Intruso escrita por Lis Sampaio


Capítulo 2
Um verdadeiro demônio


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey! Aqui estou eu novamente o/
Capítulo saindo do forno pra vocês (Ainda estou em dúvida se tem alguém lendo isso aqui, mas a intenção é o que importa, né?)
Boa leitura Cupcakes ~~



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Dividir sua casa com dois desconhecidos realmente não seria um problema se um dos desconhecidos não fosse um demônio arrogante, petulante e convencido, também conhecido como Eduardo Henrique Duarte.

De todas as pessoas do mundo, por que logo ele tinha que vir parar na minha casa?

Não. Não me venham com esse papo de "destino" porque isso não existe de forma alguma. É apenas uma desculpa que as pessoas usam para explicar acontecimentos inexplicáveis ou para dar ênfase em frases de destaque em romances clichês.

Três dias se passaram desde que a reencarnação do capiroto e sua irmãzinha fofuxa vieram morar na minha casa e podemos dizer que aquela não era uma experiência nem um pouco boa.

Pense em um lobo e um carneiro tendo que viver juntos na mesma casa, como "irmãos". É claro que quem ia se ferrar era o carneiro, por que sem dúvidas o lobo ia comê-lo e depois ia falsificar uma cartinha de suicídio pra não ser culpado de nada. Na minha situação, adivinha quem era o carneiro?

Exatamente, eu.

O carneiro aqui, mesmo depois de apenas três dias, já estava quase sendo engolido pelo lobo. É sério, minha situação era terrível, eu nem podia mais sentar no sofá em paz sem ter um idiota babaca me irritando.

Eu até mesmo tinha escrito um rascunho de carta para mandar pro Tio Heitor em caso de extrema urgência:

"Caro tio Heitor, estou mandando essa carta para saber se seu filho é mesmo um humano. De quem diabos ele puxou essa personalidade de lixo?

Beijos, de sua sobrinha de consideração quase tendo um surto psicótico
Liara."

Eu realmente não sabia o que faria em relação àquele garoto, então tive que pedir ajuda a minha amiga mais próxima, Fernanda. Fazia uma semana que Nanda estava viajando, e como o lugar que ela estava não tinha sinal, acabamos ficando sem nos falar durante meus três dias de agonia, ou seja, ela nem sequer sabia da minha situação atual. Por já ser uma segunda-feira julguei que minha amiga já estivesse em casa, então mandei uma mensagem de SOS para Nanda e ela surpreendentemente respondeu no mesmo minuto.

Nanda: Q foi, menina?

Liara: Preciso de você agora. URGENTE.

Nanda: Pra quê, criatura?

Liara: Será que eu te contei sobre os mais novos intrusos aqui de casa?

Nanda: O quê? Não. Tem ratos na sua casa?

Liara: Quem dera se fossem ratos. É algo bem pior.

Nanda: Estou aí em 5 minutos.

Dito e feito, Nanda chegou antes mesmo de 5 minutos passarem. As vezes eu esquecia que ela morava na mesma rua que eu e me espantava com sua rapidez.

– Desembucha. - Ela disse quando eu abri a porta.

– Entre e veja. - Falei, puxando minha amiga pra dentro.

Eduardo estava na sala principal mexendo no celular, enquanto Rita brincava com umas bonecas que ela havia trazido junto com a sua bagagem.

– Quem são? - Nanda cochichou.

– Meus novos companheiros de casa. - Cochichei de volta.

Minha amiga me encarou, tentando entender minha resposta.

– Quem é essa, Lia? - Rita perguntou com um sorriso, fazendo seu irmão levantar o olhar.

– Ah, essa e a Nanda, minha amiga. - Respondi, sorrindo de volta. - Nanda, essa é a Rita e aquele cara ali... É o Eduardo. - Falei a última parte sem emoção alguma.

– Muito prazer. - Fernanda acenou, com um sorriso.

Eduardo baixou o olhar novamente para o celular, sem nem sequer falar com minha amiga. Pelo visto a lei do "Não te conheço, não te trato bem" daquele traste continuava.

Subimos para o meu quarto, onde eu me joguei na cama e Fernanda se sentou na cadeira giratória da minha escrivaninha.

– Conta tudo. - Ela falou

Respirei fundo e então comecei:

– Lembra do amigo do meu pai, o Heitor? Aquele que dançou Gloria Gaynor no natal. - Perguntei e minha amiga assentiu, rindo ao lembrar do ano anterior. - Então, ele foi preso há alguns dias atrás. Esses dois são filhos dele que estavam no Canadá há alguns anos, mas depois que a mãe deles morreu, eles tiveram que vir pro Brasil morar com o pai. Como o tio Heitor foi preso, ele passou a guarda temporária dos dois pro meu pai, que no caso é padrinho deles, porque eles não tem nenhum parente próximo vivo.

Nanda me encarou surpresa.

– Espera, então quer dizer que você vai ter que dividir sua casa com aquela menininha fofinha e o irmão super gato dela? - Ela perguntou e eu assenti. - Qual é o problema nisso tudo? Já que está reclamando, vamos trocar de lugar, quem dera poder dividir a casa com um gato com pinta de modelo.

