Intruso escrita por Lis Sampaio


Capítulo 1
O quê?


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEY PESSOINHAS
Então, faz MUITO tempo que eu não posto nada (Principalmente aqui no Nyah!) e eu peço MILHÕES DE DESCULPAS a todos os que estavam acompanhando Meu Querido Blog porque eu basicamente abandonei a história sem nem dar explicações a ninguém, e isso foi um ato muito ridículo e imprudente da minha parte. Sério, se eu pudesse ajoelhava no milho por dois dias inteiros pra pedir desculpas pra vocês.
Eu ainda não sei se vou voltar a escrever a história, mas eu estou pensando em fazer um remake dela mais pra frente se possível.
(Pra quem estiver boiando completamente no assunto acima, é só dar uma olhada no meu perfil que lá tem a última história que eu escrevi.)

Bem, mesmo sendo dia 5 já, FELIZ ANO NOVO (muito atrasado) PROCÊS ♥ Que esse ano seja um ano livre de bloqueio criativo e vamo que vamo! o/
E... o que mais? Ah é, sobre essa história nova, a ideia dela em si foi baseada em um sonho que eu tive há um tempo (Sabe aqueles sonhos que você nunca quer acordar? Então.) e eu espero do fundo do meu coraçãozinho de algodão doce (Efeitos de ouvir Melanie Martinez as férias todas) que vocês gostem. Sério mesmo.
Então, sem mais delongas, o primeiro capítulo de "Intruso"!
Boa leitura :3



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Aquele dia poderia ter sido um dia comum, como todos os outros dias da minha vida. Na minha casa, no meu reino. Apenas eu, meus pais e meu irmãozinho, sem mais nenhum problema.

Mas aquilo tinha que acontecer. Aquela ligação, aquela maldita ligação.

- Eu atendo. - Meu pai disse, atravessando nossa enorme sala para pegar o telefone que tocava escandalosamente.

Se eu soubesse naquele dia o que viria depois, juro que não deixaria de forma alguma meu pai pôr as mãos naquele telefone. Eu o teria queimado e pegaria suas cinzas pra fazer suco Tang e beber.

É sério.

A expressão de meu pai ficou tensa e seu rosto empalideceu. Ele parecia estar preocupado com algo, algo que sem dúvidas não era pouca coisa. Depois de dizer alguns "sim", "não" e "ok", desligou o telefone.

- Quem era, pai? - Perguntei, curiosa sobre o motivo da expressão tão assustadora.

- Conselho Tutelar. - Ele respondeu rapidamente. - Onde está a sua mãe? Preciso falar com ela.

- Na cozinha. - Respondi, ainda tentando raciocinar sobre o que meu pai havia falado. O que o Conselho Tutelar queria com a gente?

Bem, se eu não tentasse saber, nunca descobriria. Papai nunca foi do tipo que me contava as coisas.

Fui atrás de meu pai na a cozinha, onde me encostei na parede ao lado da porta para ouvir a conversa.

- Angela, lembra do nosso amigo Heitor? - Meu pai disse, tirando a atenção de minha mãe da cenoura que ela descascava para o jantar.

Tio Heitor? O que aquilo tinha a ver com ele?

- É claro que eu lembro, como eu poderia esquecer? - Respondeu em tom animado.

- Bem... Acabaram de ligar avisando que ele foi preso. - Ele limpou a garganta, num tom nervoso.

Pera, quê?

Mamãe pareceu tão surpresa quanto eu, ela até mesmo derrubou o descascador de cenoura na pia.

- Como? - Ela perguntou, com cara de quem não acreditava no que estava ouvindo.

- Aconteceu uma coisa complicada e o Heitor foi acusado de ser cúmplice em um assalto. - Papai disse. - Lembra do filho dele Eduardo? Então... ele está sozinho com a irmãzinha dele agora, e, bem, de acordo com o Conselho Tutelar, acho que vamos ter que ficar com os dois por um tempo. O Heitor passou a guarda deles temporariamente para nós.

Calma. Tio Heitor tinha filhos?

- Nós? Mas e a família da mãe das crianças? Somos apenas os padrinhos deles. - Minha mãe indagou.

