*Felicity Smoak*

(...)
— Então meus olhos devem ser terrivelmente tentadores para você...- ele me provoca.
— Convencido! - sorrio, nervosa e o empurro de leve, tentando recuperar o juízo.
Ele volta a se encostar no banco e para seu lugar, suspirando e parecendo frustrado.
— É mais forte do que eu...- brinca e eu rio.
— Imagino que sim.
— Defeito grave, né? - ele me encara.
— Pode crer.
— Mas...ninguém é perfeito.
"Experimente se olhar no espelho que você muda de ideia rapidinho..."- penso.
Oliver, arqueando a sobrancelha, dá o seu típico sorrisinho de lado e eu sinto meu rosto pegar fogo.
"Oh meu Deus! Acabei de dizer a Oliver que o acho perfeito" - me mortifico.
— Não nessas palavras, mas já que esclareceu...- Oliver sorri largamente, parecendo se divertir muito.
O.k. Agora eu realmente estou interessada na ideia de raios me fulminando. QUANDO EU VOU PARAR DE ME ENVERGONHAR?
— Só tem duas coisas na sua história inteira que me deixaram surpreso - ele muda de assunto e agradeço aos céus por isso.
— Quais?
— Coisa número 1: Vegas?! - Ele questiona, me encarando - De todos os lugares do mundo, a doce Felicity foi criada em Vegas? - sorri.
— Pois é. A vida tem um senso de humor estranho - sorrio. Imagina se ele sonha que eu já fui gótica...
— Você já foi gótica?! - ele pergunta, abismado.
— Droga! Um dia ainda controlo minha língua...- juro, não muito certa de que conseguirei fazer isso.
— Você tem fotos?
— Graças a Deus, não! - sorrio - Mas sim, eu fui gótica, do tipo cabelos pretos, roupas pretas, maquiagem preta e não usava óculos, claro, porque óculos não tem simplesmente nada a ver com esse estilo...- começo a divagar - Uma vez minhas lentes deram problema e eu tive que usá-los e...- percebo que Oliver está sorrindo, me vendo viajar e me toco - Enfim...- sorrio amarelo - Vou deixar o resto pra sua imaginação.
— Caraca, Felicity! Que mudança...drástica! - ele coça a cabeça e quase posso ver seus neurônios trabalhando para formar um quadro mental - Nada a ver com você! - ele faz uma careta adorável - Quem diria? Acho que o único traço de rebeldia em você é esse piercing na orelha, mas não dá pra imaginar que por trás da geek atraente, loira e de óculos, se esconde uma ex-gótica - ele elogia e eu coro pelo "atraente" - Falando em geek...é aí que entra a coisa número 2.
— Que seria?
— Você me disse que é formada no MIT, em Tecnologia da Informação, certo? - ele pergunta e já imagino a próxima pergunta.
— Primeiro lugar numa turma só de homens - acrescento, rindo.
— Convencida você, hein, Smoak? - ele provoca.
— É a convivência... - retruco - Mas...qual a dúvida?
— Por que trabalha como fotógrafa, então?
Bingo! Se eu tivesse apostado meus 50 dólares que eu vivo apostando errado, dessa vez eu teria ganhado!
— Quando me formei e vim para Starling, eu tive de me virar e arrumar um emprego, mas nenhuma das empresas que procurei tinha vagas... Então eu conheci Sara e, consequentemente, Ray...- digo, e Oliver se mexe no lugar, parecendo incomodado com o nome do meu amigo - Ray queria muito me colocar na Palmer Technologies, mas não haviam vagas no setor de TI e seu pai, o verdadeiro CEO, não queria contratar uma iniciante no lugar dos que já estavam lá. Então, Ray me ofereceu um emprego como sua assistente executiva, vulgo secretária, no qual trabalhei por cerca de 1 ano. Acontece que eu realmente não tinha vocação pra isso e não aguentei mais. Por isso, Ray me ofereceu uma vaga em qualquer dos ramos das empresas Palmer que mais me agradasse.
— E você escolheu a revista Palmer's, porque...- Oliver inquire.
— Amo fotografar e escrever. Era um hobby e agora minha profissão. Nada comparado ao meu emprego dos sonhos, mas é esse emprego que paga meu salário e Ray é um patrão maravilhoso - falo e posso ou não ter visto Oliver revirar os olhos. Estranho. - Respondi sua dúvida?
— Sim, claro! - Oliver sorri - Está com fome? - pergunta, após algum tempo num silêncio confortável.
— Talvez um pouquinho...
— Gosta de chocolate? Tem cara de que gosta...
— Você é muito observador, não acha, Queen?
— Muito. Cuidado comigo, não perco nada - ele sorri e abre uma mala térmica que estava embaixo do banco - E então, quer uma barra? - ele me estende uma barra de chocolate amargo, 80 por cento cacau e minha boca enche de água.
— Você por um acaso tem fetiche por chocólatras?
Ele sorri e me entrega a barra.
— Não. Você acabou de conhecer o meu "kit-sobrevivência". Água...- ele vai tirando as coisas - Coca-Cola, chocolate amargo, que por coincidência também é o meu preferido, biscoitos salgados e por aí vai.
— Surpreendente.
— É, eu sei. Faz parte de mim essa magia toda...- ele pisca e sorri, roubando meu ar - Sempre surpreendo.
— Lá vem você! - lhe dou uma cotovelada.
Abro minha embalagem de chocolate e dou uma bela mordida nele. E parece que estou flutuando em bolhas coloridas de felicidade.
— Ai. Meu. Deus. Que. Delícia! - suspiro de olhos fechados e ouço a gargalhada melodiosa de Oliver. Abro os olhos e o encaro, séria - Oliver Jonas Queen, nesse momento eu sou sua fã número 1! - declaro e dou mais uma mordida, fazendo-o rir ainda mais.
— Se eu soubesse disso antes, teria te entregado uma dessas logo depois do nosso esbarrão...- comenta.
— Provavelmente eu teria ficado furiosa mesmo assim.- afirmo.
— Certeza? - ele toma o chocolate da minha mão e eu gemo, frustrada.
— Oliver...por favooor! - peço, manhosa.
— An? O que disse? - ele provoca, dando uma pequena mordidinha.
— O.K. O.K! Com uma barra de chocolate dessas, você pode até me pedir em casamento que eu aceito! - exclamo, arrancando o chocolate das mãos dele, que me encara divertido.
— Alguém já te disse que você tem problemas sérios com chocolate? - ele sorri, cruzando os braços, com um sorrisinho debochado no rosto - Eu aconselharia terapia...duas vezes por semana! - provoca.
Eu o encaro e reviro os olhos.
— É uma pena que o Ray não saiba desse pequeno segredo sobre o pedido de casamento, senão você já estaria casada há séculos! - ele me encara e posso ver algo parecidíssimo com ciúmes cintilando em seus olhos de tormenta.
— Hahaha...que engraçado você! - bufo, sarcástica.
— Sério. Qual o problema com o Ray? - ele quer saber.