A Garota do Lago escrita por Flora Medeiros


Capítulo 4
Firsts Problems...


Notas iniciais do capítulo

Trailer https://www.youtube.com/watch?v=RERr49_V71g



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– Onde você o comprou? - insistiu Katy.

– É... – não fazia a menor ideia do que dizer.

– É um adereço de família. – interrompeu Nancy, salvando minha pele, e eu agradeci mentalmente.

– Com a minha ajuda de dicas de moda e o seu belo par de olhos você vai arrasar! – falou sorrindo. – Nossa... Seus olhos são os mais claros que eu já vi. – falou, e eu tentei cobrir com minha franja. – São de verdade?

– Como assim? – perguntei. Que eu saiba não existem olhos de mentira.

– Não são lentes não, Katy... Uma tia avó tinha os olhos iguais. – falou Nancy desconcertada, tentando achar uma justificativa.

– Muito legal... Bom, vamos nessa? – perguntou Katy.

– Sim! – falei, começando a me animar um pouco. Ela parecia ser divertida.

Passamos a tarde inteira entrando e saindo de lojas e abastecendo o carro de sacolas. Havíamos comprado tudo mesmo... De sapatos à maquiagens. Só faltava, segundo a Katy, irmos a uma loja. A de casacos para o inverno.

– Nossa, esse vai ficar lindo em você! Experimenta. – falou, jogando um sobretudo em cima de mim. – Esse também! – jogou mais um, outro e mais outro. – Agora é só provar.

– Você não acha que são roupas demais não? Eu nem sei onde vou usar isso tudo que compramos.

– Roupa é sempre essencial... Quanto mais, melhor, vá por mim. – falou Nancy, e eu comecei a provar os casacos.

– Nossa, que inveja... Tudo fica bom em você! – falou um vendedor que tinha metade do cabelo rosa e alguns brincos na boca. Sorri tímida.

– Vamos levar... Pode passar todos! – deu o cartão, e eu sentei ao lado das duas esperando o vendedor voltar com as compras.

– Nossa, muito obrigada... – falei para as duas que sorriram em agradecimento. – Porque aquele vendedor usa brincos na boca? – perguntei, e a Katy riu.

– Isso são piercings... De que interior isolado você veio pra nunca ter visto um? – perguntou e eu abaixei a cabeça.

– Ela morava bem distante... Na... Na floresta. – falou, e eu a encarei olhando estranho.

– Floresta? Bem... Isso explica. – falou, sorrindo um pouco.



O vendedor voltou com as compras e fomos para a casa da Nancy. A Katy morava na casa ao lado, então pegou uma carona. Ao sairmos do carro, a Nancy pegou um objeto fino e começou a tocar nele e depois falar com ele. Essa sem dúvida era a coisa mais estranha que eu havia visto, pois alguns segundos depois o objeto começou a falar com ela também.



– Está em casa? – falou Nancy.

– Não... Estou no boliche com o Filips e o Brian. – respondeu o objeto.

– Volte antes do jantar porque iremos comer no Burger King hoje.

– Uhuul meu preferido. Tá certo. Tchau mãe! – falou o objeto. Mãe?

– O que é isso? – falei, apontando para o objeto.

– Ah... Isso é um celular. Usamos para nos comunicar com as outras pessoas. – estava explicado o "Mãe".

– Era o Aiden? – perguntei.

– Sim... Vamos sair hoje à noite pra você conhecer alguns lugares e jantarmos... Peguei o dia de folga para apresentar as coisas a você.

– Obrigada.

Saímos do carro com as compras e tivemos que dar umas duas viagens para levar todas as sacolas até o meu quarto.

– Quer ajuda para por as roupas no guarda-roupa?

– Não precisa, obrigada. – não queria incomodar mais do que já estava.

– Tudo bem... Se você quiser ir tomando banho... Eu farei umas ligações para a escola que matriculei você.

– Escola? – ela assentiu. – Quando eu começo? – perguntei com um misto de ansiedade e insegurança.

– Você pode começar amanhã, mas pode ficar até a segunda feira. Já expliquei que você ainda está se adaptando aqui.

– Eu quero ir amanhã! Quero tentar ter a vida mais normal possível... – desabafei.

– Tudo bem, vemos isso mais tarde. – falou, dando um sorriso e saindo do quarto.

Comecei a abrir as sacolas e era roupa que não acabava mais. Peguei os cabides e fui organizando tudo para ficar mais fácil. Peguei as maquiagens e os produtos de beleza e higiene e pus em cima de uma cômoda. Coloquei os sapatos na sapateira que ficava dentro do guarda-roupa.



Peguei uma toalha que estava dentro do guarda-roupa e uma calça leggin preta com uma camiseta branca de botões e roupas íntimas.



Entrei no banheiro e liguei a água da banheira. Tinha um grande espelho onde fez eu encarar novamente meus olhos tão diferentes. Fiquei por alguns segundos olhando, e finalmente voltei a agir. Tirei as roupas e o colar que continuava em meu pescoço e entrei na banheira. Tomei um banho demorado lavando meus cabelos e saí da banheira secando meus cabelos. Peguei o secador que havíamos comprado e após ler no manual de instruções, sequei meu cabelo com dificuldade, mas acabei pegando o jeito.



A toalha tinha se encharcado por causa da quantidade de água em meu cabelo, então pus as roupas íntimas e continuei a me encarar no espelho.

Escutei um barulho na porta e de repente o Ainden entra tirando a roupa. Eu dei um grito desesperado o fazendo gritar também e o empurrei, fechando a porta fazendo bater a mesma bater na cabeça dele.

