A Garota do Lago escrita por Flora Medeiros


Capítulo 14
After Sunset


Notas iniciais do capítulo

Leitores lindos, me desculpem pela demora, mas preparei um capítulo maiorzinho pra vocês não terem tanta vontade de me matar okay? Espero que gostem ♥



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Acordei com o brilho do sol em meu rosto, além de dormir tarde havia esquecido de fechar a cortina. Que ótimo!

Levantei preguiçosamente esgueirando meu corpo entre os lençóis. Era difícil de acreditar em tudo que havia acontecido ontem... Eu havia patinado! Um vislumbre de felicidade paerava sobre meu rosto. 

Estiquei as costas e fui até minha cabeceira onde estava aquela maldita carta que o Aiden havia me devolvido ontem à noite. Não queria tornar a tocá-la. Ainda não sabia porque eu conseguia lê-la enquanto todos achavam que eram apenas rabiscos. Liberte-se. Essa palavra martelava em meus pensamentos desde o instante em que consegui compreendê-la.

 

— Sophie! - uma voz gentil e conhecida falou atrás da porta. Fui até a mesma e a abri sendo recepcionada com um grande sorriso. Nancy. - O café está pronto querida! Como no final de semana eu não trabalho pensei em aproveitar que você e o Aiden começaram a se dar bem e irmos juntos à praia o que acha? - perguntou com um sorriso tão doce que eu apenas acenti.

— Claro... O Aiden te falou algo sobre ontem? - perguntei curiosa.

— Ele me disse que vocês foram patinar... Como eu era sua psicólog antes achei que isso fosse demorar um pouco. Experiências como a sua geram traumas difíceis. 

— Na verdade eu também achei que demoraria bem mais... Graças ao Aiden não demorou. - falei sorrindo e a felicidade no rosto de Nancy era notável.

— Que ótimo! Sabia que vocês iriam se acertar. Era só questão de tempo. - sorriu. - Agora vamos nos arrumar porque são duas horas de viagem. - me abraçou e saiu em seguida.

 

Fechei a porta do quarto e a carta começou a martelar novamente em minha mente. Eu estava muito curiosa para saber o que havia nela, mas parte de mim sentia que eu podia não gostar do que estava escrito. Apanhei a carta em minhas mãos e coloquei ela em baixo do meu travesseiro. Seja o que for pode ser depois da praia.

 

Peguei minhas coisas e fui tomar um banho rápido. Coloquei o maiô e me enrolei na toalha. Saí do banheiro e o Aiden estava esperando para usar o banheiro.

 

— Bom dia! - falou o menino que se encontrava apenas de samba canção me fazendo enrubecer. 

— Bom dia. - sorri e ele abriu um pequeno sorriso de canto. Fechei os olhos ao passar por ele para não ficar mais notável como eu estava vermelha com a cena.

 

Entrei no quarto e procurei um vestidinho leve para colocar por cima do maiô. Soltei meu cabelo e peguei uma bolsa, coloquei o protetor solar, o celular e algumas coisas.

 

Desci as escadas e Nancy estava com um copo de suco em mãos. A mesa do café da manhã estava repleta de frutas, waffles e bolo.

 

Quando eu estava já no fim da refeição o Aiden desce as escadas com um calção de banho e uma toalha pindurada no pescoço.

 

— Então Sophie... Você ia muito à praia? - perguntou Aiden pegando uma fatia de melão.

— Na verdade eu só fui à praia uma vez na minha vida. E nem entrei. Antigamente não era tão fácil a locomoção e minha mãe achava muito indescente as roupas de praia. - falei lembrando de algumas meninas que andavam com a barriga descoberta.

— Naquela época? Indescente? É Sophie... Hoje acho que você terá um pequeno choque de realidade sobre as modernidades do mundo. - completou Aiden com uma risada irônica.

— Vamos? -falou Nancy com um maiô preto, um pano amarrado na cintura, óculos e chapel de sol.

— Vamos! - falei sorrindo pra ela. - Você está muito bonita.

— São seus olhos querida! - falou Nancy retribuindo o sorriso.

 

Meus olhos. Esse mistério voltou a pairar sobre minha mente. Azul tão claro que parecia branco. Era realmente cor de gelo e cor daquela pedra em meu pescoço que não largava de mim.

 

Entramos no carro e o Aiden foi na frente com a Nancy e eu atrás entre os dois. Ele colocou uma música bem agitada pra tocar. Algo que tinha mais grito que letra. O ritmo era até legal, mas cofesso que chegava a ser engraçado.