– Ah, pode ter certeza que você não vai querer dividir a casa com o demônio do Eduardo. Ele é definitivamente a reencarnação do Hitler, só que sem o bigode.

Fernanda pôs seu cabelo cheio de cachinhos pra trás e ajeitou seu óculos. Eu a invejava por ser tão bonita, sua pele negra era exatamente ao contrário do meu tom de anêmica e seu cabelo era escuro e curto, completamente cheio de cachos. Éramos basicamente opostas, tanto em aparência quanto personalidade, mas costumávamos dizer que éramos complementos uma da outra.

– Garotos gatos nunca são do mal. - Ela disse, cruzando os braços.

– Não sei que filmes colegiais você anda vendo, mas o caras super gatos com pinta de galã sempre são do mal. - Rebati.

– Tá, tá, você até pode ter razão, mas em que sentido o garoto é um demônio? Ele só pareceu quieto pra mim.

– Ele é frio, irritante, chato, egocêntrico, convencido e folgado.

Nanda me encarou com um ponto de interrogação estampado em sua testa e eu lhe contei tudo o que vinha acontecendo durante os três dias em que estávamos vivendo "juntos". Falei do dia na sorveteria quando ele revelou sua verdadeira face, de como ele fingia ser o meu melhor amigo na frente dos meus pais, da sua folga em tomar posse da minha caneca favorita e do fato daquele garoto estúpido ter transformado meu escritório no seu "quarto", sem contar o resto das milhares de coisas que aquela praga havia feito em apenas três dias.

– Que peste. - Fernanda disse, boquiaberta.

– Peste? Peste é pouco pra aquele idiota estúpido. - Falei, bufando. - Nanda, eu estou prestes a ser engolida pelo lobo demônio.

– Força, Liara. - Ela disse com um olhar compreensivo. - Mas o que você vai fazer sobre isso?

– Eu sei lá. Te chamei pra você me ajudar com isso. - Suspirei.

– Mesmo assim, esse menino não tem cara de ser tão ruim assim. Será que você não exagerou um pouquinho?

– Nanda! Me lembre de nunca mais te chamar pra me ajudar. - Cruzei os braços. - Quer que eu te prove que o Eduardo é uma peste?

– Pode ser...

Então eu me levantei da cama e saí do quarto, com Nanda logo atrás de mim. Por sorte Eduardo estava no corredor.

Tá, qualquer coisa que eu falasse para o garoto ele me daria uma patada em resposta, então era só improvisar alguma coisa e...

– Meus pais pediram pra eu organizar a dispensa, pode vir me ajudar? - Perguntei a ele.

Perfeito. Ele com certeza reviraria os olhos e diria alguma coisa tipo: "Não sou seu empregado, se vira sozinha, garota."

Mas para a minha surpresa isso não aconteceu.

– Claro. Quer que eu desça agora? - Ele respondeu e então deu um sorriso.

QUÊ?

– Eduardo, você bateu a cabeça? - Perguntei.

– Eu to bem, Lia. Você que tá estranha. - O garoto riu. - Sua amiga vai vir com a gente?

– Eu vou sim! - Nanda exclamou e logo me lançou um olhar acusador.

Ok, aquilo não estava certo. Definitivamente não estava certo.

Mesmo estranhando, eu desci junto com os dois. Claro que eu não ia perder a oportunidade de me aproveitar da boa vontade do Eduardo, mesmo que meus pais não tivessem mandado eu arrumar a dispensa. Era errado usar o joguinho dele ao meu favor?

Assim nós acabamos arrumando toda a dispensa. Eduardo fazia questão de me tratar como se realmente fosse meu amigo, e aquilo estava me assustando muito. Por alguns segundos eu havia achado mesmo que ele queria parar de encrencar comigo.

Nanda realmente achou que tudo que eu havia falado foi exagero. Aquela peste estava mesmo querendo me desmentir para a minha amiga?

Depois que terminamos o serviço, nós três sentamos no sofá da sala.

– Por que será que a Lia não me contou sobre você? - Eduardo perguntou a Fernanda, com um sorrisinho nos lábios.

– Deve ser porque você nem passava perto de mim sem fazer cara feia. - Falei num tom emburrado.

– Ah Liara, dá um desconto pro Edu. Ele é bem legal, será que a chata aqui não é você? - Nanda disse, rindo. Que traíra!

Nota mental: Nunca pedir ajuda pra Nanda quando o assunto envolver garotos bonitinhos.

– Ah, fala sério Fernanda. - Revirei os olhos.

Eduardo me encarou discretamente e deu um sorriso sarcástico. Ok, eu não sabia o motivo daquele traste estar fazendo coisas assim, mas estava me deixando muito brava.

Então eu ouvi o barulho do portão. Meus pais haviam chegado das compras, droga. Minha situação definitivamente ia ficar pior.

– Nandaaaaa! - Gustavo exclamou ao ver minha amiga.

– Gugaaaaa! - Ela correu pra abraçá-lo.

Meus pais entraram na sala carregando várias sacolas de compra que pareciam realmente pesadas. Eu e Eduardo logo fomos ajudá-los a levar tudo para a cozinha.