– AAAI! – gritou ele. – Se estava no banheiro devia ter trancado a porta, sua maluca. – falou com raiva, e senti minha bochecha queimar de vergonha. Tranquei a porta e me sentei, tentando me acalmar um pouco.


Após respirar fundo um pouco, pus o resto da roupa e saí finalmente do banheiro. Fui diretamente pra o meu quarto e agradeci mentalmente por ele não estar no corredor.

Terminei de me arrumar, me maquiei e escolhi um tênis cano curto. Desci as escadas e o Aiden estava subindo a mesma.


Senti meu rosto queimar de vergonha por ele ter me visto de roupas íntimas e ele ficou um pouco vermelho quando me viu.


– É... Me desculpa. – falou ele, com o olhar baixo engolindo seco.

Olhei pra ele, que permanecia calado me olhando e assenti com a cabeça. Continuei seguindo para a sala e ele subiu.

– Sophie, você está pronta? – falou Nancy entrando na sala.

– Sim...

–O que foi aquele grito? Você se machucou? – falou, ao mesmo tempo em que o Aiden entrava na sala, e ele me olhou com os olhos semicerrados. Pelo visto, se eu contasse ele receberia uma bela bronca.

– Eu escorreguei sem querer, mas está tudo bem. – falei, e a expressão de Aiden mudou para uma de alívio.

– Tem certeza? Não quer que eu pegue gelo? – perguntou Nancy.

– Não... Está tudo bem...– falei e saímos. A noite foi bem agradável... Comemos um hambúrguer, batata frita, Milk Shake... Conheci alguns lugares rapidamente, como praças, alguns shoppings e um estádio de futebol. No fim, passamos em frente a minha futura escola. Era um prédio enorme...

Amanhã verei o que Eagles High School me trará.


"Fiz o giro no ar e ao pousar com a perna esquerda, senti o solo firme se rachar e abrir sob meus pés. Ao sentir o toque da água gelada com meu corpo, entrei em pânico e tentei me agarrar à parte do gelo ainda firme, o que só fez o solo se quebrar mais. Comecei a afundar e já sabia que a tentativa de permanecer fora da água era inútil. Minhas suspeitas se confirmaram quando senti meu corpo afundar e tudo se escureceu."


Acordei suada e com a respiração acelerada. Não eram meros pesadelos... Tudo parecia muito real. Tudo ainda estava muito escuro então tentei voltar a dormir.


Cinco e meia da manhã o despertador do relógio toca, mas eu não me lembrava de ter visto um relógio em minha cabeceira. Abri os olhos e fui até o guarda roupa escolher uma roupa para o primeiro dia de aula. O mais irônico é que estávamos no meio do semestre.

Peguei um vestido roxo justo e um colar grande meio creme. Tomei um banho rápido, dessa vez sem o contratempo da noite anterior, e voltei para o quarto. Deixei meu cabelo solto e coloquei um batom roxinho. Coloquei uma sapatilha bico fino e peguei uma das bolsas que a Nancy tinha comprado pra mim.


Desci as escadas e o Aiden comia uma banana, me encarando.

– Bom dia. – falei baixinho.

– Pensei que ia me atrasar por sua causa. Da próxima vez, vou pôr seu despertador pra cinco da manhã. – Aiden falou enquanto pegava a mochila.

– Foi você? Sabia que aquele relógio não estava lá. – falei, agradecendo mentalmente por não estar louca.

– Tem que aprender a usar as trancas, Bela Adormecida. – falou com o tom irônico de sempre. Semicerrei os olhos pra ele e peguei uma fruta qualquer na mesa.

– Vamos? – perguntei, ainda com raiva.

– Pretende escrever com o dedo ou já aprendeu que usamos caneta pra anotar as coisas? – perguntou, jogando um caderno e canetas em cima da mesa. Eu não sabia o porquê de ele estar sendo tão estúpido.

– Por que você me odeia? – perguntei séria.

– Eu não te odeio... Só não tenho paciência pra suas questões estúpidas... Eu não estou nem aí que você ficou sei lá quanto tempo num lago. Só sei que desde que você chegou, eu soube que ia sobrar pra mim.

– Sobrar pra você? Se é por isso que você está preocupado, eu não preciso da sua ajuda. – falei, e ele deu uma gargalhada alta.

– Ah, claro que não... Talvez você possa pedir ajuda à mulher da TV que você estava tentando tocar né? – falou, rindo mais alto ainda.

– Olha aqui, garoto! Eu não escolhi isso, mas sei que não deve ser fácil pra você mudar de vida tão rápido então estou relevando. Uma estranha em sua casa... Dá pra entender, então vou facilitar as coisas... Você não fala comigo e eu não falo com você. Somente o essencial, feito?

– Feito. – falou, pegando a mochila e indo em direção ao carro dele. – Minha mãe mandou te entregar o dinheiro do lanche. – falou, pegando um dinheiro no tabelie do carro.

Entrei no carro e ele também entrou. Após um tempo em silêncio, ele colocou um rock pra tocar e se ele tentava me irritar com isso deu muito errado, pois eu sempre amei um bom rock. Quando chegamos na frente da escola, eu observei várias pessoas em seus grupinhos e comecei a me sentir um pouco deslocada.


Saí do carro e, sem falar nada, peguei a bolsa e fui em direção à entrada da escola. Tinha uns caras que provavelmente eram do time da escola que me olharam desde o momento que eu saí do carro até eu passar por eles no portão. O Aiden veio logo atrás e ainda pude ouvir um dos caras falar com ele.

– Nossa... Quem é aquela menina? – falou apontando pra mim.

– Minha... Prima. – falou com a voz baixa, e quando olhei pra trás, o encarei dando um sorriso de lado, o fazendo semicerrar os olhos.


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Notas finais do capítulo

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