 

Encostei a cabeça no encosto do banco e acabei cochilando. Senti o carro ir parando e abri os olhos devagar. Olhei pela janela e acabei vendo pessoas praticamente nuas.

 

— AI MEU DEUS! - gritei me abaixando no banco do carro.

— O que foi Sophie? - perguntou Aiden preocupado.

— E-E-Essas pessoas... Est-tão... Quase nuas. - coloquei as mãos em meu rosto tentando esconder o constrangimento que eu estava.

— Está tudo bem querida. Eles estão de roupa de praia. - falou Nancy em tom divertido.

— Roupa? Aquilo é do tamanho de roupas íntimas... Como eles podem usar isso na frente de todo mundo? - falei tentando olhar novamente, mas sem êxito.

— Vamos lá Sophie você consegue! Isso é normal hoje em dia. - falou Aiden tirando as mão dos meus olhos. Olhei em volta novamente e se minha mãe visse aquilo ela iria chamar de pouca vergonha. E é verdade.

— Tudo bem... Eu saio. - falei tirando o cinto rapidamente e saindo. Minhas bochechas pegavam fogo. Era muita gente pra pouca roupa. 

 

Fui andando devagar tentando olhar o mínimo possível para as pessoas. Enquanto olhava para a areia da praia acabei olhando para uma moça que estava deitada no chão com uma calcinha tão pequena que ficava toda pra dentro. Tentei desviar o olhar, mas acabei olhando para um homem bem alto que vinha de uma roupa de banho tão pequena que tornei a abaixar o olhar. O Aiden ria muito da minha cara e Nancy cochichava palavras dizendo que eu precisava me acostumar.

 

— Na época de vocês os homens já tomavam banho de sunga? - perguntou Nancy.

— Sunga? - perguntei confusa.

— Sim... Como aquela. - apontou para um homem que estava com uma roupa de banho igual a do cara alto.

— Não mesmo. - tentei olhar em volta para me acostumar quando meus olhos fitam uma das coisas mais lindas que já tive a oportunidade de ver na vida. O mar. Estava num azul cristalino. Uma coisa linda de se ver.

— Mãe achei um lugar. - chamou Aiden.

 

Sentamos nas cadeiras em baixo de um guarda-sol. Nancy pediu ao Aiden para comprar água de coco e ficamos conversando sobre coisas aleatórias.

 

— Vamos dar um mergulho? - perguntou Aiden para mim e a Nancy.

— Nem pense que vai a algum lugar sem o protetor solar mocinho. - falou Nancy.

— Sim senhora. - bufou.

 

Ela começou a passar protetor nele, eu retirei o protetor que ela havia comprado pra mim e comecei a passar em meu rosto. 

 

— Quer que eu passe em suas costas querida? - perguntou Nancy. 

— Claro. - falei tirando o vestido e levantando o cabelo.

— Agora sim... Podem ir. - falou sentando na cadeira.

— Como assim? Você não vai? - perguntei.

— Não sou muito fã do mar. - falou sorrindo e fazendo uma expressão com a mão para irmos andando.

— Nossa... Eu estou nervosa. - ri tentando controlar os nervos.

— Não precisa ficar com medo... A água é maravilhosa. - falou me encarando nos olhos. - Ah... Você esqueceu de espalhar o protetor aqui. - falou removendo o excesso que tinha em minha testa me deixando com uma enorme vergonha por 5 segundos então voltei a atenção para o mar.

 

Coloquei os pés na água e parei ali enquanto o Aiden continuava a entrar. A água estava meio fria, mas muito gostosa. Fiquei por um tempo sentindo a brisa em meus cabelos e dei mais um passo em direção ao Aiden que me esperava com um sorriso gentil.

 

— Vamos? - me deu o braço e eu apenas assenti.

 

Quanto mais entravamos naquela imensidão mais a boca do meu estômago embrulhava. Eu estava muito nervosa. Quando senti a água em minha coxa um calafrio subiu por minha espinha e pensei em parar puxando o braço do Aiden mais forte, mas ele apenas colocou a mão em minhas costas e continuou a andar. Um pouco contra a vontade o segui. Meus cabelos castanhos começaram a ficar molhados e eu queria a todo momento apenas fechar os olhos. Quando a água estava na altura do meu seio o Aiden parou.

 

— Viu? Não foi tão difícil... - foi só ele falar isso e uma onda gigante nos cobriu.