– A dona sumida veio nos visitar, é? - Minha mãe disse, cumprimentando Nanda com um beijo no rosto.

– Pois é, levei um susto com uma mensagem de SOS da Liara e vim correndo. Eu nem consegui terminar de desfazer minhas malas da viagem.

– Mensagem de SOS, é? - Mamãe me encarou com curiosidade. - Por acaso ela botou fogo na panela de miojo de novo?

– Não não, dessa vez era sobre o... - Antes que Nanda pudesse terminar a frase eu tampei sua boca.

– Fernanda, minha cara Fernanda, por que não jogamos um pouco de video game, em? - Sugeri, puxando a garota pra longe.

Não consegui ir muito além do corredor do segundo andar, pois logo Nanda me parou.

– Lia, qualé?

– Qualé o quê? Vamos jogar video game, comprei uns jogos novos e...

– Lia! Olha, não sei o que tá rolando, mas você parece muito paranoica com o Eduardo. Será que você não está exagerando?

Revirei os olhos. Santo pãozinho com requeijão, por que eu tinha que ter uma amiga tão vidrada em caras bonitos?

– É mesmo, Nanda, eu posso estar exagerando. - Falei, apenas fingindo concordar para não causar confusões.

Minha amiga sorriu e logo nós descemos as escadas.

– Pelo visto alguém arrumou a dispensa sem precisarmos pedir. - Minha mãe sorriu pra mim.

– O quê? Sem precisar pedir? - Eduardo perguntou, sem disfarçar o tom indignado em sua voz. - Liara me disse que...

Imagine uma risada maléfica. Era assim que eu estava me sentindo por dentro, mas por fora um sorriso angelical brotou em meus lábios.

– Sabe, Edu, eu queria fazer uma surpresinha para os meus pais...

Apesar da cara angelical, meu sorriso demonstrava um desafio a Eduardo. Ele começou, oras.

O garoto suspirou.

– Tudo bem. - E então sorriu. - Foi legal te ajudar mesmo assim.

Meus pais observavam tudo com os olhos brilhando. A qualquer momento parecia que eles iriam nos jogar um em cima do outro e preparar um casamento forçado.

Ou talvez fosse apenas admiração de sua filha inútil ter feito algo por vontade própria.

Então o resto do dia passou voando. O que mais me irritou foi a falsidade de Eduardo, o tempo todo me chamando de maninha perto dos outros. Nanda, como de costume, ficou em minha casa até de noite e em plenas 22h eu saí para deixá-la no portão de sua casa, que era no final da rua. Eduardo graças a Deus não veio junto, pelo visto o neném tinha medo de andar na rua de noite.

Quando cheguei em casa, eu simplesmente subi as escadas sem dar muita atenção a Eduardo que estava jogado no sofá. Ao me ver ele deu um sorriso maldoso e eu revirei os olhos, sem perceber que o garoto havia subido atrás de mim na escada.

Antes que eu pudesse entrar no meu quarto, percebi a presença de Eduardo, que estava encostado na parde ao lado da minha porta.

– Ah, olha só, meu maninho deu pra me perseguir agora.– Ironizei. - Qual foi a sua intenção fazendo aquilo quando a Nanda estava aqui? Minha amiga agora acha que eu sou uma louca exagerada por sua causa.

– Foi engraçado. - Ele deu um sorriso sarcástico. Se Eduardo não fosse tão bonito, eu juro que teria dado um soco bem no meio da fuça daquele panaca.

– De quem você puxou essa personalidade de demônio? Não me lembro do seu pai ser assim. - Falei, cruzando os braços.

– Não sei, acho que puxei do Hitler. - O garoto disse, tentando conter uma risada.

Espera. Para tudo. Ele havia ouvido minha conversa com a Nanda? Droga, eu deveria ter sacado. Por que outro motivo ele estaria no corredor no exato momento em que eu e Nanda saímos do quarto?

– Ei, por acaso você andou bisbilhotando? - Perguntei, mas aquilo acabou saindo mais como uma afirmação.

Edu deu de ombros, ainda rindo e então se virou para entrar em seu quarto - meu ex escritório sagrado - que ficava bem em frente ao meu.

– Você é uma peste. - Murmurei.

– Somos. - O garoto disse então fechou sua porta atrás de si.

Eu dei uma risada curta sem humor algum e cheia de indignação. Até que ponto a estupidez daquele babaca poderia chegar?

Dica II - Nunca deixe seu companheiro de casa metido a Hitler ouvir uma conversa sua. Nunca mesmo.


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Notas finais do capítulo

Entãããooo galera, é isso por hoje (foco no hoje). Amanhã provavelmente tem mais - isso se eu não morrer de cansaço por ficar acordada de madrugada escrevendo, claro - então aguardem!
Ah, um detalhe, eu estava pensando em fazer uma playlist para a história, o que acham?
Bem, qualquer dúvida, dica, crítica, receita (?), declaração de amor (e talvez de ódio também) e afins, mandem nos comentários que eu responderei tudo com muito carinho ♥
Beijos de pudim ~~ ♥