- Olha, agora eu não sei de nada. Só sei que eu preciso ir buscar o Eduardo e a Rita com o Conselho Tutelar. Depois nós vemos o que podemos fazer sobre isso, huh?

"Depois nós vemos?" Depois? O quê? Hã? Como? Eu definitivamente não estava entendendo nada.

Meu pai passou por mim com pressa.

- Pelo visto já escutou, né Liara? Bem, eu vou buscar os dois agora. Quer vir junto? - Perguntou, um tanto eufórico enquanto procurava seus sapatos.

- Está de brincadeira que eu vou ter que dividir minha casa com pirralhos desconhecidos, né? - Perguntei em tom cortante. Meu pai só podia estar de brincadeira.

- É filhota, eu também não estou acreditando ainda. Mas olha pelo lado bom: vai ter mais gente aqui em casa, huh? Você nunca vai estar sozinha. - Papai disse no momento em que finalmente colocou seu sapato social e pegou as chaves do carro.

Aquilo era uma piada? O fato de ter mais gente era exatamente o lado ruim. Se ter privacidade com só quatro pessoas na casa era difícil, imagine com seis?

- Não vai mesmo querer vir com a gente? - Meu pai perguntou antes de sair de casa, com meu irmãozinho Gustavo ao seu lado.

- Você realmente acha que eu vou querer ir? - Falei, revirando os olhos.

Meu pai balançou a cabeça em desaprovação e logo cruzou a porta.

O que era aquilo tão de repente? Eu ia ter que viver com mais duas crianças dentro da minha casa? Aquilo era definitivamente a pior coisa que poderia acontecer.

Bem, era o que eu pensava. Mas eu não fazia ideia de que talvez as coisas pudessem ser muito piores.

Subi para o meu quarto e fechei a porta. Não estava afim de ver ninguém, nem mesmo quando meu pai chegasse. Sim, eu seria a pessoa chata da casa, a pessoa chata, fresca e mimada, a típica adolescente rebelde que não gosta de nada. Naquele momento eu queria ser assim, isso se já não era.

Quando ouvi o barulho do portão abrindo, logo presumi que meu pai chegara com as crianças. Mas as vozes que eu ouvia não eram exatamente vozes de crianças.

- Edu, Edu. - Ouvi Gustavo chamar. - Olha só, eu tenho bastante carrinhos.

- Nossa, quantos! - Uma voz desconhecida disse. Era a voz de um rapaz, não uma criança.

- Fiquem a vontade, viu? - Meu pai disse. - Espero que gostem daqui.

- Ah, tenho certeza que vamos gostar. - Uma voz feminina travessa disse. Talvez fosse Rita, a garotinha?

Por um momento eu realmente quis saber como eles eram. Não consegui conter minha curiosidade, de uma hora pra outra a garota rebelde-mimada-chata evaporou do meu corpo e puf! Quando eu percebi, já estava descendo as escadas.

- Filha, vem cá conhecer seus novos irmãos postiços. - A voz de minha mãe vinha da cozinha, ela provavelmente reconhecera meus passos.

Quando entrei no cômodo, logo dei de cara com um garoto. Mas não era um garotinho, era um garotão. Ele era mais alto do que eu e provavelmente tinha a idade perto da minha. Então aquele era o Eduardo?

- Oi...? - Eu disse, mas aquilo acabou soando mais como uma pergunta do que um cumprimento. Fiquei com medo da minha cara ter se contorcido de mais, eu realmente estava surpresa.

- Oi. - Ele disse, com um sorriso simpático.

- Filha, esse é o Eduardo. - Meu pai falou, mas aquilo já parecia estar bem obvio. - Edu, essa é a Liara. Ela pode parecer chata no começo, ou talvez sempre, mas no fundo ela é legal.

Eduardo riu com o comentário de meu pai. Olha, só de ver a cara do garoto eu já não havia gostado muito dele não. Qualquer pessoa que ri de algo que meu pai diz, não é uma pessoa normal.

- Eu sou a Rita. - Uma garotinha que parecia ter uns 7 anos apareceu ao meu lado com um sorriso desdentado.

- Oi, muito prazer Rita. - Eu disse, tentando devolver o sorriso.

A garota passou a mão na sua franjinha. Ela era bem fofinha, seus cabelos castanhos iam até o ombro e para uma garotinha daquela idade, parecia relativamente baixa. Além de tudo, tinha bochechas super apertáveis.

