— Droga... – exclamou ele derrotado o que me fez rir. Ele se levantou e foi ver quem estava na porta enquanto eu apertei o botão verde assim como o Aiden havia dito.

— Oi?! – falei esperando a pessoa responder.

— Que horas você chega? – perguntou a voz que reconheci por ser a de Aiden.

— Não sei ainda... Estamos terminando de ver o filme. Aconteceu algo? – perguntei pela surpresa de ele parecer estar preocupado.

— Não... Minha mãe só pediu que eu checasse se você estava bem... – justificou-se.

— Estou sim... Diga a ela que não se preocupe porque eu acho que o Demetrio vai me deixar aí. – falei e um curto silêncio predominou.

— Tudo bem... Se quiser que eu te busque é só ligar. – falou.

— Obrigada! – falei realmente agradecida pela gentileza. E esperei ele falar algo, mas a tela do celular havia escrito "Ligação Encerrada".

Sentei novamente na cama para esperar o Demetrio e ele chegou logo em seguida. Ele estava com duas sacolas de papel e uma garrafa de guaraná na mão.

— Bon Appetit. – falou me entregando uma das sacolas que tinha um prato com tampa, dois palitinhos e guardanapos.

Não sabia como usar aqueles palitos e o Demetrio me ensinou como pegar da maneira correta. Começamos a comer e assistimos o resto do filme. A comida era realmente boa e o Demetrio ficava fazendo algumas piadas sobre a boneca do filme me fazendo rir.

O filme terminou e eu já estava novamente junto ao Demetrio pelo medo. Aquele filme não era para meus nervos. Comecei a me levantar, mas fui puxada de volta.

— Tenho que ir Demetrio. – falei observando ele fazer aquele mesmo biquinho.

— Ah não Sophie... Fica aqui... Você pode dormir essa noite aqui comigo! – falou me abraçando e eu bati em seu braço.

— Ta louco? Sei bem a sua intenção... – falei e ele gargalhou.

— Ah vai... Eu prometo que não vou tentar nada. Você pode dormir até no quarto de hóspedes se quiser. – falou dengoso.

— É uma boa proposta, mas eu tenho que ir... A Nancy vai ficar preocupada. – falei pondo o tênis novamente.

— Tem razão... Seria mais um motivo pra seu irmão pé no saco pegar no meu pé. – falou e eu ri. - Eu te levo. – falou pegando os papéis da comida e eu o ajudei. Fomos até a sala novamente e ele pegou a chave do carro.

— Não vai pôr a camisa e o sapato? – perguntei.

— Não precisa... Eu não sinto frio. – falou abrindo a porta pra eu passar.

— Tudo bem então.

Entramos no carro e ele foi conduzindo até a minha casa. Ele parou o carro em frente a porta.

— Gostou do encontro? – falou sorrindo pra mim.

— Foi maravilhoso. – sorri sinceramente.

— Talvez pudéssemos sair amanhã também... – falou olhando diretamente em meus olhos. Ele era bom demais pra ser verdade.

— Talvez... – falei sorrindo.

— Ah... Vai me deixar com um talvez de novo? – falou cabisbaixo.

— Vou te deixar com isso... – falei dando um beijo na bochecha dele fazendo ele alargar o sorriso.

— Até amanhã. – falou retribuindo o beijo, mas dando ele no cantinho da boca.

— Até. Obrigada pelo dia. – falei saindo do carro.

Abri a porta da casa e tudo estava escuro. Parece que estavam todos dormindo. Havia um bilhete em cima da mesa escrito: "Tem comida na geladeira. Espero que tenha se divertido. Beijos Nancy".

A casa estava toda escura o que só fazia eu voltar a lembrar do filme. Subi as escadas fazendo o mínimo de barulho possível pra não acordar ninguém. Fui até o meu quarto e larguei a mochila lá em qualquer canto. Fui em direção ao banheiro e estava tudo bastante escuro, mas tinha uma linha de luz em baixo da porta. Empurrei devagar a porta que estava entre aberta e o banheiro estava aparentemente vazio. Me virei pra trancar a porta quando me viro e o Aiden está de toalha atrás de mim. O susto foi tão grande que quando fui gritar ele colocou a mão em minha boca para abafar o som.

