uma apoplexia enquanto ela retira os óculos de sol, revelando um par de olhos que eu já vira em outros dois rostos. Não consigo sequer falar.

— Não chegamos a nos apresentar devidamente ainda... - seu olhar é gentil quando ela para à nossa frente e estende a mão. - Moira Elizabeth Queen. 

— Felicity. Felicity Megan Smoak. - gaguejo e aceito a mão dela, que me surpreende novamente ao me puxar para um abraço.

— Essa coisa de nome completo é preocupante? - Oliver murmura, divertido e ela lhe dá um tapinha.

— Não seja tolo... Só quero me apresentar como manda a etiqueta para a mulher que trouxe meu filho de volta para mim. - ela pisca e aperta a bochecha dele, que faz uma careta engraçada, mas não consigo rir. Estou paralizada, olhando para Moira e minha mente repetindo uma única frase: Ela sabe, puta merda, eu contei a ela!

— Só não a assuste com toda essa etiqueta... - ele murmura, alheio ao fato que eu já estou apavorada e isso não tem nada a ver com etiqueta.

— E-Eu... Eu estou... Estou bem. - gaguejo. - Só estou assimilando. É bom finalmente conhecer a senhora. 

— Digo o mesmo. - seu sorriso é suave e de certa forma me acalma, ela não parece nem um pouco uma megera disposta a arrancar meu coração pela boca. A gargalhada melodiosa de Moira preenche o ambiente e eu coro até a raiz dos cabelos. - Prometo não arrancar seu coração pela boca, Felicity. - escondo o rosto no peito de Oliver, que treme com a própria risada.

— Vamos? - Thea chama nossa atenção do portão do jardim e, pelo sorriso em seu rosto, eu sei que ela ouviu tudo. - Eu sou uma megera capaz de arrancar seu coração pela boca se você não entrar e me ajudar com os preparativos para o jantar. - seu olhar é provocativo e todos nós rimos, embora eu esteja mortificada de vergonha.

— Theresa Dearden Queen, venha até aqui e ajude seu irmão ao invés de ficar perturbando Felicity... - Moira comanda e a Queen caçula revira os olhos antes de vir e tomar meu lugar, apoiando a lateral de Oliver e o levando bem à nossa frente enquanto, para minha surpresa, Moira enlaça seu braço ao meu. - Não seja tola, conte logo a ele. - ela sussurra e me dá uma piscadela cúmplice, com um sorriso. - Além do mais quanto mais rápido todos souberem, eu logo poderei encher meu netinho de presentes. - seus olhos brilham.

O-kay. Chocada é pouco para o que eu estou.

— Sra. Queen, eu...

— Oh, não! - ela franze a testa. - Me chame de Moira, eu insisto. - sua mão aperta meu braço de leve.

— Moira... - respiro fundo, testando e ela sorri, aprovando. - Eu jamais podia imaginar que reagiria tão bem a mim ou ao meu bebê. - minha voz sai baixa para que só ela ouça.

— Talvez, alguns anos atrás eu provavelmente teria tido uma reação bem diferente, mas hoje... Eu só tenho gratidão a sentir por você ser aquela que ensinou meu filho a viver e aquela que dará alegria para todos nós com essa criança, que não poderia ter chegado em melhor época. - ela conclui e eu seguro as lágrimas. 

— Okay. - respiro fundo. - Hoje a noite. - murmuro e ela bate palminhas. 

— Já estão trocando figurinhas? - Oliver provoca uns 10 passos à nossa frente e nós trocamos um olhar simples, mas repleto de significado. 

— Ciúmes da própria mãe,  Queen? - provoco e ele abre um daqueles seus sorrisos de menino que todo o meu coração inflar.

Okay. Já temos um prazo. 

~♡~

 

 

Encontrei um sonho

Com o qual eu poderia falar

Um sonho que eu podia chamar de meu

Encontrei uma emoção

Que me arrepiava inteiro

Uma emoção que eu nunca conheci

Você sorri

Você sorri

E daí o feitiço foi lançado

E aqui estamos no paraíso

Pois enfim você é minha

— At Last (Cindy Lauper)

 

Oliver Queen

Observo Felicity dobrar a toalha de mão do banheiro pela décima terceira vez e sinto aquela pulga atrás da orelha ficar insuportável.

Desde o jantar eu vinha observando seus indicadores de tensão se intensificando, e nem era por causa da minha mãe, uma vez que as duas estavam se dando melhor impossível. Portanto, eu estou mais do que no escuro sobre o motivo da sua óbvia e gritante ansiedade.

Já faz uns 20 minutos que subimos para o quarto e ela já me ajudou com um banho rápido antes que eu me aprontasse para dormir. Agora termino de secar minha boca e giro para ela, sem conseguir ignorar o que acontecia por mais tempo.

— Sweet! - seguro suas mãos e ela solta a pobre toalha em cima da bancada da pia, seu semblante culpado por ser pega no flagra. - Você sabe que eu te conheço. - começo e ela assente devagar. - E você também sabe que eu sei que quando está nervosa você não consegue manter as mãos quietas. - ela morde o lábio inferior e eu a puxo para mim com um sorriso leve. - A pergunta é: O que está te deixando nervosa? - murmuro.

Vejo milhares de emoções conflitantes passarem por seu rosto e franzo a testa quando ela toma uma respiração profunda, fecha os olhos brevemente e então me puxa pelo braço até a cama, me fazendo sentar nela.

