Intruso escrita por Lis Sampaio


Capítulo 3
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Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEY CUPCAKES!
Capítulo novinho em folha pra vocês o/ Eu acabei demorando mais do que o esperado pra postar aqui no Nyah!, mas vejam bem, dividir um computador com mais cinco pessoas em casa não é muito fácil não.
Enfim, espero que gostem, passei uma madrugada toda escrevendo com muito carinho.
Boa leituraaa ~



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No dia seguinte eu acordei com uma tremenda dor de cabeça, provavelmente resultado da minha noite inteira vendo os últimos capítulos da minha novela mexicana favorita pela internet.

– Bom dia. - Falei, ao entrar na cozinha. Todos já estavam na mesa, pelo visto eu havia sido a última a acordar.

– Bom dia, querida. - Minha mãe disse, com um sorriso. Ela era a única que me respondia naquela casa, credo. - Dormiu bem?

Se com dormir por duas horas significa dormir bem, então eu havia dormido bem.

– Claro. - Menti. Afinal, eu não poderia falar para a minha mãe que eu havia virado a noite só para ver a Srta. Garcez e o Sr. Antunes se casando.

Me sentei ao lado de Rita, que tomava seu Danoninho me encarando.

– Lia, - Ela me chamou. - O que é essa mancha preta de baixo do seu olho? Alguém te deu um soco?

Pude ouvir Eduardo segurando a risada do outro lado da mesa. Naquele momento eu fiz um juramento secreto de que nunca mais passaria a madrugada vendo novelas.

– Não, não Rita. - Eu ri nervosamente. O que eu inventaria? A primeira coisa que passou na minha cabeça foi falar que eu estava fazendo cosplay de panda, mas por favor né. - É que eu fiquei sem comer feijão esses dias. E aí eu fiquei assim.

Aquela era a pior desculpa que eu já havia inventado na minha vida. Mas vamos levar em conta que poderia ser um incentivo para fazer Rita comer feijão, porque de acordo com ela, era a comida que ela mais odiava.

Rita olhou pra mim espantada. Todos da mesa saguravam a risada, inclusive o Guga, mesmo que ele não fizesse ideia do que estava acontecendo.

– Verdade? - Rita perguntou e eu assenti. A garota encolheu os ombros.

Ok, mentir para uma criança não era legal, mas eu não poderia falar em voz alta que eu não tinha dormido direito por causa das novelas. Minha mãe era do tipo que surtava quando eu passava a madrugada fazendo qualquer outra coisa que não fosse dormir.

Quando acabamos o café, eu e Eduardo fomos encarregados de limpar a cozinha. Minha mãe realmente estava forçando muito a barra em me deixar sozinha com ele. Me lembrem de nunca ensinar o significado de shippar pra ela.

– Não se esqueçam que hoje vamos comprar o material escolar. Semana que vem as aulas de vocês começam. - Minha mãe disse, antes de sair da cozinha.

"De vocês". Espera. Ela estava falando do Eduardo também? Só poderia ser brincadeira, né?

Você vai estudar na mesma escola que eu? - Perguntei, sem fazer questão de esconder meu tom abismado.

– Vou. - Ele respondeu enquanto tirava as coisas de cima da mesa.

– Ah, não. - Revirei os olhos. - Qual é o problema da minha mãe?

– Não sei, talvez o mesmo que o seu. - Eduardo rebateu.

Contei até cinco para não dar um murro bem dado na cara daquele garoto. Respira fundo Liara, respira fundo, não vale a pena, não vale a pena...

Desviei o olhar do garoto demônio e peguei o avental plástico de bolinhas vermelhas que eu sempre usava quando ia lavar a louça.

Geralmente eu lavava louça com a minha mãe na cozinha. Conversávamos sobre várias coisas aleatórias, coisa de mãe e filha.

Com uma imensa dificuldade eu amarrei o avental e senti o olhar de Eduardo em minhas costas. Pude ouvir uma risada de deboche, provavelmente por causa do meu contorcionismo maravilhoso.

