O noivo da minha namorada (Hiatus) escrita por Gessikk


Capítulo 2
R.I.P. 2 My Youth


Notas iniciais do capítulo

Aquele momento que a nota do Enem não sai de jeito nenhum, você descobre que vai ter que esperar no minimo até as 14h e na sua mente, passa como flashes, as lembranças daqueles momentos que em vez de estudar, ficou escrevendo, vendo série e dormindo.
É esse momento que estou vivendo agora, por isso decidi postar, até porque, se não postasse hoje, só ia conseguir semana que vem e não queria demorar já que vocês só tiveram o prólogo!
Bem, sem mais delongas, aproveitem o primeiro capítulo com a música do The Neighbourhood (Tenho uma séria paixão por eles, então não estranhem se tiver vários capítulos com música deles)!



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“I'm using white lighters to see what's in front of me

I'm using white lighters to see

R.I. P. to my youth

And you could call this the funeral

I'm just telling the truth

And you can play this at my funeral”

The Neighbourhood

Sabe aquela sensação de que ninguém entende a sua dor? Por mais que digam “eu sei como é”, “sei como está se sentindo”, você sabe que é só mais uma daquelas falas prontas, que as pessoas gravam e dizem quando não sabem o que fazer com a tristeza do outro. Estava passando exatamente por isso, mas não era qualquer dor que eu sentia, era a dor de uma perda imensurável, a dor de um luto.

Quando Lydia foi atingida, não disse nenhuma palavra, eu consegui amparar o seu corpo e ela apenas me encarou, a boca trêmula, a expressão consciente e dolorida. Ela não gritou, não teve últimas palavras, mas agarrou minha mão com uma força que não sabia que tinha e chorou.

Sua pulsação parou sob meu toque e os olhos verdes ficaram paralisados, abertos, olhando para meu rosto, me perfurando com o olhar vazio. Assim, ela morreu e achei que nunca mais seria capaz de amar alguém.

Descobri, que de alguma forma, ainda era capaz de me apaixonar perdidamente, mas uma coisa, naquela noite tenebrosa, eu estava certo. Nunca, por sequer um dia, deixei de pensar nela e meu coração, mesmo após voltar a bater graças aos olhos castanhos, permanece até hoje com uma parte morta, quebrada e sei que continuará assim até eu morrer, pois é impossível simplesmente me recuperar por completo.

A vida e a morte de Lydia sempre fará parte de mim.

Mas eu não vim falar de Lydia, até porque não suportaria falar da morte do meu amor, mas o inicio de tudo, o começo da minha perdição, aconteceu três meses depois da morte dela. Quando Allison entrou no meu quarto.

Eu estava completamente destruído, deitado na cama, com as cortinas fechadas deixando o quarto escuro e brincando com um isqueiro, acendendo e apagando as chamas repetidas vezes. Tinha um maço de cigarro na minha barriga e me perguntava se aquilo adiantaria de alguma coisa, ou só estava sendo estupido.

Não conseguia dormir, comer, nem sair de casa. Ficava trancado no quarto, cansado, mas sem sono, triste, mas sem ter o que chorar.

Já tinha tentado beber, uma noite comprei uma garrafa de Vodka e tomei tudo sozinho, na esperança de conseguir apagar e esquecer tudo nem que por alguns instantes, mas a única coisa que consegui foi uma dor de cabeça alucinante e horas vomitando na privada.

Meu pensamento lógico foi que eu precisaria me drogar, colocar qualquer coisa no meu organismo que me fizesse ter alucinações, sair da realidade, mas, mesmo com a dor extrema que sentia, não conseguia deixar de ser o mesmo garoto certinho. Sempre fui de aprontar, implicar com todo mundo, fui uma criança peste, mas também sou filho de um Xerife e inferir a lei dessa forma estava acima da minha capacidade, então foi assim, que parei com um maço de cigarro.

Sim, eu sabia que o cigarro não teria nenhum efeito que eu desejava, mas imaginei que talvez, destruir meu corpo aos poucos, saber que estava prejudicando meu pulmão e que tinha a possibilidade de encurtar meus dias, por uma simples atitude estupida, podia fazer com que eu me sentisse melhor. Afinal, eu já estava destruído, sentia meu interior morrendo, nada mais justo que meu corpo acompanhar a decomposição do meu espirito.

— Minha vida já está uma droga mesmo. — Foi o que murmurei, antes de pegar um cigarro entre o indicador e o dedo do meio, imitando pateticamente as pessoas dos filmes e levando até a boca.

Sentei na cama, me ajeitando e acendi o isqueiro, encostando as chamas na ponta do cigarro. Puxei o ar pela boca e o papel acendeu, inundando o quarto com o cheiro repugnante, mas não me importei com isso, apenas suguei a fumaça mantendo o cigarro firme contra meus lábios.