— Okay... - ela diz, parecendo falar para acalmar a si mesma. - Caramba, eu realmente não sei fazer isso. - se repreende baixinho, me deixando ainda mais confuso.

— Apenas faça... - incentivo e então ergo uma sobrancelha. - O que quer que tenha que fazer. - dou de ombros e ela suspira outra vez, estendendo a mão e abrindo a segunda gaveta do meu criado mudo, de onde retira um envelope pardo grande. Quando ela finalmente me encara eu sei que consegue ler as perguntas em meus olhos.

— Eu tentei pensar em milhares de formas diferentes de fazer isso, mas quanto mais pensava mais parecia não haver um jeito certo... - ri, parecendo nervosa, seus dedos apertando o envelope com força. - Então, vou fazer do jeito Smoak. - encolhe os ombros de uma maneira adorável. 

— Okay. - falo devagar, tentando entender.

— Okay. - ela repete e bem lentamente solta o envelope em minhas mãos, parecendo prender o fôlego quando eu o seguro. - Just do it... - me olha em expectativa.

Rasgo o lacre e retiro duas folhas de papel dali de dentro, sem compreender patavinas. 

Meus olhos correm pelas letras e meu coração parece uma escola de samba à medida que a compreensão me atinge. Sacudo o envelope ao sentir um pesinho lá dentro e o viro em meu colo, assistindo 5 testes de farmácias diferentes caírem sobre mim junto com um post-it rosa. 

As lágrimas borram minha visão à medida que leio as palavras que arrancam um sorriso/soluço de mim, as palavras que fazem meu mundo girar ao contrário...

"Por favor não morra, não vou criar esse feijãozinho sozinha.

P.S.: Bom, espero que isso tenha sido convincente o suficiente porque VOCÊ VAI SER PAI!"

 Olho para a mulher ajoelhada diante de mim e vejo em seus olhos as mesmas lágrimas que descem dos meus. Meus lábios se separam, mas nada sai. Não há nada para descrever ao menos um terço de tudo que explode em meu peito ou a felicidade na forma mais plena que acaba de me atingir.

— Eu sei... Bem louco. - o sorriso dela faz coisas com meu coração. - Eu poderia perguntar como isso aconteceu, mas algo me diz que foi do jeito tradicional. - se embola nas palavras como é típico dela e eu só consigo sorrir enquanto seguro seu rosto  entre minhas mãos. - Sobre os testes, eu... Bem, apenas quis ter certeza. - ela dá de ombros, justificando os 7 exames, dois de sangue e cinco de farmácia.

Interrompo seu discurso de justificativas e a beijo com todo o amor que consigo expressar naquele contato, nossas línguas se acariciando e buscando uma a outra com pressa de demonstrar o tamanho da alegria que nós dois estamos sentindo. 

Encosto nossas testas e olho em seus olhos.

— Nós vamos ter um bebê. - não é uma pergunta, é a afirmação de que não era apenas um sonho bom demais para ser verdade.

— Sim, nós vamos ter um bebê! - o sorriso dela ocupa metade do seu rosto. 

— Nosso. Nosso bebê. - repito, ainda incrédulo. - Vamos ser uma família. - sorrio e ela me acompanha, pondo a mão em meu rosto e assentindo. 

— Vamos sim, Oliver. - garante. 

Beijo sua boca e então seu queixo. Depois beijo suas bochechas e cada uma das suas pálpebras fechadas, então seu nariz e novamente sua boca.

— Eu prometo que vou te fazer muito feliz e que esse bebê... - ponho a mão sobre sua barriga quando ela me empurra de leve para deitar na cama e deita comigo, apoiando a cabeça em meu peito. - Vai ser a criança mais amada do mundo inteiro. - beijo sua têmpora.

— Pelo amor de Deus, não estrague nosso filho. - seu tom é doce e sonhador e eu tomo fôlego, me acostumando com o calorzinho no meu peito com essas duas palavrinhas "nosso filho". - Eu nasci para ver Sara Lance usando nosso garotinho como exemplo para a peste que será seu filho com Tommy. - não consigo conter a gargalhada alta.

— Pode ser uma menina. - sugiro.

— Se o nosso bebê for uma menina, ainda quero usá-la como exemplo e, se o bebê de Sara e Tommy for uma menina, ainda será uma peste. - ela pontua e eu rio mais ainda. - Por favor, Oliver! - estala a língua. - São Sara e Tommy. - assinala o óbvio e eu tenho que concordar. 

— Não se esqueça que eu não era nenhum santo quando criança. 

— E nem nunca... - ela ri e beija meu queixo. - Mas eu já estou fazendo minhas orações para três divindades diferentes para que nosso filho só herde de você a beleza, então comece a fazer as suas também. - conta e eu olho para o teto, agradecendo a uma única divindade por aos poucos estar colocando tudo em seu devido lugar.

Só faltava uma coisa.

Aperto os olhos e penso em Helena. 

Ela é a única que ainda falta ganhar seu final feliz. 

 

 

 

You smile

You smile

Oh and then the spell was cast

And here we are in heaven

For you are mine at last

— At Last (Cindy Lauper)

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O que nos aguarda no epílogo???
O que será do futuro de Helena e do restante desse povo que eu aprendi a amar mais ainda?
Espero muuuuuuito que tenham gostado, de coração! E não esqueçam de comentar pra eu saber o que acharam, é muito importante!
Amo vocês!
Xero ♥