– Pessoas normais ajudam ao invés de ficar rindo. - Comentei, num tom entediado. Como um cara conseguia ser tão chato?

– Vai sonhando, pirralha.

Pirralha? É sério? Ele tinha a minha idade, faça-me um favor.

Depois que eu terminei a louça, subi para o meu quarto, deixando o panaca sozinho na cozinha. Minha mãe havia batido na minha porta para avisar que nós sairíamos para comprar os materiais antes do almoço, para comermos em algum fast food depois, por isso eu deveria me trocar.

Tirei meu pijama, colocando uma camiseta listrada e uma jardineira jeans com um tênis qualquer. Eu procurava não encarar o espelho por muito tempo, pois eu sabia que isso faria com que eu me cansasse da roupa que eu estava. Era sempre assim. Eu tinha mania de procurar defeitos em tudo.

Saímos com o carro de meu pai. Era um carro de sete lugares, meu pai gostava de carros espaçosos, principalmente pra quando íamos viajar com meus avós. Mal ele sabia que o carro ia ser mais do que adequado no futuro.

Eu e Eduardo tivemos que ir no fundo, enquanto as duas crianças estavam na nossa frente com suas cadeirinhas de suporte.

Quando chegamos na loja, tive que me segurar para não enfiar todos os cadernos que eu via dentro do carrinho, porque eu era simplesmente apaixonada por material de papelaria. Meus pais nos advertiram para manter as crianças sempre perto e não sair correndo por aí sozinhos, já que tinha bastante chances de nos perdermos.

O lugar que estávamos era bem grande, lembrava um galpão, e estava realmente cheio. Era última semana de férias, todo mundo provavelmente deixou pra comprar seus materiais de última hora.

– Lia, Lia. - Meu irmão me chamou enquanto eu olhava umas mochilas muito legais.

– Calma aí, pirralhinho. - Falei, fazendo um gesto inducando pra ele ir pra outro lugar.

– Edu, Edu. - Ele foi atrás de Eduardo. - Olha só.

– Que mochila bonita, Guga. - Eduardo disse com um tom super simpático. Credo. - Mas é muito grande pra você, vamos olhar umas menores, vamos.

– Lia, qual você acha mais bonito? - Rita se aproximou de mim com dois cadernos na mão, um roxo das princesas da Disney e o outro cor-de-rosa da Barbie.

– Algum deles vem com figurinhas? - Perguntei.

– O das princesas vem.

– Então o das princesas, Ritinha. - Sorri, bagunçando o cabelo dela. Por favor né, vão me dizer que nunca escolheram o caderno pela figurinha?

Minha mãe nos arrastou por aí mais um tempo, estávamos divididos em dois carrinhos, meu e do Eduardo e o dela e dos pequenos. Mas nós não tínhamos visto que Guga e Rita estavam colocando milhares de coisas aleatórias dentro do nosso carrinho conforme passávamos pelos corredores.

– Ei, vocês dois. - Eduardo chamou. - A dona da casa por acaso deixou vocês botarem isso aí?

Guga riu e escondeu o rosto nas mãos. Rita imitou o gesto do garotinho.

– Ah não, sério isso? Vai, vão guardar essas coisas agora. - Falei aos dois. - Você - Me dirigi a Eduardo. - vai com os dois, eles não podem ficar sozinhos por aí.

– Eu? Foi você que mandou eles pra lá, vai você. - Eduardo respondeu.

– Você é o mais velho, anda logo. - Falei, cruzando os braços.

– Eu não, se vira aí. Fala pras crianças devolverem as coisas quando chegarmos no caixa. - O garoto deu de ombros.

Dei de ombros.

– Rita, Guga, deixem as coisas aí e...

Antes de finalizar, percebi que as crianças não estavam mais ali.

– Cadê os dois? - Perguntei e Eduardo olhou ao nosso redor.

– Ah não. Só faltava essa. - Ele bufou.

Minha mãe por um segundo se virou para nós dois, com um olhar medonho.

– Onde estão os pequenos? - Ela perguntou.

– Hã... - Desviei o olhar.

