Inconveniente e saciável amor escrita por Nathália Souza


Capítulo 20
Band-Aid


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/670324/chapter/20

"Se quer alguém por sua beleza, não é amor, é desejo. Se quer alguém por sua inteligência, não é amor, é admiração. Se quer alguém porque é rico, não é amor, é interesse. Se quer alguém e não sabe porque, isso é amor.”

É exatamente o que se passa na cabeça de Isaac, lera este texto ao rolar sua página no facebook um dia antes das coisas desabarem, dirige lembrando cada palavra da frase. A primeira pessoa que pensou quando leu foi Alli, ao mesmo tempo que é lamentável voltar no tempo, é maravilhoso. Foi em uma das lojas mais populares da cidade, pediu ajuda da moça que o atendeu para presentear a garota que ama. Exatamente, que ama, descobriu isso de coração aberto no aniversário de Alli. Ela é tão especial, quer tanto pensar em outra coisa, quer tanto sentir ódio da morena mas não dá, aquele sorriso o cativa fazendo com que todo o que houve fosse embora com o vento. Ele a ama, não há sentimento mais forte que esse, não consegue olhar nos olhos dela sem sentir seu coração bater mais forte, sem esconder o brilho nos olhos que tem ao vê-la. Não aguenta mais ficar longe de Allison e não consegue entender o porquê apesar do que ela fez. Maldito poema que sabe o que diz.

Malia e Scott abandonam o veículo e caminham até o mini mercado onde supostamente trabalha o assassino. Pelo mercado ser um pouco distante da cidade, haviam poucas pessoas no estabelecimento, pessoas que param a viagem para comprar algo seja lá comida ou gambiarra. Malia não está ali para brincadeira, quer desvendar toda essa história. Ela caminha até o caixa onde está um homem barbudo de mãos ásperas e fumando um cigarro.

— Com licença, estamos procurando por Andrew Jones.

— Não existe ninguém aqui com esse nome — Diz o senhor amassando a ponta do cigarro num cinzeiro.

— Mas tem que existir, ele é um criminoso.

— Malia — Chama Scott puxando-a para um canto privado — Você não pode sair falando sobre um criminoso livremente — Murmura.

— Se eu não perguntar, nunca vamos saber — Diz e volta a encarar o homem — Ele trabalha aqui, ele é culpado pelo assassinato da minha família — A loira retira da bolsa que carregava o caderno onde conseguiu todas as pistas.

Scott toma posição e conversa com o cara estranho, Malia checa cada canto do mercado, procura por pistas, algo que indique pelo menos um pouco que o assassino esteve por ali. Ela avista uma porta de descrição intrigante, está escrito "funcionários". Olha em volta e aproveita que o senhor está distraído para entrar e vasculhar algo. Há várias caixas, a maioria com novos suprimentos e outra cheia de papelada, essa mesma que ela pega. Joga papel pra lá e para cá, nada que seja de seu interesse até que encontra algo ao colocar a caixa onde estava na prateleira, ela balança a mesma que deixa cair uma carteira. Nesta tinha a identidade, pode ver pela foto que era o cara no qual procura, com o nome falso vinha escrito em algumas contas telefônicas... O dono do estabelecimento só podia ser o criminoso.

Alli puxa a mala de viagem de baixo da cama, Lydia observa ainda em choque, é difícil engolir a conversa que tivera com Alli. A morena retira pouco a pouco peças de roupas do guarda roupa, dobra calmamente cada uma e coloca dentro da mala. Lydia cansa de assistir a amiga fazendo as coisas sozinhas e ajuda, Alli sorri para a ruiva.

— Então vamos? — Diz Alli ao terminar de fechar a mala por completo.

— Uhum — A ruiva lacrimeja mas tenta ao máximo conter as emoções.

Lydia ajuda Alli descer as escadas com a mala e algumas bolsas. Chris levanta do sofá ao ouvir o barulho dos sapatos das meninas, está nervoso por ver a filha partir, ela que sempre preferiu morar com o pai. É a sua garotinha ainda, tudo o que pensava sobre sua filha é mentira. Alli nunca foi rebelde, apenas foi ela mesma, assim como ele foi na idade dela. O pai da morena debruça no ombro de Alli super triste, sabe o que aconteceu a partir do momento que a filha chegou em casa chorando, independente de tudo é tão triste ver as pessoas indo embora, por longo tempo.

[...]

— Quer dizer que ela é a garotinha que perdeu os pais?

— Por acaso a família dela virou assunto de televisão? — Diz Scott encarando o senhor em sua frente.

— Você é bem corajoso — Ele cerra os olhos — O que você tem a ver pra estar ajudando-a?

— Buscamos por justiça, isso é o que eu quero dar para a garota que gosto assim que pegar aquele filho da puta.

— Se eu fosse você teria mais respeito... Pode assustar as pessoas da minha loja.

— Ele pode ser qualquer um daqui.