— SOCORRO! - gritei e senti o braço dele me segurar mais firme. Levantei a cabeça e voltei a respirar novamente. 

— Calma... - falou ele me puxando mais pra próximo. - Esta tudo bem... Eu estou aqui. São apenas ondas... Quando elas vierem é só pular ou abaixar a cabeça e levantar logo depois.

— Tudo b-bem... - falei me tremendo e segurando com força no braço dele.

— Eu vou te soltar agora. - falou ele retirando a mão das minhas costas.

— Não. - pedi rapidamente. - Ainda não. - não estava segura em ficar sozinha. O mar era a coisa mais imensa que eu já havia visto e aquelas ondas não cooperavam.

— Okay, então você se solta quando você estiver confiante pra isso. - falou sorrindo gentilmente.

— Ta. - falei firmano meus pés mais no chão quando veio uma outra onda. Em desespero pulei em cima do Aiden tentando me malter a salvo. Ele colocou as mãos em minhas costas e me puxou pra baixo subindo rapidamente.

— Você esta bem? - perguntou ainda "abraçado" comigo.

— Sim... Obrigada. - falei me afastando.

 

Me soltei dele aos poucos e fui ganhando confiança. Quando consegui me soltar totalmente o Aiden jogou água em meu rosto e começamos uma pequena guerra de água. Pouco tempo depois saímos e a Nancy havia comprado peixe e batata frita. Comemos e passamos mais algum tempo conversando. Ficamos na praia até o fim da tarde. O Aiden se mostrou muito divertido. Ele realmente estava me surpreendendo muito. E o clima entre nós e a Nancy estava muito melhor. Peguei minha bolsa e fui dar uma olhada no celular já que eu nunca mexia nele.

 

— Eu acho que quebrei esse celular. - falei franzindo o cenho.

— Deixa eu ver. - Aiden pegou e tentou mexer. - Não quebrou não... Ele só está descarregado. Quando chegar no carro eu resolvo isso pra você.

— Falar nisso é melhor irmos logo... Duas horas de estrada é muito chão pessoal.

 

Recolhemos as coisas e fomos em direção ao carro. As pessoas com roupa curta já não me constrangiam tanto quanto antes.

 

— Temos que levar você a nossa casa de praia. - disse Nancy. 

— Me dá o seu celular pra eu colocar no carregador. - dei o celular ao Aiden.

— Era pra termos ido pra lá hoje, mas como são quatro horas de viagem iríamos ter que dormir lá e amanhã tenho a festa de uma amiga pra ir. - falou e eu assenti.

— E aí... Conseguiu? Pegou? - perguntei ao Aiden, mas estranhei sua testa franzida e seu rosto sério. - O que houve? 

— Nada. - falou apagando a tela, mas eu olhei para a tempo de ver o que se tratava. A foto que eu e o Demetrio havíamos tirado ele me dando um beijo no rosto. Não conseguia entender o que havia entre os dois para eles se odiarem tanto. Só espero que não afete o humor do Aiden em relação a mim.

 

Após horas no carro eu e a Nancy havíamos trocado algumas palavras, mas o Aiden permanecia em silêncio.

 

Chegamos em casa e fui subir as escadas, mas o Aiden estava me deixando pertubada. Ele não havia dito uma palavra e isso era mal sinal.

 

— Esta tudo bem? - perguntei enquanto subíamos a escada.

— Está. - respondeu rápido sem me olhar e entrou em seu quarto.

 

Senti um aperto em mim. Eu sabia que não estava bem só não sabia o porque.

 

Tomei um banho demorado e coloquei uma camisola de seda fina branca com um hobbe azul claro.

Sequei meu cabelo e desci as escadas para comer alguma coisa. Não havia ninguém na cozinha então peguei o sorvete no congelador e tomei um pouco. 

Voltei para o quarto e tirei o hobbe. Sentei no chão e peguei umas almofadas. Fiquei encarando o teto e receiosa em abrir aquela carta. Tomei coragem e finalmente peguei o envelope. Deitei novamente e encarei aquele envelope velho e gasto.

Abri ele e retirei aquele papel de dentro. Minha cabeça começou a doer e novamente eu entendi aquele idioma desconhecido.

 

"Liberte-se.

Destrua a chave e os segredos serão revelados, volte ao inicio e o oculto será lembrado."

 

Não conseguia entender a que aquilo se referia, reli a frase duas vezes. Já não bastava minha vida ser um enigma... Agora eu ainda teria que desvendar um.

