A Garota do Lago escrita por Flora Medeiros


Capítulo 3
Mundo novo... Tudo novo.


Notas iniciais do capítulo

Trailer https://www.youtube.com/watch?v=RERr49_V71g



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– Sophie, essa é a sua nova casa. – falou Nancy, abrindo as portas de uma imensa casa. Ainda estava um pouco sonolenta, pois havia dormido o caminho inteiro.

– Nossa, que casa enorme... – falei, observando o tamanho da sala. – O que é isso? – perguntei sobre uma gigante caixa de metal preta que estava pregada na parede.

– Fala sério, né... – sussurrou Aiden, que foi repreendido com um beliscão de sua mãe. – Ai...


– Isso é uma televisão, Sophie...

– Nossa... Nós tínhamos TV, mas era uma bem menor e mais gordinha... – falei, e o Aiden riu bastante.

– É isso que acontece com as coisas ao longo do tempo... Elas evoluem. – falou, e naquele mesmo instante percebi que minha convivência com ele não seria tão fácil.

– Entendo... – falei, observando um milhão de coisas que nunca havia visto na minha vida, mas que a partir daquela resposta, não perguntaria novamente... Pelo menos não a ele.

– Bom finalmente nosso quarto de hóspedes será habitado por alguém! – Falou Nancy animada. – Venha comigo... Irei mostrar o seu novo quarto. – A segui e o Aiden ficou pela sala.

– Nancy... É realmente maravilhoso você ter aceitado esse grande problema na sua vida, mas acho que estou invadindo demais a vida de vocês e por mais que possa ser legal, não parece que todos estão felizes com isso. – falei, abaixando o olhar por um momento.

– Querida, não se preocupe! Dará tudo certo. Se você se refere ao Aiden, não esquente a cabeça. Ele parece ser um pouco chato mesmo, mas quando você o conhecer direito vai ver que ele pode ser adorável... Bom... Uma vez na vida, mas ele pode ser adorável. – falou e riu alto, o que me fez rir junto. – Só dê um tempinho pra ele, é tudo muito novo pra você, mas pra ele também é, porque ele nunca pensou que nossa vida pudesse mudar assim.

– Ele sabe sobre mim? Quero dizer... Tudo? – perguntei, e ela afirmou.

– Sim. Tive que ter algum argumento pra justificar a sua vinda e a verdade foi o maior argumento que encontrei. – falou, e eu sorri assentindo.

– Tudo bem...


Fomos passando pelo corredor e subimos uma escada. Havia quatro portas ao longo do mini corredor de cima. Uma delas ficava bem em frente à escada.



– Aquele quarto ali... – falou, apontando para o último quarto à esquerda. – É o meu quarto. A porta colada a ele é o banheiro. O último quarto a direita é o do Aiden e o seu é esse aqui. – falou abrindo a porta do quarto que ficava de frente pra a escada. O quarto era bem espaçoso e tinha uma cama enorme seguida de um guarda-roupa enorme.

– Nossa... É lindo! Muito obrigada. – falei, a abraçando de lado.

– Deixamos o quarto branco mesmo, mas se você quiser pintar de outra cor é só nos dizer.

– Está ótimo assim. – falei, dando um sorriso gentil.

– Vou deixar você um pouco sozinha, porque preciso arrumar alguns documentos do trabalho, mas qualquer coisa que precisar é só me chamar ou o Aiden. – agradeci em silêncio e ela saiu.



Deitei na cama que tinha os lençóis mais brancos que eu já vi e encarei o teto por alguns segundos. Tudo parecia tão surreal e ao mesmo tempo tão palpável, pensei enquanto apalpei o travesseiro que me parecia bem real. Respirei fundo e levantei da cama para ir até a janela. Quando estava me levantando, notei algo diferente em meu pescoço. O colar que Mary havia dito que estava comigo se encontrava em meu pescoço. Se minha cara de espanto pudesse aumentar, teria aumentado, porque me lembro muito bem de tê-lo posto na bolsa e não em meu pescoço... Esse colar...

Tirei-o do pescoço e pus em um criado mudo do lado da cama. Me aproximei da janela enorme que ia do chão ao teto e encostei minha cabeça na mesma. Comecei a pensar em todos os amigos que eu tinha e que nunca mais veria... E em minha mãe. Ah, minha mãe... Imaginar um mundo sem ela torna tudo tão insuportável que morrer naquele acidente seria a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Fechei os olhos, sentindo lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto e tentei pensar em algo positivo... Minha mãe iria querer que eu fosse forte. A dor em meu peito não se conformou com o argumento e começou a queimar mais ainda.

Não era possível tudo ter mudado tão rápido, não era possível minha mãe e amigos estarem mortos... Não era possível eu estar viva.

Voltei para a cama e continuei com meus pensamentos por algum tempo até pegar no sono.


– Sophie! – escutei uma voz feminina e reconheci por ser a da Nancy. – Almoço!

– Sim... Já estou saindo! – falei, me levantando o mais rápido que pude e endireitando meu rosto e cabelo que estavam amassados e desarrumados. Saí e desci a escada em direção à sala.

– Por aqui. Já está na mesa! – falou, e eu segui até o cômodo ao lado da sala. – Sente-se. – falou Nancy, colocando o último prato na mesa e Aiden comia despreocupado.

