A Garota do Lago escrita por Flora Medeiros


Capítulo 12
Free Yourself




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AIDEN’S P.O.V.

Eu quase consegui a escutar as engrenagens do cérebro de Sophie lutando uma com a outra tentando achar uma resposta cabível. Nada saiu de sua boca no entanto. As imagens ainda frescas pairavam sobre minha cabeça. De repente todos os livros da seção estavam sobre nós... A culpada, felizmente, não saindo a tempo de ficar no anonimato. Ainda tentando me livrar dos livros levantei o olhar e Sophie nos encarava sorrindo. Um sorriso tão pervertido que se não a conhecesse diria que havia até um toque de maldade.

Estávamos à uns 2 minutos em silêncio. Um apenas encarando o outro. A respiração dela mais pesada que o normal e eu continuava a apenas encará-la.

— E-Eu... Eu não sei como fiz aquilo. – confessou bufando.

— Por que?

— Aiden eu não sei tá legal? Só sei que você havia combinado COMIGO aqui. E você nem ao menos deu importância. – coloquei meus braços em cima da mesa fazendo com que eu me aproximasse dela.

— E eu estava aqui... Esperando você. A Jennifer é minha namorada. Independente de ela estar aqui ou não, eu vim cumprir o que combinei. – minha voz saía fria e cada palavra extremamente calculada.

— Olha só... Não precisa mais me ajudar ta legal? Sigo sozinha daqui. Obrigada. – falou tentando mudar o assunto e se levantando, mas eu a puxei pela mão.

— Por que Sophie. Você só vai sair daqui quando me disser. – A puxei mais pra perto ainda me assegurando de que ela não sairia.

— Eu já te disse que não sei. – falou se desvencilhando do meu braço que a mantinha presa.

— E com quem você vai embora? O Demetrio? Seu namoradinho? – perguntei sentindo o sangue ferver ao tocar no nome daquele imbecil.

— Ele não é meu namorado. – falou arqueando as sobrancelhas demonstrando a raiva que estava a possuindo.

— Então no seu tempo vocês também beijavam qualquer um e continuavam sem ter nada com eles? – falei lembrando da cena que vi pouco depois de entrar na biblioteca.

— Você viu? – perguntou arregalando os olhos e ficando vermelha quase pimentão.

— Eu e a escola inteira. – falei irônico o que a fez ficar com mais raiva ainda.

— Quem eu beijo ou deixo de beijar não é da sua conta. – praticamente gritou fazendo com que alguns olhares se redirecionassem para nossa “briga”.

— E quem EU beijo é da sua conta por acaso? – uma simples frase a fez desmontar. Seu semblante de raiva havia mudado e agora se encontrava sério e pensativo.

— Não. – falou ela quase inaudível. – Me desculpe pelo que houve. Na verdade nem sei como isso foi acontecer e nem o porque disso. – falou abaixando os olhos.

— Hm... -  pensei um pouco. – Não vai se livrar dessa tão fácil. – falei e ela conectou seus olhos azuis gelo aos meus.

— O que você quer dizer com isso?

— Vamos descobrir o que te faz ficar assim... E o porque de coisas estranhas acontecerem... Na maioria das vezes quando estamos juntos. – por incrível que pareça ela apenas assentiu e sentou-se novamente à mesa.

— Podemos pelo menos esquecer o que aconteceu naquela sessão? – perguntou timidamente.

— Po... – fui interrompido.

— Vocês podem até esquecer, mas eu não! – falou Srta Moly a professora da biblioteca.

— F-Foi sem querer... – falou Sophie abaixando os olhos. Vê-la triste me deixava triste.

— A culpa foi toda minha Srta Moly, pode me colocar de castigo, ligar pra minha mãe ou sei lá. – falei rapidamente fazendo com que Sophie voltasse a me olhar nos olhos. Cara... Talvez eu nunca descubra, mas aquela garota era diferente de tudo que já vi. Ela conseguia sorrir apenas com o olhar.

— Ligar pra sua mãe? Você acha que é o primeiro aluno que faz uma bagunça dessas? Eu não quero problema criança. Só quero que arrumem. E rápido. – falou com um olhar autoritário.

— Pode deixar. – falou Sophie enquanto vimos a professora sumir novamente entre os livros. – Obrigada Aiden... – eu apenas assenti e caminhamos novamente em direção ao quarto corredor.

SOPHIE’S P.O.V.