Definitivamente, puxei mais fumaça do que devia. Comecei uma crise de tosse, sentindo minha garganta queimar e acendi o abajur, vendo a fumaça excessiva preenchendo o cômodo. Seria impossível meu pai não perceber e mesmo assim, ainda tossindo, coloquei novamente o cigarro bem no meio da minha boca e puxei uma quantidade bem menor da fumaça e a deixei na minha boca, sentindo o sabor amargo, quente e só quando esfriou, permiti que descesse pela minha garganta.

A sensação era péssima, o sabor era tão nojento quanto o cheiro, mas afastei o cigarro dos lábios e testei inalar a fumaça que saia da minha boca. Tossi novamente, mas bem menos daquela vez e finalmente, desisti daquela ideia maluca.

Fumar nunca me faria esquecer Lydia. Destruir meu corpo não diminuiria a dor ao lembrar da sua expressão torturada, de seus olhos perdendo a vida, de seu calor se esvaindo, não tornaria menos insuportável recordar de como fiquei imundo com o sangue dela, de como minha roupa ficou pegajosa e precisei dar depoimento para o policial do que aconteceu, sem conseguir parar de chorar.

Abandonei o cigarro em um pratinho que tinha separado e apaguei o fogo. Minha garganta ardia, meus olhos lacrimejavam, mas não sabia dizer se era pela fumaça, ou por pensar em Lydia.

Foi aí, comigo sentado na cama, apenas de cueca, querendo chorar e em volta da fumaça presa no cômodo fechado, que a porta do meu quarto foi aberta sem aviso prévio e a garota de cabelos chocolates entrou.

— Você fuma?

Pulei de surpresa e a encarei, sem reação. A última pessoa que eu esperava que fosse me visitar fosse ela, Allison, mas lá estava a caçadora, parada, com os lábios escancarados de choque e os olhos castanhos arregalados.

— N-não, eu só... — Gaguejei, tentando bolar alguma desculpa aceitável, mas de minha boca só saiu a mais pura e aterrorizante verdade. — Não sei como viver sem ela.

A expressão de Allison mudou de surpresa, para compreensão e só assim, percebi que ela tinha olheiras profundas, estava mais magra do que eu lembrava e com o rosto ligeiramente inchado e vermelho, como se tivesse chorado recentemente.

Ela não me julgou, não fez nenhuma pergunta, não tentou me consolar, nem dizer que estava tudo bem e que eu ia esquecer aquilo. A caçadora simplesmente andou até mim, se abaixou na minha frente e me abraçou.

Seus braços eram finos, mas firmes, apertando meus ombros nus, esmagando o corpo contra o meu. Ela apoiou a cabeça na curva do meu pescoço e fungou baixinho, seus cabelos tinham um cheiro doce, contrastando com o odor amargo da fumaça.

Não resisti, apenas correspondi o abraço, envolvendo a cintura fina e a trazendo para mais perto, apoiando minha cabeça em seu cabelo, inalando o cheiro bom e logo em seguida, me permitindo chorar, apesar de não saber como ainda tinha lágrimas depois de já ter chorado tanto.

Naquele momento, entendi que Allison era a única que entendia a dimensão da minha dor, pois eu perdi meu primeiro amor e ela perdeu a melhor amiga. Por isso, me permiti chorar, sem me envergonhar, enquanto ela soluçava, banhando meu ombro com suas lágrimas.

Não me preocupei por estar apenas de cueca, não me preocupei por ela ter deixado a porta do meu quarto aberta, espalhando a fumaça de cigarro pela casa, não preocupei em falar nada. Apenas permanecemos em silêncio, abraçados, compartilhando aquela dor excruciante.

Naquele dia, eu não fazia ideia de aquele momento se tornaria o marco do início da minha perdição. Eu estava completamente inocente, sem saber o que aquele simples acontecimento iria desencadear.

Se eu soubesse, provavelmente cometeria os meus erros, cederia as mesmas tentações, mas tomaria mais cuidado, pensaria mais antes de agir, mas não tinha como eu saber, como adivinharia que abraçar Allison Argent faria minha vida inteira mudar?


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Notas finais do capítulo

E aí Stallisons? O que acharam?
Mesmo se essa fic flopar de vez, podem ficar tranquilos que ela vai ser concluída! Isso não significa que eu não quero comentários, ok? Não custa nada deixar uma autora feliz!
No próximo capitulo, vai ter mais interação Stallison e vou deixar o link de um site, 8track, porque vou fazer a trilha sonora da fic para vocês ficarem escutando enquanto leem! Vou tentar fazer hoje mesmo essa playliste, porque eu sei que todo mundo tem preguiça de ficar procurando as músicas de uma songfic, então vou facilitar!
É isso, espero que tenham gostado, até semana que vem!
Beijinhos.



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