- Lia, por que não leva os dois para conhecer a casa? - Minha mãe sugeriu. - Se quiserem depois podem sair pra tomar um sorvete ou ir andar pela vizinhança.

Revirei os olhos por dentro. Meus pais sabiam que eu odiava "andar pela vizinhança".

Então, meio que por obrigação, eu acabei dando um "tour" gratuito para meus novos """irmãos-postiços""" pela casa. Mostrei todos os quartos, banheiros, sala de jantar, quintal, jardim, dispensa e por aí vai. Era muito chato ter que fazer isso tudo pra uma dupla de desconhecidos, mas eu sabia que era a única forma que meus pais arranjaram de tirar Eduardo e Rita da cozinha, pra só então poderem discutir sobre a situação.

Quando finalmente terminamos o passeio pela minha casa, praguejei pelo lugar ser tão grande. Minhas pernas estavam doendo.

- Hã... Querem conhecer a vizinhança agora? - Perguntei aos dois, mas Rita não pareceu se interessar, pois estava muito ocupada brincando com o Gu.

Eduardo me fitou. Ele tinha uma cara de emburrado que parecia ser sua única expressão quando saía de perto dos meus pais. Que falso.

Só então parei para observar sua aparência. Seus cabelos castanhos eram um tanto bagunçados e caíam sob seus olhos, que por sua vez eram um pouco mais claros que seu cabelo. Sua pele era branca quase pálida - lembrava um pouco a minha, só que sem a aparência anemica - e em seu rosto tinham algumas pintas espalhadas, o que era uma coisa que eu particularmente achava fofa. Ele vestia uma camiseta branca com as mangas verdes e usava uma calça jeans comum. Nada de mais, parecia um garoto completamente normal, só que eu tinha que admitir que ele era bem bonito.

- Pelo visto vamos apenas nós dois. - Ele disse sem demonstrar animação alguma. Sua voz era grave.

Dei de ombros e então o garoto me acompanhou até a porta para sairmos juntos.

Andamos por praticamente todo o bairro sem sequer conversarmos. Fala sério, eu não tinha a obrigação de falar nada, se ele quisesse conversar, ele que puxasse assunto porque eu sou um caos fazendo isso. Aposto que o garoto não ia gostar de ter alguém perguntando se ele gostava de feijão.

Eduardo parecia ser bom amigo do silêncio. Ele também não dizia nada, mas a sua cara amarrada demonstrava que estava tão feliz quanto eu.

Foi só quando chegamos na sorveteria e eu perguntei o sabor de sorvete que ele queria, que o garoto abriu a boca.

- Olha, não precisa fingir ser legal perto de mim. - Ele disse em tom sarcástico.

- Quê?

O garoto revirou os olhos.

- Pare com isso, garota. Você atua muito mal. - Eduardo disse, despreocupado.

Ok, eu não fui com a cara daquele garoto. Quer dizer, com a cara eu até fui, ele era bem gato, mas NINGUÉM fala mal da minha atuação.

- Que antipático. - Deixei escapar. Droga Liara, droga, droga, droga.

- Vamos ser bem claros - Prosseguiu. - Perto dos seus pais eu até posso ser legal, eles são meus padrinhos, mas eu nunca te vi na vida e por isso não tenho obrigação nenhuma de ser simpático com você.

Como?

- Nesse caso eu também não tenho obrigação de ser simpática com você. Eu nem sabia da sua existência mesmo. - Falei num tom cortante.

- Ótimo. Não pretendo me dar bem com você, mesmo. - Ele falou, virando as costas a mim.

Duas palavras, quatro sílabas e um sentimento: Que demônio.

Dica I - Absolutamente nunca deixe seus pais enfiarem um garoto estúpido, antipático e petulante dentro da mesma casa que você.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, pessoinhas. Espero que tenham gostado do primeiro capítulo. Deixem nos comentários qualquer erro que vocês tenham notado (para eu poder reparar, claro), dúvidas, críticas, elogios, surtos psicóticos (?), pedradas (leitores de MQB gostaram disso) e afins.
Talvez ainda hoje eu poste o próximo capítulo, então vejo vocês mais tarde!
Kissus ~~