— Sua maluca! Não sabe bater antes de entrar não? – falou ainda com a mão em minha boca. Seu cabelo molhado recaía sobre sua testa. – Vou tirar a mão da sua boca, mas não faça barulho. Minha mãe chegou tarde... Não quero que ela acorde. – falou e eu assenti.

— Você quase me matou de susto. – falei pondo a mão no coração.

— E você não tinha nada que entrar no banheiro quando eu estou usando. Se queria me ver nu perdeu a viagem. Já tinha saído do banho. – falou esnobe.

— O QUÊ? Claro que não... Eu só ia ao banheiro. Você fala tanto pra eu aprender a usar a tranca e você mesmo não usa. – falei e ele veio até bem perto de mim quase encostando o corpo ao meu, então colocou uma mão de cada lado na parede me deixando entre suas mãos. – O que você está fazendo? – falei ainda vendo ele se aproximar.

— Você está... – colocou a mão atrás da minha cabeça. – Prendendo minha toalha. – falou puxando a toalha de rosto e a pondo no pescoço. – Pensou o que? Que eu ia te beijar? – deu uma gargalhada alta.

— Claro que não seu idiota! A propósito... Sai daqui vai... – falei o empurrando pra fora do banheiro com ele ainda rindo.

Ai... Que garoto insuportável... Tomei um banho rápido e pus o roupão. Eu saí do banheiro e corri rapidamente pra o meu quarto. Tudo estava muito escuro e as cenas daquele maldito filme ainda me perturbavam.

Coloquei um pijama e me cobri para tentar aliviar o medo. Fechei os olhos para tentar dormir, mas não estava adiantando. Comecei a escutar uns barulhos... Eu estava apavorada. Aquele filme não foi uma boa... Principalmente à noite. Tentei dormir novamente, mas não estava conseguindo... Eu estava com medo demais pra ficar sozinha. Estava tão apavorada que nem pensei nos contras da atitude que estava prestes a fazer.

Me levantei e saí do quarto com meu lençol e travesseiro. Bati na porta e esperei abrir...

— O que você quer? – perguntou Ainden.

— Eu não estou conseguindo dormir... – falei chateada.

— E o que eu tenho a ver com isso? – perguntou franzindo a sobrancelha.

— É que eu assisti um filme de terror... Não estou conseguindo dormir... Estou com medo. – falei.

— E o que quer que eu faça, Sophie? – perguntou Aiden.

— Por favor... Eu sei que não tenho o direito de te pedir isso, mas... Deixa eu dormir aqui! – falei quase implorando.

— Tudo bem... – falou Aiden abrindo a porta do quarto me deixando impressionada por ter cedido tão fácil.

— Obrigada. – falei entrando no quarto que por incrível que pareça era bem arrumado.

— Qual foi o filme? – perguntou Aiden sentando na cama.

— Anabelle.

— Você ficou com medo daquele filme? – falou gargalhando.

— Fiquei ta legal? – falei emburrada.

— Normal... Todas as meninas ficam. – falou indo até a janela e a fechando.

— Não sou igual a todas as meninas. – retruquei. – É que eu nunca tinha assistido um filme antes... Muito menos um de terror.

— Entendo.

— Bom... Não precisa se preocupar. Eu durmo no chão. – falei colocando meu cobertor no chão.

— É claro que não... Tendo uma cama no quarto nunca deixaria você dormir no chão, Sophie. – falou tão gentil que nem parecia o Aiden. – Eu durmo no chão.

— Não precisa... Quer dizer, acho que sua cama é bem grande. – falei... Ele já estava sendo gentil demais em deixar eu dormir no quarto dele. Não ficaria confortável em ele dormir no chão.

— Tem certeza que não tem problema? – perguntou.

— Sim... – deitei de um lado da cama e ele foi para o outro lado. Ficamos um de frente para o outro, mas não sei porque isso não me incomodava.

— Você me odeia? – perguntou ele baixinho.

— Não... – falei franzindo a sobrancelha. – E você? Me odeia? – perguntei aproveitando o assunto.

— Eu até tento... Mas acho que não. – falou e eu observava seus olhos verdes tão intensos. – Boa noite Sophie. – falou se virando para o outro lado.

— Boa Noite... – falei sussurrando.