– Se não quiserem me ver dar um surto, vão procurar os irmãos de vocês. Estaremos no caixa. - E então ela saiu.

Era incrível como minha mãe mudava tão repentinamente. As vezes eu tinha medo dela.

Eu e Eduardo nos encaramos e pela primeira vez eu não quis xingá-lo. Na verdade eu quis, por ele não ter acompanhado as crianças por pura birra, mas naquele momento a prioridade era achar os dois pequenos naquele lugar lotado.

– Eu vou por aqui e você vai por ali, se achar as crianças você me liga. - O garoto disse e eu assenti. Não, não era legal ter que concordar com a reencarnação do Hitler, mas é o que temos pra hoje.

Saí pela direção indicada enquanto gritava o nome das crianças. Um frio me percorria a espinha só de pensar em algo ruim acontecendo com os dois em um lugar tão cheio. Balancei a cabeça para afastar o pensamento ruim, estava tudo bem com eles, não poderiam ter ido tão longe.

Andei por toda extensão próxima de onde estávamos, mas não tive nem sinal deles. Mãos de angústia pareciam apertar meu coração cada vez que eu via um corredor vazio, onde eles estariam?

Até que meu celular tocou. Eduardo tinha os encontrado?

– E aí? - Ele perguntou no mesmo momento que eu.

– Não achei nada. - Suspirei, quase chorando.

– Eu também não. Só não fique desesperada, você vai parecer uma idiota gritando o nome deles enquanto chora. - Eduardo disse. Aquele babaca consegue ser babaca até em momentos assim?

– Imbecil. - Falei. - Vou dar mais uma olhada aqui perto.

– Tá.

Então eu desliguei. Ok, ok, se eu fosse crianças de sete e quatro anos, pra onde eu iria? Crianças gostam da sessão infantil, mas eu já tinha olhado lá. O que crianças gostam mais do que coisas de crianças? Fazer bagunça, gritar e... doces. Tinha uma prateleira de doces bem no fundo da loja.

Saí correndo, tentando me lembrar do caminho. Aquele lugar era realmente muito grande.

De longe avistei o vestidinho vermelho de Rita e meu irmãozinho com seu boné e apressei o passo, até chegar perto dos dois. No mesmo momento Eduardo chegou, provavelmente ele havia pensado o mesmo que eu.

– Pirralhos! - Exclamei, quase morrendo do coração de tanto correr, e abracei os dois.

– O que vocês vieram fazer aqui? Sabe como ficamos preocupados? - Eduardo perguntou, sem esconder a pontada de raiva na voz.

– Vocês estavam brigando e eu tava com fome. - Rita disse. - O Gu também tava com fome, daí a gente veio pra cá.

Então a culpa era, tipo, nossa? Eu encarei o panaca ao meu lado e ele me encarou de volta. Ok, fomos dois idiotas.

– Minha mãe está esperando, mais tarde eu compro um chocolate pra cada um. - Falei, pegando Guga no colo e colocando ele de sentado nos meus ombros.

Saímos os quatro juntos, voltando para o começo da loja onde ficavam os caixas e onde minha mãe estava com as compras. Ao chegarmos lá, ela sorriu extremamente diferente da última vez que eu a vi.

– Que alívio que vocês dois acharam eles. - Ela pegou meu irmãozinho de cima do meu ombro. - Olhando os dois assim parecem um casal cuidando dos filhos.

Definitivamente minha mãe era maluca. Por um segundo esqueci do nosso trato silencioso de fingirmos ser amigos e disse:

– Ah, me poupe né mãe. Eu não me casaria com esse cara nem se ele fosse a última pessoa da face da terra. - E então saí.

Ouvi Eduardo rir nervosamente e quase pude sentir seus pensamentos me enforcando. Sério, tive vontade de dar uma gargalhada maléfica naquela hora, a cara que dele não tinha preço.

Dica III - Nunca, nunca mesmo, perca crianças em uma loja.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado o/ Qualquer dúvida, crítica, sugestão, xingamento, responderei com muito carinho '3'
Beijos de pudim ~~



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