– Aiden! Eu falei pra esperar a Sophie chegar. – falou o repreendendo.

– Não... Está tudo bem. Não pare por mim. – falei e ele levantou o olhar que se conectou ao meu. Ele tinha desdém e desprezo misturado nos olhos e não se demorou muito voltando a atenção à comida.

– Temos frango, brócolis ao molho de queijo e macarrão de alho poró. Você gosta? – pensei por um momento... Meu treinador me mataria se me visse comendo isso, mas como não patinarei mais, acho que não havia problema.

– Está perfeito. – falei, me sentando.

– Pode se servir e comer o quanto quiser. – falou e eu sorri. Ela estava sendo muito legal comigo. O Aiden não voltou sua atenção para outra coisa a não ser a comida o almoço inteiro.

– Nossa, isso está delicioso. – falei e realmente era verdade... – Você quem fez? – perguntei para a Nancy.

– Não, o Aiden é que cozinha aqui... – falou, dando um sorriso pra ele que já havia se retirado da mesa. – Como eu trabalho muito, ele aprendeu a cozinhar e eu já disse a ele que um dia ele será famoso por isso. – ele deu de ombros tomando o suco e levou o prato dele para uma máquina mais estranha que a TV.

– Está muito bom, Aiden. Parabéns. – falei, e ele fez um "hmm" indo para a sala.

– Após o almoço vamos ao shopping comprar roupas pra você.

– Mas eu não tenho dinheiro. – falei, limpando a boca com um guardanapo.

– Como eu lhe disse, você só poderá usar sua herança quando for de maior, mas eu, como sua tutora, posso retirar o necessário para você e o que precisar cuidando para que não gaste muito. E outra coisa... Você é uma protegida do governo, então por mês você receberá uma ajuda de custo até sua maioridade. – falou e eu assenti. – Bom... Eu não entendo muita coisa da moda atual, por isso chamaremos a Katy, nossa vizinha, para nos ajudar com as compras.



Terminamos de comer e a Nancy me mostrou como se usava a máquina estranha, que acabei descobrindo ser um lava-louças.



– Aiden? – chamou Nancy.

– Sim? – respondeu ele com uma voz mal humorada.

– Você poderia ir com a gente? – perguntou, e ele olhou com a cara mais absurda.

– Eu? No shopping... Fazendo compras? Com três mulheres que irão demorar o dia inteiro? Não mesmo. – falou, ligando a TV e se jogando no sofá.

– Minha nossa! A TV de vocês tem cores? – perguntei abismada, chegando perto. – Nossa... Parece que ela está aqui! – falei, impressionada demais com uma mulher que estava atrás de uma bancada com um terninho parecido com o da Nancy. – Uau... – falei, pondo a mão na TV pra ver se ela estava realmente ali, o que fez o Aiden dar uma gargalhada que quase me deixou surda.

– Não acreditei nunca que viveria pra ver algo assim... – falou, não se aguentando de rir.

– Aiden! – reclamou a mãe, que parecia se controlar pra não rir também, o que me deixou vermelha de tanta vergonha. Saí depressa de perto da TV e segui rapidamente para o carro.

– Desculpe... Eu não sabia que as TVs tinham cor. – falei, abaixando a cabeça de tanta vergonha.

– Não precisa se desculpar, nós sabemos... O Aiden sabe também, mas ele irá implicar um pouco com você no inicio.

– Sério? Por quê? – perguntei preocupada.

– Conheço meu filho... Só não ligue.



A Nancy tirou o carro da garagem e seguimos em direção ao shopping. A Katy, seja lá quem for, iria nos encontrar no shopping. Fui observando a paisagem e havia tantos carros que não dava nem pra contar. Tudo havia mudado tanto que eu nem conseguia reconhecer onde estava. Chegamos a um gigante estabelecimento todo espelhado.



– Esse é o shopping Boulevard. Sempre que quiser vir aqui é só me falar que eu te deixo, é caminho para o meu trabalho. – falou enquanto saía do carro, e eu fiquei cada vez mais encantada com o tamanho daquela estrutura.



Assim que entramos, pessoas não paravam de passar o tempo inteiro diante de nós... Todas elas muito diferentes de como eu me lembrava. A Nancy acenou para uma menina que aparentava ter uns vinte anos. Antes de se aproximar, a Nancy se virou pra mim.



– Não se esqueça de que para ela você é minha sobrinha. Tive que inventar uma história, mas para todas as evidências, você perdeu seus pais e veio morar comigo, tudo bem pra você?

– Sim... – falei, lembrando as palavras do Doutor Machado que meu caso precisaria ficar em sigilo.

– Naaancy! – falou uma menina loira eufórica abraçando a Nancy. – E você deve ser a Sophie, não é?

– Sim, muito prazer. – falei, fazendo-a abrir um sorriso mais largo ainda.

– Nossa, adorei seu colar! – falou e eu toquei em meu pescoço conferindo e aquele mesmo colar estava em meu pescoço. Aquela lua com uma pedra redonda dentro havia voltado para o meu pescoço, mas como ele foi parar ali novamente? Eu sabia que tinha posto ele no criado mudo.


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Notas finais do capítulo

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