Acordei por volta de seis e meia da manhã, com um sorriso no rosto após lembrar que daqui a pouco iria cair na estrada. Levantei-me, mas meu corpo ainda pesava, porém consegui afirmar meus pés no chão e caminhar em direção ao guarda-roupa. Quando o abri, primeira coisa que vi foi um livro todo preto, me perguntei o que aquele livro fazia ali: será que é da escola? Então o peguei, foleei as páginas de uma forma lenta, para entender sobre qual era o tema daquele livro. Com poucas páginas, eu entendi que não foi feito por um autor famoso, e sim alguém o deixou lá. Páginas imprimidas e muito bem encadernadas. Então, o joguei em cima da cama, enquanto separava vestes para aquele maravilhoso dia que se iniciaria. Vários pensamentos de como seria esse dia encheu minha cabeça, me deixando cada vez mais ansiosa. Com a mochila jogada no chão e com poucas roupas, decidi me sentar um pouco. Peguei o livro que estava do meu lado e deixei na página 1, não havia nome da pessoa que o escreveu, apenas palavras que preenchia aquela folha inteira. A preguiça de ler estava me dominando, então coloquei dentro da minha mochila, talvez servisse como uma forma de “passatempo.” Me levantei junto com a mochila em minhas costas, e já ouvindo passos na parte de cima da casa, abri a porta do quarto e passei pelo corredor com um certo sono. Os passos se apressaram e logo me deparei com minha mãe segurando uma bolsa nas mãos.

— Bom dia, senhorita Marcia. – falei entre risos. – O que falta fazer?

— Ah não sei, quem sabe você ir tomar banho? – ela deu uma risada. – Vou preparar umas panquecas enquanto VOCÊ TOMA UM BANHO.

Bufei indo em direção ao final do corredor. Ok, eu tinha me esquecido de tomar banho, qual o problema? Abri a porta do banheiro, retirei a mochila das costas e coloquei em um canto do banheiro. Fiquei de frente ao espelho, observando minha reação de sono misturado com ansiedade. Fui despindo-me aos poucos, e sentindo um arrepio na espinha com o ar frio. Entrei no box depressa e tomei um banho de dez minutos, dez minutos pensando na minha vida. Suspirei ao desligar o chuveiro, e logo ouvi o celular vibrando, me enrolei na toalha em um gesto desesperado e corri até a pia, onde estava meu celular, um enorme sorriso ao ler que o contato que estava me ligando era...

— Bom dia, moça. – a voz da Laura me fez sorrir novamente, com uma dor em minhas bochechas, apenas ri baixo para que a prosseguisse – Ah, Amy... Perdão por ter saído sem ter dito nada, é que... – ela suspirou, como se o que estava preste a falar iria ser o pior. – fiquei sabendo que meu pai passou mal e tive que vir correndo para casa.

— Bom dia, Laura. Eu fiquei sem chão quando você foi embora, sabia? Mas, agora só espero que seu pai esteja melhor e você também.

— É, ele está melhor. Entretanto, – ela riu após ter dito uma palavra “inteligente” – eu preciso te ver, tá em casa?

— Aham, mas já estou de saída... – ficamos um tempo em silêncio, mas logo tive uma ideia que podia ser boa. – Acho que você pode ir comigo.

No momento em que eu ia prosseguir com a ideia, a ligação havia caído e apenas fiquei olhando para a tela do celular, esperando que Laura retornasse. Peguei a mochila e saí do banheiro, caminhando em direção ao meu quarto. Sentei na cama, com as pernas e costas escorrendo água pelo chão. Várias mensagens de Laura havia chegado o que me fez rir com o “desespero” dela.

Laura 07:02 AM

A ligação caiu, foi mal aí mesmo.

Continua com o que você estava falando, ir pra onde?

O que estamos fazendo acordada esse horário mesmo?

Ahh, cê vai sair, pra onde mesmo?

Responde menina, eu estou ficando com sono já.

Amy 07h05 AM

Nossa, desculpa, eu tava ir me trocar, sabe...

E É PRA PRAIA MENINA, minha mãe quis fazer algo diferente.

Acho que você pode ir, juro que vai voltar rapidinho.

Laura 07h07AM

PRAIA? FAZ UM TEMPÃO QUE NÃO VOU HEIN, PARTIU.

Diz pra sogra me esperar que já tô arrumando minhas bagunça.

Fiquei feliz ao saber que iria passar um tempo com Laura Marques, sei que vocês sabem, e ela também, mas é que... Eu sou apaixonada por ela. Vesti um blusão e um short, sei que em praia é CALOR. Mas o caminho da cidade até a praia mais próxima era bem fria, e um pouco longe também né. Coloquei mais um pouco de roupa na mochila e agarrei meu travesseiro, abraçando com força.