Me levantei rapidamente... Eu precisava contar ao Aiden. Duas cabeças pensam melhor juntas que uma.

 

Saí tentando não fazer barulho e bati na porta do Aiden. Ninguém respondeu. Insisti novamente, eu realmente precisava contar isso pra ele. Tentei a sorte girando a tranca da porta dele, mas por azar estava fechada. Ele tinha que lembrar da tranca justo agora!

 

Voltei para meu quarto e comecei a andar de um lado para o outro freneticamente batendo o papel em minhas mãos. Eu não conseguiria dormir, pelo menos nem tão cedo.

Andei em direção a janela e abri o vidro da sacada. Olhei para o lado e a janela de Aiden estava aberta... Senti minha respiração acelerar e não pensei duas vezes. Olhei a altura do primeiro andar e tentei até recoar, mas eu precisava falar com ele. Subi no parapeito e girei o corpo para o  lado da janela dele. Com um pulo eu consegui entrar na sacada dele. Entrei no quarto e ele estava dormindo sem camisa como de costume, mas tentei não notar. Sorte que ele estava coberto pelo lençol e só estava com os braços a vista. 

Sentei ao lado dele na cama e tentei acorda-lo.

 

— Aiden... - sussurrei. - Aiden! - falei empurrando ele um pouco. 

— Hm... - resmungou. - O que? Sophie? O que você ta fazendo no meu quarto? - perguntou assustado.

— Calma... Eu sei que eu não devia ter feito isso... Me desculpa, mas eu precisava te mostrar isso. - falei dando a ele a carta.

— Fala sério... Você me acordou pra isso? Já sabemos que não tem nada com nada essa carta. Isso nem é um idioma. Pelo menos vivo não. - falou me olhando indignado.

— Aí é que está... Eu consigo ler. - falei mais empolgada que o normal.

— O que? Como assim? - falou franzindo o cenho. - Deixa eu ligar a luz. - levantou da cama e quando o lençol caiu do corpo dele eu pude notar a roupa que ele estava usando, ou melhor... A falta dela. 

— Você ta só de cueca e levanta assim? - falei meio irritada tampando os olhos.

— Calma... - falou após ligar a luz e voltar para a cama. - Já me cobri.

— Melhor assim. - falei tirando a mão dos olhos. Ele continuava sem camisa o que não foi uma coisa legal moralmente falando.

— Você não pode exigir nem falar nada de mim. Você que invadiu meu quarto. Sorte sua eu estar vestido. - falou e eu arregalei os olhos abaixando o rosto envergonhada. - E outra coisa... Você também não está muito coberta. - falou com malícia. - Branca quase transparente... Ótima escolha. - falou e se meu rosto estava vermelho ficou um pimentão. Puxei um dos lençóis dele e me cobri rápido.

— Droga... Eu nem percebi.

— Sei... Você entra no meu quarto no meio da noite pela janela com uma camisola quase transparente e foi tudo um grande acidente. - falou em um tom mais malicioso ainda.

— CLARO QUE SIM! Quer dizer não. A parte da camisola foi sem querer sim, mas o resto não. Podemos só esquecer desses cinco minutos que se passaram e focar no problema em questão?

— Acho difícil depois de tudo isso. - apertou os olhos. - Mas prometo que vou tentar.

— Argh... Tudo bem foco. Eu consigo ler. Por isso me apavorei aquele dia. 

— E o que diz? - perguntou.

— Aiden é um enigma. Por isso preciso da sua ajuda. Diz assim:

 

"Liberte-se.

Destrua a chave e os segredos serão revelados, volte ao inicio e o oculto será lembrado."

 

— Sinistro. O volte ao início não quer dizer voltar aonde tudo começou? Ou seja... O lago? - falou e fiquei surpresa pela linha de raciocínio que ele teve.

— Nossa... Pode ser. - falei sorrindo. - Fantástico. Já temos por onde começar! - dei uns pulinhos.

— Aiden? - escutamos a voz da Nancy. 

— Sim, mãe. - falou.

— Posso falar com você? 

— Droga! Não vai ser legal se ela me ver aqui. - sussurrei. - Amanhã de manhã a gente continua se falar. - falei pegando o envelope da mão dele e indo em direção a janela. 

— Okay... Até amanhã. - falou e eu larguei o lençol em frente a janela e ele veio pegar pra não ficar nada suspeito. - Já vou mãe! - ainda escutei ele dizendo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem um comentário para eu saber o que estão achando do enredo. :*



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