Um silêncio toma conta entre os dois, algo cheirava mal, não estão tendo uma conversa amigável. Se encaram tanto que o corpo de Scott estremece, aquele cara era o mais apavorador que ele já viu.

— SCOTT, SAIA DE PERTO DELE — Grita Malia lá do fundo da loja.

Scott vira a cabeça por trás dos ombros priorizando o que a garota diz. Antes que ele pudesse fazer qualquer ato de ação, o homem a sua frente que se encontra separado por um balcão, perfura o abdômen do jovem com uma estaca que estava escondida. Scott olha para a frente novamente, sua boca está aberta por inteiro, solta ruídos leves, mal consegue respirar e cai no chão que nem pedra. O garoto nem pisca direito, está mega ferido, nunca havia passado por algo assim.

Malia perplexa, engole seco. Só restam dois caminhos; impedir que o assassino de sua família não fuja ou ajudar Scott, ele, o garoto que desarmou a bomba relógio que ela é, ele que não tem medo dela pois conhece toda sua história, ele, o qual está totalmente apaixonada como nunca nunca mesmo esteve antes. Scott é o seu primeiro amor.

Isaac bate no volante, pensa durante uns cinco minutos. Abaixa a cabeça apertando a buzina, levanta e suspira. Pisa no acelerador e gira completamente o volante dando a volta, segue pelo caminho contrário ao que estava indo. Coloca no GPS, a voz do aplicativo diz algo que agrada seu ouvido. "Buscando caminho para a casa de Allison". Ele sorri de canto, ajeita o retrovisor interno e pisa no acelerador mais uma vez. Liga o rádio, está super feliz pela decisão, tem certeza absoluta do que está fazendo.

Malia chora desesperada, ajoelha ao lado de Scott e apoia a cabeça do garoto sob suas pernas lisas. Ela tenta tirar a estaca da barriga de Scott mas ele geme de dor, é nítido a agonia, ela sente pena e chora mais.

 — O que você está fazendo? Ele está fugindo.

— Scott, você precisa se acalmar — Acaricia os cabelos negros dele — A ambulância já está a caminho.

— Mas Malia, você buscou tanto por isso, é a sua chance, você sabe se defender, eu acredito em você... Você é a garota mais valente que eu conheci, me admiro com a força que você tem dentro de si — Ele acompanha o olhar molhado e angustiado da linda jovem ao seu lado.

— Mas eu não sou o forte o suficiente sem você... Com você assim. Não importa mais, vamos pegá-lo novamente, juntos — Sorri em meio as lágrimas — Você não vai me deixar.

O som da sirene da ambulância fica mais forte, falta pouco para chegar. Malia contempla os olhos castanhos de Scott, lentamente ela desce a cabeça ao encontro do rosto dele. Ele fecha os olhos e ela beija os lábios macios do garoto, beija ainda chorando, beija com todo o amor que ainda não demonstrou suficientemente. Em seguida, Scott é colocado na maca com cuidado e é levado ao hospital, Malia o acompanha. Os batimentos cardíacos do garoto estão fracos, muito fracos e isso deixa Malia aflita, ela aperta forte a mão de Scott entrelaçada na sua.

Lydia, Allison e Stiles caminham abraçados, todos andam com uma cara bem tristinha pela decisão da morena, nem ela está certa do que está prestes a fazer mas sabe que é a única opção. Alli posiciona-se em frente ao casal e sorri emocionada.

— Eu vivi pra ver meus dois melhores amigos juntos.

— Obrigado Alli, não deu pra te dizer na sua festa, mas você é uma parte essencial disso tudo — Diz Stiles que beija Lydia carinhosamente em seguida.

— Estou tão feliz por vocês — Sua voz se ofusca por conta das lágrimas — Eu amo tanto vocês.

Lydia abraça forte Stiles, ele beija a cabeça da namorada. Ambos estão desconcertados, não estão preparados pra ver Allison embarcar no próximo avião.

— Digam ao Scott que eu sinto muito e que ele estará pra sempre no meu coração, digam também para o Isaac que... Eu amo ele mais do que qualquer coisa — Perde o controle das lágrimas, já não tinha desde que tudo mudou na sua vida.  Alli abraça os dois amigos antes de partir.

Isaac estaciona o carro ao lado da calçada da casa de Alli. Fecha a porta do carro e aciona o alarme, nem perde tempo e corre rapidamente. Ele bate compulsivamente na porta dos Argents.

— Isaac? O que faz aqui? — Pergunta Chris estranhando.

— Eu preciso falar com a Allison — Responde dando passos para frente, convidando a si mesmo para entrar, mas Chris impede colocando uma mão no peito do garoto.

— Isaac, ela não está aqui...

— Então, cadê ela? Ela nem foi a aula hoje.

— Alli está partindo.

— O que? — O coração de Isaac quebranta ao ouvir as palavras do seu quase sogro.

— Ela foi ao aeroporto acompanhada de Stiles e Lydia, se você precisa tanto...