Entramos no corredor que se encontrava parcialmente destruído e começamos a organizar os livros por gênero.  Ficamos conversando durante o trabalho e o Aiden não era má pessoa. Não sei ainda o motivo de termos nos estranhado. Na verdade ando sem saber o motivo de várias coisas. Quase todas elas. Meu pensamento foi interrompido pelo barulho do celular de Aiden tocando.

— Alô! – respondeu ele ao pegar o celular. – Oi mãe. Tudo bem sim. Está aqui do meu lado. – parou de falar por um momento demonstrando que ouvia o que a Nancy falava. – Eu levo sim. Sem problema. Até mais tarde então. Beijo. – desligou o celular.

— Era a Nancy? – perguntei mesmo sabendo a resposta.

—Sim... Ela disse que a enfermeira que te atendeu aquele dia ligou para agendar uma consulta com você hoje. O Doutor Machado já está no hospital, mas minha mãe disse que não vai ter como sair do trabalho mais cedo hoje e pediu para eu te acompanhar.

— Descobriram alguma coisa? – perguntei sentindo meu coração acelerar a mil.

— Não sei... Só indo até lá. – sorriu gentilmente. – Vamos terminar logo? – assenti e voltamos a empilhar os livros, dessa vez com mais pressa.

Terminamos o trabalho e deixamos a biblioteca quando já estava anoitecendo.

Entrei no carro e o Aiden conduziu até o mesmo hospital em que eu havia acordado dias atrás.

Suspirei fundo antes de sair do carro. Não era algo que me trouxesse lembranças extremamente boas.

— Ta tudo bem, Sophie.  – falou Aiden. – Eu vou com você. – sorriu de uma forma aquecedora.

Entramos no hospital e tudo estava como eu me lembrava. Assim que fomos falar com a recepcionista, Mary a enfermeira, nos abordou puxando diretamente para a sala do Dr. Machado.

— Sophie minha linda. Como você está? – perguntou a enfermeira de cabelos cacheados que aparentava ter trinta e poucos anos.

— Estou bem Mary. E você? – sorri a abraçando.

— Estou ótima. Aguardem um pouco que o Dr. Machado está terminando as visitas e já vem. – assenti e olhei para o Aiden apreensiva. O que quer que fosse, porque a própria Mary não poderia dizer? Algo me dizia que não ia ser apenas uma consulta de rotina.

— Sophie! Que prazer em revê-la. – falou Dr. Machado adentrando na sala.

— Não sei se posso dizer o mesmo, já que tenho uma leve impressão de que estou aqui por algo não muito agradável.

— Bom... Isso vai depender de como você irá encarar... – falou e eu senti minha garganta apertar. – Procuramos nos registros da sua mãe e das coisas que ela deixou pra você e em uma das caixas  estava essa carta. – mostrou em sua mão o envelope aberto.

— É pra quem? – perguntei apreensiva.

— A pergunta correta seria: É de quem? – colocou o envelope na minha frente. – Sabemos que essa carta foi deixada para você, mas não sabemos quem a enviou.

— Se foi deixada pra mim porque vocês abriram? – perguntei observando o selo rompido.

— Bom... Esperava que você já tivesse entendido. Tudo sobre você poderia causar grande pânico mundial. Pessoas estão acostumadas a nada de extraordinário acontecer e a ter uma vida normal e patética. Não sabemos como reagiriam ao saber de sua existência... E o pior... Todas as possibilidades que sua existência comprovaria.

— Que possibilidades? – franzi a testa.

— Mitos, lendas, faz de conta... Tudo se tornaria possível e não sabemos como o psicológico das pessoas lhe daria com isso. Espero que entenda Sophie que nada disso é para invadir sua privacidade e sim manter ela. – assenti. – De qualquer forma a carta em questão não é nada mais que borrões. Já pesquisamos em todas as línguas oficiais e não oficiais, mas esse idioma não existe e provavelmente nunca existiu. – suspirei frustrada e abri o papel.

Ao tocar no papel meu coro inteiro se arrepiou e uma sensação de dejavú se apoderou de mim. Era extremamente possível que eu já tivesse tocado naquele objeto ou que eu houvesse tido uma conexão muito forte com quem a escreveu.

Abri o envelope e as letras que inicialmente não faziam nenhum sentido começaram  a fazer sentido. A primeira palavra não sei como, mas  eu entendi perfeitamente. “Liberte-se”

Soltei a carta imediatamente no chão sentindo minha respiração pesar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? hahaha Comentem por favor! Ajuda muito :3



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