— Eu preciso muito dizer que a amo — Interrompe.

— Então eu te desejo boa sorte se conseguir chegar a tempo.

Isaac consente com a cabeça, vira as costas para o Argent e corre de volta para o carro. Liga o veículo e pisa no acelerador, desaparece da visão de Chris em segundos. Concentra-se na pista, seu coração está tão quebrado que não consegue pensar em mais nada além de impedir o voo da garota que ama.

A porta da ambulância abre, rapidamente Scott é retirado do veículo e levado as pressas para dentro do hospital, Malia fica angustiada por vê-lo cheio de aparelhos no rosto e pelo corpo. Ela desce da ambulância e acompanha Scott, uma enfeira atrapalha seu caminho dizendo que daqui pra frente, precisa deixar os médicos trabalharem. Malia suspira, seu coração ainda está ressentido, ele se quebra só de lembrar no estado que Scott está.

Isaac chega no aeroporto, tira o cinto de segurança, sai do carro apressadamente e corre até dentro. Se perde entre as milhares de pessoas que vão e voltam, está muito cheio, mais que o normal. Não consegue encontrar nenhum dos três amigos, só rostos embaçados e desconhecidos. Stiles abraça Lydia confortando-a pois ela não para de chorar desde que Alli pegou o voo. Ele para pra observar um rosto semelhante, analisa até adivinhar Isaac. O casal caminha ao encontro do garoto perdido.

— Isaac, você vai viajar? — Pergunta Lydia que para de chorar.

— Não, ainda bem que encontrei vocês, onde está a Alli? — Ele pergunta, observa o casal a sua frente se entreolhar calados — Qual é gente, digam alguma coisa.

— Isaac... A Alli já foi embora, ela vai ficar longe durante um mês.

— Um mês? — Isaac leva as mãos até a cabeça, fica embaraçado. Ele agacha no chão e tampa o rosto com os braços.

Lydia e Stiles percebem a tristeza pela reação de Isaac, estão tão fracos quanto ele. A ruiva abraça novamente Stiles, segundos depois, ela afasta e mete a mão na bolsa procurando o celular. Lembra que gravou o que Alli disse sobre Scott e Isaac, as palavras carinhosas da amiga, Alli nem sabia que estava sendo gravada.

— Eu acho que você, sei lá, queira ouvir isso — Ela inclina a mão na direção de Isaac que pega o aparelho das mãos da amiga.

"E digam para o Isaac que... Eu amo ele mais do que qualquer coisa".

O garoto fica mudo, aos poucos seus olhos enchem-se de água mais conhecido como lágrimas. Está sensível com toda a situação, Alli também o ama, no entanto estão separados, distantes e nem sabe como irá fazer para recuperá-la e dizer que sente o mesmo. Não pode pegar um avião e segui-la, não pode abandonar Malia, ele é a única família dela. Ele esconde a dor que sente, evita que as lágrimas desçam. Devolve o celular para Lydia e despede-se dos amigos. Caminha para fora do aeroporto e entra em seu carro, dirige para outro lugar.

Malia dorme no banco do hospital, ela apoia a cabeça na parede e se aquece com o próprio casaco que usa. Uma enfermeira simpática acorda a jovem avisando que já pode visitar o "namorado" que ele está acordado, a cirurgia de Scott durou umas duas ou três horas para ajustar os danos causados por dentro com aqueles pedaços de madeira que se espalharam. Ela sorri fraco, nem responde ao comentário fofo. Levanta-se espreguiçando, caminha acompanhada da moça que a leva até o quarto de repouso. A enfermeira abre a porta pra Malia e a deixa a sós com Scott. Assim que vê a garota das mexas loiras, um sorriso nasce do rosto do menino.

— Você conseguiu — Diz ela aproximando-se da cama médica.

— Obrigado por estar aqui comigo — Dá um gole no seu suco de laranja — Ainda acho que foi uma burrice.

— Se eu tivesse feito outra coisa, você teria morrido e isso sim é burrice.

— Por que sempre tão ousada? — Ri.

— Porque alguém me mostrou o que é sentir o amor de verdade e me fez ver que vale a pena lutar pela pessoa que ama.

— Você me ama?

Malia responde balançando a cabeça positivamente, logo, solta o sorriso sedutor que leva consigo. Ela desce a cabeça para beijar Scott que pedia com o olhar, os lábios de ambos se conectam perfeitamente, Scott demonstra a felicidade que sente ao sorrir no meio do beijo. Ele leva as mãos até o rosto da garota, quando está com Malia tudo parece estar bem. Ele achava que quando estar com ela, só coisas ruins acontecem. De fato, acontecem, mas só por ser ela, coisas boas também acontecem e não pode se cansar disso.

— Seu beijo tem gosto de laranja — Sorri Malia — Um dia você me salvou e não pediu nada em troca, dessa vez eu estou fazendo o mesmo — Eles voltam a se beijar, sorridentes e apaixonados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inconveniente e saciável amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.